Moscou (1° dia): um roteiro a pé pela capital russa
Quem viaja muito ou mora em cidades turísticas deve ouvir com frequência perguntas do tipo: “O que é imperdível em tal lugar?”, “Como faço pra visitar todos os pontos importantes da cidade em dois dias?”. Ou ainda: “Você pode fazer uma lista dos lugares não-turísticos que eu tenho que ver?” e “Quanto tempo você acha que eu devo ficar em ….?
Bem, como sei que vão continuar me fazendo as mesmas perguntas, resolvi aproveitar a viagem Transiberiana para dar dicas da primeira cidade do trajeto – Moscou!!!
Muito gente chega à capital russa achando que vai encontrar a União Soviética aqui, mas acaba se deparando com uma cidade enorme (15 milhões de habitantes) e com uma aparentemente imparável vocação para o consumo. Para os mochileiros da Transiberiana, pode assustar. Além disso, Moscou sempre aparece nos noticiários como uma das cidades mais caras do mundo. Será que isso é verdade? Tem como aproveitar a capital russa gastando pouco? Claro que sim. Estas listas levam em conta a vida dos expats e os preços (astronômicos) dos aluguéis na cidade. Não é o seu caso. Desfrute.
O primeiro post de Moscou vai cobrir os pontos básicos do centro da cidade a pé. Do ponto 1 até o ponto 10 são apenas 5km. Coloque tênis confortáveis e comecemos a caminhada.
1) Teatro Bolshoi
Acorde cedo (se o jet lag permitir) e pegue um metrô para a estação Teatralnaya. Tente chegar antes das 10 da manhã. A primeira coisa que você vai ver é o famoso teatro Bolshoi, onde o Lago dos Cisnes teve a sua première em 1877 (a apresentação foi um fiasco, por sinal). O Teatro Bolshoi é o mais importante palco de balé do mundo, mas tem se envolvido em histórias no mínimo curiosas. Depois de seis anos fechado para uma reforma que foi um “pouco” mais cara que o planejado, o teatro voltou às manchetes no início deste ano, quando o diretor artístico Sergey Filin foi atacado nas ruas de Moscou com ácido. Conversei em Moscou com uma das ex-bailarinas do Bolshoi e ela rasgou o verbo (“O Teatro Bolshoi está virando um grande prostíbulo”, diz bailarina http://osbrics.com/2013/04/05/o-teatro-bolshoi-esta-virando-um-grande-prostibulo/
Para comprar ingressos, é importante que você se organize com muita antecedência porque esgotam rapidamente. As vendas abrem três meses antes e basta se registrar no site do Bolshoi. Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, o site também está em inglês: http://www.bolshoi.ru/en/
2) Praça Vermelha
Do Bolshoi, siga o mapinha e ande para a Praça Vermelha, que fica logo ao lado. Sei que todo mundo vai querer tirar mil fotos – pulando, deitado, de costas, de ladinho, papai-mamãe (ops, isso não é um conto erótico) –, mas sugiro ir direto para o Mausoléu do Lênin, que fica aberto apenas entre 10h e 13h (fechado segunda e sexta). É de graça pra entrar, mas você vai ter que deixar a câmera perto da entrada (e custa uns rublozinhos). Não pode parar, olhar, dar tchau pro camarada nem fazer movimentos bruscos dentro do mausoléu. Parece bobagem, mas é bom avisar. Um amigo meu levou uma bronca “só” porque estava com a mão no bolso. Resumo: todo respeito é pouco. A visita vai durar dois minutos (se você tiver sorte e tiver uma fila lenta).
Terminada a visita ao mausoléu, volte para aproveitar todos os ângulos da Praça Vermelha, aquela que tantas vezes vimos nos livros de história.
Na parte norte da Praça, vê-se o Museu de História (o edifício vermelho). Acho muito legal, mas não pro primeiro dia. Tire fotos, dê uma voltinha, mas siga o passeio pra pequena igreja que você vê logo ao lado do museu. É a Catedral de Kazan, uma réplica construída em 1993, já que a original (de 1636) foi destruída. Dizem que derrubaram a igreja do século XVII porque ela impedia a passagens dos trabalhadores para a celebração do dia 1° de Maio.
Siga para o shopping GUM (ГУМ, em russo), que foi transformada de armazém soviético em um templo de lojas chiques e caras. Como você é turista, entre sem receio. Posso ir de Havaianas? Claro que sim. Um cafezinho não vai custar mais de cinco reais no segundo andar. Sente-se e relaxe porque o principal está por vir.
Os mais de 10 mil km e muitos mil reais que você gastou para estar aqui vão ser recompensados agora – Igreja de São Basílio (aquela que todo mundo diz que parece um sorvete). Moro em Moscou há quase quatro anos e sempre que vejo estas cúpulas coloridas, eu me emociono. A visita é imperdível. A São Basílio foi construída entre 1555 e 1561, para celebrar a conquista de Kazan por Ivã, o Terrível. A entrada custa 100 rublos (R$6,60 – metade para estudantes) e funciona de quarta a segunda, 11h-17h.
