CLASSE C CRESCE E COMPRA MAIS COMPUTADOR
Um estudo realizado pela consultoria Nielsen, especializada em pesquisa de mercado, para a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas mostra que a classe C passou de 37% da população brasileira em 2006 para 44% em 2008.
O diretor da Nielsen João Carlos Lazzarini disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 1º., que com o crescimento da classe C alguns produtos ganham mais poder de penetração. É o caso do computador.
“Em 2006, nós tínhamos computadores em 15% da classe C. Esse número saltou para 23% em 2007”, disse Lazzarini.
Segundo Lazzarini, 20 milhões de brasileiros subiram de classe e passaram a integrar a classe C nos últimos quatro anos. Hoje a classe C tem cerca de 80 milhões de pessoas e é responsável por 46% do consumo no Brasil.
Clique aqui para acessar o estudo realizado pela Nielsen.
Leia a íntegra da entrevista com João Carlos Lazzarini:
Paulo Henrique Amorim – Eu vou conversar com João Carlos Lazzarini, diretor da Nielsen, uma empresa especializada em pesquisas de mercado. João Carlos, vocês acabaram de fazer uma pesquisa para a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, que mostra que a classe C passou de 37% em 2006 para 44% em 2007. E eu gostaria de saber o que isso significa: quantas pessoas em dois anos mudaram de classe?
João Carlos Lazzarini – Esse movimento é um movimento extremamente importante, que nós vimos em termos de quantidade de pessoas crescendo. Nós falamos, no caso específico da classe C, 44% de um total, medido em termos de domicílios que nós temos aproximado de 36 milhões. Então estamos falando em alguma coisa em torno de 17 milhões de domicílios. Se nós pegarmos a média nacional, de três a quatro pessoas, estamos falando de mais de 40 milhões dentro dessa classe. É um número bastante expressivo.
Paulo Henrique Amorim – Quer dizer que nós estamos falando que na classe C há 40 milhões de pessoas?
João Carlos Lazzarini – Não, não. Estamos falando de aproximadamente 40 milhões de domicílios.
Paulo Henrique Amorim – Portanto, se multiplicarmos por três, isso dá 120 milhões de pessoas.
João Carlos Lazzarini – Aproximadamente 80 milhões de pessoas.
Paulo Henrique Amorim – Mais ou menos 80 milhões de pessoas. Agora, quantas pessoas subiram para a classe C, João Carlos?
João Carlos Lazzarini – Estamos falando de alguma coisa como aproximadamente uns 20 milhões.
Paulo Henrique Amorim – 20 milhões de brasileiros subiram de classe?
João Carlos Lazzarini – Isso.
Paulo Henrique Amorim – Em dois anos?
João Carlos Lazzarini – Isso. Na verdade, um pouco mais. Na verdade, quase quatro anos.
Paulo Henrique Amorim – Agora, deixa eu lhe perguntar uma outra coisa: o que significa isso em termos de padrões de consumo, nós estamos falando de pessoas que entraram no mercado e passaram a consumir mais o que? Ou seja, que tipo de produto se valorizou, se beneficiou, com essa ascensão de 20 milhões de pessoas em quatro anos?
João Carlos Lazzarini – Na verdade, num primeiro momento, nós tivemos níveis muito significativos e elevados de produtos de consumo, principalmente de categorias de produtos que não tinham grande penetração. Eu não gosto de chamar de supérfluos, mas eu chamaria de adicionais de consumo, por exemplo, como derivados lácteos, como produtos inclusive com teor de proteína maior, mais elevado, a própria carne. Nós tivemos também, na área de produtos de higiene pessoal e beleza um crescimento muito grande de produtos como xampus e outros produtos como cremes dentais, são categorias de higiene pessoal de modo geral. Isso num primeiro momento. O que nós vimos acontecer em especial nesse último ano, em 2007 e 2008, eu diria, mais agora a curto prazo nesses últimos dois anos, um movimento bastante importante de crescimento dos eletro-eletrônicos. Para que nós pudéssemos fazer um nível de comparação do que aconteceu, por exemplo, entre 2007, o acumulado de 2007, ou no acumulado de 2008, até mais recente, e comparar isso entre produtos de bens duráveis e os chamados produtos de consumo, de alimentação, de higiene e limpeza, limpeza caseira, fazendo uma comparação, esses produtos que eu acabei de citar agora, chamados produtos de consumo de massa, cresceram neste ano acumulado, até a metade do ano aproximadamente, na verdade até maio, cresceu alguma coisa como 3% em termos de volume. Junte todos os volumes, faça uma ponderação e veja que esses produtos de higiene e beleza cresceram algo como 3%. Isso de modo geral, não especificamente para a classe C. Mas a linha de duráveis apresenta um crescimento bem mais importante, um crescimento que ficou na casa de 8%. Então a gente fala quase três vezes em relação ao outro crescimento. Isso devido, em parte ao crescimento do poder aquisitivo, sem sombras de dúvidas, também em parte a um crédito mais fácil, em especial para as classes mais baixas e aí lê-se classes C, D e E. E sem sombra de dúvida num fenômeno, que é um fenômeno mundial que acontece, que é aquela participação no bolso, ou como no inglês é bastante comum a gente ouvir nos meios de marketing aqui do Brasil o “share of pocket”.
