terça-feira, 1 de julho de 2008

PETRÓLEO - A nova guerra do petróleo.


Mais cedo ou mais tarde os grandes bancos centrais do mundo terão que encarar o controle e a regulação mais rígida dos capitais voláteis, especialmente dos fundos hedge. Hoje em dia, há uma regulação frouxa, e algumas normas que acabam induzindo parte dos fundos a investirem em mercados de commodities.

Há uma discussão estéril sobre se a alta nos preços das commodities se deve ao aumento da demanda global ou aos movimentos especulativos dos fundos. Ambos, mas os fundos exercem um papel pró-cíclico – ou seja, quando a economia caminha em uma direção, eles tendem a tornar mais radical o movimento; e vice-versa, na volta.

Esse é o problema principal. O petróleo sempre foi afetado por problemas de oferta e demanda, por problemas políticos e por especulações em torno do chamado “momento de pico” – aquele em que a demanda passaria a ser gradativamente maior do que a capacidade de descobrir novos campos.

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Nesse quadro, já confuso, o movimento dos fundos hedge ajudaram a tornar a crise mais aguda. O que levou o senador norte-americano Joe Lieberman a propor, na semana passada uma série de medidas para combater o movimento especulativo que, segundo ele, é o principal responsável pela disparada dos preços da commodity no mercado mundial. O senador se apóia em estudos que comprovariam que, sem os especuladores, o barril de petróleo cairia os atuais níveis recordes – acima de US$ 150 – para a casa dos US$ 60.

Liberman foi drástico. Sugeriu que os fundos de pensão e hedge fossem banidos do mercado de petróleo.

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A reação do mercado foram estudos tentando comprovar o contrário, que o aumento nos preços de petróleo decorre da explosão da demanda. Foi o caso do banco norte-americano Goldman Sachs, que sustenta que são fatores estruturais que determinam o movimento atual do petróleo.

Em relatório, o Goldman Sachs descartou o peso do movimento especulativo como fator preponderante para a disparada dos preços. “Não vemos nada que índice um crescimento sustentável no nível de estoques físicos”, apontou o banco. “Os preços atuais são sustentados por fundamentos de oferta e demanda. Os mercados da commodity não se comportam de forma que sugiram uma bolha especulativa”, completa. Obviamente, trata-se de análise de parte interessada.

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A questão é que não há como definir o dilema do ovo e da galinha. Fernanda Fell, da Rosenberg e associados, por exemplo, diz que “o preço do petróleo está subindo por uma série de fatores: a demanda crescente, por conta de China e Índia, além de problemas geopolíticos graves”.

Outros analistas lembram que, do ano passado para cá, não houve explosão adicional do consumo, não houve restrição maior da oferta e os fatores novos no cenário foram o aumento do violume de negociações nos futuros de petróleo, e os fundos fugindo da desvalorização do dólar.

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