Desejo aos queridos leitores do blog uma Páscoa Maravilhosa.
Aproveito para comunicar que estou passando está data no Sul de Minas Gerais, razão
pela qual estou deixando de atualiaar o blog.
Abraços a todos
Carlos Dória
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
EUA - Tadinha da CIA, ela é tão bobinha..
“Tadinha” da CIA, ela é tão bobinha…
Combates na invasão na Baía dos Porcos não foram "conto da carochinha"
A Folha de S. Paulo publica hoje uma londa entrevista do sr. Peter Kornbluh, diretor do projeto Cuba do National Security Archives, instituição governamental americana que administra os arquivos – ainda parcialmente secretos – da espionagem do EUA.
Cândidamente, este senhor tenta fazer crer que o fracasso da tentativa de invasão a Cuba, na Baía dos Porcos, foi quase deliberado e nada teve a ver com a resistência que os cubanos opuseram ao desembarque de mercenários e agentes americanos, há 50 anos, em Playa Girón.
Se acreditarmos piamente em sua narrativa, vamos nos convencer que a CIA nem mesmo coseguiria acertar um sorvete na testa: erraria a testa.
Vejam só estes trechos:
“Primeiro pensaram em criar pequenas células de infiltrados que seriam levados a Cuba e teriam armas fornecidas por aviões que as jogariam do ar. (…)Tentaram levar os infiltrados, mas os camponeses os entregaram às autoridades imediatamente. Foram presos, interrogados, e contaram onde as armas seriam jogadas e as datas. Quando os aviões levaram as armas, os militares cubanos estavam lá esperando por elas. Acabamos armando o Exército (cubano).“
Depois, diz que todos sabiam que não iria dar certo, mas que levaram o plano em frente por causa da repercussão que teria junto aos 1,5 mil exilados cubanos envolvidos na operação e a tornar-se público que os EUA patrocinavam uma invasão. Ora, até parece que ian ter tamanha consideração com os exilados e que fazer a invasão não tornaria tudo público.
Claro que houve o que nós chamamos de “bateção de cabeça” naquela operação, e essa informação nem é nova. Faz parte do livro “Por dentro da Companhia”, do ex-agente da CIA Phillip Agee, que foi duramente perseguido pelo governo Americano, teve seu passaporte cancelado, expulso da Inglaterra onde procurou proteção durante a após a publicação do livroe finalmente, ido para Cuba, onde morreu em 2008.
Mas a CIA nada tem de amadora ou ineficiente, e muito menos está extinta. E é impressionante a desfaçatez com que um país confessa que armou uma invasão a outro, que despachou bombardeiros contra outra nação, que tentou assassinar um governante sem que venha daí nenhuma condenação moral.
E o mais grave, não há nenhuma condenação pelo fato de os EUA manterem como possessão, há um século, e por “arrendamento perpétuo” estabelecido em 1903, um pedaço do território cubano: Guantánamo, palco de uma das vergonhas dos tempos atuais: as prisões ilegais às quais Barack Obama prometeu dar fim e, até agora, permanecem afrontando o direito internacional.
Fonte:Blog Tijolaço.
Combates na invasão na Baía dos Porcos não foram "conto da carochinha"
A Folha de S. Paulo publica hoje uma londa entrevista do sr. Peter Kornbluh, diretor do projeto Cuba do National Security Archives, instituição governamental americana que administra os arquivos – ainda parcialmente secretos – da espionagem do EUA.
Cândidamente, este senhor tenta fazer crer que o fracasso da tentativa de invasão a Cuba, na Baía dos Porcos, foi quase deliberado e nada teve a ver com a resistência que os cubanos opuseram ao desembarque de mercenários e agentes americanos, há 50 anos, em Playa Girón.
Se acreditarmos piamente em sua narrativa, vamos nos convencer que a CIA nem mesmo coseguiria acertar um sorvete na testa: erraria a testa.
Vejam só estes trechos:
“Primeiro pensaram em criar pequenas células de infiltrados que seriam levados a Cuba e teriam armas fornecidas por aviões que as jogariam do ar. (…)Tentaram levar os infiltrados, mas os camponeses os entregaram às autoridades imediatamente. Foram presos, interrogados, e contaram onde as armas seriam jogadas e as datas. Quando os aviões levaram as armas, os militares cubanos estavam lá esperando por elas. Acabamos armando o Exército (cubano).“
Depois, diz que todos sabiam que não iria dar certo, mas que levaram o plano em frente por causa da repercussão que teria junto aos 1,5 mil exilados cubanos envolvidos na operação e a tornar-se público que os EUA patrocinavam uma invasão. Ora, até parece que ian ter tamanha consideração com os exilados e que fazer a invasão não tornaria tudo público.
Claro que houve o que nós chamamos de “bateção de cabeça” naquela operação, e essa informação nem é nova. Faz parte do livro “Por dentro da Companhia”, do ex-agente da CIA Phillip Agee, que foi duramente perseguido pelo governo Americano, teve seu passaporte cancelado, expulso da Inglaterra onde procurou proteção durante a após a publicação do livroe finalmente, ido para Cuba, onde morreu em 2008.
Mas a CIA nada tem de amadora ou ineficiente, e muito menos está extinta. E é impressionante a desfaçatez com que um país confessa que armou uma invasão a outro, que despachou bombardeiros contra outra nação, que tentou assassinar um governante sem que venha daí nenhuma condenação moral.
E o mais grave, não há nenhuma condenação pelo fato de os EUA manterem como possessão, há um século, e por “arrendamento perpétuo” estabelecido em 1903, um pedaço do território cubano: Guantánamo, palco de uma das vergonhas dos tempos atuais: as prisões ilegais às quais Barack Obama prometeu dar fim e, até agora, permanecem afrontando o direito internacional.
Fonte:Blog Tijolaço.
POLÍTICA - O pote até aqui de mágoa do FHC.
Enviado por luisnassif, seg, 18/04/2011 - 23:45
Fernando Henrique afirma que Lula está 'mamando na elite' - O Globo
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira em São Paulo, em entrevista à Radio Cultura FM, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "mamando na elite", em resposta às críticas do petista a respeito de seu artigo publicado na revista "Interesse Nacional", no qual sugeriu ao PSDB evitar disputar com o PT a influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão" e priorizar a nova classe C.
Fernando Henrique diz que Lula não tem moral para criticar as privatizações feitas pelo seu governo e ainda acusa um filho do petista de ser sócio de uma empresa de telefonia.
- O Lula, lá de Londres, dizendo a mesma coisa (críticas ao seu artigo). Com que moral? O Lula, que era contra as privatizações agora está lá falando para a Telefônica, ganhando US$ 100 mil, e o filho dele é sócio de uma empresa de telefonia... Eram contra a privatização, aderiram totalmente às transformações que nós provocamos e ainda vem nos criticar e dizer que nós somos a favor da elite contra o povo. Eles estão mamando na elite. Cabe isso? Realmente é uma questão política que está aí colocada. É como - li um artigo hoje do Fernando Barros - se a classe média fosse a direita e o povão a esquerda. Mas o que é isso, meu Deus do céu? Desde quando esquerda e direita... o PSDB tem que ir à direita porque vai para a classe média? A classe média é direita? - disse Fernando Henrique em entrevista ao programa "Começando o dia", de Alexandre Machado, na Cultura FM.
Durante a entrevista FH afirmou também que "por razões político-ideológicas" estão afirmando que o PSDB é da elite e o PT é do povo, e isso não é verdade.
- Todo mundo vê isso nos jornais todos os dias. Agora, por razões político-ideológicas foram dizer: 'Olha, o PSDB é da elite, o PT é do povo.' Isso não é verdade! Eu me elegi duas vezes presidente, eu fiz as políticas sociais. Quem começou todos esses programas sociais de bolsa foi o meu governo, de reforma agrária. Então, isso é uma luta política-ideológica, de taxar - defendeu-se.
O ex-presidente tucano ainda desafiou Lula para uma terceira disputa eleitoral, lembrando que já venceu as duas, afirmando que as críticas que recebeu tem a ver com interesses políticos ligados aos petistas.
- O número de manifestações favoráveis que eu recebo ao que eu disse é imenso. O que sai no jornal é outra coisa, são interesses políticos. É o Lula, lá de Londres, refestelado na sua vocação nova, e ainda se dá ao direito de gozar, que eu estudei tanto para ficar contra o povo. Ele se esquece que eu o derrotei duas vezes. Quem sabe ele queira uma terceira. Eu topo! Já falei pra ele, o que ele quiser discutir, debater comigo, estou aberto. Não é porque eu tenha estudando, não. Eu estudei. Acho lamentável que um ex-presidente use essa pregação da ignorância, do não-estudo. É patético! - afirmou.
Fernando Henrique afirma que Lula está 'mamando na elite' - O Globo
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira em São Paulo, em entrevista à Radio Cultura FM, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "mamando na elite", em resposta às críticas do petista a respeito de seu artigo publicado na revista "Interesse Nacional", no qual sugeriu ao PSDB evitar disputar com o PT a influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão" e priorizar a nova classe C.
Fernando Henrique diz que Lula não tem moral para criticar as privatizações feitas pelo seu governo e ainda acusa um filho do petista de ser sócio de uma empresa de telefonia.
- O Lula, lá de Londres, dizendo a mesma coisa (críticas ao seu artigo). Com que moral? O Lula, que era contra as privatizações agora está lá falando para a Telefônica, ganhando US$ 100 mil, e o filho dele é sócio de uma empresa de telefonia... Eram contra a privatização, aderiram totalmente às transformações que nós provocamos e ainda vem nos criticar e dizer que nós somos a favor da elite contra o povo. Eles estão mamando na elite. Cabe isso? Realmente é uma questão política que está aí colocada. É como - li um artigo hoje do Fernando Barros - se a classe média fosse a direita e o povão a esquerda. Mas o que é isso, meu Deus do céu? Desde quando esquerda e direita... o PSDB tem que ir à direita porque vai para a classe média? A classe média é direita? - disse Fernando Henrique em entrevista ao programa "Começando o dia", de Alexandre Machado, na Cultura FM.
Durante a entrevista FH afirmou também que "por razões político-ideológicas" estão afirmando que o PSDB é da elite e o PT é do povo, e isso não é verdade.
- Todo mundo vê isso nos jornais todos os dias. Agora, por razões político-ideológicas foram dizer: 'Olha, o PSDB é da elite, o PT é do povo.' Isso não é verdade! Eu me elegi duas vezes presidente, eu fiz as políticas sociais. Quem começou todos esses programas sociais de bolsa foi o meu governo, de reforma agrária. Então, isso é uma luta política-ideológica, de taxar - defendeu-se.
O ex-presidente tucano ainda desafiou Lula para uma terceira disputa eleitoral, lembrando que já venceu as duas, afirmando que as críticas que recebeu tem a ver com interesses políticos ligados aos petistas.
- O número de manifestações favoráveis que eu recebo ao que eu disse é imenso. O que sai no jornal é outra coisa, são interesses políticos. É o Lula, lá de Londres, refestelado na sua vocação nova, e ainda se dá ao direito de gozar, que eu estudei tanto para ficar contra o povo. Ele se esquece que eu o derrotei duas vezes. Quem sabe ele queira uma terceira. Eu topo! Já falei pra ele, o que ele quiser discutir, debater comigo, estou aberto. Não é porque eu tenha estudando, não. Eu estudei. Acho lamentável que um ex-presidente use essa pregação da ignorância, do não-estudo. É patético! - afirmou.
ECONOMIA - A melhor obra neoliberal.
A melhor obra neoliberal: eles quebraram os EUA
Saiu no Wall Street Journal:
S&P Cuts U.S. Ratings Outlook to Negative
By MATT JARZEMSKY
Standard & Poor’s Ratings Services Inc. cut its outlook on the U.S. to negative, increasing the likelihood of a potential downgrade from its triple-A rating, as the path from large budget deficits and rising government debt remains unclear.
“More than two years after the beginning of the recent crisis, U.S. policy makers have still not agreed on how to reverse recent fiscal deterioration or address longer-term fiscal pressures,” S&P credit analyst Nikola G. Swann said. He said the rating agency puts the chance of a U.S. downgrade within two years at least one-in-three.
Agência de risco americana Standard & Poor’s deu nota “negativa” para os Estados Unidos, uma vez que permanecem indefinidas as medidas para enfrentar os crescentes déficits e dívida do Governo.
“Mais de dois anos depois do começo desta crise, as autoridades americanas ainda precisam chegar a um acordo sobre como reverter a recente deterioração fiscal e enfrentar as pressões fiscais de longo prazo”, disse um analista da agencia.
Saiu no Wall Street Journal:
S&P Cuts U.S. Ratings Outlook to Negative
By MATT JARZEMSKY
Standard & Poor’s Ratings Services Inc. cut its outlook on the U.S. to negative, increasing the likelihood of a potential downgrade from its triple-A rating, as the path from large budget deficits and rising government debt remains unclear.
“More than two years after the beginning of the recent crisis, U.S. policy makers have still not agreed on how to reverse recent fiscal deterioration or address longer-term fiscal pressures,” S&P credit analyst Nikola G. Swann said. He said the rating agency puts the chance of a U.S. downgrade within two years at least one-in-three.
Agência de risco americana Standard & Poor’s deu nota “negativa” para os Estados Unidos, uma vez que permanecem indefinidas as medidas para enfrentar os crescentes déficits e dívida do Governo.
“Mais de dois anos depois do começo desta crise, as autoridades americanas ainda precisam chegar a um acordo sobre como reverter a recente deterioração fiscal e enfrentar as pressões fiscais de longo prazo”, disse um analista da agencia.
MÍDIA - WikiLeaks: EUA financiaram oposição síria.
Wikileaks: EUA financiaram US$ 6 milhões a grupos de oposição síria,
Redação SRZD | Internacional | 18/04/2011 10h08
Foto: Wikimedia CommonsTelegramas liberados pelo Wikileaks afirmam que o Departamento de Estado dos Estados Unidos financiou secretamente grupos de oposição da Síria. De acordo com o relatório, o financiamento de US$ 6 milhões tinha objetivo de ajudar grupo de exilados sírios a explorar o canal por satélite "Barada TV", que tem sede em Londres. Além de financiar atividades dentro da Síria, afirmou o jornal desta segunda-feira "The Washington Post".
Segundo a publicação, a "Barada TV" começou a transmitir em abril de 2009, contudo aumentou suas operações no intuito de cobrir os protestos na Síria, que se iniciaram no mês passado como parte de uma campanha de longo prazo para retirar o presidente Bashar al-Assad do poder.
A ajuda financeira dos Estados Unidos para as figuras da oposição síria deu início ainda no governo do presidente George W. Bush, depois que as relações diplomáticas com Damas foram congeladas em 2005. A administração do atual presidente Barack Obama procurou reconstruir as relações com Assad.
O artigo, no entanto, não deixa claro se os Estados Unidos continuam financiando os grupos de oposição síria, mas indica que até setembro de 2010 o dinheiro não teria sido fornecido. O Departamento de Estado não quis comentar sobre a autenticidade dos telegramas ou comentar sobre o financiamento da Barada TV.
Fonte: SRZD
Redação SRZD | Internacional | 18/04/2011 10h08
Foto: Wikimedia CommonsTelegramas liberados pelo Wikileaks afirmam que o Departamento de Estado dos Estados Unidos financiou secretamente grupos de oposição da Síria. De acordo com o relatório, o financiamento de US$ 6 milhões tinha objetivo de ajudar grupo de exilados sírios a explorar o canal por satélite "Barada TV", que tem sede em Londres. Além de financiar atividades dentro da Síria, afirmou o jornal desta segunda-feira "The Washington Post".
Segundo a publicação, a "Barada TV" começou a transmitir em abril de 2009, contudo aumentou suas operações no intuito de cobrir os protestos na Síria, que se iniciaram no mês passado como parte de uma campanha de longo prazo para retirar o presidente Bashar al-Assad do poder.
A ajuda financeira dos Estados Unidos para as figuras da oposição síria deu início ainda no governo do presidente George W. Bush, depois que as relações diplomáticas com Damas foram congeladas em 2005. A administração do atual presidente Barack Obama procurou reconstruir as relações com Assad.
O artigo, no entanto, não deixa claro se os Estados Unidos continuam financiando os grupos de oposição síria, mas indica que até setembro de 2010 o dinheiro não teria sido fornecido. O Departamento de Estado não quis comentar sobre a autenticidade dos telegramas ou comentar sobre o financiamento da Barada TV.
Fonte: SRZD
segunda-feira, 18 de abril de 2011
POLÍTICA - PSDB terceiriza críticas na TV.
Ricardo Kotscho.
FHC e Aécio elogiam a presidente Dilma e defendem uma oposição firme, ma non troppo, enquanto Serra bate pesado no twitter.
Os principais líderes divergem sobre a melhor estratégia para combater o PT, mas nenhum deles deu as caras até agora nos comerciais de televisão que o PSDB colocou no ar esta semana.
Com dez inserções de 30 segundos cada por dia, as peças criadas pelo publicitário Stalimir Vieira começaram a ser exibidas em todas as emissoras de TV do país na quinta-feira. Neles o principal partido de oposição dispensou os políticos e vem utilizando atores anônimos para terceirizar críticas ao governo.
O primeiro personagem foi um jovem com sotaque nordestino, roupas simples, típico representante do “povão” que antes não viajava de avião, citado esta semana por FHC no manifesto “O papel da oposição”. Empurrando o carrinho de bagagem em algum aeroporto, o rapaz manda bala:
“Olha os aeroportos! Ninguém faz nada! Estão esperando o que? As obras atrasarem bastante para ficarem muito mais caras? E a gente? Nós vamos pagar por tudo isso e ainda por cima passar vergonha?”
Os dois comerciais terminam com a mesma advertência: “É preciso abrir o olho. Tem muita coisa errada por aí”. No segundo, a personagem dona de casa reclama dos preços que estão subindo no supermercado, acenando com o fantasma da volta da inflação.
“O governo disse outro dia que não vai mais controlar a inflação. Por que não quer ou por que não sabe? O que esta turma andou aprontando?”. As indagações são feitas pela moça sem citar as fontes, com ar de desafio, lembrando que o PSDB acabou com a inflação em 1994.
A assinatura dos comerciais é meio estranha: “A gente não cobra cargos. A gente cobra competência”. Cobrar competência, tudo bem, todos nós cobramos. Mas cobrar cargos me parece um direito dos partidos aliados que estão no governo, e não da oposição, por suposto.
Vocês viram estes comerciais na TV? Qual foi a impressão dos leitores do Balaio?
Autor: Ricardo Kotscho
FHC e Aécio elogiam a presidente Dilma e defendem uma oposição firme, ma non troppo, enquanto Serra bate pesado no twitter.
Os principais líderes divergem sobre a melhor estratégia para combater o PT, mas nenhum deles deu as caras até agora nos comerciais de televisão que o PSDB colocou no ar esta semana.
Com dez inserções de 30 segundos cada por dia, as peças criadas pelo publicitário Stalimir Vieira começaram a ser exibidas em todas as emissoras de TV do país na quinta-feira. Neles o principal partido de oposição dispensou os políticos e vem utilizando atores anônimos para terceirizar críticas ao governo.
O primeiro personagem foi um jovem com sotaque nordestino, roupas simples, típico representante do “povão” que antes não viajava de avião, citado esta semana por FHC no manifesto “O papel da oposição”. Empurrando o carrinho de bagagem em algum aeroporto, o rapaz manda bala:
“Olha os aeroportos! Ninguém faz nada! Estão esperando o que? As obras atrasarem bastante para ficarem muito mais caras? E a gente? Nós vamos pagar por tudo isso e ainda por cima passar vergonha?”
Os dois comerciais terminam com a mesma advertência: “É preciso abrir o olho. Tem muita coisa errada por aí”. No segundo, a personagem dona de casa reclama dos preços que estão subindo no supermercado, acenando com o fantasma da volta da inflação.
“O governo disse outro dia que não vai mais controlar a inflação. Por que não quer ou por que não sabe? O que esta turma andou aprontando?”. As indagações são feitas pela moça sem citar as fontes, com ar de desafio, lembrando que o PSDB acabou com a inflação em 1994.
A assinatura dos comerciais é meio estranha: “A gente não cobra cargos. A gente cobra competência”. Cobrar competência, tudo bem, todos nós cobramos. Mas cobrar cargos me parece um direito dos partidos aliados que estão no governo, e não da oposição, por suposto.
Vocês viram estes comerciais na TV? Qual foi a impressão dos leitores do Balaio?
Autor: Ricardo Kotscho
POLÍTICA - FHC, a oposição e a mídia.
O presidente de honra do PSDB teria prestado uma importante contribuição à moralidade pública se dissesse quais são os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?
Venício Lima
O artigo sobre “O papel da oposição” que Fernando Henrique Cardoso publicou na revista “Interesse Nacional” teve grande repercussão, mas pouco se comentou sobre as afirmações que ele faz sobre o papel da mídia, velha e nova. Trata-se de ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, que sempre contou com a simpatia da grande mídia e, certamente, fala com autoridade de quem sabe. Vale a pena, portanto, verificar alguns dos conceitos e conselhos que oferece à oposição política.
PRIMEIRO: Para FHC opinião pública “são os setores da opinião nacional que recebem informações [da mídia]”, vale dizer, a opinião pública é apenas uma parte da população, aquela que se utiliza da mídia para obter informações [políticas].
O ex-presidente, portanto, ao contrário do que historicamente pensam e reivindicam muitos na grande mídia, faz uma importante distinção entre a opinião da mídia, a opinião pública e a opinião nacional [cf. nesta Carta Maior, “Golpe de 1964: os jornais e a “opinião pública” ].
SEGUNDO: FHC considera que “existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral”. Esse público “mais atingido pelos mecanismos governamentais” é identificado como sendo “as massas carentes e pouco informadas” e, entre os “mecanismos governamentais”, se incluem a “influência que [o governo] exerce na mídia com as verbas publicitárias”.
O ex-presidente considera, então, que existe uma “massa” que vem sendo manipulada pelo governo através da “difusão televisiva e midiática em geral”. E mais: que o governo ainda conta com a conivência ou cumplicidade da mídia, cooptada por meio de verbas publicitárias.
Teriam sido essas “massas carentes e pouco informadas” que o elegeram duas vezes, em 1994 e 1998, para a presidência da República? Ou essa seria apenas a conhecida forma elitista de se desqualificar o voto que elegeu e reelegeu o ex-presidente Lula e ainda elegeu, em 2010, a presidente Dilma?
Vale relembrar uma passagem do precioso artigo de Maria Rita Kehl que provocou sua demissão do Estadão em outubro de 2010. Dizia ela:
O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. (...) Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. [cf. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php ].
Por outro lado, teria sido uma importante contribuição à moralidade pública se o presidente de honra do PSDB tivesse dado a conhecer quais são exatamente os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?
TERCEIRO: O ex-presidente considera que “existe toda uma gama de classes médias” (...), “ausente do jogo político-partidário”, para a qual “as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições”. Uma das características desses grupos é que, eles estão conectados às “redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.”.