Paulo Henrique Amorim – “Share of pocket”, sei.
João Carlos Lazzarini – Isso, participação no bolso do consumidor. E começa a ter a concorrência não necessariamente de produtos só de alimentação ou de produtos do lar, mas de modo geral incluindo produtos de lazer, incluindo outros tipos de produtos que tem desenvolvido muito poder de penetração, como produtos de informática, produtos ligados à micro-computação, internet e coisas do gênero...
Paulo Henrique Amorim – Quando você fala eletro-eletrônico, você está falando muito de computador e internet, não é?
João Carlos Lazzarini – Eu, na verdade, falo de algo mais amplo, inclusive levando em conta categorias como máquinas de lavar, refrigeradores. Para dar alguns números para você nesse sentido: os refrigeradores cresceram 21% nesse período de tempo. Máquina de lavar roupa 33%. Estou fazendo um comparativo de 1988 contra 2007. E, veja, câmera digital, 35%. Dá para ter uma idéia de que realmente são índices muito mais elevados...
Paulo Henrique Amorim – E computador?
João Carlos Lazzarini – Computador eu não tenho.
Paulo Henrique Amorim – Agora, me conta uma coisa, o que você diria sobre a utilização do cartão de crédito?
João Carlos Lazzarini – Essa foi uma coisa fantástica também porque inclusive a penetração do cartão de crédito, e aí eu vou me referir especificamente à classe C, foi mais elevada do que no Brasil como um todo. Num recente estudo que nós fizemos, a penetração nos domicílios, então se eu considerar todos os domicílios que se utilizam de cartão de crédito, nós falamos de um número de aproximadamente 46% em 2006, ou seja, 46% dos 36 milhões de domicílios brasileiros tinham esse serviço. Esse número saltou para 54% em 2007. Agora, veja o que aconteceu com a classe C, esse número é até maior: 51% da classe C tinha acesso ao cartão de crédito, utilizava do serviço de cartões de crédito em 2006 e esse número passou para 58%. Nós estamos falando sobre classe C e falando sobre o crescimento, deixa eu falar sobre alguns números de crescimento de penetração. Esse mesmo conceito que nós utilizamos para cartão de crédito, por exemplo, para computador: na classe C, em 2006, nós tínhamos computadores em 15% da classe C. Esse número saltou para 23% em 2007. Nós tínhamos alguma coisa como 25% de fornos microondas, isso saltou para 28%. São alguns números para dizer o que aconteceu.
Paulo Henrique Amorim – Nós podemos ter acesso a esses seus números, João Carlos?
João Carlos Lazzarini – Claro que sim.
Paulo Henrique Amorim – Então nós vamos fazer o seguinte: nós vamos dar um acesso na internet para a sua pesquisa. E de qualquer maneira eu posso concluir que uma indústria de massa que não foque na classe C vai perder mercado?
João Carlos Lazzarini – Eu diria uma frase, inclusive que eu utilizei na apresentação para os presidentes que estiveram no nosso evento sobre a reflexão da classe C. Abrindo aspas aqui: “dizer da importância crescente da classe C não é novo. A novidade, na verdade, é admitir, acompanhar e agir nas diferentes aspirações, nos desejos e valores que permeiam essa classe C. Mais do que isso, sob uma ótica tradicional, a gente só vê a classe C ou quando muito a classe C1 e C2, sob uma ótica bem tradicional de segmentação de mercado, mas cada vez mais estão se considerando estilos de vida que permeiam essa classe C”. E isso tem no estudo que nós estamos mandando para você.
Fonte: Blog Conversa Afiada.
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