Lula, o isopor e a sucessão
Márcio Fernandes/Agência Estado Para cronista, o presidente Lula, com o isopor na cabeça, se igualou ao brasileiro comum. "Moço, tem picolé de mangaba?", dá vontade de dizer |
Janio Ferreira Soares
De Paulo Afonso (BA)
Não tem pra ninguém. Lula continua sendo o maior marqueteiro dele mesmo, seja dominando a platéia qual um esperto pastor diante de fiéis embasbacados, seja tirando uma onda na presença de reis e rainhas de verdade ou de realezas de algum maracatu do baque virado - tanto faz -, lá vai Luiz se lixando para qualquer tipo de liturgia, como se o mundo se resumisse ao agreste pernambucano e adjacências.
A sua recente aparição em terras baianas carregando um isopor na cabeça como se fora um simples vendedor de picolé, com dona Marisa um pouco atrás quase dizendo: "moço, tem de mangaba?", traduz muito bem esse seu lado populista, que, forçado ou não, praticamente o iguala ao mais comum dos brasileiros, desses que no fim de semana botam uma havaiana nos pés, uma velha bermuda e vão até a esquina comprar cerveja para a rapaziada que está chegando. Já os seus prováveis sucessores...
Impossível imaginá-los em situações semelhantes, quiçá próximas. Serra, no máximo, vai imitar FHC e montará num lombo de um jumento em terras nordestinas depois de experimentar uma buchada de bode, mesmo que em seguida acabe com o estoque de antiácido do mercado. Quanto a Dilma, apesar de ter aposentando a peruca e agora desfilar com uma aparência tipo volver a los 17 después de vivir un siglo, também não leva jeito para tais arroubos, embora orientada pelo experiente mestre Inácio, grande arteiro pernambucano e craque maior no ofício do mamulengo.
Seja como for, 2010, o ano do tigre, será regido por Vênus, Iemanjá e Oxalá. Não sei até que ponto a junção dessas forças irá influenciar o comportamento dos candidatos, principalmente porque este será também um ano de Copa do Mundo. Mas antes tem o Carnaval, e não se espante se Serra aparecer no meio dos Filhos de Gandhy desafinando no agogô, ou Dilma surgir ao lado do Chiclete com o molejo característico dos dançarinos do fandango gaucho.
Agora, se alguém vir um barbudo de rosto familiar vestindo um abadá todo suado, completamente à vontade no meio da galera, não tenha dúvida, é o cara do isopor.
Copiado do "TERRA MAGAZINE".
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