Mas, alerta ele, as oposições “não devem, obviamente, desacreditar do papel da mídia tradicional: com toda a modernização tecnológica, sem a sanção derivada da confiabilidade, que só a tradição da grande mídia assegura, tampouco as mensagens, mesmo que difundidas, se transformam em marcas reconhecidas.”
Certamente o ex-presidente não ignora a incrível capilaridade social da internet e de suas redes sociais no Brasil. Os usuários de Facebook, YouTube e Twitter estão em todas as classes sociais. E muitos dos usuários chegaram lá exatamente como resultado das políticas sociais dos governos que a oposição, segundo o ex-presidente, precisa combater.
O mais interessante, todavia, é a advertência em relação à mídia tradicional. Ela seria detentora exclusiva de uma “confiabilidade” capaz de assegurar a transformação das mensagens (políticas) em “marcas reconhecidas”.
Se considerarmos a oposição sistemática feita pela grande mídia aos dois governos Lula, comprovada por diferentes pesquisas e reconhecida pela própria presidente da Associação Nacional de Jornais, há razões de sobra para se desconfiar da “confiabilidade” da mídia tradicional. O ex-presidente Lula e seu governo, como se sabe, continuaram a receber aprovação recorde da imensa maioria da população.
Ao fim e ao cabo, parece que, a seguir as recomendações do ex- presidente FHC, a oposição política no Brasil terá um longo caminho pela frente.
A ver.
Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011
Venício Lima
O artigo sobre “O papel da oposição” que Fernando Henrique Cardoso publicou na revista “Interesse Nacional” teve grande repercussão, mas pouco se comentou sobre as afirmações que ele faz sobre o papel da mídia, velha e nova. Trata-se de ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, que sempre contou com a simpatia da grande mídia e, certamente, fala com autoridade de quem sabe. Vale a pena, portanto, verificar alguns dos conceitos e conselhos que oferece à oposição política.
PRIMEIRO: Para FHC opinião pública “são os setores da opinião nacional que recebem informações [da mídia]”, vale dizer, a opinião pública é apenas uma parte da população, aquela que se utiliza da mídia para obter informações [políticas].
O ex-presidente, portanto, ao contrário do que historicamente pensam e reivindicam muitos na grande mídia, faz uma importante distinção entre a opinião da mídia, a opinião pública e a opinião nacional [cf. nesta Carta Maior, “Golpe de 1964: os jornais e a “opinião pública” ].
SEGUNDO: FHC considera que “existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral”. Esse público “mais atingido pelos mecanismos governamentais” é identificado como sendo “as massas carentes e pouco informadas” e, entre os “mecanismos governamentais”, se incluem a “influência que [o governo] exerce na mídia com as verbas publicitárias”.
O ex-presidente considera, então, que existe uma “massa” que vem sendo manipulada pelo governo através da “difusão televisiva e midiática em geral”. E mais: que o governo ainda conta com a conivência ou cumplicidade da mídia, cooptada por meio de verbas publicitárias.
Teriam sido essas “massas carentes e pouco informadas” que o elegeram duas vezes, em 1994 e 1998, para a presidência da República? Ou essa seria apenas a conhecida forma elitista de se desqualificar o voto que elegeu e reelegeu o ex-presidente Lula e ainda elegeu, em 2010, a presidente Dilma?
Vale relembrar uma passagem do precioso artigo de Maria Rita Kehl que provocou sua demissão do Estadão em outubro de 2010. Dizia ela:
O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. (...) Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. [cf. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php ].
Por outro lado, teria sido uma importante contribuição à moralidade pública se o presidente de honra do PSDB tivesse dado a conhecer quais são exatamente os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?
TERCEIRO: O ex-presidente considera que “existe toda uma gama de classes médias” (...), “ausente do jogo político-partidário”, para a qual “as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições”. Uma das características desses grupos é que, eles estão conectados às “redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.”.
Mas, alerta ele, as oposições “não devem, obviamente, desacreditar do papel da mídia tradicional: com toda a modernização tecnológica, sem a sanção derivada da confiabilidade, que só a tradição da grande mídia assegura, tampouco as mensagens, mesmo que difundidas, se transformam em marcas reconhecidas.”
Certamente o ex-presidente não ignora a incrível capilaridade social da internet e de suas redes sociais no Brasil. Os usuários de Facebook, YouTube e Twitter estão em todas as classes sociais. E muitos dos usuários chegaram lá exatamente como resultado das políticas sociais dos governos que a oposição, segundo o ex-presidente, precisa combater.
O mais interessante, todavia, é a advertência em relação à mídia tradicional. Ela seria detentora exclusiva de uma “confiabilidade” capaz de assegurar a transformação das mensagens (políticas) em “marcas reconhecidas”.
Se considerarmos a oposição sistemática feita pela grande mídia aos dois governos Lula, comprovada por diferentes pesquisas e reconhecida pela própria presidente da Associação Nacional de Jornais, há razões de sobra para se desconfiar da “confiabilidade” da mídia tradicional. O ex-presidente Lula e seu governo, como se sabe, continuaram a receber aprovação recorde da imensa maioria da população.
Ao fim e ao cabo, parece que, a seguir as recomendações do ex- presidente FHC, a oposição política no Brasil terá um longo caminho pela frente.
A ver.
Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011
domingo, 17 de abril de 2011
ANOS DE CHUMBO - Um continente que se move.
Mário Augusto Jakobskind
As atenções na semana que passou estiveram voltadas para a América Latina, em especial Peru, Uruguai, Argentina e Brasil. No Peru, conforme indicavam as pesquisas ganhou no primeiro turno o candidate nacionalista Ollanta Humala (foto) com pouco mais de 31% dos votos, seguido de Keiko Fujimori com cerca de 22% dos 20 milhões de eleitores.
Os demais candidatos, dos vários segmentos da direita ficaram para trás, e um deles, exatamente o que teve apoio da Embaixada dos Estados Unidos, Pedro Pablo Kuzynsky, que além de peruano tem a nacionalidade estadunidense, em sua primeira declaração após a derrota eleitoral acusou Humala de ter recebido financiamento do Presidente venezuelano Hugo Chávez na campanha. É o típico choro de derrotado. Kuzynsky naturalmente era também o preferido das multinacionais.
Keiko Fujimori, como se sabe, é filha do ex-Presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos
humanos e corrupção, e pretende indultar o pai e todos os implicados na justiça nos dez anos de mandato do referido. Além disso, há evidências fortes segundo as quais a candidata que disputará o segundo turno a 20 de junho próximo recebeu ajuda substancial de um grupo, conhecido como Paredes, mafioso e que se locupleta com o tráfico de drogas. Empreiteiras brasileiras como a Camargo Correa e a Queiroz Galvão também doaram dinheiros para a campanha de Keiko.
É possível que Keiko venha a ter o apoio de candidatos que a acusavam no primeiro turno. Afinal de contas, entre Keiko, que teria recebido 10 milhões de dólares do grupo mafioso que se apresenta como do setor mineiro, segundo as denúncias, e Ollanta Humala, a direita vai se alinhar com ela, por entender que poderá manter inalterado os esquemas de facilidades a grupos empresariais dos mais diversos setores, como aconteceu no governo do famigerado Fujimori.
A propósito, vale lembrar que quando Fujimori estava cai não cai quem saiu em sua defesa foi o ex-Presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. É sempre bom lembrar este fato, pois a memória é curta e se depender da mídia de mercado jamais se voltará ao assunto.
Ollanta Humala realmente é o único fato novo da política peruana, porque promete mudar os rumos do Peru, não aceitando mais a receita neoliberal que estava inclusive sendo colocada em prática pelo atual Presidente, o social democrata Alan Garcia.
No Uruguai, o Senado, por 16 a 15 anulou a Lei da Caducidade, que concede anistia a torturadores e assassinos, civis e militares, da época da ditadura (1973 – 1984). Agora, a matéria será votada na Câmara dos Deputados, onde já tinha sido aprovada, mas como sofreu algumas emendas no Senado volta para aquela Casa Legislativa.
A direita uruguaia, representada em sua maioria pelos Partidos Nacional e Colorado, bem como por setores militares remanescentes da repressão, está furiosa e usa um argumento discutível, mas evita aprofundar o tema e citar uma definição jurídica. Alega que em dois plebiscitos o povo se manifestou a favor da manutenção da lei que protege quem violou direitos humanos. Mas silencia diante do fato de a Corte Suprema de Justiça já ter se manifestado em três ocasiões arguindo a inconstitucionalidade da Lei de Caducidade.
Até o próximo dia 20 de maio, como se espera, a Câmara dos Deputados já terá votado a matéria e, segundo os analistas, vai aprovar o fim da lei que protege os torturadores. Confirmando-se as previsões, vai para a sanção do Presidente José Mujica, também um ex-preso político.
Dia 20 de maio é uma data emblemática, pois os uruguaios lembram sempre os desaparecidos e mortos no período ditatorial, que por sinal teve apoio dos generais de plantão brasileiros e de governos estadunidenses, conforme comprovam os arquivos implacáveis do Departamento de Estado norte-americano tornados públicos.
Na Argentina mais um ex-ditador, desta vez Reinaldo Bignone, foi condenado à prisão perpétua pela série de violações de direitos
humanos cometidos durante o período em que mandavam e desmandavam no país vizinho, também com o apoio incondicional de Geisel e Figueiredo, os generais de plantão que comandavam de fato o Brasil naquele período.
No Brasil, militares sem comando e tropas lançaram um abaixo assinado, a ser encaminhado ao Ministério Público exigindo a suspensão da telenovela “Amor e Revolução”, que retrata os acontecimentos ocorridos após a derrubada do Presidente constitucional João Goulart. A censura à novela que está sendo mostrada no SBT foi pedida antes mesmo dela entrar no ar. Só isso dá bem a ideia de quem apoia este tipo de restrição à liberdade de expressão.
Claro que quem torturou presos políticos não gosta de rever o fato desabonador na TV. Temem serem reconhecidos em algum momento e mesmo pagarem pelo que fizeram. Devem ficar ainda mais raivosos quando ao final de cada capítulo ex-presos políticos contam para os telespectadores o que sofreram nas masmorras.
Estes militares que elaboraram o abaixo assinado não se emendam. Envergonham a instituição militar e se apegam a ela para evitar desdobramentos que podem se voltar contra os próprios.
A telenovela de Tiago Santiago é também um fato novo na TV brasileira, sem dúvida. Jornalões como a Folha de S. Paulo e O Globo acionaram seus escribas para malharem o trabalho inovador. A direção da Folha, que cedia carros para a repressão, ficou raivosa com o depoimento da jornalista Rose Nogueira, que quando foi presa e torturada trabalhava num dos jornais da família Frias e foi ignorada enquanto profissional. Perdeu o emprego por abandono do cargo, quando todos os jornalistas e os postes de São Paulo sabiam que ela estava presa e consequentemente não tinha como voltar ao trabalho.
Como no Tribunal de Nuremberg, é importante não se esquecer do que fizeram em matéria de hediondez, para evitar que fatos dessa natureza venham a se repetir.
As atenções na semana que passou estiveram voltadas para a América Latina, em especial Peru, Uruguai, Argentina e Brasil. No Peru, conforme indicavam as pesquisas ganhou no primeiro turno o candidate nacionalista Ollanta Humala (foto) com pouco mais de 31% dos votos, seguido de Keiko Fujimori com cerca de 22% dos 20 milhões de eleitores.
Os demais candidatos, dos vários segmentos da direita ficaram para trás, e um deles, exatamente o que teve apoio da Embaixada dos Estados Unidos, Pedro Pablo Kuzynsky, que além de peruano tem a nacionalidade estadunidense, em sua primeira declaração após a derrota eleitoral acusou Humala de ter recebido financiamento do Presidente venezuelano Hugo Chávez na campanha. É o típico choro de derrotado. Kuzynsky naturalmente era também o preferido das multinacionais.
Keiko Fujimori, como se sabe, é filha do ex-Presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos
humanos e corrupção, e pretende indultar o pai e todos os implicados na justiça nos dez anos de mandato do referido. Além disso, há evidências fortes segundo as quais a candidata que disputará o segundo turno a 20 de junho próximo recebeu ajuda substancial de um grupo, conhecido como Paredes, mafioso e que se locupleta com o tráfico de drogas. Empreiteiras brasileiras como a Camargo Correa e a Queiroz Galvão também doaram dinheiros para a campanha de Keiko.
É possível que Keiko venha a ter o apoio de candidatos que a acusavam no primeiro turno. Afinal de contas, entre Keiko, que teria recebido 10 milhões de dólares do grupo mafioso que se apresenta como do setor mineiro, segundo as denúncias, e Ollanta Humala, a direita vai se alinhar com ela, por entender que poderá manter inalterado os esquemas de facilidades a grupos empresariais dos mais diversos setores, como aconteceu no governo do famigerado Fujimori.
A propósito, vale lembrar que quando Fujimori estava cai não cai quem saiu em sua defesa foi o ex-Presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. É sempre bom lembrar este fato, pois a memória é curta e se depender da mídia de mercado jamais se voltará ao assunto.
Ollanta Humala realmente é o único fato novo da política peruana, porque promete mudar os rumos do Peru, não aceitando mais a receita neoliberal que estava inclusive sendo colocada em prática pelo atual Presidente, o social democrata Alan Garcia.
No Uruguai, o Senado, por 16 a 15 anulou a Lei da Caducidade, que concede anistia a torturadores e assassinos, civis e militares, da época da ditadura (1973 – 1984). Agora, a matéria será votada na Câmara dos Deputados, onde já tinha sido aprovada, mas como sofreu algumas emendas no Senado volta para aquela Casa Legislativa.
A direita uruguaia, representada em sua maioria pelos Partidos Nacional e Colorado, bem como por setores militares remanescentes da repressão, está furiosa e usa um argumento discutível, mas evita aprofundar o tema e citar uma definição jurídica. Alega que em dois plebiscitos o povo se manifestou a favor da manutenção da lei que protege quem violou direitos humanos. Mas silencia diante do fato de a Corte Suprema de Justiça já ter se manifestado em três ocasiões arguindo a inconstitucionalidade da Lei de Caducidade.
Até o próximo dia 20 de maio, como se espera, a Câmara dos Deputados já terá votado a matéria e, segundo os analistas, vai aprovar o fim da lei que protege os torturadores. Confirmando-se as previsões, vai para a sanção do Presidente José Mujica, também um ex-preso político.
Dia 20 de maio é uma data emblemática, pois os uruguaios lembram sempre os desaparecidos e mortos no período ditatorial, que por sinal teve apoio dos generais de plantão brasileiros e de governos estadunidenses, conforme comprovam os arquivos implacáveis do Departamento de Estado norte-americano tornados públicos.
Na Argentina mais um ex-ditador, desta vez Reinaldo Bignone, foi condenado à prisão perpétua pela série de violações de direitos
humanos cometidos durante o período em que mandavam e desmandavam no país vizinho, também com o apoio incondicional de Geisel e Figueiredo, os generais de plantão que comandavam de fato o Brasil naquele período.
No Brasil, militares sem comando e tropas lançaram um abaixo assinado, a ser encaminhado ao Ministério Público exigindo a suspensão da telenovela “Amor e Revolução”, que retrata os acontecimentos ocorridos após a derrubada do Presidente constitucional João Goulart. A censura à novela que está sendo mostrada no SBT foi pedida antes mesmo dela entrar no ar. Só isso dá bem a ideia de quem apoia este tipo de restrição à liberdade de expressão.
Claro que quem torturou presos políticos não gosta de rever o fato desabonador na TV. Temem serem reconhecidos em algum momento e mesmo pagarem pelo que fizeram. Devem ficar ainda mais raivosos quando ao final de cada capítulo ex-presos políticos contam para os telespectadores o que sofreram nas masmorras.
Estes militares que elaboraram o abaixo assinado não se emendam. Envergonham a instituição militar e se apegam a ela para evitar desdobramentos que podem se voltar contra os próprios.
A telenovela de Tiago Santiago é também um fato novo na TV brasileira, sem dúvida. Jornalões como a Folha de S. Paulo e O Globo acionaram seus escribas para malharem o trabalho inovador. A direção da Folha, que cedia carros para a repressão, ficou raivosa com o depoimento da jornalista Rose Nogueira, que quando foi presa e torturada trabalhava num dos jornais da família Frias e foi ignorada enquanto profissional. Perdeu o emprego por abandono do cargo, quando todos os jornalistas e os postes de São Paulo sabiam que ela estava presa e consequentemente não tinha como voltar ao trabalho.
Como no Tribunal de Nuremberg, é importante não se esquecer do que fizeram em matéria de hediondez, para evitar que fatos dessa natureza venham a se repetir.
EUA - Submetem a torturas psicológicas o soldado que fez denúncias ao WikiLeaks.
EUA submetem a torturas psicológicas o soldado que denunciou ao WikiLeaks as atrocidades cometidas pelos americanos no Iraque e no Afeganistão.
Carlos Newton
A Avaaz, uma rede de campanhas globais formada por 5,6 milhões de pessoas e que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais, está defendendo o soldado Bradley Manning, preso e torturado psicologicamente na Base dos Fuzileiros em Quântico, no Estado da Virginia.
“Avaaz” significa “voz” em várias línguas, e seus integrantes vivem em praticamente todos os países do planeta, Sua equipe principal está espalhada em 13 países de quatro continentes, operando em 14 línguas. O objetivo atual é colher assinatura para proteger Manning.
Na verdade, Bradley Manning deveria ser considerado um herói da humanidade. Foi ele quem entregou ao site WikiLeaks as imagens e documentos mostrando atrocidades cometidas pelas tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão. Mas as autoridades dos EUA conseguiram identificá-lo e estão fazendo horrores com ele. Confiram esse relato da equipe da Avaaz, liderada por Emma Ruby-Sachs:
“Caros amigos,
Agora mesmo Bradley Manning, o informante do Wikileaks, está sendo torturado em uma prisão militar nos Estados Unidos. Manning está sendo sujeitado ao isolamento absoluto, tática que pode enlouquecer a pessoa, com curtos períodos por dia onde ele é totalmente despido e abusado verbalmente pelos outros presos (como se fosse traidor dos EUA).
Manning está aguardando julgamento por liberar documentos militares secretos ao WikiLeaks, incluindo o vídeo dos soldados americanos massacrando civis iraquianos. Este tratamento brutal parece ser parte de uma campanha de intimidação para silenciar qualquer informante e derrubar o WikiLeaks. O governo dos EUA está dividido sobre este assunto com diplomatas criticando publicamente o Exército pelo tratamento do Manning, mas com o Presidente Obama ainda alheio ao caso.
Obama se preocupa com a reputação global dos EUA — nós precisamos mostrar para ele o que está em jogo. Vamos gerar um chamado global massivo ao governo dos EUA pedindo o fim da tortura de Manning e observação da lei. Assine a petição abaixo — a nossa mensagem será entregue através de anúncios ousados e atos públicos em Washington DC assim que conseguirmos 250 mil assinaturas pó e-mail.
No papel, os EUA são contra a tortura. A Constituição do país proíbe “punições cruéis e incomuns”. E junto com outras centenas de países, os EUA assinaram a convenção internacional que promete tratar todos os prisioneiros “com humanidade e respeito pela dignidade inerente da pessoa humana”. Mas hoje Bradley Manning está completamente isolado na sua cela, sem lençóis, sem poder se exercitar e sendo sujeito à humilhação brutal que está causando danos psicológicos sérios. Isso viola a lei internacional e dos Estados Unidos.
Manning está sendo mantido sob o status de “prevenção de danos” apesar de 16 relatos de profissionais de saúde mental do Exército declararem que ele deve ser removido destas condições severas. Os advogados estão tentando garantir seus direitos humanos e constitucionais básicos nos tribunais, mas por enquanto o tribunal militar responsável pelo destino do Manning ignorou seu sofrimento.
Desde as revelações explosivas dos crimes militares dos EUA no Afeganistão e Iraque, e outros numerosos casos diplomáticos, houve uma perseguição ao WikiLeaks. Muitos especulam que esta pressão brutal sobre Manning tem a intenção de forçá-lo a comprometer o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Porém, Obama prometeu ao mundo e aos EUA que ele iria proteger e não perseguir informantes:
“Geralmente a melhor fonte de informação sobre desperdício, fraude e abuso nos governos vem de um funcionário do governo comprometido com a integridade pública que está disposto a fazer uma denúncia. Estes atos de coragem e patriotismo, que às vezes salvam vidas e geralmente economizam verbas públicas, deverão ser incentivados e não amordaçados.”
Mas o tratamento cruel a Manning é o contrário, para mandar uma mensagem tenebrosa a outros que queiram expor informações importantes. Por isso, vamos agir rapidamente para colocar pressão internacional sobre os Estados Unidos, para eles honrarem o compromisso com os direitos humanos e a proteção de informantes, acabando com este tratamento cruel e chocante de seu próprio cidadão. Assine a petição agora:
https://secure.avaaz.org/po/bradley_manning/?vl
Bradley Manning diz que é um patriota e admite ter liberado informações que ele sentiu que o mundo tinha o direito de saber. Mesmo para as pessoas que discordam do WikiLeaks e os méritos ou deméritos daqueles que entregam informações para o site, a tortura ilegal de Bradley Manning, que ainda não foi a julgamento nem foi condenado por nenhum crime, é uma violação vergonhosa dos direitos e dignidade humana.
Com esperança e determinação,
Emma, Ricken, Pascal, Janet e toda a equipe da Avaaz.org.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Carlos Newton
A Avaaz, uma rede de campanhas globais formada por 5,6 milhões de pessoas e que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais, está defendendo o soldado Bradley Manning, preso e torturado psicologicamente na Base dos Fuzileiros em Quântico, no Estado da Virginia.
“Avaaz” significa “voz” em várias línguas, e seus integrantes vivem em praticamente todos os países do planeta, Sua equipe principal está espalhada em 13 países de quatro continentes, operando em 14 línguas. O objetivo atual é colher assinatura para proteger Manning.
Na verdade, Bradley Manning deveria ser considerado um herói da humanidade. Foi ele quem entregou ao site WikiLeaks as imagens e documentos mostrando atrocidades cometidas pelas tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão. Mas as autoridades dos EUA conseguiram identificá-lo e estão fazendo horrores com ele. Confiram esse relato da equipe da Avaaz, liderada por Emma Ruby-Sachs:
“Caros amigos,
Agora mesmo Bradley Manning, o informante do Wikileaks, está sendo torturado em uma prisão militar nos Estados Unidos. Manning está sendo sujeitado ao isolamento absoluto, tática que pode enlouquecer a pessoa, com curtos períodos por dia onde ele é totalmente despido e abusado verbalmente pelos outros presos (como se fosse traidor dos EUA).
Manning está aguardando julgamento por liberar documentos militares secretos ao WikiLeaks, incluindo o vídeo dos soldados americanos massacrando civis iraquianos. Este tratamento brutal parece ser parte de uma campanha de intimidação para silenciar qualquer informante e derrubar o WikiLeaks. O governo dos EUA está dividido sobre este assunto com diplomatas criticando publicamente o Exército pelo tratamento do Manning, mas com o Presidente Obama ainda alheio ao caso.
