Saiba o que vai contar o filme sobre a vida de Lula.
Já neste mês de julho, começa o processo de seleção para os quatro atores que vão interpretar Lula em vários instantes de sua vida. Os atores devem ter entre 5 e 6 anos, 10 e 12 anos, 15 e 16 anos e idade adulta. "Tem muita gente querendo (fazer o papel de Lula)", disse o diretor Fábio Barreto à Reuters. "O Lula não é necessariamente uma unanimidade, mas continua muito popular mesmo por conta dos problemas de inflação, etc."
Barreto (de O Quatrilho e A Paixão de Jacobina) fará o processo de seleção em três meses, visitando escolas de teatro em Recife, São Paulo e Salvador. O papel de Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindú, mãe de Lula, será de Glória Pires. "Vamos procurar força, carisma, uma coisa que tenha a ver com a personalidade do próprio Lula", disse Fábio, cujo pai, Luiz Carlos Barreto, é o produtor do projeto. "Queremos uma pessoa com muita determinação, força de vontade para chegar onde chegou."
Fábio está finalizando o roteiro ao lado da própria autora da biografia, Denise Paraná, e de Daniel Tendler. Será o primeiro filme de ficção de grande orçamento sobre o presidente, que já foi tema de documentários, como Entreatos, de João Moreira Salles.
O filme de Barreto começa com o parto de uma criança que morre, seguido de outro, o do próprio Lula, pela mesma parteira. "Esse vingou, tomara que dê certo", diz a parteira, segundo Barreto, como uma ironia do destino. A história termina com a morte de dona Lindú, um dos focos do filme, em 1980. Lula então estava preso, mas foi liberado para ir ao enterro da mãe, onde fez um discurso histórico para uma multidão antes de voltar ao presídio.
História do povo brasileiro
O filme então pula de 1980 para 2003, com o discurso de posse à Presidência. "A gente funde um discurso no outro", explicou Fábio. "Porque no discurso de posse em Brasília ele fala da mãe também." As imagens da posse serão as únicas documentais do filme.
O longa narrará ainda a infância miserável no interior de Pernambuco, a migração em um pau-de-arara para São Paulo, a adolescência em Santos, o primeiro e o segundo casamentos, além da entrada para o sindicalismo. "Na verdade, o filme usa o Lula e a família dele para contar o que é o povo brasileiro", disse Fábio. "É toda uma história sobre as qualidades do povo brasileiro, a solidariedade, a generosidade, a tenacidade."
Fábio contou que votou em Lula nas duas últimas eleições e, apesar de tantos elogios ao presidente, disse que seu filme não será "chapa-branca, nem puxa-saco". Ele também acredita que o Brasil está andando para frente, embora devagar demais. "Ele está fazendo o que é possível. É inegável que o país está melhorando, mas muito lentamente", disse Fábio. "A distribuição de renda é uma coisa muito lenta. O Brasil é um país muito grande, ainda tem muita coisa para fazer."
Mas a condescendência com Lula não se estende ao Ministério da Cultura e à demora para implementar o Tíquete Cultura — uma espécie de vale-alimentação, mas para eventos culturais como cinema. "Tem que se financiar o consumo também. Não adianta ficar financiando um monte de filmes que não têm onde passar", disse Fábio, indicado ao Oscar de filme estrangeiro por O Quatrilho, (1995).
Segundo ele, o tíquete alavancaria de 8 milhões para 50 milhões os espectadores de cinema nacional por ano. O projeto é debatido entre os ministérios da Cultura, Fazenda e Receita Federal desde a segunda posse de Lula, em 2007.
Fonte: Vermelho.
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