Por John Whitesides.
INDEPENDENCE, EUA (Reuters) - O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, rebateu na segunda-feira as dúvidas levantadas sobre seu patriotismo em meio aos ataques por causa de críticas feitas por um aliado dele a respeito da carreira militar do republicano John McCain.
Obama deu início à semana que antecede o Dia da Independência do país (4 de julho) com um longo discurso no qual exaltou as virtudes dos norte-americanos. Segundo o democrata, as dúvidas a respeito do patriotismo dele lembravam a cultura das guerras dos anos 60.
Senador pelo Estado de Illinois, o candidato ainda deu mais um passo para acabar com as divisões internas de seu partido, conversando por telefone, desde Kansas City, com o ex-presidente Bill Clinton durante cerca de 20 minutos. O bate-papo ocorreu dias depois de Obama ter realizado o primeiro evento ao lado de Hillary Clinton, sua ex-adversária de legenda.
Na semana passada, ao discursar na Conferência de Prefeitos dos EUA, Bill Clinton deu a entender que não estava muito empolgado com a candidatura Obama. Durante esse pronunciamento, ele mal citou o nome do senador.
O comitê de campanha do democrata descreveu a conversa de segunda-feira como maravilhosa e disse que Obama havia pedido a Clinton que fizesse campanha ao lado dele, algo com que o ex-presidente parecia estar animado.
"Ele sempre acreditou que Bill Clinton é um dos maiores líderes deste país e uma de suas mentes mais brilhantes. E ele anseia por vê-lo fazendo campanha a seu lado e por vê-lo dando conselhos nos próximos meses", afirmou Bill Burton, porta-voz de Obama.
Em um claro sinal de que a questão do patriotismo preocupa a campanha democrata, Obama disse, em um discurso proferido na biblioteca presidencial Harry Truman, em Missouri, que não ficaria impassível vendo seu amor pelos EUA ser questionado por adversários políticos.
"Nunca vou questionar o patriotismo dos outros nesta campanha. E não vou ficar impassível vendo os outros questionando o meu patriotismo", afirmou.
Enquanto Obama discursava, porém, uma tempestade armava-se devido ao comentário feito no fim de semana por um aliado dele, general Wesley Clark, apontado algumas vezes como potencial candidato a vice dos democratas na eleição de novembro.
PROBLEMAS À VISTA
Em entrevista ao programa "Face the Nation", do canal CBS, Clark disse no domingo que o histórico militar de McCain estava sendo exagerado porque o republicano nunca havia tomado grandes decisões de combate.
McCain ficou cinco anos e meio em um campo de prisioneiros do Vietnã depois de o avião dele ter sido abatido sobre Hanói.
"Não acredito que subir em um caça e ser derrubado qualifique alguém para ser presidente", afirmou o general.
Obama distanciou-se da declaração sem mencionar o nome de Clark. Burton disse que o candidato rejeitava os comentários do general.
"Ninguém deveria desvalorizar aquele histórico, especialmente em nome de uma campanha política. E isso vale para os aliados dos dois lados. Precisamos manifestar sempre a mais profunda gratidão pelos serviços prestados pelos nossos homens e mulheres uniformizados. E ponto final", disse Obama.
Mas assessores de campanha de McCain aproveitaram-se da declaração para corroborar sua tese de que, apesar de defender uma postura civilizada em seus discursos, Obama não hesitaria em realizar golpes baixos.
(Reportagem adicional de Jeff Mason e Steve Holland)
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