Obama se preocupa com a reputação global dos EUA — nós precisamos mostrar para ele o que está em jogo. Vamos gerar um chamado global massivo ao governo dos EUA pedindo o fim da tortura de Manning e observação da lei. Assine a petição abaixo — a nossa mensagem será entregue através de anúncios ousados e atos públicos em Washington DC assim que conseguirmos 250 mil assinaturas pó e-mail.
No papel, os EUA são contra a tortura. A Constituição do país proíbe “punições cruéis e incomuns”. E junto com outras centenas de países, os EUA assinaram a convenção internacional que promete tratar todos os prisioneiros “com humanidade e respeito pela dignidade inerente da pessoa humana”. Mas hoje Bradley Manning está completamente isolado na sua cela, sem lençóis, sem poder se exercitar e sendo sujeito à humilhação brutal que está causando danos psicológicos sérios. Isso viola a lei internacional e dos Estados Unidos.
Manning está sendo mantido sob o status de “prevenção de danos” apesar de 16 relatos de profissionais de saúde mental do Exército declararem que ele deve ser removido destas condições severas. Os advogados estão tentando garantir seus direitos humanos e constitucionais básicos nos tribunais, mas por enquanto o tribunal militar responsável pelo destino do Manning ignorou seu sofrimento.
Desde as revelações explosivas dos crimes militares dos EUA no Afeganistão e Iraque, e outros numerosos casos diplomáticos, houve uma perseguição ao WikiLeaks. Muitos especulam que esta pressão brutal sobre Manning tem a intenção de forçá-lo a comprometer o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Porém, Obama prometeu ao mundo e aos EUA que ele iria proteger e não perseguir informantes:
“Geralmente a melhor fonte de informação sobre desperdício, fraude e abuso nos governos vem de um funcionário do governo comprometido com a integridade pública que está disposto a fazer uma denúncia. Estes atos de coragem e patriotismo, que às vezes salvam vidas e geralmente economizam verbas públicas, deverão ser incentivados e não amordaçados.”
Mas o tratamento cruel a Manning é o contrário, para mandar uma mensagem tenebrosa a outros que queiram expor informações importantes. Por isso, vamos agir rapidamente para colocar pressão internacional sobre os Estados Unidos, para eles honrarem o compromisso com os direitos humanos e a proteção de informantes, acabando com este tratamento cruel e chocante de seu próprio cidadão. Assine a petição agora:
https://secure.avaaz.org/po/bradley_manning/?vl
Bradley Manning diz que é um patriota e admite ter liberado informações que ele sentiu que o mundo tinha o direito de saber. Mesmo para as pessoas que discordam do WikiLeaks e os méritos ou deméritos daqueles que entregam informações para o site, a tortura ilegal de Bradley Manning, que ainda não foi a julgamento nem foi condenado por nenhum crime, é uma violação vergonhosa dos direitos e dignidade humana.
Com esperança e determinação,
Emma, Ricken, Pascal, Janet e toda a equipe da Avaaz.org.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
ANOS DE CHUMBO - Os exemplos do Uruguai, Argentina e Chile...
Anulação de anistia recíproca, condenação de general à prisão...
Encerramos hoje uma semana em que, na área política e de direitos humanos, o Brasil deveria se mirar no exemplo de três outras nações ao Sul do continente e virar, de vez, a triste página de sua história relativa ao golpe militar de 1964.
Uruguai, Argentina e Chile nos deram esta semana belas lições e caminhos para virarmos a página da ditadura militar brasileira que em boa parte de seus 21 anos (1964-1985) prendeu, torturou, baniu, exilou, matou e desapareceu com os corpos de muitos dos adversários que a ela resistiram e a combateram.
Na madrugada da última 4ª feira, o Parlamento do Uruguai anulou a Lei de Anistia recíproca que beneficiava também criminosos militares e civis da ditadura; na 5ª, a Justiça da Argentina condenou à prisão perpétua seu último general-ditador, Reynaldo Bignone; e na 6ª, a Justiça do Chile determinou a exumação do corpo do ex-presidente Salvador Allende (leiam nota abaixo).
Exumação é para saber se ele se matou ou foi assassinado
A exumação vai esclarecer, de uma vez por todas, se ele se suicidou ou foi assassinado pelos golpistas que o depuseram em 1973 sob o comando do general-ditador Augusto Pinochet.
Assim, um a um, o Uruguai, a Argentina e agora o Chile dão mais um passo na revisão da história e na busca de Justiça para as vítimas daqueles regimes, e contra golpistas militares que os infelicitaram nos anos 70/80, auge das ditaduras no continente (no Uruguai houve, também, um ditador civil).
Sem vacilação, sem medo e sem titubear, uma vez deflagrados os seus processos de revisão daquele período, os três países dão belos e generosos exemplos que podem e devem reforçar a luta no Brasil. Nosso país, 26 anos após o fim de sua ditadura militar, ainda vê arrastar-se no Congresso Nacional a emperrada aprovação da nossa Comissão da Verdade e da Justiça.
Nossa Comissão da Verdade, ainda emperrada no Congresso
A iniciativa ainda enfrenta resistências de áreas militares, arestas que o governo tenta contornar. Ainda hoje, a colunista Mônica Bergamo conta na Folha de S.Paulo, que o Ministério Público Federal (MPF) fez um pente fino no projeto da Comissão da Verdade que tramita no Congresso - melhor dizer, está parado - e não o achou bom.
As restrições do MPF seriam porque ele não conteria garantia de estabilidade aos seus integrantes e nem deixa explícito, de forma clara, que membros das Forças Armadas não deveriam fazer parte da Comissão. A serem verdadeiras as informações, a iniciativa do MPF tem um lado positivo, que é o de dirimir dúvidas.
Os textos que embasam o projeto de criação da Comissão são muito bons, mas realmente, não podem e nem devem dar origem no futuro a ações de inconstitucionalidade e/ou outras no STF que venham a reabrir toda a discussão.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
Encerramos hoje uma semana em que, na área política e de direitos humanos, o Brasil deveria se mirar no exemplo de três outras nações ao Sul do continente e virar, de vez, a triste página de sua história relativa ao golpe militar de 1964.
Uruguai, Argentina e Chile nos deram esta semana belas lições e caminhos para virarmos a página da ditadura militar brasileira que em boa parte de seus 21 anos (1964-1985) prendeu, torturou, baniu, exilou, matou e desapareceu com os corpos de muitos dos adversários que a ela resistiram e a combateram.
Na madrugada da última 4ª feira, o Parlamento do Uruguai anulou a Lei de Anistia recíproca que beneficiava também criminosos militares e civis da ditadura; na 5ª, a Justiça da Argentina condenou à prisão perpétua seu último general-ditador, Reynaldo Bignone; e na 6ª, a Justiça do Chile determinou a exumação do corpo do ex-presidente Salvador Allende (leiam nota abaixo).
Exumação é para saber se ele se matou ou foi assassinado
A exumação vai esclarecer, de uma vez por todas, se ele se suicidou ou foi assassinado pelos golpistas que o depuseram em 1973 sob o comando do general-ditador Augusto Pinochet.
Assim, um a um, o Uruguai, a Argentina e agora o Chile dão mais um passo na revisão da história e na busca de Justiça para as vítimas daqueles regimes, e contra golpistas militares que os infelicitaram nos anos 70/80, auge das ditaduras no continente (no Uruguai houve, também, um ditador civil).
Sem vacilação, sem medo e sem titubear, uma vez deflagrados os seus processos de revisão daquele período, os três países dão belos e generosos exemplos que podem e devem reforçar a luta no Brasil. Nosso país, 26 anos após o fim de sua ditadura militar, ainda vê arrastar-se no Congresso Nacional a emperrada aprovação da nossa Comissão da Verdade e da Justiça.
Nossa Comissão da Verdade, ainda emperrada no Congresso
A iniciativa ainda enfrenta resistências de áreas militares, arestas que o governo tenta contornar. Ainda hoje, a colunista Mônica Bergamo conta na Folha de S.Paulo, que o Ministério Público Federal (MPF) fez um pente fino no projeto da Comissão da Verdade que tramita no Congresso - melhor dizer, está parado - e não o achou bom.
As restrições do MPF seriam porque ele não conteria garantia de estabilidade aos seus integrantes e nem deixa explícito, de forma clara, que membros das Forças Armadas não deveriam fazer parte da Comissão. A serem verdadeiras as informações, a iniciativa do MPF tem um lado positivo, que é o de dirimir dúvidas.
Os textos que embasam o projeto de criação da Comissão são muito bons, mas realmente, não podem e nem devem dar origem no futuro a ações de inconstitucionalidade e/ou outras no STF que venham a reabrir toda a discussão.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
POLÍTICA - Na oposição, desespero e hipocrisia.
Ela apoiou, estimulou e aplaudiu os que saíram do PT...
Com um questionamento encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esta semana, o PPS deu a largada a ofensiva judicial com a qual os partidos de oposição, como o DEM, o PTB, o PMN e o PPS, aliados, decidiram bombardear a fundação do PSD pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB).
O PPS, há anos linha auxiliar e uma espécie de sublegenda do PSDB, é agora o partido mais ameaçado de extinção pelo surgimento do PSD - 7 de seus 12 deputados federais se preparam para abandonar a legenda. Por isto, nesta articulação, topou ingressar no TSE com ação questionando resolução que permite político com mandato deixar o partido para fundar outro sem perder o cargo - caso de Kassab.
Ao PTB paulista - há anos serrista, alckmista, governista, enfim, em qualquer governo - coube ingressar na semana que vem com ação na justiça eleitoral. O argumento? O PTB diz que como incorporou o PSD fundado pela 2ª vez anos atrás (a 1ª era o PSD histórico, de JK e outros) Kassab não poderia refundá-lo agora, pela 3ª vez.
Episódio Marina é ilustrativo
O DEM e o PMN entram também na semana que vem com ações contra o novo partido do prefeito paulistano. Puro desespero e hipocrisia! Todos eles, partidos e seus integrantes, apoiaram, aplaudiram e estimularam a criação do PSoL e todas as demais dissidências que surgiram do PT.
Para eles, então, dissentir, deixar o PT para fundar outro partido, ou ir para outra legenda era democrático. Acusavam-nos de autoritários quando alegávamos que o mandato era do partido.
Nem vamos longe, basta lembrar o episódio recente da ex-presidenciável de uma parte da oposição, ex-senadora Marina Silva (PV). Ela deixou o governo, o PT, fez um alarido danado, foi para o PV e nisso tudo, foi apoiada, aplaudida e estimulada por todos eles. E derrotada na eleição presidencial em seu proprio Estado, onde, aliás, sequer se reelegeria senadora.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
Com um questionamento encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esta semana, o PPS deu a largada a ofensiva judicial com a qual os partidos de oposição, como o DEM, o PTB, o PMN e o PPS, aliados, decidiram bombardear a fundação do PSD pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB).
O PPS, há anos linha auxiliar e uma espécie de sublegenda do PSDB, é agora o partido mais ameaçado de extinção pelo surgimento do PSD - 7 de seus 12 deputados federais se preparam para abandonar a legenda. Por isto, nesta articulação, topou ingressar no TSE com ação questionando resolução que permite político com mandato deixar o partido para fundar outro sem perder o cargo - caso de Kassab.
Ao PTB paulista - há anos serrista, alckmista, governista, enfim, em qualquer governo - coube ingressar na semana que vem com ação na justiça eleitoral. O argumento? O PTB diz que como incorporou o PSD fundado pela 2ª vez anos atrás (a 1ª era o PSD histórico, de JK e outros) Kassab não poderia refundá-lo agora, pela 3ª vez.
Episódio Marina é ilustrativo
O DEM e o PMN entram também na semana que vem com ações contra o novo partido do prefeito paulistano. Puro desespero e hipocrisia! Todos eles, partidos e seus integrantes, apoiaram, aplaudiram e estimularam a criação do PSoL e todas as demais dissidências que surgiram do PT.
Para eles, então, dissentir, deixar o PT para fundar outro partido, ou ir para outra legenda era democrático. Acusavam-nos de autoritários quando alegávamos que o mandato era do partido.
Nem vamos longe, basta lembrar o episódio recente da ex-presidenciável de uma parte da oposição, ex-senadora Marina Silva (PV). Ela deixou o governo, o PT, fez um alarido danado, foi para o PV e nisso tudo, foi apoiada, aplaudida e estimulada por todos eles. E derrotada na eleição presidencial em seu proprio Estado, onde, aliás, sequer se reelegeria senadora.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
LÍBIA - Petróleo? Que nada! Imperialismo quer o Banco Central da Líbia.
Caso o governo Gaddafi caia, será interessante observar se o novo banco central líbio recém criado associar-se-á ao Banco de Compensações Internacionais, se a indústria do petróleo líbio será imediatamente privatizada e vendida a investidores globais e se continuará a haver água, educação e assistência médica universais e gratuitas na Líbia.
Por Ellen Brown
Vários comentaristas e analistas de economia já observaram o estranho fato de os rebeldes líbios terem tido tempo, em plena rebelião, para criar, em março, seu próprio banco central ‘rebelde’ – antes até de haver governo ou Estado. Robert Wenzel escreveu, no Economic Policy Journal: “Mais um recorde, para o livro Guiness. Nunca antes ouvi falar de rebeldes que, com alguns dias de rebelião, já criaram um banco central. O movimento sugere que haja algo mais, naqueles rebeldes, além do exército de voluntários, e que podem estar em ação, ali, projetos muito mais sofisticados” (em http://www.economicpolicyjournal.com/2011/03/libyan-rebels-form-central-bank.html).
Alex Newman escreveu, no New American: “Em declaração distribuída semana passada, os rebeldes líbios relataram resultados de reunião realizada dia 19/3. Dentre outros informes, os supostos rebeldes esfarrapados anunciaram “a designação do Banco Central de Benghazi como autoridade monetária competente para definir as políticas monetárias da Líbia, o qual terá sede provisória em Benghazi” (em http://www.thenewamerican.com/world-mainmenu-26/africa-mainmenu-27/6915-libyan-rebels-create-central-bank-oil-company).
Newman citou o editor-chefe da rede CNBC John Carney, que comentou: “Parece-me que seja a primeira vez no mundo, que grupo revolucionário cria banco central ainda durante os combates pelo poder político. Sinal de o quanto são poderosos os banqueiros centrais que estão surgindo nesses tempos extraordinários.”
Outra anomalia também chama a atenção, na justificativa para que os EUA alinhem-se oficialmente ao lado dos rebeldes. Fala-se das violações dos direitos humanos, mas há contradições. Segundo artigo publicado na página internet da rede Fox News, dia 28/2:
“Enquanto a ONU trabalha febrilmente para condenar o ataque de Muammar al-Qaddafi contra manifestantes, o Conselho de Direitos Humanos preparava-se para divulgar relatório carregado de elogios à Líbia, no quesito direitos humanos.
O relatório registra aumento de oportunidades educacionais e louva a posição oficial de fazer dos direitos humanos “uma prioridade” para aprimorar “o quadro constitucional”. Vários países, entre os quais o Irã, Venezuela, Coreia do Norte, Arábia Saudita e Canadá deram notas positivas à Líbia no quesito proteção legal aos cidadãos – os mesmos que agora se estariam levantando contra o governo e sendo cruelmente atacados pelo mesmo governo” (em http://nation.foxnews.com/united-nations/2011/03/01/un-poised-praise-libyas-human-rights-record).
Sejam quais forem os crimes pessoais de Gaddafi, o povo líbio parecia viver muito bem. Uma delegação de médicos russos, ucranianos e bielorrussos escreveram carta aberta ao presidente Dmitry Medvedev e ao primeiro-ministro Vladimir Putin da Rússia, em que dizem que, depois de habituados à vida na Líbia, são de opinião que poucos países vivem em condições tão favoráveis quanto os líbios: [Os líbios] têm tratamento médico gratuito e seus hospitais oferecem o que há de melhor, no mundo, em tratamentos e equipamentos médicos. A educação é universal e gratuita, muitos jovens recebem bolsas de estudo no exterior, pagas pelo estado. Ao casar, cada casal líbio recebe empréstimo sem juros de 60 mil dinares líbios (cerca de 50 mil dólares), como auxílio do estado para constituir família. Há empréstimos oficiais sem juros e, pelo que vimos, sem prazo. Dados os subsídios que o estado paga, o preço de carros é muito inferior ao que se vê na Europa e praticamente todas as famílias têm carro. Gasolina e pão são subsidiados e baratíssimos, e os agricultores são isentos de impostos. O povo líbio é pacífico e calmo, não é dado a beber e os líbios são muito religiosos (em http://alexandravaliente.wordpress.com/2011/03/26/nato-u-s-war-crimes-open-letter-from-citizens-of-ukraine-belarus-and-russia-working-and-living-in-libya/).
Os médicos insistem que falta informação à comunidade internacional sobre a luta contra o regime. “Quem, afinal, se rebelaria contra o governo que vemos aqui?” – perguntam.
Ainda que muito disso não passe de propaganda, não há como negar pelo menos uma grande realização do governo de Gaddafi: há água farta para a população, e gratuita. O estado construiu um grande aqueduto que traz água ao deserto e implantou na Líbia o maior e mais caro projeto de irrigação que há no mundo (o Projeto “Grande rio feito pelo homem” [ing. GMMR, Great Man-Made River] custou US$33 bilhões). Na Líbia, a água é muito mais crucialmente importante para os cidadãos, que o petróleo.
O GMMR abastece 70% da população com água potável e para irrigação, bombeada do imenso Sistema Aquífero de Arenito Níbio, do sul até as áreas urbanizadas no litoral, localizadas ao norte, a 4 mil quilômetros de distância da fonte. Isso, pelo menos, não há dúvidas de que o governo de Gaddafi fez bem feito.
Outro argumento que se tem usado para explicar o ataque à Líbia é que se trataria “do petróleo”, ideia que também apresenta inúmeras contradições. Como observou o National Journal, a Líbia produz apenas 2% do petróleo mundial. Só a Arábia Saudita, só ela, tem capacidade para aumentar a oferta de petróleo e suprir qualquer demanda que se criasse pela falta do petróleo líbio, e mesmo que a Líbia fosse varrida do mapa. Além do mais, se se trata de petróleo, por que tanta pressa para criar um novo banco central?
Outros dados intrigantes voltam a circular na Internet, mostrando entrevista realizada em 2007, pela página “Democracy Now”, com o general General Wesley Clark, general da reserva. Naquela entrevista o general Clark diz que 10 dias depois do 11 de setembro de 2001, um general lhe disse que já estava tomada a decisão de invadir o Iraque. Clark conta que a notícia o supreendeu e que perguntou por quê. “Não sei”, foi a resposta, “Acho que é porque ninguém sabe o que fazer!” Mais tarde, o mesmo informante contou ao general Clark que havia planos para invadir sete países em cinco anos: Iraque, Síria, Líbano, Somália, Sudão e Irã.
O que há de comum entre esses sete países? Os que estudamos o sistema bancário e os bancos centrais em todo o mundo sabemos que nenhum desses países aparece na lista dos 56 países filiados ao Bank for International Settlements (BIS) [Banco de Compensações Internacionais; é o ‘banco central’ dos bancos centrais; organização internacional responsável pela supervisão bancária, que visa a “promover a cooperação entre os bancos centrais e outras agências na busca de estabilidade monetária e financeira” mundial, com sede na Basileia, Suíça (NTs, com informações de http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Compensa%C3%A7%C3%B5es_Internacionais)]. Se não fazem parte do BIS, esses países estão fora do campo regulatório dos banqueiros centrais reunidos no BIS, na Suíça.
Os renegados mais resistentes são precisamente a Líbia e o Iraque – dois países que já foram diretamente atacados. Kenneth Schortgen Jr, escrevendo em Examiner.com, observou que “seis meses antes de os EUA atacarem o Iraque, o Iraque passou a exigir euros, em vez de dólares, nas vendas de petróleo – o que converteu o Iraque em ameaça mortal, porque ameaçava o domínio do dólar como moeda internacional de reserva, na modalidade de petrodólar” (em http://wn.com/pre_market_movers_february_4th,_2011?orderby=relevance&upload_time=today)
Segundo matéria publicada em jornal russo dia 28/3/2011, “Bombing of Líbia - Punishment for Ghaddafi for His Attempt to Refuse US Dollar” (em http://kir-t34.livejournal.com/14869.html), Gaddafi fez movimento semelhante ao dos iraquianos: começou a recusar dólares e a exigir euros, e conclamou os países árabes e africanos a usar uma nova moeda, o dinar de ouro. Gaddafi planejava conseguir que toda a África, seus 200 milhões de habitantes, passassem a viver com essa nova moeda única.
Ao longo do ano passado, vários países árabes e muitos países africanos aprovaram a nova moeda. Restaram contra só a África do Sul e alguns países da cúpula da Liga Árabe. A iniciativa não foi vista com bons olhos pelos EUA e pela União Europeia; o presidente Nicolas Sarkozy declarou que a Líbia seria ameaça à segurança financeira da humanidade. Gaddafi não se impressionou e prosseguiu na sua campanha para criar uma moeda da África.
Com o que, afinal, podemos voltar ao mistério do novo banco central ‘rebelde’, na Líbia. Em artigo publicado em Market Oracle, Eric Encina escreve:
“Fato raramente mencionado pelos ‘especialistas’, ‘comentaristas’ ‘analistas’ ou políticos ocidentais é que o Banco Central da Líbia é 100% banco público. Hoje, o governo da Líbia cria a própria moeda, o dinar líbio, graças ao uso que dá ao seu banco central público nacional. Ninguém pode dizer que a Líbia não seja nação soberana, rica em recursos naturais e capaz de comandar o próprio destino econômico. O principal problema dos cartéis dos bancos globais é que, para negociar com a Líbia, têm de negociar através do Banco Central Líbio e em moeda nacional líbia. Nessas condições não têm controle sobre a negociação nem meios para manipular os preços e condições de negociação.
O objetivo de derrubar o Banco Central Líbio (CBL) não aparece nos discursos de Obama, Cameron e Sarkozy, mas não há dúvidas de que é objetivo prioritário na agenda da grande finança globalista: incluir a Líbia na lista de países financeiramente obedientes” (em http://www.marketoracle.co.uk/Article27208.html).
A Líbia não tem só petróleo e água. Segundo o Fundo Monetário Internacional, o banco central líbio mantém lastro de cerca de 144 toneladas de ouro. Com esse tipo de moeda-lastro, quem precisa de BIS, FMI e seus ‘aconselhamentos’?
Dadas essas evidências, é preciso agora considerar mais de perto as regras do Banco de Compensações Internacionais e o efeito que têm nas economias locais. Artigo que se lê na página do BIS na internet (http://www.bis.org/about/index.htm) declara que os bancos centrais reunidos na Rede de Governança dos Bancos Centrais devem manter, como seu objetivo único ou básico, “preservar a estabilidade de preços”.
Devem ser independentes dos governos nacionais, para garantir que nenhuma consideração política interfira no funcionamento. “Estabilidade de preços” significa manter suprimento estável de moeda, mesmo que isso implique castigar a população com pesadíssimas dívidas externas. Os bancos centrais ‘coligados’ são encorajados a não aumentar o suprimento de moeda mediante emissão de dinheiro e devem usar o dinheiro em benefício do Estado, diretamente ou mediante empréstimos.
