sábado, 1 de novembro de 2008

ANOS DE CHUMBO - Assessor de McCain acusado de participar da morte de Jango.

João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, denunciou à ANSA que um ex-assessor do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, participou da suposta conspiração para matar seu pai.

"Um assessor e companheiro de armas do senador John McCain participou da conspiração para matar o ex-presidente João Goulart durante o seu exílio" na Argentina, revelou em entrevista exclusiva o filho de Jango.

Frederick Latrash era "chefe do escritório da CIA no Uruguai em 1976, onde se resolveu eliminar o meu pai" e, anos mais tarde, "foi membro do gabinete do senador John McCain", detalhou o filho do ex-presidente que foi deposto pelo golpe militar de 1964.

Em 6 de dezembro de 1976, um mês depois da reunião secreta entre o chefe da CIA e agentes brasileiros no Uruguai, João Goulart morreu após sofrer um infarto em uma fazenda na província de Corrientes, nordeste argentino, próximo à fronteira do Brasil.

A família de Jango e uma subcomissão da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul suspeitam que o ex-presidente não morreu de causas naturais, mas sim envenenado, como uma parte do Plano Condor, a aliança político-militar entre os regimes ditatoriais sul-americanos nos anos 70.

É "suspeito" que o corpo de um ex-chefe de Estado brasileiro não tenha sido submetido a uma autópsia na Argentina ou no Brasil, considerou João Vicente.

O seu pai teria supostamente consumido uma substância mortal à base de "cloreto de potássio ou de sódio, o que fez subir a sua pressão arterial até produzir um derrame", e após 48 horas, é impossível achar traços da substância no cadáver.

O colaborador de McCain teria levado a Montevidéu o comprimido que os agentes secretos colocaram em meio aos remédios de Goulart. Foi o que revelou o agente uruguaio, Mario Neira Barreto, preso atualmente no Brasil, e que foi o responsável por espionar o ex-presidente exilado.

Documentos dos serviços de informação brasileiros corroboram as declarações de Neira Barreiro, e ainda revelam que Goulart também foi vigiado na Argentina.

O plano para eliminar Goulart "em um primeiro momento, denominou-se Operação Escorpião e contou com a participação do Uruguai, Brasil e dos Estados Unidos", assegurou João Vicente.

Contudo, ele destacou que os elementos que relacionam Latrash com o suposto envenenamento não são os únicos indícios que o ligam ao Plano Condor e à desestabilização de governos latino-americanos.

"Latrash pertence aos quadros da CIA" desde os anos 50 e "em 54, participou do golpe de Estado na Guatemala, e em 1971, esteve em Santiago de Chile, onde ajudou a derrubar o presidente Salvador Allende. Depois, foi para a Bolívia, onde esteve entre 73 e 75, e posteriormente para Montevidéu", explicou o filho de Jango.

"As pessoas que foram torturadas e desapareceram no Brasil, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Chile, não merecem que o candidato presidencial norte-americano John McCain tenha um assessor desse calibre", indicou João Vicente.

O filho de Goulart afirmou que teve acesso a documentos e testemunhos que o levam a assegurar que há vários pontos de afinidade entre o senador e Latrash.

João Vicente mencionou que McCain nasceu no Panamá, mas foi três vezes eleito pelo estado do Arizona, local onde Latrash nasceu.

"McCain e Latrash são companheiros de armas, ambos são pilotos da força naval. Temos certeza de que Latrash fez parte da equipe do senador McCain até pelo menos 2004. Temos documentos do Senado que mostram Latrash como membro da equipe de McCain", disse.

"Segundo entendemos, Latrash foi assessor de McCain na área de Defesa. Latrash tem algumas teses escritas sobre a Guerra Fria e a segurança naval norte-americana", continuou.

Também há registro de "uma convenção da Força Aérea em 2004 em Washington, em que na representação do Arizona estavam o senador McCain, e o seu assistente era o coronel Latrash", informou João Vicente.
Fonte: ANSA/Site do O Vermelho.

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