segunda-feira, 7 de julho de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS - Dois candidatos, dois estilos.

Por Jeff Mason

PHOENIX, EUA (Reuters) - Ambos lutam para conquistar a Casa Branca, mas Barack Obama e John McCain não poderiam ser mais diferentes quanto à forma como pretendem atingir esse objetivo.

Faltando quatro meses para que os norte-americanos escolham seu novo presidente, os dois candidatos aprimoram seus estilos e ampliam as bases de sua campanha a fim de se enfrentarem naquela que finalmente se transformou em uma disputa entre duas pessoas.

É nesse ponto que as similitudes terminam. Obama, um senador democrata pelo Estado de Illinois, sai-se muito bem em grandes eventos que atraem milhares de pessoas, valendo-se então de sua habilidade como orador, algo que lhe rendeu elogios tanto de seus admiradores quanto de seus adversários.

O candidato, de 46 anos, de corpo esguio, que se transformará no primeiro presidente negro dos EUA caso vença a disputa, projeta uma aura de celebridade nos eventos dos quais participa, constrói com facilidade laços de empatia com seus ouvintes e costuma ceder a uma tendência de perder o foco quando responde a perguntas.

"Obama é uma figura efervescente na campanha, alguém que realmente aprecia estar em contato com as pessoas. Ele possui uma facilidade de conectar-se com os outros que é rara", disse seu principal estrategista, David Axelrod. "Ele se sente confortável em qualquer reunião, com qualquer grupo, em qualquer lugar. E essa é uma qualidade importante em um candidato."

Compare-se esse perfil com o do republicano McCain, o magro e grisalho senador do Arizona, que conta piadas facilmente, mas se atrapalha com o teleprompter, algo que fez de seus grandes discursos um motivo para críticas vindas de especialistas e ativistas de seu partido.

O ex-piloto de caça, 71, que pode se transformar no presidente norte-americano mais idoso a tomar posse pela primeira vez, sai-se muito bem em eventos pequenos e adora conversar meio informalmente com repórteres e com as pessoas presentes nos eventos realizados em prefeituras de várias cidades.

TRAJETÓRIAS COMOVENTES

"McCain tem um dom natural para fazer campanha -- para falar com o norte-americano médio, com as pessoas que aparecem nos eventos para vê-lo. Independentemente de essas pessoas serem amigáveis ou não, ele se dá bem nesses ambientes", afirmou Charlie Black, conselheiro do candidato.

"É impossível escrever um roteiro para ele. Mais do que qualquer outra coisa, ele adora o contato genuíno e autêntico com os cidadãos norte-americanos", afirmou Carly Fiorina, principal assessora dele para assuntos econômicos.

As diferenças de estilo não se resumem aos discursos e ao contato com as multidões. Ambos os candidatos possuem comoventes trajetórias pessoais, mas Obama e McCain as utilizam de forma diferente.

O democrata, filho de pai queniano negro e de mãe branca norte-americana, costuma referir-se à época em que sua família precisou recorrer aos programas assistencialistas do governo para colocar comida na mesa. Já o republicano, que passou mais de cinco anos em um campo de prisioneiros de guerra no Vietnã, não gosta de falar sobre essa experiência.

O estilo dos candidatos reflete-se na estrutura de seus comitês de campanha. Obama arrecada fundos com tanto sucesso quanto lota ginásios. E possui um corpo de funcionários de mais de mil pessoas, segundo alguns relatos, além de uma rede de escritórios de campanha bem estabelecida após a acirrada batalha das prévias democratas.

MENOS DÓLARES, MENOS GENTE

Essa estrutura torna-se evidente também durante os compromissos de campanha dele. Os eventos são bem organizados e o candidato costuma ater-se à mensagem daquele dia.

McCain, de outro lado, conta com menos dólares e menos gente, apesar de sua capacidade de arrecadar fundos estar melhorando e de seu corpo de funcionários estar aumentando.

O comitê de campanha dele passou a contar com algo entre 250 e 300 pessoas contratadas. E uma reviravolta realizada na semana passada colocou Steve Schmidt, que trabalhou para o presidente George W. Bush e o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, no comando do dia-a-dia da campanha.

Essa mudança pode melhorar a organização geral, algo que não é seu ponto forte. McCain costuma falar de sua "máquina bem azeitada" depois de pequenas gafes, como quando alguns repórteres foram deixados para trás em uma viagem ou quando o senador quis, sem sucesso, oferecer uma xícara de chá ao ministro das Relações Exteriores do Iraque, que o visitava.

Os dois candidatos possuem quatro meses para convencer os eleitores. E, apesar de Obama liderar as pesquisas de intenção de voto atualmente, muita coisa pode mudar até novembro.

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