Em artigo de 2002 em Asia Times Online, intitulado “The BIS vs national Banks” (14/5/2002), Henry Liu dizia:
“As regulações do BIS têm o único objetivo de fortalecer o sistema bancário internacional privado, mesmo que à custa das economias nacionais. O BIS faz para os sistemas bancários nacionais o mesmo que o FMI fez aos regimes monetários nacionais. Economias nacionais que sirvam aos interesses da finança globalizada deixam de servir a interesses nacionais.
... o FDI [ing. foreign direct investment, investimento estrangeiro direto] com valor nominal em moedas estrangeiras, quase sempre o dólar, condenaram muitas economias nacionais a um desenvolvimento sem equilíbrio, voltado para exportar, sobretudo para gerar pagamentos em dólar aos investidores estrangeiros diretos, com mínimo benefício às economias nacionais” (http://www.atimes.com/global-econ/DE14Dj01.html).
E acrescentava: “Se se aplica a “Teoria do Dinheiro do Estado” de Knapp, qualquer governo pode pagar com a própria moeda todas as necessidades do seu próprio desenvolvimento, para manter o pleno emprego sem inflação”. A “Teoria do Dinheiro do Estado” refere-se a dinheiro criado por governos, não por bancos privados.
A pressuposição da lei que manda não tomar empréstimos do próprio banco central do governo é que esses empréstimos seriam inflacionários, e que tomar empréstimos do dinheiro que haja em bancos estrangeiros ou do FMI não seria inflacionário. Mas, hoje, todos os bancos criam de fato o dinheiro que emprestam, seja dinheiro público ou privado. A maior parte do dinheiro novo, hoje, vem de empréstimos bancários. Tomar empréstimos do próprio banco central governamental tem a vantagem de que o empréstimo é praticamente sem juros. Já se sabe que se se eliminam os juros, o custo dos projetos públicos caem em média 50%.
Tudo faz crer que o sistema líbio funciona desse modo. Segundo a Wikipedia, entre as funções do Banco Central da Líbia está incluída a de “emitir e regulamentar os créditos e moedas circulantes na Líbia” e “gerenciar e emitir todos os empréstimos estatais”. O banco central da Líbia, público, pode administrar e administra a moeda nacional e faz empréstimos com vistas a atender, em primeiro lugar, os interesses do estado líbio.
Só assim se entende que a Líbia tenha recursos para oferecer educação e atendimento médico universal e gratuito, e para dar a cada novo casal, como presente de núpcias, 50 mil dólares em empréstimo que o Estado faz, sem juros. Só assim se entende que o país tenha tido meios para pagar os 33 bilhões de dólares que lhe custaram o projeto do GMMR. Hoje, os líbios temem que os ataques aéreos da OTAN cheguem aos aquedutos desse projeto, o que, sim, geraria mais um desastre humanitário.
Difícil crer, nesse quadro, que os ataques à Líbia tenham a ver exclusivamente com o petróleo. Quase certamente têm a ver, também, com a independência radical do banco central líbio. Com energia, água e crédito abundante para desenvolver a infraestrutura para que energia e petróleo sejam postos a serviço do bem estar dos líbios, a Líbia pode sobreviver à distância das garras dos financiadores/credores estrangeiros. E aí, afinal, está a real ameaça que a Líbia traz: a Líbia pode provar ao mundo que é possível fazer o que a Líbia faz.
Inúmeros países não têm petróleo, mas estão em desenvolvimento novas tecnologias que podem tornam nações não produtoras de petróleo independentes, em termos energéticos, sobretudo se os custos para construir a infraestrutura são reduzidos à metade, porque os empréstimos saem do próprio banco central nacional e público, gerido em nome de interesses públicos. A independência no campo da energia, libertará os governos da rede dos banqueiros internacionais, e da necessidade de direcionar a produção doméstica para os mercados estrangeiros, para pagar o serviço das dívidas.
Caso o governo Gaddafi caia, será interessante observar se o novo banco central líbio recém criado associar-se-á ao Banco de Compensações Internacionais, se a indústria do petróleo líbio será imediatamente privatizada e vendida a investidores globais e se continuará a haver água, educação e assistência médica universais e gratuitas na Líbia.
Fonte: Asia Times Online
Por Ellen Brown
Vários comentaristas e analistas de economia já observaram o estranho fato de os rebeldes líbios terem tido tempo, em plena rebelião, para criar, em março, seu próprio banco central ‘rebelde’ – antes até de haver governo ou Estado. Robert Wenzel escreveu, no Economic Policy Journal: “Mais um recorde, para o livro Guiness. Nunca antes ouvi falar de rebeldes que, com alguns dias de rebelião, já criaram um banco central. O movimento sugere que haja algo mais, naqueles rebeldes, além do exército de voluntários, e que podem estar em ação, ali, projetos muito mais sofisticados” (em http://www.economicpolicyjournal.com/2011/03/libyan-rebels-form-central-bank.html).
Alex Newman escreveu, no New American: “Em declaração distribuída semana passada, os rebeldes líbios relataram resultados de reunião realizada dia 19/3. Dentre outros informes, os supostos rebeldes esfarrapados anunciaram “a designação do Banco Central de Benghazi como autoridade monetária competente para definir as políticas monetárias da Líbia, o qual terá sede provisória em Benghazi” (em http://www.thenewamerican.com/world-mainmenu-26/africa-mainmenu-27/6915-libyan-rebels-create-central-bank-oil-company).
Newman citou o editor-chefe da rede CNBC John Carney, que comentou: “Parece-me que seja a primeira vez no mundo, que grupo revolucionário cria banco central ainda durante os combates pelo poder político. Sinal de o quanto são poderosos os banqueiros centrais que estão surgindo nesses tempos extraordinários.”
Outra anomalia também chama a atenção, na justificativa para que os EUA alinhem-se oficialmente ao lado dos rebeldes. Fala-se das violações dos direitos humanos, mas há contradições. Segundo artigo publicado na página internet da rede Fox News, dia 28/2:
“Enquanto a ONU trabalha febrilmente para condenar o ataque de Muammar al-Qaddafi contra manifestantes, o Conselho de Direitos Humanos preparava-se para divulgar relatório carregado de elogios à Líbia, no quesito direitos humanos.
O relatório registra aumento de oportunidades educacionais e louva a posição oficial de fazer dos direitos humanos “uma prioridade” para aprimorar “o quadro constitucional”. Vários países, entre os quais o Irã, Venezuela, Coreia do Norte, Arábia Saudita e Canadá deram notas positivas à Líbia no quesito proteção legal aos cidadãos – os mesmos que agora se estariam levantando contra o governo e sendo cruelmente atacados pelo mesmo governo” (em http://nation.foxnews.com/united-nations/2011/03/01/un-poised-praise-libyas-human-rights-record).
Sejam quais forem os crimes pessoais de Gaddafi, o povo líbio parecia viver muito bem. Uma delegação de médicos russos, ucranianos e bielorrussos escreveram carta aberta ao presidente Dmitry Medvedev e ao primeiro-ministro Vladimir Putin da Rússia, em que dizem que, depois de habituados à vida na Líbia, são de opinião que poucos países vivem em condições tão favoráveis quanto os líbios: [Os líbios] têm tratamento médico gratuito e seus hospitais oferecem o que há de melhor, no mundo, em tratamentos e equipamentos médicos. A educação é universal e gratuita, muitos jovens recebem bolsas de estudo no exterior, pagas pelo estado. Ao casar, cada casal líbio recebe empréstimo sem juros de 60 mil dinares líbios (cerca de 50 mil dólares), como auxílio do estado para constituir família. Há empréstimos oficiais sem juros e, pelo que vimos, sem prazo. Dados os subsídios que o estado paga, o preço de carros é muito inferior ao que se vê na Europa e praticamente todas as famílias têm carro. Gasolina e pão são subsidiados e baratíssimos, e os agricultores são isentos de impostos. O povo líbio é pacífico e calmo, não é dado a beber e os líbios são muito religiosos (em http://alexandravaliente.wordpress.com/2011/03/26/nato-u-s-war-crimes-open-letter-from-citizens-of-ukraine-belarus-and-russia-working-and-living-in-libya/).
Os médicos insistem que falta informação à comunidade internacional sobre a luta contra o regime. “Quem, afinal, se rebelaria contra o governo que vemos aqui?” – perguntam.
Ainda que muito disso não passe de propaganda, não há como negar pelo menos uma grande realização do governo de Gaddafi: há água farta para a população, e gratuita. O estado construiu um grande aqueduto que traz água ao deserto e implantou na Líbia o maior e mais caro projeto de irrigação que há no mundo (o Projeto “Grande rio feito pelo homem” [ing. GMMR, Great Man-Made River] custou US$33 bilhões). Na Líbia, a água é muito mais crucialmente importante para os cidadãos, que o petróleo.
O GMMR abastece 70% da população com água potável e para irrigação, bombeada do imenso Sistema Aquífero de Arenito Níbio, do sul até as áreas urbanizadas no litoral, localizadas ao norte, a 4 mil quilômetros de distância da fonte. Isso, pelo menos, não há dúvidas de que o governo de Gaddafi fez bem feito.
Outro argumento que se tem usado para explicar o ataque à Líbia é que se trataria “do petróleo”, ideia que também apresenta inúmeras contradições. Como observou o National Journal, a Líbia produz apenas 2% do petróleo mundial. Só a Arábia Saudita, só ela, tem capacidade para aumentar a oferta de petróleo e suprir qualquer demanda que se criasse pela falta do petróleo líbio, e mesmo que a Líbia fosse varrida do mapa. Além do mais, se se trata de petróleo, por que tanta pressa para criar um novo banco central?
Outros dados intrigantes voltam a circular na Internet, mostrando entrevista realizada em 2007, pela página “Democracy Now”, com o general General Wesley Clark, general da reserva. Naquela entrevista o general Clark diz que 10 dias depois do 11 de setembro de 2001, um general lhe disse que já estava tomada a decisão de invadir o Iraque. Clark conta que a notícia o supreendeu e que perguntou por quê. “Não sei”, foi a resposta, “Acho que é porque ninguém sabe o que fazer!” Mais tarde, o mesmo informante contou ao general Clark que havia planos para invadir sete países em cinco anos: Iraque, Síria, Líbano, Somália, Sudão e Irã.
O que há de comum entre esses sete países? Os que estudamos o sistema bancário e os bancos centrais em todo o mundo sabemos que nenhum desses países aparece na lista dos 56 países filiados ao Bank for International Settlements (BIS) [Banco de Compensações Internacionais; é o ‘banco central’ dos bancos centrais; organização internacional responsável pela supervisão bancária, que visa a “promover a cooperação entre os bancos centrais e outras agências na busca de estabilidade monetária e financeira” mundial, com sede na Basileia, Suíça (NTs, com informações de http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_Compensa%C3%A7%C3%B5es_Internacionais)]. Se não fazem parte do BIS, esses países estão fora do campo regulatório dos banqueiros centrais reunidos no BIS, na Suíça.
Os renegados mais resistentes são precisamente a Líbia e o Iraque – dois países que já foram diretamente atacados. Kenneth Schortgen Jr, escrevendo em Examiner.com, observou que “seis meses antes de os EUA atacarem o Iraque, o Iraque passou a exigir euros, em vez de dólares, nas vendas de petróleo – o que converteu o Iraque em ameaça mortal, porque ameaçava o domínio do dólar como moeda internacional de reserva, na modalidade de petrodólar” (em http://wn.com/pre_market_movers_february_4th,_2011?orderby=relevance&upload_time=today)
Segundo matéria publicada em jornal russo dia 28/3/2011, “Bombing of Líbia - Punishment for Ghaddafi for His Attempt to Refuse US Dollar” (em http://kir-t34.livejournal.com/14869.html), Gaddafi fez movimento semelhante ao dos iraquianos: começou a recusar dólares e a exigir euros, e conclamou os países árabes e africanos a usar uma nova moeda, o dinar de ouro. Gaddafi planejava conseguir que toda a África, seus 200 milhões de habitantes, passassem a viver com essa nova moeda única.
Ao longo do ano passado, vários países árabes e muitos países africanos aprovaram a nova moeda. Restaram contra só a África do Sul e alguns países da cúpula da Liga Árabe. A iniciativa não foi vista com bons olhos pelos EUA e pela União Europeia; o presidente Nicolas Sarkozy declarou que a Líbia seria ameaça à segurança financeira da humanidade. Gaddafi não se impressionou e prosseguiu na sua campanha para criar uma moeda da África.
Com o que, afinal, podemos voltar ao mistério do novo banco central ‘rebelde’, na Líbia. Em artigo publicado em Market Oracle, Eric Encina escreve:
“Fato raramente mencionado pelos ‘especialistas’, ‘comentaristas’ ‘analistas’ ou políticos ocidentais é que o Banco Central da Líbia é 100% banco público. Hoje, o governo da Líbia cria a própria moeda, o dinar líbio, graças ao uso que dá ao seu banco central público nacional. Ninguém pode dizer que a Líbia não seja nação soberana, rica em recursos naturais e capaz de comandar o próprio destino econômico. O principal problema dos cartéis dos bancos globais é que, para negociar com a Líbia, têm de negociar através do Banco Central Líbio e em moeda nacional líbia. Nessas condições não têm controle sobre a negociação nem meios para manipular os preços e condições de negociação.
O objetivo de derrubar o Banco Central Líbio (CBL) não aparece nos discursos de Obama, Cameron e Sarkozy, mas não há dúvidas de que é objetivo prioritário na agenda da grande finança globalista: incluir a Líbia na lista de países financeiramente obedientes” (em http://www.marketoracle.co.uk/Article27208.html).
A Líbia não tem só petróleo e água. Segundo o Fundo Monetário Internacional, o banco central líbio mantém lastro de cerca de 144 toneladas de ouro. Com esse tipo de moeda-lastro, quem precisa de BIS, FMI e seus ‘aconselhamentos’?
Dadas essas evidências, é preciso agora considerar mais de perto as regras do Banco de Compensações Internacionais e o efeito que têm nas economias locais. Artigo que se lê na página do BIS na internet (http://www.bis.org/about/index.htm) declara que os bancos centrais reunidos na Rede de Governança dos Bancos Centrais devem manter, como seu objetivo único ou básico, “preservar a estabilidade de preços”.
Devem ser independentes dos governos nacionais, para garantir que nenhuma consideração política interfira no funcionamento. “Estabilidade de preços” significa manter suprimento estável de moeda, mesmo que isso implique castigar a população com pesadíssimas dívidas externas. Os bancos centrais ‘coligados’ são encorajados a não aumentar o suprimento de moeda mediante emissão de dinheiro e devem usar o dinheiro em benefício do Estado, diretamente ou mediante empréstimos.
Em artigo de 2002 em Asia Times Online, intitulado “The BIS vs national Banks” (14/5/2002), Henry Liu dizia:
“As regulações do BIS têm o único objetivo de fortalecer o sistema bancário internacional privado, mesmo que à custa das economias nacionais. O BIS faz para os sistemas bancários nacionais o mesmo que o FMI fez aos regimes monetários nacionais. Economias nacionais que sirvam aos interesses da finança globalizada deixam de servir a interesses nacionais.
... o FDI [ing. foreign direct investment, investimento estrangeiro direto] com valor nominal em moedas estrangeiras, quase sempre o dólar, condenaram muitas economias nacionais a um desenvolvimento sem equilíbrio, voltado para exportar, sobretudo para gerar pagamentos em dólar aos investidores estrangeiros diretos, com mínimo benefício às economias nacionais” (http://www.atimes.com/global-econ/DE14Dj01.html).
E acrescentava: “Se se aplica a “Teoria do Dinheiro do Estado” de Knapp, qualquer governo pode pagar com a própria moeda todas as necessidades do seu próprio desenvolvimento, para manter o pleno emprego sem inflação”. A “Teoria do Dinheiro do Estado” refere-se a dinheiro criado por governos, não por bancos privados.
A pressuposição da lei que manda não tomar empréstimos do próprio banco central do governo é que esses empréstimos seriam inflacionários, e que tomar empréstimos do dinheiro que haja em bancos estrangeiros ou do FMI não seria inflacionário. Mas, hoje, todos os bancos criam de fato o dinheiro que emprestam, seja dinheiro público ou privado. A maior parte do dinheiro novo, hoje, vem de empréstimos bancários. Tomar empréstimos do próprio banco central governamental tem a vantagem de que o empréstimo é praticamente sem juros. Já se sabe que se se eliminam os juros, o custo dos projetos públicos caem em média 50%.
Tudo faz crer que o sistema líbio funciona desse modo. Segundo a Wikipedia, entre as funções do Banco Central da Líbia está incluída a de “emitir e regulamentar os créditos e moedas circulantes na Líbia” e “gerenciar e emitir todos os empréstimos estatais”. O banco central da Líbia, público, pode administrar e administra a moeda nacional e faz empréstimos com vistas a atender, em primeiro lugar, os interesses do estado líbio.
Só assim se entende que a Líbia tenha recursos para oferecer educação e atendimento médico universal e gratuito, e para dar a cada novo casal, como presente de núpcias, 50 mil dólares em empréstimo que o Estado faz, sem juros. Só assim se entende que o país tenha tido meios para pagar os 33 bilhões de dólares que lhe custaram o projeto do GMMR. Hoje, os líbios temem que os ataques aéreos da OTAN cheguem aos aquedutos desse projeto, o que, sim, geraria mais um desastre humanitário.
Difícil crer, nesse quadro, que os ataques à Líbia tenham a ver exclusivamente com o petróleo. Quase certamente têm a ver, também, com a independência radical do banco central líbio. Com energia, água e crédito abundante para desenvolver a infraestrutura para que energia e petróleo sejam postos a serviço do bem estar dos líbios, a Líbia pode sobreviver à distância das garras dos financiadores/credores estrangeiros. E aí, afinal, está a real ameaça que a Líbia traz: a Líbia pode provar ao mundo que é possível fazer o que a Líbia faz.
Inúmeros países não têm petróleo, mas estão em desenvolvimento novas tecnologias que podem tornam nações não produtoras de petróleo independentes, em termos energéticos, sobretudo se os custos para construir a infraestrutura são reduzidos à metade, porque os empréstimos saem do próprio banco central nacional e público, gerido em nome de interesses públicos. A independência no campo da energia, libertará os governos da rede dos banqueiros internacionais, e da necessidade de direcionar a produção doméstica para os mercados estrangeiros, para pagar o serviço das dívidas.
Caso o governo Gaddafi caia, será interessante observar se o novo banco central líbio recém criado associar-se-á ao Banco de Compensações Internacionais, se a indústria do petróleo líbio será imediatamente privatizada e vendida a investidores globais e se continuará a haver água, educação e assistência médica universais e gratuitas na Líbia.
Fonte: Asia Times Online
POLÍTICA - Alckmin está sendo pressionado.
Implosão de aliança histórica em SP pressiona Alckmin.
O grupo político que desde 2003 comanda o Estado de São Paulo e a capital paulista desde 2005 vive sua pior crise e pode ser implodido. Tudo por conta da criação do PSD (Partido Social Democrático) pelo prefeito Gilberto Kassab e de sua aproximação da base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) está propenso a demitir do secretariado o vice-governador, Guilherme Afif, um dos primeiros a anunciar a saída do DEM para seguir Kassab no novo partido. A decisão de Afif provocou imenso incômodo entre tucanos exatamente pelo seu simbolismo político: o vice-governador era o elo da histórica aliança do PSDB com o DEM.
Em 2002, foi Kassab que indicou Cláudio Lembo para vice de Alckmin. Em 2004, o próprio Kassab foi o escolhido para vice de José Serra na Prefeitura. No ano passado, o DEM designou Afif para novamente compor com Alckmin. Agora, Kassab, Lembo e Afif estão fora do DEM.
Considerado um dos “fiadores” da coligação PSDB-DEM, Afif está desde a posse à frente da poderosa Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pasta que gerencia a rede de ensino técnico do governo paulista, uma das principais vitrines tucanas. Partiu do DEM a exigência para que Alckmin dê espaço político relevante ao partido no governo e deixe Afif como uma figura quase decorativa no cargo de vice.
Anteontem, o senador Agripino Maia (RN), presidente do partido, almoçou com o governador e reivindicou o cumprimento de compromissos estabelecidos quando a aliança foi firmada: uma secretaria importante.
Na conversa, foram discutidas três possibilidades para alojar o DEM. A mais cobiçada é a secretaria hoje comandada por Afif. A outra, praticamente rejeitada pelo DEM, é a pasta da Agricultura - João Sampaio está saindo do cargo. O governador prometeu ainda analisar uma terceira possibilidade. O DEM exige visibilidade e força política. “O espaço do DEM no governo Alckmin é um fato”, sentenciou Agripino.
O governador não rechaçou a hipótese de retirar Afif nem a aceitou prontamente. Prometeu uma solução para as próximas horas mas seus aliados afirmaram reservadamente que ele estaria propenso a aceitar o acordo, inclusive cedendo a pasta de Desenvolvimento Econômico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O grupo político que desde 2003 comanda o Estado de São Paulo e a capital paulista desde 2005 vive sua pior crise e pode ser implodido. Tudo por conta da criação do PSD (Partido Social Democrático) pelo prefeito Gilberto Kassab e de sua aproximação da base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) está propenso a demitir do secretariado o vice-governador, Guilherme Afif, um dos primeiros a anunciar a saída do DEM para seguir Kassab no novo partido. A decisão de Afif provocou imenso incômodo entre tucanos exatamente pelo seu simbolismo político: o vice-governador era o elo da histórica aliança do PSDB com o DEM.
Em 2002, foi Kassab que indicou Cláudio Lembo para vice de Alckmin. Em 2004, o próprio Kassab foi o escolhido para vice de José Serra na Prefeitura. No ano passado, o DEM designou Afif para novamente compor com Alckmin. Agora, Kassab, Lembo e Afif estão fora do DEM.
Considerado um dos “fiadores” da coligação PSDB-DEM, Afif está desde a posse à frente da poderosa Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pasta que gerencia a rede de ensino técnico do governo paulista, uma das principais vitrines tucanas. Partiu do DEM a exigência para que Alckmin dê espaço político relevante ao partido no governo e deixe Afif como uma figura quase decorativa no cargo de vice.
Anteontem, o senador Agripino Maia (RN), presidente do partido, almoçou com o governador e reivindicou o cumprimento de compromissos estabelecidos quando a aliança foi firmada: uma secretaria importante.
Na conversa, foram discutidas três possibilidades para alojar o DEM. A mais cobiçada é a secretaria hoje comandada por Afif. A outra, praticamente rejeitada pelo DEM, é a pasta da Agricultura - João Sampaio está saindo do cargo. O governador prometeu ainda analisar uma terceira possibilidade. O DEM exige visibilidade e força política. “O espaço do DEM no governo Alckmin é um fato”, sentenciou Agripino.
O governador não rechaçou a hipótese de retirar Afif nem a aceitou prontamente. Prometeu uma solução para as próximas horas mas seus aliados afirmaram reservadamente que ele estaria propenso a aceitar o acordo, inclusive cedendo a pasta de Desenvolvimento Econômico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
POLÍTICA - "FHC assume o que sempre foi".
