O resultado político-esportivo representado pela escolha do Rio como sede olímpica incidirá sobre a campanha eleitoral do próximo ano? É indiscutível. Trata-se de mais um obstáculo a ser superado pelos candidatos oposicionistas. Lula encontra-se em seus melhores dias. O país se desenvolve e se expõe internacionalmente. A oposição conta com pequeno espaço para agir.
por Claudio Lembo*
para o Terra Magazine
A escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016 possui uma expressão imperceptível à primeira vista. Presidentes e reis procuraram a vitória.
Três países, entre os quatros dispostos a sediar os Jogos de 2016, lançaram seus melhores quadros na busca da vitória. Os Estados Unidos levaram à Copenhagen o casal presidencial. Lá estavam Barack Obama e sua mulher Michelle.
A Espanha não deixou por menos. O rei João Carlos, o primeiro ministro Zapatero e o dirigente da oposição. Raro espetáculo: espanhóis unidos, sem qualquer dissidência.
O terceiro país, representado com expressão, foi o Brasil. Uma grande comitiva, de acordo com os costumes nacionais, liderada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Os discursos proferidos procuraram transmitir emoção. Obama apelou para imagem de seu pai e acontecimentos de sua vida ocorridos em Chicago.
Os espanhóis desejaram causar impacto com referência a pessoas comuns e a Madri, cidade que abriga pessoas de múltipas nacionalidades. O rei João Carlos falou e deixou os demais falar.
As emoções, pois, constituíram o centro dos discursos de encaminhamento das respectivas cidades. Lula, no entanto, além da paixão brasileira contou com os êxitos econômicos do Brasil. Venceu.
Traz, pela primeira vez, à América do Sul os Jogos Olímpicos. Um feito. Duas grandes figuras internacionais se contrapuseram: Lula e Obama, com suas histórias de vida estimulantes.
Ambos desejavam obter êxito para uso junto aos públicos internos dos Estados Unidos e do Brasil. O presidente dos Estados Unidos não passa por bom momento. A oposição republicana trava seus passos.
Lula, ao contrário, encontra-se em seus melhores dias. O país se desenvolve e se expõe internacionalmente. A oposição conta com pequeno espaço para agir.
Ora, este resultado político-esportivo incidirá sobre a campanha eleitoral do próximo ano? É indiscutível. Trata-se de mais um obstáculo a ser superado pelos candidatos oposicionistas.
Estes terão que buscar os pontos frágeis do atual governo. Eventualmente, não os encontrarão na figura do presidente. Mas, com segurança, os captarão nos quadros inferiores da administração.
São conhecidas as falhas administrativas de muitos ministros de Estado. Maiores os erros das agências reguladoras e de setores da administração indireta.
O recolhimento de elementos para a campanha oposicionista, todavia, não será fácil. As vozes discordantes são poucas. Os desconfortos tradicionais da vida dos brasileiros têm espaços de esperança.
Exemplo gritante deste cenário foram as fugas de parlamentares para as legendas situacionistas. Ninguém imigrou para a oposição. É espaço incomodo.
Em época de eleições, o bom é ser governo. A oposição nunca foi confortável para os políticos nacionais. Bom mesmo é contar com o Diário Oficial.
Os jogos eleitorais que antecedem a 2016 serão disputados com diferença de oportunidades. De um lado, a poderosa máquina federal e de outra parte partidos contando unicamente com seus militantes.
A luta será desigual. Resta a sabedoria do povo brasileiro. Nunca entrega todo o poder a uma única facção. Divide os espaços de poder e as opções filosóficas.
Pode ser mero acaso, de qualquer modo feliz. Assim pode-se conviver com diferentes personalidades e visões políticas sem causar malefícios para a vida social e econômica.
As Olimpíadas no Rio de Janeiro são motivo de satisfação para todos os brasileiros. Conquista de quem merece confiança dos demais povos. Demonstração de respeito à capacidade nacional.
Cabe dividir, porém, os dois cenários. O político e o esportivo. Os fascistas sempre se aproveitaram de grandes jogos para fixar suas vontades. Em uma democracia, o esporte deve apenas demonstrar a possibilidade de convivência entre povos.
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