50 anos do golpe: Quais foram os jornalistas que apoiaram os militares em 1964?by bloglimpinhoecheiroso |
Juremir Machado, no Facebook
Estou com livro novo. Escrevi 1964 golpe midiático-civil-militar para
me divertir. Trabalhei como um cão, mas senti prazer. De que trata
realmente meu livro? De como jornalistas e escritores hoje cantados em
prosa e verso apoiaram escancaradamente o golpe: Alberto Dines, Carlos
Heitor Cony, Antônio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Otto Lara
Resende, Otto Maria Carpeaux, Rubem Braga e outros.
Alguns,
como Cony, arrependeram-se ainda na primeira semana de abril. Outros só
mudaram depois de 1968 e do AI-5. Alguns permaneceram fiéis ao regime.
Os mais espertos, como Alberto Dines, reescreveram-se.
Como
sempre em meus livros, apresento as provas. O poeta Drummond, que
deveria ser uma antena da aldeia, só captou o senso comum conservador de
seu bairro: “No caso do senhor Goulart a verdade é que ele pediu,
reclamou, impôs sua própria deposição”.
A
lógica do poeta, bom de verso e péssimo de reflexão social, era a do
machista que culpa a minissaia da mulher pelo estupro. Jango provocou os
militares com sua obsessão por reformas, como a agrária, que só fariam
bem para o Brasil.
O caso mais impressionante de apoio ao golpismo foi o de Alberto Dines, diretor de Redação, à época, do Jornal do Brasil. Dines, atualmente, dirige site Observatório de Imprensa, site de crítica de mídia. Jamais fez um bom mea-culpa.
O
homem que agora posa de decano do jornalismo comprometido com a
democracia era, em 1964, um golpista a serviço do pior do Brasil: “Só
podíamos dedicar um único editorial contra cada ato ou falação de
Goulart. No dia seguinte, já havia outros para atacar”.
Dines
não pôde se conter: “Jango permitira que na vida brasileira se
insuflassem tais ingredientes que, para extirpá-los, seriam necessários
não mais o ‘jeitinho’. Desta vez, teriam de ser empregadas a força e a
violência”. Alberto Dines apoiava a queda de Jango, ansiava pelos
militares, tentava ajudá-los assustando cada vez mais a população.
Antônio
Callado, que se tornaria um ícone da resistência à ditadura, foi um
medíocre preparador da atmosfera para o golpe. Escreveu: “O triste, no
episódio tão pífio e latino-americano da deposição de Jango, é que
realmente não se pode desejar que as Forças Armadas não o traíssem”.
Callado praticou o sensacionalismo mais barato.
Tentou
encontrar razões psicológicas para as atitudes de Jango em sua condição
física: “Ao que se sabe, muitos cirurgiões lhe garantiram, através dos
anos, que poderia corrigir o defeito que tem na perna esquerda. Mas o
horror à ideia de dor física fez com que Jango jamais considerasse a
sério o conselho. Talvez por isso tenha cometido o seu suicídio indolor
na Páscoa”.
Já Carlos Heitor Cony ajudou a escrever os editoriais “Basta!” e “Fora!”, publicados pelo Correio da Manhã,
nos quais se clama pelo despeito à Constituição e pela deposição do
presidente. Tudo porque Jango mexeria nos muitos privilégios dos ricos.
Dou essa palhinha. Deixo o essencial para quem quer ler o livro, que
poderia se chamar também origens ou consolidação da imprensa golpista.
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