Bolívia: jogo sujo marca campanha contra Evo no referendo
Bombardeio midiático, boicote, marchas e rumores de fraude. É assim que se sustenta a campanha do "Não" à continuidade do presidente da Bolívia, Evo Morales, em seu cargo, principal foco do referendo revogatório marcada para o dia 10 de agosto.
Desde que Evo tornou pública sua proposta de se submeter à vontade do povo, os governadores opositores – que também serão revogados ou não pela população – vêm se mostrando ferrenhamente contrários a essa iniciativa, sem dar maiores detalhes de sua absoluta desaprovação.
Muitos no país se perguntam: por que os "autonomistas" temem o referendo se supostamente ganharam as consultas realizadas nos estados de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, com mais de 80% dos votos?
Nesse cenário, os governadores de oposição, que se reconhecem como perdedores no referendo, tentar boicotar a consulta de 10 de agosto com pretextos e desculpas sem qualquer fundamento.
Inicialmente pediram para mudar a pergunta; logo observaram a ilegalidade da consulta; depois tentaram desacreditar o referendo e agora exigem a "devolução" do Imposto Direto dos Hidrocarbonetos (IDH), como lembra o vice-presidente Alvaro García Linera.
Impostos
Os governadores opositores do chamado Conselho Nacional Democrático (Conalde) também exigem do governo a devolução do IDH e um referendo sobre a mudança dos poderes Executivo e Legislativo para Sucre antes de 1º de agosto, sob ameaça de iniciar uma greve de fome em 4 de agosto, seis dias antes do referendo revogatório.
No entanto, esses governadores que reclamam não se deram conta de aspectos positivos do cenário econômico durante o governo de Evo Morales. Nesse período, foram duplicados os recursos vindos do IDH enviados aos estados que ora reclamam, graças à nacionalização dos recursos naturais do país e ao aumento do preço internacional do petróleo.
O caso de Tarija é um bom exemplo: neste ano, o estado receberá 2,3 bilhões de bolivianos via IDH. Em 2005, esse valor não chegou a 1,3 bilhão. Em 2006, o valor chegou a 1,7 bilhão.
Santa Cruz contará em 2008 com 53 bilhões de bolivianos. em 2005, recebeu 362 bilhões; em 2006, 766 bilhões. Os governos "têm 700 bilhões em caixa e no banco e não sabem no que e como gastar", destaca Linera.
Além disso, contam com 950 bilhões de bolivianos adicionais em seu orçamento de 2008. "Há dinheiro de sobra e não há razão para reclamar mais dinheiro. Governadores, trabalhem e gastem esse dinheiro. Não usem isso como pretexto para não concorrer nas eleições de 10 de agosto", disse o vice-presidente.
Incoerência
Surpreende a posição do governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, que em diversas ocasiões desafiou o presidente Evo Morales a se expor a um referendo nos moldes do que irá ocorrer, mas agora é o único que se nega a participar da consulta.
Apesar das críticas e rumores de fraude que a oposição espalha por todo o país, os preparativos para o referendo avançam. Foram selecionados cerca de 132 mil cidadãos para garantir a transparência da consulta, e quase todo o material eleitoral já foi distribuído nos nove estados.
As campanhas se intensificam e os militantes do MAS ocupam praças e ruas em várias cidades. O vice-presidente e o prefeito de La Paz, Juan Del Granado, encabeçaram neste domingo (27) uma marcha a favor do "Sim" a Evo Morales.
Já na zona sul de La Paz, chama a atenção um cartaz dos opositores do governo, que pede "Ordem, Paz e Trabalho", o mesmo lema utilizado por ditadores como Hugo Banzer, Pinochet e Videla.
Fonte: Rebelión
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