Dias, na Carta: FHC assume o que sempre foi
Transcrevo, por fantástica, a coluna Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias, na Carta Capital
FHC tira a máscara
“Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça” Avaliação do governo de FHC feita por Raymundo Faoro, em 15/5/2002
Finalmente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, suposto arauto da social-democracia brasileira, entrou no trilho adequado. Foi preciso mais de oitos anos, além de três fracassos eleitorais sucessivos na disputa presidencial, para que ele jogasse fora a máscara da social-democracia e assumisse o papel de expressão política da classe média. O sociólogo faz isso agora, na condição de presidente de honra dos tucanos.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, sentencia FHC em artigo escrito para a nova edição da revista Interesse Nacional, que começou a circular na quinta-feira 14.
Nada de mal. É bom para o País que o rio corra no seu leito natural. Nada de mais. A minoria precisa de alguém que defenda seus valores. O ex-presidente finca a bandeira nesse espaço ou, pelo menos, tenta. Pela primeira vez se apresenta como porta-voz dessa camada social e se apressa a dar receita eleitoral para os candidatos da oposição.
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesse dessas camadas.”
Quem compõe essas camadas da sociedade brasileira? A nomenclatura sociológica se embaralha nesse ponto. A classe média é difusa mesmo a partir da base da pirâmide social. Os milhões tirados da marginalidade ao longo do governo Lula – em torno de 20 milhões – foram batizados de integrantes da classe média “E”, embora uma classe social não se consolide somente a partir do salário.
O ex-presidente faz uma leitura muito particular da eleição de 2010. Ele acredita que o resultado traduz essa visão polarizada: Dilma 56,5% dos votos contra 43,95% de Serra.
O sociólogo, já de olho na competição presidencial de 2014, vê as coisas com a lente descalibrada do político oposicionista. Sem ameaça de ser vitimada pelo preconceito da classe média bem aquinhoada, como acontece com Lula, a presidenta Dilma tem chances de transitar melhor nessa faixa do eleitorado. Exatamente o contingente preferencial do governo de FHC.
Ainda em 2002, poucos meses antes da eleição de Lula, diante da pergunta se achava que o governo tucano fora feito para somente 30 milhões, o jurista e historiador Raymundo Faoro lançou uma dúvida: “Tanto assim?”. E argumentou: “O país que lê jornal… quantos são? E o país que lê livros? Não há sequer mercado para sustentar a cultura”.
FHC tornou-se um ícone do país privilegiado: “É isso que sobrou”, disse Faoro.
Foi o que restou também do PSDB, que nunca teve vínculos com os sindicatos brasileiros e com os movimentos sociais. Vínculos que, em essência, definem historicamente a natureza dos partidos social-democratas. Uma aliança que os tucanos nunca buscaram.
Transcrevo, por fantástica, a coluna Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias, na Carta Capital
FHC tira a máscara
“Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça” Avaliação do governo de FHC feita por Raymundo Faoro, em 15/5/2002
Finalmente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, suposto arauto da social-democracia brasileira, entrou no trilho adequado. Foi preciso mais de oitos anos, além de três fracassos eleitorais sucessivos na disputa presidencial, para que ele jogasse fora a máscara da social-democracia e assumisse o papel de expressão política da classe média. O sociólogo faz isso agora, na condição de presidente de honra dos tucanos.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, sentencia FHC em artigo escrito para a nova edição da revista Interesse Nacional, que começou a circular na quinta-feira 14.
Nada de mal. É bom para o País que o rio corra no seu leito natural. Nada de mais. A minoria precisa de alguém que defenda seus valores. O ex-presidente finca a bandeira nesse espaço ou, pelo menos, tenta. Pela primeira vez se apresenta como porta-voz dessa camada social e se apressa a dar receita eleitoral para os candidatos da oposição.
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesse dessas camadas.”
Quem compõe essas camadas da sociedade brasileira? A nomenclatura sociológica se embaralha nesse ponto. A classe média é difusa mesmo a partir da base da pirâmide social. Os milhões tirados da marginalidade ao longo do governo Lula – em torno de 20 milhões – foram batizados de integrantes da classe média “E”, embora uma classe social não se consolide somente a partir do salário.
O ex-presidente faz uma leitura muito particular da eleição de 2010. Ele acredita que o resultado traduz essa visão polarizada: Dilma 56,5% dos votos contra 43,95% de Serra.
O sociólogo, já de olho na competição presidencial de 2014, vê as coisas com a lente descalibrada do político oposicionista. Sem ameaça de ser vitimada pelo preconceito da classe média bem aquinhoada, como acontece com Lula, a presidenta Dilma tem chances de transitar melhor nessa faixa do eleitorado. Exatamente o contingente preferencial do governo de FHC.
Ainda em 2002, poucos meses antes da eleição de Lula, diante da pergunta se achava que o governo tucano fora feito para somente 30 milhões, o jurista e historiador Raymundo Faoro lançou uma dúvida: “Tanto assim?”. E argumentou: “O país que lê jornal… quantos são? E o país que lê livros? Não há sequer mercado para sustentar a cultura”.
FHC tornou-se um ícone do país privilegiado: “É isso que sobrou”, disse Faoro.
Foi o que restou também do PSDB, que nunca teve vínculos com os sindicatos brasileiros e com os movimentos sociais. Vínculos que, em essência, definem historicamente a natureza dos partidos social-democratas. Uma aliança que os tucanos nunca buscaram.
POLÍTICA - Lula dá nota zero para Figueiredo Henrique Cardoso.
Do blog Tijolaço, do Brizola Neto.
Lula entrou de sola hoje nas declarações de Fernando Henrique Cardoso mandando o PSDB “esquecer o povão”. “Não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão”, afirmou ele: “o povão é a razão de ser do Brasil.”
Lula disse que o Brasil já teve político que disse preferir o “cheiro de cavalo ao do povo”, referindo-se a uma célebre frase do general João Batista de Oliveira Figueiredo, presidente durante o regime militar.
Agora, afirmou Lula, tem ex-presidente “que fala que é preciso não ficar atrás, esquecer o povão”. “Eu não entendo, não sei o que ele (Fernando Henrique Cardoso) quis dizer.” Claro que você sabe, Lula…
E aproveite para votar na enquete aí do lado, para sugerir um nome para o site de FHC…Por enquanto, o “www.massacheirosa.com.br” vai ganhando com folga.
Lula entrou de sola hoje nas declarações de Fernando Henrique Cardoso mandando o PSDB “esquecer o povão”. “Não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão”, afirmou ele: “o povão é a razão de ser do Brasil.”
Lula disse que o Brasil já teve político que disse preferir o “cheiro de cavalo ao do povo”, referindo-se a uma célebre frase do general João Batista de Oliveira Figueiredo, presidente durante o regime militar.
Agora, afirmou Lula, tem ex-presidente “que fala que é preciso não ficar atrás, esquecer o povão”. “Eu não entendo, não sei o que ele (Fernando Henrique Cardoso) quis dizer.” Claro que você sabe, Lula…
E aproveite para votar na enquete aí do lado, para sugerir um nome para o site de FHC…Por enquanto, o “www.massacheirosa.com.br” vai ganhando com folga.
MÍDIA - A serviço do "Deus Mercado" quer mais juros e cortes.
Do Blog do Miro.
Mídia quer sangue: mais juros e cortes!
Por Altamiro Borges
De nada adiantou a presidenta Dilma Rousseff promover dois aumentos simultâneos da taxa de juros, cortar R$ 53 bilhões do Orçamento e ainda peitar as centrais sindicais na negociação do salário mínimo. Ela bem que tentou agradar o “deus-mercado”, mas o capital financeiro é insaciável. Através de seus meios de comunicação, ele exige mais sangue – mais juros e cortes de gastos!
O editorial de hoje (15) da Folha é a prova cabal da gula dos rentistas. Para se contrapor ao que o jornal diagnostica como “piora das expectativas inflacionárias”, que decorrem (pasmem!) do “excesso de consumo e das pressões salariais”, a única saída é “aumentar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual na semana que vem”, quando o Banco Central se reúne.
“A prioridade” dos rentistas
Adepta da máxima neoliberal de Margareth Thatcher, de que “não há alternativa”, a Folha é incisiva na defesa dos interesses dos agiotas. Qualquer outra medida, afirma, é ineficaz para combater o fantasma da inflação. Ela inclusive critica o Banco Central por “propagar uma visão muito otimista” sobre o tema, reforçando a enorme gritaria dos últimos dias do capital financeiro.
Em tom terrorista, o editorial da Folha afirma: “A situação é grave, a ponto de outros objetivos já começaram a ser sacrificados... Diante de tais desafios, a melhor saída para o BC é dar um passo firme para demonstrar controle: aumentar a taxa básica de juros em 0,5%”. E conclui: “Essa é a prioridade”. Aplausos entusiásticos dos banqueiros e rentistas, nacionais e estrangeiros!
A ortodoxia militante de Sardenberg
Mas não é só a Folha que tem rabo preso com o capital financeiro. A mídia corporativa, no geral, desempenha o papel de relações públicas dos banqueiros. Carlos Alberto Sardenberg, editorialista do Estadão e comentarista da TV Globo, até parece funcionário de um banco. Há vários dias, ele vem insistindo na necessidade de um novo aumento da taxa Selic e de novos cortes no Orçamento.
Dias atrás, ele criticou o Banco Central por sua “tolerância com a inflação”. Para ele, o “otimismo” do BC “significa acreditar que a inflação vai cair sem a necessidade de uma alta mais forte da taxa básica de juros e sem um corte de gastos mais expressivo do governo. Segurar juros e ter espaço para gastar – eis algo que interessa a qualquer governo, muito especialmente ao de Dilma Rousseff”. Contra o que chama de “eleitoralismo”, Sardenberg prega abertamente a volta das “políticas ortodoxas” de FHC.
Ação combinada dos jornalões
No início do mês, numa ação que parece combinada, Folha, Estadão e Valor publicaram editoriais alertando para o risco do descontrole dos gastos do governo. “Resultados fiscais não tão bons quanto parecem”, esbravejou o Estadão em 1 de abril. O jornal questiona os "tímidos" cortes no Orçamento e a “política de austeridade” do governo Dilma e dispara o sinal de alarme:
“É muito cedo para afirmar que a batalha das contas públicas está ganha. O relatório de inflação mostrou que o Banco Central desistiu de enfrentar com firmeza a alta de preços - que também vai afetar os gastos públicos -, que a pressão sobre os investimentos vai aumentar e que a pressão dos sindicatos operários para reajustes será crescente”, esbraveja o jornalão.
Informação ou serviço bancário?
Toda esta gritaria da mídia rentista tem como único objetivo defender os interesses do capital financeiro. Ela não leva em conta sequer os próprios dados da realidade, mas visa apenas criar pânico na sociedade. Fica a dúvida se estes jornais informam ou prestam serviços, bem remunerados, aos banqueiros e rentistas. Um texto recente do sítio Carta Maior responde:
“O superávit fiscal – referência de saúde do país para os mercados porque sinaliza a disposição do governo de drenar recursos ao pagamento de juros – atingiu em fevereiro o valor recorde de R$ 7,913 bilhões, o maior da série histórica, iniciada em 2001. O superávit acumulado no primeiro bimestre, R$ 25,6 bilhões, equivale a 21,8% da meta fixada para o ano. No mesmo período de 2010, o saldo positivo correspondia a apenas 15,2% da meta anual.
“Ou seja, por aí, não há do quê reclamarem. No front da inflação – outra referência importante do rentismo porque ela desidrata as taxas de juros reais – o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo avançou 0,35% em março; é quase a metade do salto de 0,60% em fevereiro, Os 'consultores' apostavam num aumento de 0,40%. Erraram, como erraram também a tendência do IPCA- 15, uma medida de inflação do IBGE que oferece uma prévia do mês, com base num prazo menor de coleta de dados. A prévia para março chegou a uma alta de 0,69, significativamente menor que o 0,97% de fevereiro.
“Ademais, as medidas de moderação do crescimento tomadas pelo governo ('macro prudenciais') começam a surtir efeito. A concessão de crédito embora registre um crescimento elevado de 21% em 12 meses, vem se desacelerando por conta do enxugamento de liquidez imposto pelo BC. Mesmo assim, o porta-voz dos interesses financeiros, o boletim Focus, insiste em desacreditar a política econômica, e o faz reiterando que a inflação escapou ao controle. Ou seja, quer porque quer que na reunião do próximo dia 20, o BC anuncie nova alta dos juros”
Mídia quer sangue: mais juros e cortes!
Por Altamiro Borges
De nada adiantou a presidenta Dilma Rousseff promover dois aumentos simultâneos da taxa de juros, cortar R$ 53 bilhões do Orçamento e ainda peitar as centrais sindicais na negociação do salário mínimo. Ela bem que tentou agradar o “deus-mercado”, mas o capital financeiro é insaciável. Através de seus meios de comunicação, ele exige mais sangue – mais juros e cortes de gastos!
O editorial de hoje (15) da Folha é a prova cabal da gula dos rentistas. Para se contrapor ao que o jornal diagnostica como “piora das expectativas inflacionárias”, que decorrem (pasmem!) do “excesso de consumo e das pressões salariais”, a única saída é “aumentar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual na semana que vem”, quando o Banco Central se reúne.
“A prioridade” dos rentistas
Adepta da máxima neoliberal de Margareth Thatcher, de que “não há alternativa”, a Folha é incisiva na defesa dos interesses dos agiotas. Qualquer outra medida, afirma, é ineficaz para combater o fantasma da inflação. Ela inclusive critica o Banco Central por “propagar uma visão muito otimista” sobre o tema, reforçando a enorme gritaria dos últimos dias do capital financeiro.
Em tom terrorista, o editorial da Folha afirma: “A situação é grave, a ponto de outros objetivos já começaram a ser sacrificados... Diante de tais desafios, a melhor saída para o BC é dar um passo firme para demonstrar controle: aumentar a taxa básica de juros em 0,5%”. E conclui: “Essa é a prioridade”. Aplausos entusiásticos dos banqueiros e rentistas, nacionais e estrangeiros!
A ortodoxia militante de Sardenberg
Mas não é só a Folha que tem rabo preso com o capital financeiro. A mídia corporativa, no geral, desempenha o papel de relações públicas dos banqueiros. Carlos Alberto Sardenberg, editorialista do Estadão e comentarista da TV Globo, até parece funcionário de um banco. Há vários dias, ele vem insistindo na necessidade de um novo aumento da taxa Selic e de novos cortes no Orçamento.
Dias atrás, ele criticou o Banco Central por sua “tolerância com a inflação”. Para ele, o “otimismo” do BC “significa acreditar que a inflação vai cair sem a necessidade de uma alta mais forte da taxa básica de juros e sem um corte de gastos mais expressivo do governo. Segurar juros e ter espaço para gastar – eis algo que interessa a qualquer governo, muito especialmente ao de Dilma Rousseff”. Contra o que chama de “eleitoralismo”, Sardenberg prega abertamente a volta das “políticas ortodoxas” de FHC.
Ação combinada dos jornalões
No início do mês, numa ação que parece combinada, Folha, Estadão e Valor publicaram editoriais alertando para o risco do descontrole dos gastos do governo. “Resultados fiscais não tão bons quanto parecem”, esbravejou o Estadão em 1 de abril. O jornal questiona os "tímidos" cortes no Orçamento e a “política de austeridade” do governo Dilma e dispara o sinal de alarme:
“É muito cedo para afirmar que a batalha das contas públicas está ganha. O relatório de inflação mostrou que o Banco Central desistiu de enfrentar com firmeza a alta de preços - que também vai afetar os gastos públicos -, que a pressão sobre os investimentos vai aumentar e que a pressão dos sindicatos operários para reajustes será crescente”, esbraveja o jornalão.
Informação ou serviço bancário?
Toda esta gritaria da mídia rentista tem como único objetivo defender os interesses do capital financeiro. Ela não leva em conta sequer os próprios dados da realidade, mas visa apenas criar pânico na sociedade. Fica a dúvida se estes jornais informam ou prestam serviços, bem remunerados, aos banqueiros e rentistas. Um texto recente do sítio Carta Maior responde:
“O superávit fiscal – referência de saúde do país para os mercados porque sinaliza a disposição do governo de drenar recursos ao pagamento de juros – atingiu em fevereiro o valor recorde de R$ 7,913 bilhões, o maior da série histórica, iniciada em 2001. O superávit acumulado no primeiro bimestre, R$ 25,6 bilhões, equivale a 21,8% da meta fixada para o ano. No mesmo período de 2010, o saldo positivo correspondia a apenas 15,2% da meta anual.
“Ou seja, por aí, não há do quê reclamarem. No front da inflação – outra referência importante do rentismo porque ela desidrata as taxas de juros reais – o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo avançou 0,35% em março; é quase a metade do salto de 0,60% em fevereiro, Os 'consultores' apostavam num aumento de 0,40%. Erraram, como erraram também a tendência do IPCA- 15, uma medida de inflação do IBGE que oferece uma prévia do mês, com base num prazo menor de coleta de dados. A prévia para março chegou a uma alta de 0,69, significativamente menor que o 0,97% de fevereiro.
“Ademais, as medidas de moderação do crescimento tomadas pelo governo ('macro prudenciais') começam a surtir efeito. A concessão de crédito embora registre um crescimento elevado de 21% em 12 meses, vem se desacelerando por conta do enxugamento de liquidez imposto pelo BC. Mesmo assim, o porta-voz dos interesses financeiros, o boletim Focus, insiste em desacreditar a política econômica, e o faz reiterando que a inflação escapou ao controle. Ou seja, quer porque quer que na reunião do próximo dia 20, o BC anuncie nova alta dos juros”
MÍDIA - "No Brasil tem posição política não democrática".
Deputado: Mídia do Brasil tem posição política não democrática.
Eliano Jorge
O nascimento da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular está marcado para as 14h de terça-feira (19), no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Gestada desde abril de 2010, ela já possui o número mínimo de parlamentares, acima de 170, para existir.
Seus integrantes pertencem majoritariamente aos partidos da base aliada do governo federal e ao PSOL, embora não haja restrição a adesões de oposicionistas. Entre os coordenadores, está o deputado federal Emiliano José, do PT baiano, para quem "temos uma mídia profundamente concentrada nas mãos de poucas famílias".
Em entrevista a Terra Magazine, ele fala em "ampliar o leque de proprietários da mídia".
- Não podem três ou quatro famílias ser as formuladoras da interpretação do Brasil sozinhas - critica. - Queremos ampliar e muito a presença de vozes diversas na mídia para expressar a diversidade do Brasil.
Também jornalista e professor licenciado da Universidade Federal da Bahia, ele afirma que "nossa mídia tradicional, o grupo central da mídia hegemônica do Brasil, tem uma posição política não democrática".
Argumenta que os veículos de comunicação ajudaram a derrubar o presidente Getúlio Vargas em 1954 e a se instalar a ditadura militar em 1964. E que os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso tiveram seus programas apoiados por "grupos hegemônicos da mídia", enquanto Lula teria sido combatido.
- A mídia hegemônica e central, no Brasil, sempre teve projeto político para o País. Qualquer projeto reformista, ela é contra.
Emiliano José contesta ainda a existência de uma cobertura jornalística das eleições de 2010. "Não tem cobertura. Tem posição política", avalia. "Na campanha passada, essa mídia tinha um candidato (a presidente), que era o (José) Serra".
O parlamentar elogia o Plano Nacional de Banda Larga: "Absolutamente essencial, uma conquista da cidadania". E defende a regulamentação da mídia. "É necessária. Nos países democráticos, ela existe de maneira rigorosa. Quando se fala em regulação, se quer fazer correlação com censura, essas besteiras. Não tem nada a ver", opina.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - O que significa, na prática, a democratização dos meios de comunicação, que é defendida pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular?
Emiliano José - Nossa Constituição prevê isso, mas não está regulamentada sobre o assunto. Não saiu do papel o Conselho de Comunicação, que está posto na Constituição e, em tese, existe. Está lá parado no Senado. Tudo isso indica pontos que deverão ser objetos da nossa preocupação na linha de regular os meios de comunicação. O governo tem um projeto, está nas mãos do ministro (das Comunicações) Paulo Bernardo, foi feito voltado para a área das telecomunicações, foi elaborado sobre a direção do ex-ministro Franklin Martins e deve ser enviado, esperamos que seja brevemente, para que nós examinemos, e creio que alcança esses aspectos a que estou me referindo, inclusive os eventualmente não regulamentados da Constituição.
Há uma evidência de que temos uma mídia profundamente concentrada nas mãos de poucas famílias. Essas famílias vão continuar, ninguém está querendo a exclusão de ninguém. Agora, queremos ampliar e muito a presença de vozes diversas na mídia para expressar a diversidade do Brasil, para garantir a pluralidade de vozes na cena midiática do País.
Isso também se refere à farta distribuição de concessões de veículos de comunicação a grupos políticos?
E também isso. É uma lição difícil, mas necessária. Por que grupos políticos têm que deter canais variados de comunicação? E também a propriedade cruzada, outro problema que precisa ser discutido. Por que o grupo detém um sistema de comunicação de cabo a rabo? Toda essa regulamentação que estamos falando é necessária, existe em outros países. Nos países democráticos, ela existe de maneira rigorosa. Quando se fala em regulação, se quer fazer correlação com censura, essas besteiras. Não tem nada a ver. Na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, há regulação. Inclusive, nesses países, existe um setor estatal televisivo forte, é outra discussão. Não tem problema nenhuma. É algo extremamente necessário, previsto na Constituição.
Qual é o posicionamento da Frente sobre a proposta do novo marco regulatório das comunicações e sobre o Plano Nacional de Banda Larga?
O Plano Nacional de Banda Larga já está em processo e tem nosso mais completo apoio, é algo absolutamente essencial. Estamos discutindo isso e queremos que ele seja acelerado porque é uma conquista da cidadania.
Queremos discutir o novo marco regulatório da mídia no Brasil. O código vigente de regulamentação é de 1962. O marco regulatório, na hora em que chegar à Câmara, nós vamos ver o que ele tem exatamente. Conversei recentemente com o ministro Franklin Martins, mas ele, por enquanto, não fala, se considera em quarentena, como de fato está, é da legalidade. Mas há um projeto nas mãos do ministro Paulo Bernardo que deve abarcar todos esses temas. O fato de o código brasileiro de telecomunicações ser de 1962 indica a caducidade da nossa legislação. Há quase 50 anos, quando esse cenário midiático era completamente outro, quando importante eram jornais e rádios. A televisão não tinha importância. Hoje, estamos em tempos de convergência digital, com um quadro totalmente distinto, com um papel extraordinário da comunicação eletrônica. Com um celular, você pode ter o mundo à mão.
Precisamos tratar dessa situação nova da mídia no Brasil. Para garantir força, por exemplo, para rádios comunitárias também, força a um setor público de comunicação, ampliar o leque de proprietários da mídia, permitir que múltiplas vozes estejam presentes nos discursos no Brasil. Não podem três ou quatro famílias ser as formuladoras da interpretação do Brasil sozinhas. Elas podem estar presentes, e estarão, mas é preciso que outras vozes estejam também.
Por que o senhor considera que a mídia nacional não é democrática?
