sábado, 1 de novembro de 2008

ARTIGO - O coro da mídia pelo "corte de gastos"

Altamiro Borges


Os empresários seguem a risca o ditado de “quem não chora não mama”. Diante da grave crise que se abate sobre a economia capitalista, eles procuram empurrar o seu ônus para as costas da sociedade, em especial dos trabalhadores. No ciclo da bonança, privatizaram os lucros; agora querem socializar os prejuízos. A caradura dos capitalistas, maiores responsáveis pela atual crise – com seus dogmas neoliberais do “estado mínimo” e da total desregulamentação financeira – é impressionante. Eles afundaram a economia e querem que os trabalhadores paguem o pato.

Nas últimas semanas, a mídia hegemônica alardeia a proposta do “corte dos gastos públicos”. Os empresários são beneficiados com novas linhas de crédito e redução do compulsório aos bancos, que já injetaram bilhões nas empresas. Mas eles exigem mais: eles querem arrochar os servidores públicos, abortar a valorização do salário do mínimo, penalizar a Previdência e reduzir os “gastos sociais” do orçamento. Segundo Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, este gastos “são inúteis” e o governo deveria cortá-los para “garantir mais crédito aos investimentos e às empresas”.

Ganância destrutiva do capitalismo

A proposta do “corte dos gastos” evidencia a ganância destrutiva dos capitalistas. Os adoradores do “deus-mercado”, partidários da “mão invisível (e assassina) do mercado”, não enxergam que a redução dos investimentos públicos – seja na Previdência, no salário mínimo ou no programa Bolsa Família – restringirá ainda mais o consumo da sociedade, o que terá impacto negativo na produção e, de quebra, no emprego e renda. Um círculo vicioso, satânico, que dificultaria ainda mais a saída da atual crise econômica. Serviria apenas aos especuladores, os culpados pela crise.

A cegueira dos empresários, difundida pela mídia burguesa, é tanta que eles não ouvem sequer os conselhos de renomados economistas e nem observam os movimentos inversos realizados por outras nações capitalistas. Até nos EUA, pátria da desregulamentação, o governo apresentou pacote estimulando o consumo da sociedade e elevando os gastos públicos. Para Paul Krugman, ganhador do Premio Nobel de Economia, “no momento, aumentar os gastos públicos é a decisão acertada a ser tomada pelo governo dos EUA. Do contrário, a recessão será mais cruel e longa”.
Fonte:Blog do Miro.

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