quarta-feira, 10 de março de 2010

BATEU, LEVOU.

Da Coluna de Carlos Brickman


Chegou a hora do bateu, levou


Os Estados Unidos são tradicionais aliados do Brasil, na guerra e na paz. Mas o suco de laranja brasileiro continua sendo encarecido, no mercado americano, por sobretaxas imensas. Os brasileiros só conseguem entrar lá porque nossa produção de laranjas é altamente competitiva. Mesmo assim, os grandes produtores daqui compram plantações e fábricas na Florida para escapar das sobretaxas.

O álcool brasileiro não consegue entrar nos Estados Unidos: uma enorme sobretaxa protege os produtores americanos de álcool de milho (que neste momento é até mais barato, mas que normalmente tem custo mais alto).

Há vários casos, na agricultura e na indústria. Mas o comportamento americano no caso do algodão foi tão exemplar, em termos de competição injusta, que a Organização Mundial do Comércio, OMC, autorizou o Brasil a retaliar produtos americanos, impondo-lhes sobretaxas punitivas. Pronto: começou a choradeira. O Financial Times acusa o Brasil de "arriscar uma guerra comercial com os EUA". Não, não é guerra: apenas se aplica a decisão de um órgão internacional de comércio. Os americanos bateram à vontade; chegou a hora de levar de volta.

O Brasil está sendo prudente: as cobranças começam mais tarde, para dar tempo aos EUA de negociar, desistir das práticas desleais, oferecer compensações - nada de excessivo, apenas a aplicação daquilo que os Estados Unidos sempre defenderam, o livre comércio. É hora de conversar. Mas, para usar a linguagem de um presidente americano, mantendo o porrete ao alcance da mão.

Mudando de conversa

Os americanos aceitam e entendem a negociação dura. Tão logo o Brasil mostrou sua disposição de aplicar as retaliações autorizadas pela OMC, enviaram para cá o secretário do Comércio, Gary Locke, e o assessor de segurança nacional, Michael Froman. Eles estão mostrando os dentes, mas faz parte do jogo: os exportadores americanos que temem perder mercado também têm dentes a mostrar.

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