3) Ponte Moskvoretsky – cruzando o rio
Seguindo pela parte de trás da São Basílio, você vai ver a ponte Moskvoretsky. Cruze esta ponte e aproveite para tirar fotos muito legais do Kremlin (o complexo amuralhado, com torres, que você consegue ter um panorama agora). Acho que é um dos melhores ângulos da cidade. Desça pela escadinha pra cair direto na calçada às margens do rio Moscou.
4) Ponte Bolshoy Kamenny
Desta ponte você tem uma outra vista muito bonita do Kremlin. É logo a primeira quando você vem caminhando da ponte anterior. Suba para tirar algumas fotos, mas volte para seguir margeando o rio.
5) Ponte Patriarshy
Desta ponte, você vai chegar direto à Catedral Cristo Salvador, mais conhecida agora como Catedral Pussy Riot. Sim, foi aqui onde as meninas do grupo punk encenaram ilegalmente uma crítica ao Putin no altar, em março de 2012, e foram condenadas a dois anos de cadeia. Críticas ao autoritarismo russo vieram de todas as partes. Como se o Kremlin se preocupasse muito com críticas… A catedral foi construída há pouco mais de 15 anos, em 1997, para a celebração do 850° aniversário da cidade de Moscou. Mas a obra teve algumas polêmicas. 1) estima-se que o gasto para a construção do templo tenha chegado a 10 bilhões de rublos (700 milhões de reais). E tudo foi feito em apenas dois anos, em uma época de crise no país – crise esta que teve seu ápice em 98; 2) o arquiteto responsável por parte da obra, Zurab Tsereteli, é um velho conhecido dos moscovitas por sua megalomania e um gosto duvidoso (já falaremos dele). 3) antes da catedral, havia no local a maior piscina do mundo.
Só lembrando que esta catedral é até hoje alvo de críticas porque funciona quase como um centro comercial. Amém. (Corrupção Ortodoxa – em inglês http://www.aljazeera.com/programmes/peopleandpower/2013/02/2013267215745877.html)
Dando mais uma voltinha perto da ponte, você vai ver não muito longe a estranha estátua de um cara num barco. Este é Pedro, o Grande, feito pelo já mencionado Tsereteli. O arquiteto era o queridinho do anterior prefeito, Iuri Lujkov, que ficou vinte anos no poder. A estátua de Pedro tem 94,5m de altura e é odiada por 11 de cada 10 moscovitas. A primeira pergunta é “Por que homenagear Pedro em Moscou se foi ele que transferiu a capital para São Petersburgo, a rival do norte?”. Diz a lenda que Tsereteli havia dado de presente para os Estados Unidos uma estátua de Cristóvão Colombo, mas cinco cidades americanas recusaram o mimo. E as más-línguas falam que o tal Colombo foi modificado, virou Pedro, o Grande, e acabou ficando na Rússia. É feio, convenhamos.
6) Casa Pashkov
Quando você sair da igreja, atenção para pegar a rua correta. Você tem que procurar a saída que dá para a rua Volkhonka ou então perguntar pelo Museu Pushkin (Volkhonka, 14). Você não vai visitar o museu (hoje), mas esta é a direção que você tem que tomar. Ande pela calçada da esquerda, passando bem em frente ao museu. Quando a rua se abrir em uma enorme praça, você vai ver à esquerda uma mansão neoclássica branca com telhadinho verde. Esta é uma das construções mais bonitas de Moscou, na minha humilde opinião. A casa foi construída na segunda metade do século XVIII e é descrita no clássico “O Mestre e a Margarida”, do escritor Mikhail Bulgakov. Diz a lenda que Pashkov recebeu uma “despromoção” militar e resolveu construir a casa com a parte de trás dando pra frente do Kremlin, como uma maneira de protestar ou provocar. Por conta disso, o que você vê da rua, vindo do Kremlin, é a traseira (ou o traseiro) da mansão.
7) Almoço
Sim, mochileiro também come. As opções são muitas, mas eu recomendo:
– Taras Bulba (restaurante ucraniano): rua Mokhovaya, 8. É um restaurante bastante conhecido dos moscovitas. Há varios na cidade e este é frequentado por pessoas do governo e businessmen que trabalham na região. Ah! E turistas, claro. Fica quase em frente à Casa Pashkov, mas do outro lado da rua. Preço: com 1000 rublos (R$ 65) você vai comer entrada, um principal bacana, beber algo e ainda deixar gorjeta. http://tarasbulba.ru/main-menu.html
– Eat and Talk: rua Mokhovaya, 7. Fica do outro lado da rua, depois um pouco da biblioteca gigante que você vai ver à esquerda. O restaurante está dentro de uma galeria. Fique atento aos sinais na rua. Comida boa, com preço bem bacana. Não tem o apelo tradicional do Taras Bulba, mas pra quem não quiser arriscar e preferir pedir pizza, noodles, sushi ou algo menos incrementado, esta é uma boa pedida. Preço: 800 rublos para entrada, principal e bebida. http://eng.eattalk.ru/
– Cantina da biblioteca (em russo “stolovaya”): este é para o mochileiro mais radical (tipo eu!!). Isso sim é tradicional! Comida feita por russos para russos. E super mega ultra barato. Tem gosto de comida da avó e é frequentado por estudantes, aposentados e trabalhadores da biblioteca. Consiste em um bufê onde você vai escolhendo os pratos. Preço: 200 rublos (R$ 13!!!!) e você vai comer bem e tomar um suquinho (nada de álcool aqui!). Mais detalhes da cantina no próximo ponto, quando falo sobre a biblioteca.
