''Coronel Ustra me torturou noites e noites seguidas no DOI-Codi''
Fausto Macedo
Nos anos 70, Carlos Alberto Brilhante Ustra, então major do Exército, era o comandante do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna, órgão de inteligência e repressão do regime militar.
Agora sob investigação da Procuradoria da República, Ustra apresentou sua defesa por escrito. Afirma que jamais torturou ou mandou torturar. "É mentira", reagiu Natalini. "No DOI ele era o dr. Tibiriçá. Me deixava despido. O chão coberto de água e sal e eu descalço com fios elétricos presos aos meus dedos e orelhas. Hoje sou um deficiente auditivo, tenho apenas 30% da capacidade do ouvido esquerdo."
Natalini tinha 19 anos e fazia o terceiro ano de Medicina, na Faculdade Paulista, quando foi capturado, em maio de 1972. Acusaram-no de distribuir jornais do Movimento de Libertação Popular (Molipo).
A tortura, segundo Natalini: "Saía faísca, queimava tudo, minhas orelhas esfoladas, purgando. A tática era a da desmoralização, nos destruía fisicamente e psicologicamente. Deboches com pancadaria. Fiquei quase 3 meses lá. Sou uma vítima viva." Ele disse que se dispõe a fazer o reconhecimento do militar, na Justiça. "Jamais fiz prisões ilegais ou permiti torturas", afirma Ustra. Ele se diz alvo de "revanchismo, por vingança".
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