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Mário Augusto Jakobskind
É no mínimo estranho o fato de alguns partidos brasileiros que a todo
instante se proclamam legítimos representantes da esquerda apoiem uma chamada
“revolução síria”. E isso em um momento em que no país árabe está clara a
participação dos países europeus e Estados Unidos com combatentes mercenários e
armas em luta contra o Presidente Bashar al Assad.
Está claro também que o país árabe se transformou em laboratório de forças
imperialistas desejosas de traçar um novo mapa no Oriente Médio em favor de seus
interesses econômicos. Não é por acaso o apoio ostensivo aos “rebeldes”.
No último dia 31 de maio, o PSTU promoveu uma jornada de apoio à revolução
síria, esquecendo-se da prioridade em denunciar a presença do vice-presidente
norte-americano Joe Biden em território brasileiro. Ou seja, enquanto Biden veio
dar o recado do império, o PSTU se voltava para a Síria, na prática fazendo o
jogo de quem os Estados Unidos apoiam.
Da mesma forma que o PSTU, setores do PSOL também levantam a bandeira da
suposta “revolução síria”, quando a questão principal naquele país é exatamente
denunciar a presença de forças mercenárias com o apoio do Ocidente, numa
estranha aliança com a participação da Al Qaeda. Se é que é estranha, porque
alguns analistas consideram a Al Qaeda, que a soldo da CIA iniciou seus
trabalhos no Afeganistão para combater os soviéticos, um braço do
imperialismo.
Mesmo que se faça restrições ao Presidente Bachar al Assad, na prática se
posicionar ao lado de grupos com o respaldo da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) pode ser considerado não só meio estranho como
basicamente contraditório. E afirmar que ao apoiar a revolução, que denominam de
popular, estão contra os dois lados, não passa de sofisma, porque neste momento
a estratégia do império é exatamente convencer a opinião pública mundial que o
povo está com os “rebeldes” e contra Bashar al Assad.
Aliás, não é de hoje que sobretudo a “dialética” do PSTU tem lançado a
divisão na esquerda. Foi assim quando os ideólogos do referido partido
denunciavam o que chamavam de “bonapartismo” de Hugo Chávez, na prática também
se alinhando com os opositores da revolução bolivariana. E demonstrando também o
equivoco na assimilação de ideias levantadas por Leon Trotsky. Em outros termos,
fizeram a leitura e a transplantaram mecanicamente para realidades distintas das
vividas pelo líder soviético. Trotsky naturalmente rejeitaria tal equívoco.
Questionar o posicionamento do PSTU e de setores do PSOL em relação aos
acontecimentos na Síria, é uma necessidade, para evitar que setores da esquerda
na prática se alinhem com a direita. Para evitar também a proliferação e o
fortalecimento, como dizia Darcy Ribeiro, de uma esquerda que a direita gosta.
(artigo enviado por Sergio Caldieri)
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