CIDADÃO DO MERCOSUL
Eduardo Galeano, as palavras e a alma da América Latina.
Dezenas de personalidades da política e da cultura latino-americana estiveram nesta quinta-feira, em Montevidéu, para participar da homenagem a Eduardo Galeano, que recebeu o título de primeiro Cidadão Ilustre do Mercosul. Em sua fala de agradecimento, Galeano defendeu a unidade dos povos latino-americanos: "só existindo juntos seremos capazes de descobrir o que podemos ser, contra uma tradição que nos treinou para o medo, a resignação e a solidão".
Redação - Carta Maior
O escritor uruguaio Eduardo Galeano foi declarado hoje o primeiro Cidadão Ilustre do Mercosul, em reconhecimento à sua contribuição "à cultura, à identidade latino-americana e à integração regional". A homenagem ocorreu em Montevidéu, em um ato público que reuniu personalidades da cultura e da política latino-americana. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, viajou a Montevidéu para participar da cerimônia. Em sua fala de agradecimento, intitulada "Collar de historias", Galeano disse que o primeiro cidadão ilustre da região foi José Artigas e fez uma menção especial a três brasileiros: Aleijadinho, Garrincha e Oscar Niemeyer. Ele disse:"Nossa região é o reino dos paradoxos.
Vejamos o caso do Brasil.
Paradoxalmente, Aleijadinho, o homem mais feio do Brasil, criou as mais altas formosuras da arte da época colonial.
Paradoxalmente, Garrincha, arruinado desde a infância pela miséria e pela poliomielite, nascido para a desdita, foi o jogador que mais alegria ofereceu em toda a história do futebol;
E paradoxalmente, Oscar Niemeyer já cumpriu cem anos de idade e é o mais novo dos arquitetos e o mais jovem dos brasileiros".
E defendeu a unidade dos povos latino-americanos:
"Esta nossa região faz parte de uma América Latina organizada para o divórcio de suas partes, para o ódio mútuo e a mútua ignorância. Mas só existindo juntos seremos capazes de descobrir o que podemos ser, contra uma tradição que nos treinou para o medo, a resignação e a solidão e que a cada dia nos ensina a não gostarmos de nós mesmos, a cuspirmos no espelho, a copiar ao invés de criar".
Fonte: Agência Carta Maior.
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