Leticia Nunes (edição), com Larriza Thurler
Observatório da Imprensa
El Salvador tem um presidente jornalista. Mauricio Funes foi eleito no domingo (15/3) como candidato do partido Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional, fundado por ex-rebeldes marxistas. A notícia é histórica: é a primeira vez que a antiga guerrilha de esquerda chega ao poder no país, após 20 anos de governos de direita. Funes derrotou o candidato Rodrigo Ávila, da tradicional Aliança Republicana Nacionalista (Arena).
O novo presidente é ex-correspondente da CNN em espanhol, tem 49 anos e é casado com a brasileira Vanda Pignato, representante do PT na América Central. Por ser o primeiro candidato presidencial da Frente Farabundo Martí sem passado de guerrilheiro, atraiu eleitores que receavam o histórico combatente do partido – que lutou contra o governo na guerra civil que durou de 1980 a 1992.
Fã de Lula
Em seu discurso de vitória, Funes pediu por "unidade e reconciliação" com o Arena, prometeu lutar contra a sonegação de impostos e criar empregos para imigrantes salvadorenhos que retornam dos EUA. O presidente também quer investir na agricultura para reduzir a dependência de alimentos do exterior, e afirmou que pretende manter os laços com Washington. Funes, que se define de centro-esquerda, se diz fã do presidente Lula – e já afirmou que pretende seguir o modelo das políticas econômicas brasileiras.
A esquerda ganhou a simpatia do jornalista quando ele cobria a guerra civil para uma emissora local, entrevistando líderes rebeldes. Temendo repetições da Revolução Cubana nos países da América Latina, os EUA apoiaram o governo contra a guerrilha, liderada pela Frente Farabundo Martí – que se tornou partido político ao fim da guerra, com a assinatura de acordos de paz. Funes perdeu um irmão de esquerda no conflito, que deixou 75 mil mortos, 8 mil desaparecidos e 1 milhão de exilados. Informações da Reuters [16/3/09].
Fonte:FNDC
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