Tenho uma posição clara, o que nossa Frente vai definir exatamente é uma coisa do consenso conquistado entre seus parlamentares. Nossa mídia tradicional, o grupo central da mídia hegemônica do Brasil, tem uma posição política não democrática. É só pegarmos a história recente do País, que vem de Getúlio para cá, se quisermos, e vamos observar essa mídia hegemônica atuando numa linha diversa da vida democrática. Há o livro do Flávio Tavares, O Dia em que Getúlio Matou Allende, em que ele revela como a mídia lutou para derrubar Getúlio, um governo democrático. Depois, como ela interfere diretamente para que o golpe militar ocorra. A mídia hegemônica participa diretamente da articulação do golpe.
Grupos hegemônicos que continuam até hoje?
Que continuam até hoje. Participam da articulação do golpe. Depois sua conivência, sua complacência com a ditadura. Está lá no livro do Bernardo Kucinski, Jornalistas e Revolucionários: Nos Tempos da Imprensa Alternativa. Ou em Os Cães de Guarda, da Beatriz Kushnir, um livro excepcional, que analisa a trajetória do Grupo Folha e sua relação com a ditadura.
Depois, vem o Collor e a força do encontro amoroso entre ele e a mídia, todo mundo sabe disso. Fiz um livro sobre isso, Imprensa e Poder: Ligações Perigosas. Mais tarde, vem a relação também profundamente acumpliciada entre a mídia e o Fernando Henrique, absolutamente amorosa também. Quando chega o Lula, há o combate sistemático, cotidiano, contra o projeto reformista e democrático de Lula e do Partido dos Trabalhadores.
Parte da mídia não era apaixonada por Lula também não?
Na mídia onde? Se você me indicar alguém... Não tem! A mídia tem uma voz uníssona. Claro, cito exceções. O Terra sempre foi correto na cobertura. Caros Amigos? CartaCapital? Posso citar assim, mas, de resto, ela tem posição claríssima de combate ao Lula. Ela tem outro projeto político. Sempre digo que a mídia hegemônica e central, no Brasil, tem projeto político para o País, sempre teve. Ela sempre teve projeto político, e não podia ser o do Getúlio. Qualquer projeto reformista, ela é contra. Tem posição política, tem programa para o Brasil.
Os editoriais dos grandes jornais, no dia em que o Collor saiu (da Presidência da República), diziam: nós consideramos que era o melhor projeto para o Brasil, infelizmente ele teve que sair. Embora ali ela tivesse um papel. Porque compreendeu que ele não construiu o consenso político. Depois, esse projeto foi levado à frente pelo Fernando Henrique.
Na campanha passada, essa mídia tinha um candidato, que era o (José) Serra. A ponto de demitir gente que não concordava, cite-se o caso da (colunista) Maria Rita Kehl, que foi demitida pelo Estadão. Se a mídia dissesse "temos uma candidatura, vamos fazer um combate", como fizeram, tudo muito bem, mas não, fica a ideia de que há cobertura. Não tem cobertura. Tem posição política. É isso que precisamos discutir no Brasil. Que se permita a emergência de muitas vozes na cena nacional, que se possibilite fazer o contraponto ou que seja parte da democratização da vida brasileira. Se não, fica apenas uma visão das coisas. É preciso uma mídia policêntrica, e não um pensamento único. O mundo eletrônico, com portais e tantos blogs, já começam a possibilitar essas vozes. Tudo isso vai contrabalançando, mas ainda é preciso ir muito além e ampliar o número de vozes na mídia.
Fonte: Terra Magazine.
Eliano Jorge
O nascimento da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular está marcado para as 14h de terça-feira (19), no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Gestada desde abril de 2010, ela já possui o número mínimo de parlamentares, acima de 170, para existir.
Seus integrantes pertencem majoritariamente aos partidos da base aliada do governo federal e ao PSOL, embora não haja restrição a adesões de oposicionistas. Entre os coordenadores, está o deputado federal Emiliano José, do PT baiano, para quem "temos uma mídia profundamente concentrada nas mãos de poucas famílias".
Em entrevista a Terra Magazine, ele fala em "ampliar o leque de proprietários da mídia".
- Não podem três ou quatro famílias ser as formuladoras da interpretação do Brasil sozinhas - critica. - Queremos ampliar e muito a presença de vozes diversas na mídia para expressar a diversidade do Brasil.
Também jornalista e professor licenciado da Universidade Federal da Bahia, ele afirma que "nossa mídia tradicional, o grupo central da mídia hegemônica do Brasil, tem uma posição política não democrática".
Argumenta que os veículos de comunicação ajudaram a derrubar o presidente Getúlio Vargas em 1954 e a se instalar a ditadura militar em 1964. E que os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso tiveram seus programas apoiados por "grupos hegemônicos da mídia", enquanto Lula teria sido combatido.
- A mídia hegemônica e central, no Brasil, sempre teve projeto político para o País. Qualquer projeto reformista, ela é contra.
Emiliano José contesta ainda a existência de uma cobertura jornalística das eleições de 2010. "Não tem cobertura. Tem posição política", avalia. "Na campanha passada, essa mídia tinha um candidato (a presidente), que era o (José) Serra".
O parlamentar elogia o Plano Nacional de Banda Larga: "Absolutamente essencial, uma conquista da cidadania". E defende a regulamentação da mídia. "É necessária. Nos países democráticos, ela existe de maneira rigorosa. Quando se fala em regulação, se quer fazer correlação com censura, essas besteiras. Não tem nada a ver", opina.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - O que significa, na prática, a democratização dos meios de comunicação, que é defendida pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular?
Emiliano José - Nossa Constituição prevê isso, mas não está regulamentada sobre o assunto. Não saiu do papel o Conselho de Comunicação, que está posto na Constituição e, em tese, existe. Está lá parado no Senado. Tudo isso indica pontos que deverão ser objetos da nossa preocupação na linha de regular os meios de comunicação. O governo tem um projeto, está nas mãos do ministro (das Comunicações) Paulo Bernardo, foi feito voltado para a área das telecomunicações, foi elaborado sobre a direção do ex-ministro Franklin Martins e deve ser enviado, esperamos que seja brevemente, para que nós examinemos, e creio que alcança esses aspectos a que estou me referindo, inclusive os eventualmente não regulamentados da Constituição.
Há uma evidência de que temos uma mídia profundamente concentrada nas mãos de poucas famílias. Essas famílias vão continuar, ninguém está querendo a exclusão de ninguém. Agora, queremos ampliar e muito a presença de vozes diversas na mídia para expressar a diversidade do Brasil, para garantir a pluralidade de vozes na cena midiática do País.
Isso também se refere à farta distribuição de concessões de veículos de comunicação a grupos políticos?
E também isso. É uma lição difícil, mas necessária. Por que grupos políticos têm que deter canais variados de comunicação? E também a propriedade cruzada, outro problema que precisa ser discutido. Por que o grupo detém um sistema de comunicação de cabo a rabo? Toda essa regulamentação que estamos falando é necessária, existe em outros países. Nos países democráticos, ela existe de maneira rigorosa. Quando se fala em regulação, se quer fazer correlação com censura, essas besteiras. Não tem nada a ver. Na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, há regulação. Inclusive, nesses países, existe um setor estatal televisivo forte, é outra discussão. Não tem problema nenhuma. É algo extremamente necessário, previsto na Constituição.
Qual é o posicionamento da Frente sobre a proposta do novo marco regulatório das comunicações e sobre o Plano Nacional de Banda Larga?
O Plano Nacional de Banda Larga já está em processo e tem nosso mais completo apoio, é algo absolutamente essencial. Estamos discutindo isso e queremos que ele seja acelerado porque é uma conquista da cidadania.
Queremos discutir o novo marco regulatório da mídia no Brasil. O código vigente de regulamentação é de 1962. O marco regulatório, na hora em que chegar à Câmara, nós vamos ver o que ele tem exatamente. Conversei recentemente com o ministro Franklin Martins, mas ele, por enquanto, não fala, se considera em quarentena, como de fato está, é da legalidade. Mas há um projeto nas mãos do ministro Paulo Bernardo que deve abarcar todos esses temas. O fato de o código brasileiro de telecomunicações ser de 1962 indica a caducidade da nossa legislação. Há quase 50 anos, quando esse cenário midiático era completamente outro, quando importante eram jornais e rádios. A televisão não tinha importância. Hoje, estamos em tempos de convergência digital, com um quadro totalmente distinto, com um papel extraordinário da comunicação eletrônica. Com um celular, você pode ter o mundo à mão.
Precisamos tratar dessa situação nova da mídia no Brasil. Para garantir força, por exemplo, para rádios comunitárias também, força a um setor público de comunicação, ampliar o leque de proprietários da mídia, permitir que múltiplas vozes estejam presentes nos discursos no Brasil. Não podem três ou quatro famílias ser as formuladoras da interpretação do Brasil sozinhas. Elas podem estar presentes, e estarão, mas é preciso que outras vozes estejam também.
Por que o senhor considera que a mídia nacional não é democrática?
Tenho uma posição clara, o que nossa Frente vai definir exatamente é uma coisa do consenso conquistado entre seus parlamentares. Nossa mídia tradicional, o grupo central da mídia hegemônica do Brasil, tem uma posição política não democrática. É só pegarmos a história recente do País, que vem de Getúlio para cá, se quisermos, e vamos observar essa mídia hegemônica atuando numa linha diversa da vida democrática. Há o livro do Flávio Tavares, O Dia em que Getúlio Matou Allende, em que ele revela como a mídia lutou para derrubar Getúlio, um governo democrático. Depois, como ela interfere diretamente para que o golpe militar ocorra. A mídia hegemônica participa diretamente da articulação do golpe.
Grupos hegemônicos que continuam até hoje?
Que continuam até hoje. Participam da articulação do golpe. Depois sua conivência, sua complacência com a ditadura. Está lá no livro do Bernardo Kucinski, Jornalistas e Revolucionários: Nos Tempos da Imprensa Alternativa. Ou em Os Cães de Guarda, da Beatriz Kushnir, um livro excepcional, que analisa a trajetória do Grupo Folha e sua relação com a ditadura.
Depois, vem o Collor e a força do encontro amoroso entre ele e a mídia, todo mundo sabe disso. Fiz um livro sobre isso, Imprensa e Poder: Ligações Perigosas. Mais tarde, vem a relação também profundamente acumpliciada entre a mídia e o Fernando Henrique, absolutamente amorosa também. Quando chega o Lula, há o combate sistemático, cotidiano, contra o projeto reformista e democrático de Lula e do Partido dos Trabalhadores.
Parte da mídia não era apaixonada por Lula também não?
Na mídia onde? Se você me indicar alguém... Não tem! A mídia tem uma voz uníssona. Claro, cito exceções. O Terra sempre foi correto na cobertura. Caros Amigos? CartaCapital? Posso citar assim, mas, de resto, ela tem posição claríssima de combate ao Lula. Ela tem outro projeto político. Sempre digo que a mídia hegemônica e central, no Brasil, tem projeto político para o País, sempre teve. Ela sempre teve projeto político, e não podia ser o do Getúlio. Qualquer projeto reformista, ela é contra. Tem posição política, tem programa para o Brasil.
Os editoriais dos grandes jornais, no dia em que o Collor saiu (da Presidência da República), diziam: nós consideramos que era o melhor projeto para o Brasil, infelizmente ele teve que sair. Embora ali ela tivesse um papel. Porque compreendeu que ele não construiu o consenso político. Depois, esse projeto foi levado à frente pelo Fernando Henrique.
Na campanha passada, essa mídia tinha um candidato, que era o (José) Serra. A ponto de demitir gente que não concordava, cite-se o caso da (colunista) Maria Rita Kehl, que foi demitida pelo Estadão. Se a mídia dissesse "temos uma candidatura, vamos fazer um combate", como fizeram, tudo muito bem, mas não, fica a ideia de que há cobertura. Não tem cobertura. Tem posição política. É isso que precisamos discutir no Brasil. Que se permita a emergência de muitas vozes na cena nacional, que se possibilite fazer o contraponto ou que seja parte da democratização da vida brasileira. Se não, fica apenas uma visão das coisas. É preciso uma mídia policêntrica, e não um pensamento único. O mundo eletrônico, com portais e tantos blogs, já começam a possibilitar essas vozes. Tudo isso vai contrabalançando, mas ainda é preciso ir muito além e ampliar o número de vozes na mídia.
Fonte: Terra Magazine.
POLÍTICA - A história se repete.
FHC, em 2011, repete o brigadeiro Eduardo Gomes em 1945.
Pedro do Coutto
Excelente reportagem de Daniela Lima, Folha de São Paulo de 12 de abril, focaliza os pontos essenciais do manifesto que o ex presidente Fernando Henrique Cardoso colocou no site interesse nacional.uol.com.br, afirmando que a oposição (PSDB-DEM-PPS) precisa partir para conquistar a classe média nas ruas e nas urnas e esquecer a tentativa de se aproximar do povão. Está no texto com todas as letras a palavra povão. Assim agindo, Fernando Henrique repete o clamoroso erro cometido pelo brigadeiro Eduardo Gomes, candidato a presidente da República pela UDN, nas eleições de dezembro de 1945 que marcaram o fim da ditadura de Vargas instituída em novembro de 1937.
Vargas, a muito custo, terminou apoiando o general Eurico Dutra, que fora seu ministro do Exército, e a ele transferiu os votos mais que necessários à sua vitória. Mais que necessários – vale acentuar para as novas gerações – por dois motivos: 1) não existia a exigência de maioria absoluta; 2) Dutra alcançou 52% da votação. Mas eu falava no erro, aliás tremendo, do brigadeiro Eduardo Gomes, que deu margem a uma interpretação que lhe foi desastrosa.
Ao participar de um encontro comício em São Paulo, o candidato udenista, apoiado por Carlos Lacerda, então redator de primeira linha do Correio da Manhã, afirmou que não queria o voto dos marmiteiros. Marmiteiro era sinônimo de picareta, aproveitador, desonesto, falsificador vulgar. Mas marmiteiros eram também os operários que levavam (muitos levam até hoje) suas refeições para comer nos intervalos da jornada de trabalho. As duas expressões, inclusive, se incorporaram à música popular brasileira da época.
Eduardo Gomes, claro, não quis ofender os grupos de menor renda, os proletários. Mas o empresário Hugo Borghi, varguista, que depois foi deputado pelo PTB, imprimiu grande quantidade de cartazes com a frase e eles funcionaram como uma bomba junto ao operariado do país. Naquele tempo não havia fotocópia, quanto mais xerox. O brigadeiro não conseguiu corrigir a versão. Usou a palavra errada no contexto errado, foi vítima de si mesmo. Esqueceu que a grande maioria do eleitorado era de multidões pobres.
Fernando Henrique, no seu documento, por seu turno, esqueceu a realidade: a enorme maioria dos eleitores do país continua formada por pessoas de baixa renda. Ao se referir à necessidade de a oposição a Lula e a Dilma esquecer o povão, não levou em conta a divisão dos votantes por grupos sociais. Deveria, antes de mais nada, consultar o Ibope e o Datafolha. Ou então o IBGE. Veria que dois terços do eleitorado abrangem aqueles que ganham por mês de 1 a 4 salários mínimos. Formam o povão a que se referiu, de maneira excludente. Basta dizer que, no Brasil, de acordo com o IBGE, 27% da mão de obra ativa ganham apenas o salário mínimo. A maioria absoluta não passa de dois pisos salariais.
Francamente, a declaração representou um desastre igual àquele do brigadeiro Eduardo Gomes. Me lembrei também do erro fatal de Fernando Gabeira, que só não venceu a eleição para prefeito do Rio em 2008 porque fez uma afirmação infeliz, desabonadora
e agressiva contra os que moram nos subúrbios do Rio.
FHC, no relato de Daniela Lima, identifica o surgimento de nova classe média no país. Em primeiro lugar, ela existe? Em segundo: se ela existe, deve-se à política salarial do ex-presidente Lula, mantida por Dilma. Não em consequência da que ele adotou de Janeiro de 95 a Dezembro de 2001. Quando os salários perderam para a inflação. Agora pelo menos eles empatam.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Pedro do Coutto
Excelente reportagem de Daniela Lima, Folha de São Paulo de 12 de abril, focaliza os pontos essenciais do manifesto que o ex presidente Fernando Henrique Cardoso colocou no site interesse nacional.uol.com.br, afirmando que a oposição (PSDB-DEM-PPS) precisa partir para conquistar a classe média nas ruas e nas urnas e esquecer a tentativa de se aproximar do povão. Está no texto com todas as letras a palavra povão. Assim agindo, Fernando Henrique repete o clamoroso erro cometido pelo brigadeiro Eduardo Gomes, candidato a presidente da República pela UDN, nas eleições de dezembro de 1945 que marcaram o fim da ditadura de Vargas instituída em novembro de 1937.
Vargas, a muito custo, terminou apoiando o general Eurico Dutra, que fora seu ministro do Exército, e a ele transferiu os votos mais que necessários à sua vitória. Mais que necessários – vale acentuar para as novas gerações – por dois motivos: 1) não existia a exigência de maioria absoluta; 2) Dutra alcançou 52% da votação. Mas eu falava no erro, aliás tremendo, do brigadeiro Eduardo Gomes, que deu margem a uma interpretação que lhe foi desastrosa.
Ao participar de um encontro comício em São Paulo, o candidato udenista, apoiado por Carlos Lacerda, então redator de primeira linha do Correio da Manhã, afirmou que não queria o voto dos marmiteiros. Marmiteiro era sinônimo de picareta, aproveitador, desonesto, falsificador vulgar. Mas marmiteiros eram também os operários que levavam (muitos levam até hoje) suas refeições para comer nos intervalos da jornada de trabalho. As duas expressões, inclusive, se incorporaram à música popular brasileira da época.
Eduardo Gomes, claro, não quis ofender os grupos de menor renda, os proletários. Mas o empresário Hugo Borghi, varguista, que depois foi deputado pelo PTB, imprimiu grande quantidade de cartazes com a frase e eles funcionaram como uma bomba junto ao operariado do país. Naquele tempo não havia fotocópia, quanto mais xerox. O brigadeiro não conseguiu corrigir a versão. Usou a palavra errada no contexto errado, foi vítima de si mesmo. Esqueceu que a grande maioria do eleitorado era de multidões pobres.
Fernando Henrique, no seu documento, por seu turno, esqueceu a realidade: a enorme maioria dos eleitores do país continua formada por pessoas de baixa renda. Ao se referir à necessidade de a oposição a Lula e a Dilma esquecer o povão, não levou em conta a divisão dos votantes por grupos sociais. Deveria, antes de mais nada, consultar o Ibope e o Datafolha. Ou então o IBGE. Veria que dois terços do eleitorado abrangem aqueles que ganham por mês de 1 a 4 salários mínimos. Formam o povão a que se referiu, de maneira excludente. Basta dizer que, no Brasil, de acordo com o IBGE, 27% da mão de obra ativa ganham apenas o salário mínimo. A maioria absoluta não passa de dois pisos salariais.
Francamente, a declaração representou um desastre igual àquele do brigadeiro Eduardo Gomes. Me lembrei também do erro fatal de Fernando Gabeira, que só não venceu a eleição para prefeito do Rio em 2008 porque fez uma afirmação infeliz, desabonadora
e agressiva contra os que moram nos subúrbios do Rio.
FHC, no relato de Daniela Lima, identifica o surgimento de nova classe média no país. Em primeiro lugar, ela existe? Em segundo: se ela existe, deve-se à política salarial do ex-presidente Lula, mantida por Dilma. Não em consequência da que ele adotou de Janeiro de 95 a Dezembro de 2001. Quando os salários perderam para a inflação. Agora pelo menos eles empatam.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
POLÍTICA - Grande FHC!
Escreveu que o PSDB devia esquecer o POVÃO, a repercussão NEGATIVA foi total. Pediu novamente que deviam esquecer o que falou, “não leram até o fim e não entenderam”. Ha!Ha!Ha!
Helio Fernandes
Há muito tempo, FHC escreveu assim que tomou posse: “Esqueçam o que escrevi”. Tinha toda razão, é um metódico revelador de bobagens. Agora, diz para “o PSDB esquecer o povão”. A repercussão foi péssima, já está acostumado a se desmentir. Cada vez mais mistificador, ou tão mistificador quanto Sarney.
Sem o menor constrangimento, o ex-presidente brada: “Devem ler até o fim, só leram uma parte, assim não entenderam nada”. Desculpe, FHC, mas querer que alguém leia uma parte do que você imagina já é exagero, quanto mais ler tudo?
FHC aproveitou para lembrar, aplaudir, ovacionar a si mesmo, disse sem constrangimento: “Derrotei o Lula duas vezes, sempre no primeiro turno”.
***
PS – Três objetivos. 1 – Exaltar a si mesmo, o que não estava em causa. 2 – Deixar bem claro: “Eu sou vitorioso. Você, Serra, e você, Alckmin, foram derrotados, eu sempre vitorioso”.
PS2 – Tripudiar sobre Lula, que está bem longe dele.FHC esqueceu que em 1994 considerava que Lula era tão invencível que reduziu o imaginável mandato dele, de cinco para quatro anos.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Helio Fernandes
Há muito tempo, FHC escreveu assim que tomou posse: “Esqueçam o que escrevi”. Tinha toda razão, é um metódico revelador de bobagens. Agora, diz para “o PSDB esquecer o povão”. A repercussão foi péssima, já está acostumado a se desmentir. Cada vez mais mistificador, ou tão mistificador quanto Sarney.
Sem o menor constrangimento, o ex-presidente brada: “Devem ler até o fim, só leram uma parte, assim não entenderam nada”. Desculpe, FHC, mas querer que alguém leia uma parte do que você imagina já é exagero, quanto mais ler tudo?
FHC aproveitou para lembrar, aplaudir, ovacionar a si mesmo, disse sem constrangimento: “Derrotei o Lula duas vezes, sempre no primeiro turno”.
***
PS – Três objetivos. 1 – Exaltar a si mesmo, o que não estava em causa. 2 – Deixar bem claro: “Eu sou vitorioso. Você, Serra, e você, Alckmin, foram derrotados, eu sempre vitorioso”.
PS2 – Tripudiar sobre Lula, que está bem longe dele.FHC esqueceu que em 1994 considerava que Lula era tão invencível que reduziu o imaginável mandato dele, de cinco para quatro anos.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
ECONOMIA - Filme "Inside Job"
Do BLOG DO MELLO.
Por dentro do jogo sujo do mercado: como agem, como manipulam, como quebram empresas e países. E como lucram!
"Inside Job" é um filme sensacional. Ele revela as entranhas do funcionamento do mercado. E o cinismo dos agentes financeiros. Infelizmente, o filme é pouco comentado, quando deveria ser exibido na TV aberta. Sindicatos, partidos políticos, associações, todos deveriam promover reuniões para discutir o filme e o que ele denuncia: como se formou a crise que quase levou o mundo à bancarrota. Uma crise que quebrou países, empresas, levou milhões de pessoas ao desemprego, a perderem suas casas, saúde, dignidade. A passarem fome.
Os responsáveis por tudo isso lucraram bilhões de dólares. Pior ainda: seguem impunes. E no comando. Muitos dos maiores responsáveis pela crise fazem parte do governo Obama.
