Soares: O delegado Protógenes rendeu recorde de participação de ouvintes em programa da Rede Vida
Vitor Hugo Soares
De Salvador (BA)
Seguem os movimentos - ora precipitados, ora tortuosos - de integrantes da "CPI dos Grampos" no Congresso. O objetivo, aparentemente, é cortar o mais rapidamente possível a capacidade de movimentação do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, e principalmente o seu notável poder de polemizar sobre temas essenciais do País, como a corrupção de "intocáveis". Nunca é demais lembrar: o delegado Protógenes conduziu a Operação Satiagraha, prendeu e levantou provas que levaram a justiça a condenar o dono do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, além de indícios cujos prováveis desdobramentos provocam arrepios na espinha de muita gente ainda.
Pela pressa e eufórica boataria em áreas da política e adjacências, o cutelo deve começar a baixar ainda no 1° de Abril próximo, data do crucial depoimento do delegado. É desconhecido o motivo - e a quem serve - da escolha do dia mundial da mentira para um evento de tanta expectativa e importância para os que buscam a verdade inteira neste episódio intrincado e cabuloso. Por enquanto, apenas dá suporte para as gozações óbvias e nada isentas do presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba, do PMDB do Rio de Janeiro, e seu fiel escudeiro, relator Nelson Pelegrino, do PT da Bahia. Este último até já antecipou o seu voto pela punição do delegado, antes de saber o que seu conterrâneo Protógenes (como o banqueiro Dantas) tem a revelar na audiência.
Nunca é demais ouvir ensinamentos da sabedoria popular em situações como esta: apressados geralmente se alimentam mal e estão sujeitos a sofrer indigestão. Quem viu a entrevista do delegado esta semana na Rede Vida e, em seguida, a conversa de quinta-feira (19) de Protógenes com internautas no estúdio da TV UOL (do grupo Folha de S. Paulo), deve ter percebido: o chefe da Satiagraha tem pescoço grosso, difícil de cortar com um único golpe. Além disso, ficou mais que evidente nas duas situações: Protógenes Queiroz não está isolado, muito ao contrário.
Na segunda-feira, depois da meia-noite, no final do programa da rede de emissoras da Igreja Católica, a cúpula dirigente da emissora celebrava com orações e foguetes em várias regiões do País, o recorde de participação de ouvintes no programa "Tribuna Independente", através de ligações por telefone e mensagens via Internet, segundo revelou o apresentador Monteiro Neto, sem esconder a surpresa e o entusiasmo com o grau de solidariedade e de interesse popular em relação à pessoa e ao destino do delegado Protógenes.
Além disso, quase no final, uma cena marcante do programa: O delegado afastado de suas funções de investigador pela cúpula atual da corporação, exibiu um Terço que informou ter herdado da mãe, figura fundamental, segundo ele, na sua formação de "católico praticante". Os entrevistadores Leandro Mazzini (editor do Informe JB) e Denise Rothenburg (do Correio Braziliense), se esforçavam (corretamente) para conseguir dele a confissão de que se prepara para ingressar na política, candidatando-se a um cargo eletivo nas próximas eleições, mas Protogenes preferia dar outra informação: a de seu forte engajamento atual - "não apenas de palavras, mas de ação" - com a Campanha da Fraternidade, cujo lema este ano é "Fraternidade e Segurança Pública".
Protógenes levou este propósito diretamente a Dom Odílio, dias antes da entrevista no programa da rede católica de TV, que ganhou um sugestivo subtítulo: "Protógenes contra a Corrupção". No ar, o delegado afirmou que a impunidade da corrupção, principalmente em crimes que envolvem poderosos, "como o banqueiro bandido Daniel Dantas" (repetiu pela enésima vez), está na raiz da violência que grassa no País.
Em seguida, olhar fixo na câmera, o delegado garantiu: livre das amarras do sigilo do processo da Satiagraha, que inibiu suas informações no primeiro depoimento, dará "nomes, endereços, ocupação e o papel de cada um dos bois envolvidos na Satiagraha, desde que confrontado com informações novas e comprometedoras" quanto a irregularidades na atuação do delegado, contidas em documentos que os membros da CPI dos Grampos afirmam possuir agora. "Nada foi feito ilegalmente na Operação Satiagraha", reafirmou o delegado, tanto na Rede Vida quanto na UOL.
Sobre seus temores, Protógenes admite ter medo das ameaças feitas aos seus familiares. Temor pessoal da morte? A esta questão, o delegado prefere levantar a mão com o Terço herdado da mãe, e lembrar o exemplo do vice-presidente da República, José Alencar, recorrendo a uma de suas citações mais recentes: "Não tenho medo da morte, só temo a desonra".
O 1º de Abril de 2009 promete.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site-blog Bahia em Pauta (http://bahiaempauta.com.br/).
Fonte:Terra Magazine.
2 comentários:
Infelizmente, desconhecia a entrevista do Dr. Protógenes. Porém, fico feliz em saber que êle, além de estar recebendo fortes apoios em vários setores da comunidade, mantém-se inabalável nas suas convicções e na sua missão de honesto servidor público, qualidade difícilmente encontrada nos seus pares em nossos dias. Veremos se os parlamentares terão munição e coragem suficientes para enfrentar o Dr. Protógens nas suas declarações de rara sinceridade num ambiente que se destaca por uma prática política tão nebulosa.
Ficaria satisfeito de contribuir de forma mais efetiva para ver meu País, um dia, livre das mazelas de um processo corrosivo de corrupção que o impede de atingir os níveis de progresso e desenvolvimento que, há tanto tempo, seu povo anseia e merece.
Eu queria ouvir essa entrevista da rede vida...
Alguem sabe onde encontro?
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