Fiz uma resumão de "Inside Job", de menos de 12 minutos, para que você tenha ideia de como tudo se passou. Como eles ofereciam papéis a seus clientes e em seguida apostavam contra os próprios papéis indicados. Como criavam pacotes especialmente para enganar os trouxas. E esses pacotes ganham o triple A das agências classificadoras de risco.
Já denunciei a manipulação dessas agências de rating aqui, com trechos que também retirei de "Inside Job".
Dê uma olhada no resumão. Depois, veja o filme completo. Vale a pena.
Por dentro do jogo sujo do mercado: como agem, como manipulam, como quebram empresas e países. E como lucram!
"Inside Job" é um filme sensacional. Ele revela as entranhas do funcionamento do mercado. E o cinismo dos agentes financeiros. Infelizmente, o filme é pouco comentado, quando deveria ser exibido na TV aberta. Sindicatos, partidos políticos, associações, todos deveriam promover reuniões para discutir o filme e o que ele denuncia: como se formou a crise que quase levou o mundo à bancarrota. Uma crise que quebrou países, empresas, levou milhões de pessoas ao desemprego, a perderem suas casas, saúde, dignidade. A passarem fome.
Os responsáveis por tudo isso lucraram bilhões de dólares. Pior ainda: seguem impunes. E no comando. Muitos dos maiores responsáveis pela crise fazem parte do governo Obama.
Fiz uma resumão de "Inside Job", de menos de 12 minutos, para que você tenha ideia de como tudo se passou. Como eles ofereciam papéis a seus clientes e em seguida apostavam contra os próprios papéis indicados. Como criavam pacotes especialmente para enganar os trouxas. E esses pacotes ganham o triple A das agências classificadoras de risco.
Já denunciei a manipulação dessas agências de rating aqui, com trechos que também retirei de "Inside Job".
Dê uma olhada no resumão. Depois, veja o filme completo. Vale a pena.
Capitalismo from Blog do Mello on Vimeo.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
ANOS DE CHUMBO - A prisão do algoz de Che Guevara.
Por raq_uel
Do Opera Mundi
13/04/2011 - 20:19 | Efe | La Paz
Justiça boliviana determina prisão de militar que capturou Che Guevara.
Um juiz boliviano ordenou a prisão do general Gary Prado Salmón, responsável pela captura do revolucionário argentino Ernesto Che Guevara em 1967. Ele é acusado de participar de um complô contra o presidente Evo Morales em 2009, informou nesta quarta-feira (13/04) o advogado e filho do militar, Gary Prado Arauz.
A sentença foi emitida pelo juiz Rolando Sarmiento, que considerou Prado Salmón um "rebelde" por não comparecer às audiências do caso, iniciado nesta semana no departamento de Cochabamba, centro da Bolívia. O militar mora no departamento de Santa Cruz, ao leste do país.
O caso veio à tona em 2009, com uma polêmica operação policial em Santa Cruz, que culminou na morte do húngaro-croata-boliviano Eduardo Rózsa, suposto chefe da trama - junto a um romeno e um irlandês -, e com a prisão do húngaro Elöd Tóaso e do boliviano-croata Mario Tadic.
Prado Arauz afirmou que, desde 2009, os médicos certificaram que seu pai não pode viajar para cidades com uma altitude superior a dois mil metros porque sofre de problemas cardíacos. Por isso, ele estaria arriscando a vida ao se deslocar para Cochabamba, a 2.558 metros acima do nível do mar.
"Querem trazê-lo à força. Será sob a responsabilidade do governo", disse o filho e advogado. O julgamento possui 39 réus, entre eles alguns empresários e líderes políticos de oposição.
Gary Prado Salmón capturou Che Guevara em outubro de 1967, em uma operação militar na Bolívia que resultou em sua morte. Desde 1981, o militar vive numa cadeira de rodas por causa de um tiro supostamente acidental dado por outro oficial durante uma operação. Desde 2009, por causa da denúncia sobre o suposto complô contra Morales, Prado Salmón vive em prisão domiciliar.
Do Opera Mundi
13/04/2011 - 20:19 | Efe | La Paz
Justiça boliviana determina prisão de militar que capturou Che Guevara.
Um juiz boliviano ordenou a prisão do general Gary Prado Salmón, responsável pela captura do revolucionário argentino Ernesto Che Guevara em 1967. Ele é acusado de participar de um complô contra o presidente Evo Morales em 2009, informou nesta quarta-feira (13/04) o advogado e filho do militar, Gary Prado Arauz.
A sentença foi emitida pelo juiz Rolando Sarmiento, que considerou Prado Salmón um "rebelde" por não comparecer às audiências do caso, iniciado nesta semana no departamento de Cochabamba, centro da Bolívia. O militar mora no departamento de Santa Cruz, ao leste do país.
O caso veio à tona em 2009, com uma polêmica operação policial em Santa Cruz, que culminou na morte do húngaro-croata-boliviano Eduardo Rózsa, suposto chefe da trama - junto a um romeno e um irlandês -, e com a prisão do húngaro Elöd Tóaso e do boliviano-croata Mario Tadic.
Prado Arauz afirmou que, desde 2009, os médicos certificaram que seu pai não pode viajar para cidades com uma altitude superior a dois mil metros porque sofre de problemas cardíacos. Por isso, ele estaria arriscando a vida ao se deslocar para Cochabamba, a 2.558 metros acima do nível do mar.
"Querem trazê-lo à força. Será sob a responsabilidade do governo", disse o filho e advogado. O julgamento possui 39 réus, entre eles alguns empresários e líderes políticos de oposição.
Gary Prado Salmón capturou Che Guevara em outubro de 1967, em uma operação militar na Bolívia que resultou em sua morte. Desde 1981, o militar vive numa cadeira de rodas por causa de um tiro supostamente acidental dado por outro oficial durante uma operação. Desde 2009, por causa da denúncia sobre o suposto complô contra Morales, Prado Salmón vive em prisão domiciliar.
POLÍTICA - Fim do sigilo eterno dos documentos.
Da Folha
Dilma determina o fim do sigilo eterno de documentos.
Presidente dá ordem para que base aprove lei de acesso a papéis secretos
Medida pode revelar o conteúdo de telegramas diplomáticos, relatórios da ditadura militar e até da Guerra do Paraguai
FERNANDO RODRIGUES
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff determinou o fim do sigilo eterno dos documentos classificados como ultrassecretos. Ela ordenou que a base do governo acelere no Senado a aprovação do projeto de lei de direito de acesso a informações públicas, já aprovado na Câmara.
A ideia do Planalto é sancionar o texto no Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, data celebrada anualmente em 3 de maio pela ONU.
Todo documento considerado sigiloso recebe um grau de classificação. Cabe à autoridade ou ao órgão que produziu o documento estabelecer o grau de sigilo.
No passado, o governo federal considerou sigilosos telegramas diplomáticos, documentos do período da ditadura e da Guerra do Paraguai, entre outros.
Hoje, documentos públicos classificados como ultrassecretos ficam em sigilo até 30 anos, mas esse prazo pode ser renovado indefinidamente. A política foi adotada pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
VOTO VENCIDO
O projeto de lei em análise foi enviado ao Congresso em 2009. Embora reduzisse a brecha para o sigilo eterno, mantinha o dispositivo. O texto saiu da Casa Civil, quando Dilma era ministra.
À época, Lula arbitrou em favor de setores do governo favoráveis ao sigilo eterno, Itamaraty e Defesa. Dilma foi voto vencido e não se opôs.
A Câmara aprovou o texto no ano passado, mas derrubou as renovações sucessivas de sigilo. Pela nova regra, os papéis ficarão longe do público se forem reservados (5 anos), secretos (15 anos) e ultrassecretos (25 anos).
Apenas os ultrassecretos poderão ter uma única renovação do prazo. Com a aprovação da lei, nenhum papel ficará por mais de 50 anos com acesso restrito.
Quando a Câmara introduziu essa alteração em 2010, o Planalto, ainda sob Lula, imaginou que o dispositivo do sigilo eterno seria restaurado no Senado. Mas, no início deste mês, Dilma determinou que o governo não fizesse carga nessa área.
MUDANÇA DE TOM
Uma indicação da disposição de Dilma foi vista ontem no Senado. O relator do projeto de lei de acesso, o governista Walter Pinheiro (PT-BA), propôs aprovar o texto tal qual veio da Câmara.
Ontem, durante audiência pública no Senado, o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) também pronunciou-se favorável ao fim do sigilo.
A expectativa é que o projeto seja classificado como urgente e tramite diretamente no plenário do Senado.
Há ainda um aspecto redacional não resolvido no texto. Ao ser alterado na Câmara, o projeto determinou a criação da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, composta por integrantes dos Três Poderes.
Essa comissão teria o poder, por exemplo, de reavaliar casos de documentos classificados como ultrassecretos. Técnicos legislativos no Senado consideraram essa mistura inconstitucional.
Dilma determina o fim do sigilo eterno de documentos.
Presidente dá ordem para que base aprove lei de acesso a papéis secretos
Medida pode revelar o conteúdo de telegramas diplomáticos, relatórios da ditadura militar e até da Guerra do Paraguai
FERNANDO RODRIGUES
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff determinou o fim do sigilo eterno dos documentos classificados como ultrassecretos. Ela ordenou que a base do governo acelere no Senado a aprovação do projeto de lei de direito de acesso a informações públicas, já aprovado na Câmara.
A ideia do Planalto é sancionar o texto no Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, data celebrada anualmente em 3 de maio pela ONU.
Todo documento considerado sigiloso recebe um grau de classificação. Cabe à autoridade ou ao órgão que produziu o documento estabelecer o grau de sigilo.
No passado, o governo federal considerou sigilosos telegramas diplomáticos, documentos do período da ditadura e da Guerra do Paraguai, entre outros.
Hoje, documentos públicos classificados como ultrassecretos ficam em sigilo até 30 anos, mas esse prazo pode ser renovado indefinidamente. A política foi adotada pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
VOTO VENCIDO
O projeto de lei em análise foi enviado ao Congresso em 2009. Embora reduzisse a brecha para o sigilo eterno, mantinha o dispositivo. O texto saiu da Casa Civil, quando Dilma era ministra.
À época, Lula arbitrou em favor de setores do governo favoráveis ao sigilo eterno, Itamaraty e Defesa. Dilma foi voto vencido e não se opôs.
A Câmara aprovou o texto no ano passado, mas derrubou as renovações sucessivas de sigilo. Pela nova regra, os papéis ficarão longe do público se forem reservados (5 anos), secretos (15 anos) e ultrassecretos (25 anos).
Apenas os ultrassecretos poderão ter uma única renovação do prazo. Com a aprovação da lei, nenhum papel ficará por mais de 50 anos com acesso restrito.
Quando a Câmara introduziu essa alteração em 2010, o Planalto, ainda sob Lula, imaginou que o dispositivo do sigilo eterno seria restaurado no Senado. Mas, no início deste mês, Dilma determinou que o governo não fizesse carga nessa área.
MUDANÇA DE TOM
Uma indicação da disposição de Dilma foi vista ontem no Senado. O relator do projeto de lei de acesso, o governista Walter Pinheiro (PT-BA), propôs aprovar o texto tal qual veio da Câmara.
Ontem, durante audiência pública no Senado, o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) também pronunciou-se favorável ao fim do sigilo.
A expectativa é que o projeto seja classificado como urgente e tramite diretamente no plenário do Senado.
Há ainda um aspecto redacional não resolvido no texto. Ao ser alterado na Câmara, o projeto determinou a criação da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, composta por integrantes dos Três Poderes.
Essa comissão teria o poder, por exemplo, de reavaliar casos de documentos classificados como ultrassecretos. Técnicos legislativos no Senado consideraram essa mistura inconstitucional.
POLÍTICA - Tucano sem plumas, penas e bicos.
Carlos Chagas
Dessa vez o sociólogo quebrou a cara. Não encontrou um tucano, sequer, que concordasse com sua proposta elitista para o PSDB, de dedicar-se à classe média, esquecendo o povão. Muito menos os aliados do DEM e do PPS admitiram a distorção. Alguns com jeito, como Aécio Neves, opinaram que Fernando Henrique foi mal interpretado. Outros, como José Serra, exigiram mais clareza e coerência por parte do companheiro. ACM Neto quer as oposições na rua, dialogando com as camadas menos favorecidas, e José Agripino Maia simplesmente discordou e desautorizou o ex-presidente. Roberto Freire foi adiante e afirmou que não contem com os ex-comunistas para excluir as massas.
FHC insistiu no equívoco, durante palestra realizada no interior do Paraná. Rendeu-se ao PT, na medida em que os companheiros dominam a área sindical e dispõem do apoio da população carente. Insistiu em que o PSDB deve voltar-se para camadas pouco representadas no universo político, como a classe média.
A conclusão surge óbvia: durante os oito anos de seu reinado, o governo esqueceu o andar de baixo, perdendo um tempo precioso que o Lula recuperou em seus dois mandatos. Não será repetindo os erros do passado que os tucanos chegarão ao poder. Nem em 2014 nem depois, se ainda tiverem asas para voar. Felizmente para eles, só um parece sem plumas, penas e bicos.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Dessa vez o sociólogo quebrou a cara. Não encontrou um tucano, sequer, que concordasse com sua proposta elitista para o PSDB, de dedicar-se à classe média, esquecendo o povão. Muito menos os aliados do DEM e do PPS admitiram a distorção. Alguns com jeito, como Aécio Neves, opinaram que Fernando Henrique foi mal interpretado. Outros, como José Serra, exigiram mais clareza e coerência por parte do companheiro. ACM Neto quer as oposições na rua, dialogando com as camadas menos favorecidas, e José Agripino Maia simplesmente discordou e desautorizou o ex-presidente. Roberto Freire foi adiante e afirmou que não contem com os ex-comunistas para excluir as massas.
FHC insistiu no equívoco, durante palestra realizada no interior do Paraná. Rendeu-se ao PT, na medida em que os companheiros dominam a área sindical e dispõem do apoio da população carente. Insistiu em que o PSDB deve voltar-se para camadas pouco representadas no universo político, como a classe média.
A conclusão surge óbvia: durante os oito anos de seu reinado, o governo esqueceu o andar de baixo, perdendo um tempo precioso que o Lula recuperou em seus dois mandatos. Não será repetindo os erros do passado que os tucanos chegarão ao poder. Nem em 2014 nem depois, se ainda tiverem asas para voar. Felizmente para eles, só um parece sem plumas, penas e bicos.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
POLÍTICA - FHC: "Contra o povão".
Helio Fernandes
Analistas desinformados e tituleiros apressados, rotularam assim a declaração do ex-presidente. Ele é elitista por formação, vocação e convicção. Sociólogo com livro de estranha “parceria”. Patrocinado pela Fundação Ford. Fingindo de cassado, mas sendo o único que se dizia “atingido”, disputou eleição em 1978, em plena ditadura, começando a carreira.
Na verdade, FHC nunca teve nada a ver com o “povão”. Mas a declaração de agora tem como objetivo atingir Serra, Alckmin e Aecio, nessa ordem ou na inversa. Pela inveja, pela decepção ou frustração, odiaria, que palavra, que algum deles chegasse ao Poder. Principalmente: estaria com 85 anos, não poderia acreditar numa recompensa.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Analistas desinformados e tituleiros apressados, rotularam assim a declaração do ex-presidente. Ele é elitista por formação, vocação e convicção. Sociólogo com livro de estranha “parceria”. Patrocinado pela Fundação Ford. Fingindo de cassado, mas sendo o único que se dizia “atingido”, disputou eleição em 1978, em plena ditadura, começando a carreira.
Na verdade, FHC nunca teve nada a ver com o “povão”. Mas a declaração de agora tem como objetivo atingir Serra, Alckmin e Aecio, nessa ordem ou na inversa. Pela inveja, pela decepção ou frustração, odiaria, que palavra, que algum deles chegasse ao Poder. Principalmente: estaria com 85 anos, não poderia acreditar numa recompensa.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
POLÍTICA - FHC desagrada até os tucanos.
FHC desagrada a tucanos e escancara viés elitista do PSDB
O polêmico artigo “O Papel da Oposição”, assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e divulgado nesta terça-feira (12), constrangeu lideranças do PSDB e acirrou a crise dos partidos oposicionistas. Num momento em que tucanos como o governador Geraldo Alckmin (SP) e o senador Aécio Neves (MG) tentam se aproximar das centrais sindicais e de segmentos populares, FHC apregoa, no texto, que o PSDB deve abrir mão tanto dos movimentos sociais quanto do “povão”.
Por André Cintra
“As oposições se baseiam em partidos não propriamente mobilizadores de massas. A definição de qual é o outro público a ser alcançado pelas oposições e como fazer para chegar até ele e ampliar a audiência crítica é fundamental”, escreve o ex-presidente. Segundo ele, o PSDB tem de dialogar com “toda uma gama de classes médias” — único público que, a seu ver, não sofre a influência do “lulopetismo”.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”, dispara FHC, numa crítica indireta aos atuais governadores e parlamentares tucanos. Para o ex-presidente, o governo Lula “aparelhou” e “cooptou” as centrais, “os movimentos organizados da sociedade civil”, as “massas carentes” e até a grande mídia (“com as verbas publicitárias”).
A reação ao artigo foi imediata. Acostumados a criticar as opiniões de FHC apenas nos bastidores, vários tucanos expressaram, publicamente, divergências frontais com o texto. Também o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), rebateu o ex-presidente e declarou que a oposição deve “sair do Congresso e ganhar as ruas”, para “ampliar sua capacidade de se comunicar com todos os segmentos sociais”.
Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a “sensibilidade social” de uma legenda partidária “deve estar voltada justamente às camadas mais pobres da população. Essas camadas devem ser a prioridade do partido”. O desafio, segundo Dias, é “encontrar meios de falar às camadas mais pobres” sem passar pelos movimentos sociais.
Aécio Neves avalia que o PSDB precisa “se inserir no Nordeste" e se aproximar nacionalmente dos movimentos sociais. De acordo com senador, os tucanos já conseguiram tal feito em Minas Gerais — opinião mais do que discutível, já que, nas eleições presidenciais de 2010, o eleitorado mineiro preferiu Dilma Rousseff a José Serra (58,45% a 41,55%).
O artigo de FHC, de quebra, alimentou a imagem elitista do tucanato. Na opinião do jornalista José Roberto de Toledo, o texto “ficará lembrado como um reforço à imagem de demofobia do PSDB”, especialmente de Fernando Henrique. “A maioria das pessoas, as tais ‘massas carentes e pouco informadas’, vai entender: o PSDB deve esquecer o ‘povão’.”
Para Jairo Nicolau, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, no Rio de Janeiro, “é uma fantasia imaginar uma volta ao poder sem uma base popular”. Fábio Wanderley Reis, da UFRJ, agrega: “É uma abdicação problemática. Um partido existir e governar, na democracia, tem a ver com maiorias. Abdicar do povão é condenar-se a ser minoria sempre”.
O sociólogo Humberto Dantas é mais taxativo. Ao comentar a expressão “pouco informadas” — usada por FHC —, ele aconselha o ex-presidente a "se perguntar o que o PSDB tem feito para educar politicamente esses eleitores". E emenda: “Ao invés de abandonar o povão, candidatando-se a continuar oposição, o partido deveria entender o que esse povão quer e por que ele tem apoiado as políticas do governo.”
O polêmico artigo “O Papel da Oposição”, assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e divulgado nesta terça-feira (12), constrangeu lideranças do PSDB e acirrou a crise dos partidos oposicionistas. Num momento em que tucanos como o governador Geraldo Alckmin (SP) e o senador Aécio Neves (MG) tentam se aproximar das centrais sindicais e de segmentos populares, FHC apregoa, no texto, que o PSDB deve abrir mão tanto dos movimentos sociais quanto do “povão”.
Por André Cintra
“As oposições se baseiam em partidos não propriamente mobilizadores de massas. A definição de qual é o outro público a ser alcançado pelas oposições e como fazer para chegar até ele e ampliar a audiência crítica é fundamental”, escreve o ex-presidente. Segundo ele, o PSDB tem de dialogar com “toda uma gama de classes médias” — único público que, a seu ver, não sofre a influência do “lulopetismo”.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”, dispara FHC, numa crítica indireta aos atuais governadores e parlamentares tucanos. Para o ex-presidente, o governo Lula “aparelhou” e “cooptou” as centrais, “os movimentos organizados da sociedade civil”, as “massas carentes” e até a grande mídia (“com as verbas publicitárias”).
A reação ao artigo foi imediata. Acostumados a criticar as opiniões de FHC apenas nos bastidores, vários tucanos expressaram, publicamente, divergências frontais com o texto. Também o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), rebateu o ex-presidente e declarou que a oposição deve “sair do Congresso e ganhar as ruas”, para “ampliar sua capacidade de se comunicar com todos os segmentos sociais”.
Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a “sensibilidade social” de uma legenda partidária “deve estar voltada justamente às camadas mais pobres da população. Essas camadas devem ser a prioridade do partido”. O desafio, segundo Dias, é “encontrar meios de falar às camadas mais pobres” sem passar pelos movimentos sociais.
Aécio Neves avalia que o PSDB precisa “se inserir no Nordeste" e se aproximar nacionalmente dos movimentos sociais. De acordo com senador, os tucanos já conseguiram tal feito em Minas Gerais — opinião mais do que discutível, já que, nas eleições presidenciais de 2010, o eleitorado mineiro preferiu Dilma Rousseff a José Serra (58,45% a 41,55%).
O artigo de FHC, de quebra, alimentou a imagem elitista do tucanato. Na opinião do jornalista José Roberto de Toledo, o texto “ficará lembrado como um reforço à imagem de demofobia do PSDB”, especialmente de Fernando Henrique. “A maioria das pessoas, as tais ‘massas carentes e pouco informadas’, vai entender: o PSDB deve esquecer o ‘povão’.”
Para Jairo Nicolau, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, no Rio de Janeiro, “é uma fantasia imaginar uma volta ao poder sem uma base popular”. Fábio Wanderley Reis, da UFRJ, agrega: “É uma abdicação problemática. Um partido existir e governar, na democracia, tem a ver com maiorias. Abdicar do povão é condenar-se a ser minoria sempre”.
O sociólogo Humberto Dantas é mais taxativo. Ao comentar a expressão “pouco informadas” — usada por FHC —, ele aconselha o ex-presidente a "se perguntar o que o PSDB tem feito para educar politicamente esses eleitores". E emenda: “Ao invés de abandonar o povão, candidatando-se a continuar oposição, o partido deveria entender o que esse povão quer e por que ele tem apoiado as políticas do governo.”
POLÍTICA - FHC acorda oposição com velhas receitas.
BLOG BALAIO do Ricardo Kotscho
Despertada do sono profundo em que se encontrava, a oposição reagiu de forma confusa às palavras de ordem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que acha melhor esquecer o “povão” para investir na nova classe média, como se isso fosse uma grande novidade para os seus aliados.
Desde que nasceu de uma costela do antigo MDB dominado por Orestes Quércia, o PSDB sempre foi um partido das classes médias, distanciado do movimento social, dos sindicatos e dos setores mais populares.
No manifesto “O papel da oposição”, que escreveu para a revista “”Interesse Nacional”, a ser publicada esta semana, FHC incomodou alguns líderes oposicionistas ao constatar que “enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os movimentos sociais ou o povão, isto é, sobre as massas carentes, e pouco informadas, falarão sozinhos”.
Os tucanos, pelo jeito, continuam achando que Lula e Dilma só se elegeram graças aos pobres ignaros que não lêem jornal e recebem alguma ajuda do governo.
Por mais que o sociólogo FHC possa ter razão na sua análise, esta afirmação incomodou até os seus mais fiéis seguidores na elite paulistana. “Ele pode até pensar isso, mas jamais escrever”, comentou comigo um grande empresário, antigo eleitor tucano, que não se conformava com o que chamou de “tremenda bola fora”.
Com todo cuidado, líderes tucanos procuraram explicar o que FHC quis dizer, como o ex-governador de São Paulo José Serra. “O problema do PSDB e da oposição é de rumo, de clareza, de coerência. Como um todo, não se sabe o que o partido defende, nem de que lado está”.
Pelo jeito, está surgindo a oposição da oposição. O sempre bem humorado jornalista Carlos Brickmann comentou logo que o problema da oposição não é encontrar um rumo. “Primeiro, é preciso encontrar a oposição”, sugeriu ele.
O deputado Roberto Freire(PPS-SP), até outro dia abrigado numa boquinha em conselhos municipais paulistanos, antes de o prefeito Gilberto Kassab resolver criar um novo partido, sentiu-se à vontade para corrigir o ex-presidente: “Não vejo na política quem abanone qualquer segmento da sociedade. Há 17 anos, ele foi o candidato que recebeu os votos dos setores pobres”.
O eterno presidente do PPS só se esqueceu que os pobres de 17 anos atrás talvez possam agora ser encontrados justamente na nova classe média que FHC quer cortejar. Do ponto de vista numérico, o ex-presidente não deixa de ter sua razão: no governo Lula, afinal, a classe C passou as classes D e E, tornando o Brasil, pela primeira vez, um país predominantemente de classe média.
Para o presidente do PSDB e grande estrategista político Sergio Guerra, o ex-presidente foi mal interpretado, pois apenas “constatou que é mais fácil para a oposição se comunicar com a classe média do que com os beneficiários do Bolsa Família”. Ah, bom. Agora está tudo esclarecido. O problema, mais uma vez, é só de comunicação. Basta encontrar um novo marqueteiro.
Autor: Ricardo Kotscho
Despertada do sono profundo em que se encontrava, a oposição reagiu de forma confusa às palavras de ordem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que acha melhor esquecer o “povão” para investir na nova classe média, como se isso fosse uma grande novidade para os seus aliados.
Desde que nasceu de uma costela do antigo MDB dominado por Orestes Quércia, o PSDB sempre foi um partido das classes médias, distanciado do movimento social, dos sindicatos e dos setores mais populares.
No manifesto “O papel da oposição”, que escreveu para a revista “”Interesse Nacional”, a ser publicada esta semana, FHC incomodou alguns líderes oposicionistas ao constatar que “enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os movimentos sociais ou o povão, isto é, sobre as massas carentes, e pouco informadas, falarão sozinhos”.
Os tucanos, pelo jeito, continuam achando que Lula e Dilma só se elegeram graças aos pobres ignaros que não lêem jornal e recebem alguma ajuda do governo.
Por mais que o sociólogo FHC possa ter razão na sua análise, esta afirmação incomodou até os seus mais fiéis seguidores na elite paulistana. “Ele pode até pensar isso, mas jamais escrever”, comentou comigo um grande empresário, antigo eleitor tucano, que não se conformava com o que chamou de “tremenda bola fora”.
Com todo cuidado, líderes tucanos procuraram explicar o que FHC quis dizer, como o ex-governador de São Paulo José Serra. “O problema do PSDB e da oposição é de rumo, de clareza, de coerência. Como um todo, não se sabe o que o partido defende, nem de que lado está”.
Pelo jeito, está surgindo a oposição da oposição. O sempre bem humorado jornalista Carlos Brickmann comentou logo que o problema da oposição não é encontrar um rumo. “Primeiro, é preciso encontrar a oposição”, sugeriu ele.
O deputado Roberto Freire(PPS-SP), até outro dia abrigado numa boquinha em conselhos municipais paulistanos, antes de o prefeito Gilberto Kassab resolver criar um novo partido, sentiu-se à vontade para corrigir o ex-presidente: “Não vejo na política quem abanone qualquer segmento da sociedade. Há 17 anos, ele foi o candidato que recebeu os votos dos setores pobres”.
O eterno presidente do PPS só se esqueceu que os pobres de 17 anos atrás talvez possam agora ser encontrados justamente na nova classe média que FHC quer cortejar. Do ponto de vista numérico, o ex-presidente não deixa de ter sua razão: no governo Lula, afinal, a classe C passou as classes D e E, tornando o Brasil, pela primeira vez, um país predominantemente de classe média.
Para o presidente do PSDB e grande estrategista político Sergio Guerra, o ex-presidente foi mal interpretado, pois apenas “constatou que é mais fácil para a oposição se comunicar com a classe média do que com os beneficiários do Bolsa Família”. Ah, bom. Agora está tudo esclarecido. O problema, mais uma vez, é só de comunicação. Basta encontrar um novo marqueteiro.
Autor: Ricardo Kotscho
POLÍTICA - FHC quer ocupar o vácuo de Serra.
UMA LIDERANÇA QUE SE 'EN-SERRA'....
Celso Lungaretti (*)
Durante a última campanha presidencial, cansei de recriminar as baixarias com que José Serra tentou virar um jogo perdido, insultando a inteligência do eleitorado mais sofisticado sem que isto sequer lhe rendesse dividendos junto aos contingentes mais suscetíveis à demagogia rasteira.
A querela sobre o aborto e as suspeitas de totalitarismo ("estado policial") que ele e seu truculento vice tentavam lançar sobre o governo do PT, como se quisessem provocar uma nova Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, só serviram para tornar dupla a derrota: na urna e na imagem dos tucanos.
Fazendo do aborto um cavalo de batalha, repetindo a retórica nefanda das viúvas da ditadura e tentando travestir um incidente banal de campanha em terrível agressão à democracia, Serra se evidenciou:
um político oportunista, capaz de descer até o esgoto para ganhar eleições; e
um péssimo estrategista, pois dilapidou inutilmente a respeitabilidade que ainda lhe restava, depois de já a ter comprometido em muito ao, como governador, ordenar a entrada da brutal tropa de choque da PM no campus da USP, decisão inadimissível e chocante sendo ele um antigo presidente da UNE.
Antigo perseguido político, Serra
reeditou a truculência ditatorial
Vai daí que, no vácuo decorrente do esvaziamento da liderança de Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso procura reafirmar-se como o principal líder do tucanato, capitalizando exatamente os erros cometidos na reta final da campanha presidencial, com análises como esta:
"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão', falarão sozinhos".
Segundo FHC, a presidente Dilma Rousseff tem um estilo "contrastante com o do antecessor" e que "pode envolver parte das classes médias" que "mantiveram certa reserva diante de Lula".
O porrete fracassou,
volta o raposismo...
Então, ele aponta ao PSDB a prioridade de evitar que isto ocorra, disputando com Dilma os corações e mentes da nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos, cuja influência tende a crescer cada vez mais a partir das redes sociais da internet.
Não é à toa que o velho sociólogo chegou à Presidência da República duas vezes, enquanto o velho líder estudantil só alcançou vitórias eleitorais obrigatórias, no Estado que tem sido feudo tucano nas últimas décadas.
Se a oposição agora seguir a batuta de FHC, um ganho haverá para a política brasileira, inclusive para Dilma: ficarão afastadas as hipóteses de turbulência institucional.
Melhor assim, para um país que atravessou mais de um terço do século passado sob ditaduras.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
Celso Lungaretti (*)
Durante a última campanha presidencial, cansei de recriminar as baixarias com que José Serra tentou virar um jogo perdido, insultando a inteligência do eleitorado mais sofisticado sem que isto sequer lhe rendesse dividendos junto aos contingentes mais suscetíveis à demagogia rasteira.
A querela sobre o aborto e as suspeitas de totalitarismo ("estado policial") que ele e seu truculento vice tentavam lançar sobre o governo do PT, como se quisessem provocar uma nova Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, só serviram para tornar dupla a derrota: na urna e na imagem dos tucanos.
Fazendo do aborto um cavalo de batalha, repetindo a retórica nefanda das viúvas da ditadura e tentando travestir um incidente banal de campanha em terrível agressão à democracia, Serra se evidenciou:
um político oportunista, capaz de descer até o esgoto para ganhar eleições; e
um péssimo estrategista, pois dilapidou inutilmente a respeitabilidade que ainda lhe restava, depois de já a ter comprometido em muito ao, como governador, ordenar a entrada da brutal tropa de choque da PM no campus da USP, decisão inadimissível e chocante sendo ele um antigo presidente da UNE.
Antigo perseguido político, Serra
reeditou a truculência ditatorial
Vai daí que, no vácuo decorrente do esvaziamento da liderança de Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso procura reafirmar-se como o principal líder do tucanato, capitalizando exatamente os erros cometidos na reta final da campanha presidencial, com análises como esta:
"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão', falarão sozinhos".
Segundo FHC, a presidente Dilma Rousseff tem um estilo "contrastante com o do antecessor" e que "pode envolver parte das classes médias" que "mantiveram certa reserva diante de Lula".
O porrete fracassou,
volta o raposismo...
Então, ele aponta ao PSDB a prioridade de evitar que isto ocorra, disputando com Dilma os corações e mentes da nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos, cuja influência tende a crescer cada vez mais a partir das redes sociais da internet.
Não é à toa que o velho sociólogo chegou à Presidência da República duas vezes, enquanto o velho líder estudantil só alcançou vitórias eleitorais obrigatórias, no Estado que tem sido feudo tucano nas últimas décadas.
Se a oposição agora seguir a batuta de FHC, um ganho haverá para a política brasileira, inclusive para Dilma: ficarão afastadas as hipóteses de turbulência institucional.
Melhor assim, para um país que atravessou mais de um terço do século passado sob ditaduras.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
POLÍTICA - Dilma na China: João Goulart na névoa do tempo.
Pedro do Coutto
No momento em que a presidente Dilma Rousseff vai à China chefiando comitiva oficial que inclui grandes empresários, para firmar acordos bilaterais importantes com o principal parceiro comercial do Brasil, deve-se lembrar e fazer justiça histórica ao presidente João Goulart. Foi ele o primeiro chefe de estado brasileiro a iniciar entendimentos com Pequim, final de 63, logo após a França de De Gaulle, reconhecer internacionalmente a China de Mao e Chou En Lai como a verdadeira China, e não a República de Formosa de Chan Kai Chek, hoje incorporada ao continente. No ano passado, vendemos para a China 15% de nossas exportações e ela tornou-se a fonte de 14% de nossas importações. Um movimento nos dois sentidos em torno de 50 bilhões de dólares.
Sinal dos tempos, eles mudam. A atuação de Jango merece uma revisão crítica através de um mergulho na névoa do passado. Por ter iniciado relações econômicas com Pequim, e também por haver reatado relações diplomáticas com Moscou, antiga URSS, hoje Rússia, aquele presidente foi acusado de adepto do comunismo pela direita exacerbada. O líder desse corrente, de fato, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, mandou prender sem motivo algum os integrantes da primeira missão chinesa que haviam alugado apartamento na Rua Senador Vergueiro.
Atualmente, por ano, empresas brasileiras, entre elas a Vale, vendem 50 bilhões de dólares e compram cerca de 20 a 25 bilhões, de acordo com o que publicou o Valor em caderno especial encartado na edição de segunda-feira 11. As fronteiras ideológicas desapareceram.
Eram um sofisma. Tanto que o Brasil havia rompido relações com a União Soviética, no governo Eurico Dutra, não vendia nem comprava, mas os Estados Unidos, no auge da guerra fria, compravam e vendiam produtos e serviços para a central internacional do comunismo. Quer dizer: o comunismo ameaçava o Brasil, mas não representava ameaça para os EUA e todo bloco Ocidental. Através da OTAN, Washington instalara mísseis na Turquia apontando para o Leste Europeu.
E quando Kruchev colocou mísseis em Havana apontando para Miami, explodiu a crise. Houve então nova divisão do mundo, à base de áreas de influência. Um novo Tratado de Tordesilhas, referendado pelo Papa Alexandre VI, família Bórgia, mais ou menos em 1490, dividindo espaços de futuras descobertas entre Portugal e Espanha. Kruchev retirou os mísseis de Cuba. John Kennedy retirou os mísseis da Turquia. Este foi o acordo real pouco citado pelos historiadores.
A política tem que ser desenvolvida sobre contextos verdadeiros e conceitos realistas. Fora daí é perder tempo analisá-la somente sob o prisma ideológico. Inglaterra e Estados Unidos eram adversários profundos da URSS. Mas, diante do nazismo, Winston Churchill e Franklin Roosevelt uniram-se a Stálin. A vida é assim. A política principalmente. Ela, como a definiu certa vez De Gaulle, é uma ação firme e forte dentro de idéias claras e simples. Algo extremamente complexo – mexe com a economia e portanto com dinheiro – porém suas formulações têm que ser lógicas.
Lógica, sem a menor dúvida, a viagem de Dilma Rousseff à China. Ela continua a obra de inserção e realismo, no caso brasileiro, iniciada por João Goulart e pelo seu ministro do Exterior, Santiago Dantas. Soprada a névoa do tempo, justiça ao presidente deposto em março de 1964. Foi pioneiro na abertura de uma nova estrada no mundo. Estrada para sempre.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
No momento em que a presidente Dilma Rousseff vai à China chefiando comitiva oficial que inclui grandes empresários, para firmar acordos bilaterais importantes com o principal parceiro comercial do Brasil, deve-se lembrar e fazer justiça histórica ao presidente João Goulart. Foi ele o primeiro chefe de estado brasileiro a iniciar entendimentos com Pequim, final de 63, logo após a França de De Gaulle, reconhecer internacionalmente a China de Mao e Chou En Lai como a verdadeira China, e não a República de Formosa de Chan Kai Chek, hoje incorporada ao continente. No ano passado, vendemos para a China 15% de nossas exportações e ela tornou-se a fonte de 14% de nossas importações. Um movimento nos dois sentidos em torno de 50 bilhões de dólares.
Sinal dos tempos, eles mudam. A atuação de Jango merece uma revisão crítica através de um mergulho na névoa do passado. Por ter iniciado relações econômicas com Pequim, e também por haver reatado relações diplomáticas com Moscou, antiga URSS, hoje Rússia, aquele presidente foi acusado de adepto do comunismo pela direita exacerbada. O líder desse corrente, de fato, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, mandou prender sem motivo algum os integrantes da primeira missão chinesa que haviam alugado apartamento na Rua Senador Vergueiro.
Atualmente, por ano, empresas brasileiras, entre elas a Vale, vendem 50 bilhões de dólares e compram cerca de 20 a 25 bilhões, de acordo com o que publicou o Valor em caderno especial encartado na edição de segunda-feira 11. As fronteiras ideológicas desapareceram.
Eram um sofisma. Tanto que o Brasil havia rompido relações com a União Soviética, no governo Eurico Dutra, não vendia nem comprava, mas os Estados Unidos, no auge da guerra fria, compravam e vendiam produtos e serviços para a central internacional do comunismo. Quer dizer: o comunismo ameaçava o Brasil, mas não representava ameaça para os EUA e todo bloco Ocidental. Através da OTAN, Washington instalara mísseis na Turquia apontando para o Leste Europeu.
E quando Kruchev colocou mísseis em Havana apontando para Miami, explodiu a crise. Houve então nova divisão do mundo, à base de áreas de influência. Um novo Tratado de Tordesilhas, referendado pelo Papa Alexandre VI, família Bórgia, mais ou menos em 1490, dividindo espaços de futuras descobertas entre Portugal e Espanha. Kruchev retirou os mísseis de Cuba. John Kennedy retirou os mísseis da Turquia. Este foi o acordo real pouco citado pelos historiadores.
A política tem que ser desenvolvida sobre contextos verdadeiros e conceitos realistas. Fora daí é perder tempo analisá-la somente sob o prisma ideológico. Inglaterra e Estados Unidos eram adversários profundos da URSS. Mas, diante do nazismo, Winston Churchill e Franklin Roosevelt uniram-se a Stálin. A vida é assim. A política principalmente. Ela, como a definiu certa vez De Gaulle, é uma ação firme e forte dentro de idéias claras e simples. Algo extremamente complexo – mexe com a economia e portanto com dinheiro – porém suas formulações têm que ser lógicas.
Lógica, sem a menor dúvida, a viagem de Dilma Rousseff à China. Ela continua a obra de inserção e realismo, no caso brasileiro, iniciada por João Goulart e pelo seu ministro do Exterior, Santiago Dantas. Soprada a névoa do tempo, justiça ao presidente deposto em março de 1964. Foi pioneiro na abertura de uma nova estrada no mundo. Estrada para sempre.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
MÍDIA - A imprensa e João Goulart.
Você quer saber como a imprensa tratava o presidente João Goulart? Então, confira aqui a pesquisa da jornalista Cristiane Costa.
Carlos Newton
Muito tem se discutido neste blog sobre o governo João Goulart e o golpe militar de 31 de março. Quem não viveu aquela época não tem uma real noção do que aconteceu. Por isso, vale a pena publicar a pesquisa da jornalista Cristiane Costa, postada originalmente no blog BrHistória.
O levantamento mostra que a imprensa, praticamente sem exceção, apoiou a derrubada do presidente João Goulart, em função dos desatinos cometidos ao propor uma reforma agrária demagógica, que atingiria todas as grandes fazendas produtivas, num país onde não faltam extensas áreas improdutivas a serem cultivadas.
Além disso, Jango queria derrubar a lei da oferta e procura, ao tabelar, também demagogicamente, todos os aluguéis nas áreas urbanas. Sem falar na quebra da hierarquia nas Forças Armadas. Estas foram as principais razões da queda, que teve expressivo apoio da classe média, como os jornais registraram. É só conferir:
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“O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!” – (Do editorial “BASTA”, 31 de março de 1964 – Correio da Manhã – Rio de Janeiro)
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“Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!” – (Do editorial “FORA!”, 1° de abril de 1964 – Correio da Manhã)
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“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” - (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – 1º de Abril de 1964)
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“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.” – (Jornal do Brasil, edição de 1º de abril de 1964.)
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“Minas desta vez está conosco”(…) “Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.” – (Estado de S. Paulo – 1º de abril de 1964)
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“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (…), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade” - (O Estado de Minas – Belo Horizonte – 2 de abril de 1964)
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“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento” – (O Dia – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
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“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas” – (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
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“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”… “atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso… as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal”. – (O Globo, 2 de abril de 1964)
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“Lacerda anuncia volta do país à democracia.” – (Correio da Manhã, 2 de abril de 1964)
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“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” – (Editorial de O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)
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“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem.
Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada …” - (O Globo – Rio de Janeiro – 4 de Abril de 1964)
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“Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos”(…) “Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.” – (Estado de Minas, 5 de abril de 1964)
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“A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. – (O Globo, 5 de abril de 1964)
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“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!” - (Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964)
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“Congresso concorda em aprovar Ato Institucional”. – (Jornal do Brasil, 9 de abril de 1964)
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“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República …O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve” – (Correio Braziliense – Brasília – 16 de Abril de 1964)
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“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento” - (A Razão – Santa Maria – RS – 17 de Abril de 1964)
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Nota de Redação – Seis dias depois da derrubada de Goulart, a Tribuna da Imprensa de Helio Fernandes foi o primeiro jornal a se posicionar contra o regime militar. Depois, o Correio da Manhã de Paulo Bittencourt também foi para a oposição. Mas todos os outros destacados órgãos da chamada grande imprensa seguiram apoiando indefinidamente a ditadura, como fica demonstrado nesses dois editoriais que seguem abaixo, também pesquisados pela jornalista Cristiane Costa:
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. – (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – 31 de Março de 1973)
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. – (Editorial assinado por Roberto Marinho, publicado no jornal” O Globo”, 7 de outubro de 1984, sob o título “Julgamento da Revolução”)
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Carlos Newton
Muito tem se discutido neste blog sobre o governo João Goulart e o golpe militar de 31 de março. Quem não viveu aquela época não tem uma real noção do que aconteceu. Por isso, vale a pena publicar a pesquisa da jornalista Cristiane Costa, postada originalmente no blog BrHistória.
O levantamento mostra que a imprensa, praticamente sem exceção, apoiou a derrubada do presidente João Goulart, em função dos desatinos cometidos ao propor uma reforma agrária demagógica, que atingiria todas as grandes fazendas produtivas, num país onde não faltam extensas áreas improdutivas a serem cultivadas.
Além disso, Jango queria derrubar a lei da oferta e procura, ao tabelar, também demagogicamente, todos os aluguéis nas áreas urbanas. Sem falar na quebra da hierarquia nas Forças Armadas. Estas foram as principais razões da queda, que teve expressivo apoio da classe média, como os jornais registraram. É só conferir:
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“O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!” – (Do editorial “BASTA”, 31 de março de 1964 – Correio da Manhã – Rio de Janeiro)
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“Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!” – (Do editorial “FORA!”, 1° de abril de 1964 – Correio da Manhã)
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“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” - (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – 1º de Abril de 1964)
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“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.” – (Jornal do Brasil, edição de 1º de abril de 1964.)
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“Minas desta vez está conosco”(…) “Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.” – (Estado de S. Paulo – 1º de abril de 1964)
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“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (…), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade” - (O Estado de Minas – Belo Horizonte – 2 de abril de 1964)
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“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento” – (O Dia – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
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“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas” – (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
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“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”… “atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso… as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal”. – (O Globo, 2 de abril de 1964)
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“Lacerda anuncia volta do país à democracia.” – (Correio da Manhã, 2 de abril de 1964)
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“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” – (Editorial de O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)
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“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem.
Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada …” - (O Globo – Rio de Janeiro – 4 de Abril de 1964)
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“Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos”(…) “Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.” – (Estado de Minas, 5 de abril de 1964)
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“A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. – (O Globo, 5 de abril de 1964)
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“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!” - (Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964)
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“Congresso concorda em aprovar Ato Institucional”. – (Jornal do Brasil, 9 de abril de 1964)
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“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República …O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve” – (Correio Braziliense – Brasília – 16 de Abril de 1964)
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“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento” - (A Razão – Santa Maria – RS – 17 de Abril de 1964)
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Nota de Redação – Seis dias depois da derrubada de Goulart, a Tribuna da Imprensa de Helio Fernandes foi o primeiro jornal a se posicionar contra o regime militar. Depois, o Correio da Manhã de Paulo Bittencourt também foi para a oposição. Mas todos os outros destacados órgãos da chamada grande imprensa seguiram apoiando indefinidamente a ditadura, como fica demonstrado nesses dois editoriais que seguem abaixo, também pesquisados pela jornalista Cristiane Costa:
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. – (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – 31 de Março de 1973)
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. – (Editorial assinado por Roberto Marinho, publicado no jornal” O Globo”, 7 de outubro de 1984, sob o título “Julgamento da Revolução”)
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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