8) Biblioteca Lênin
De fora o edifício talvez nem impressione muito, mas recomendo que você visite o interior. Na segunda entrada (à direita de quem vem da estátua de Dostoiévski, em frente à biblioteca), você vai fazer seu cartão de visitante. Só precisa dizer “turist” e ele vão te explicar (em russo) o que fazer. Finja que entendeu, preencha o formulário e pronto. É de graça. Volte para a entrada principal (a porta é super pesada; não pense que está fechada), passe por mil controles para deixar a mochila e casaco. Agora é só visitar a biblioteca. Após subir as escadas principais, siga no corredor central até o final e suba mais escadas. As salas de leitura têm uma vista maravilhosa pro Kremlin.
No subsolo da Biblioteca, há uma cantina (stolovaya) super ultra barata, com comida de verdade. Tudo muito bom. Em nenhum outro lugar no centro de Moscou você vai comer pagando tão pouco. Devo agradecer à amiga Priscila Nascimento pela descoberta. É um pouco difícil encontrar a cantina e sugiro que você pergunte a alguém. Só dizer “stolovaya”.
9) Jardim de Alexandre
Saindo da biblioteca, siga pela rua Mokhovaya, na calçada da direita (atravesse pelas passagens subterrâneas). Você vai ver a entrada do Kremlin (a visita será outro dia) e andar na direção do Jardim de Alexandre, visitando também a chama eterna na Tumba do Soldado Desconhecido.
10) Tverskaya
Quando terminar de visitar os jardins, busque o Hotel Nacional, na esquina das ruas Mokhovaya e Tversakaya. Você vai subir calmamente a rua Tverskaya, a principal da capital russa. Lojas, lojas, lojas, a prefeitura, lojas, lojas, alguns teatros, restaurantes, lojas e lojas. Minha sugestão é subir pela calçada da direita e cada vez que você vir um arco entre os edifícios, entre para conferir. Geralmente os edifícios mais bonitos estão justamente escondidos nos pátios atrás dos arcos. A prefeitura você vai ver no número 13 desta rua (prédio vermelho pastel) . Continue andando até o número 14 e surpreenda-se (!!!!!!) com a arquitetura do Gastronom Eliseevsky, um requintado edifício de 1901 que é hoje um supermercado (com preços um pouco acima da média, mas ainda assim razoáveis). Confiram este vídeo e babem:
A praça Pushkin pode ser o ponto final do passeio. Pros que ainda conseguem andar, sigam até o fim da rua, na estação de trem/metrô Kievskaya. Não fica muito longe.
Bem, como sei que vão continuar me fazendo as mesmas perguntas, resolvi aproveitar a viagem Transiberiana para dar dicas da primeira cidade do trajeto – Moscou!!!
Muito gente chega à capital russa achando que vai encontrar a União Soviética aqui, mas acaba se deparando com uma cidade enorme (15 milhões de habitantes) e com uma aparentemente imparável vocação para o consumo. Para os mochileiros da Transiberiana, pode assustar. Além disso, Moscou sempre aparece nos noticiários como uma das cidades mais caras do mundo. Será que isso é verdade? Tem como aproveitar a capital russa gastando pouco? Claro que sim. Estas listas levam em conta a vida dos expats e os preços (astronômicos) dos aluguéis na cidade. Não é o seu caso. Desfrute.
O primeiro post de Moscou vai cobrir os pontos básicos do centro da cidade a pé. Do ponto 1 até o ponto 10 são apenas 5km. Coloque tênis confortáveis e comecemos a caminhada.
1) Teatro Bolshoi
Acorde cedo (se o jet lag permitir) e pegue um metrô para a estação Teatralnaya. Tente chegar antes das 10 da manhã. A primeira coisa que você vai ver é o famoso teatro Bolshoi, onde o Lago dos Cisnes teve a sua première em 1877 (a apresentação foi um fiasco, por sinal). O Teatro Bolshoi é o mais importante palco de balé do mundo, mas tem se envolvido em histórias no mínimo curiosas. Depois de seis anos fechado para uma reforma que foi um “pouco” mais cara que o planejado, o teatro voltou às manchetes no início deste ano, quando o diretor artístico Sergey Filin foi atacado nas ruas de Moscou com ácido. Conversei em Moscou com uma das ex-bailarinas do Bolshoi e ela rasgou o verbo (“O Teatro Bolshoi está virando um grande prostíbulo”, diz bailarina http://osbrics.com/2013/04/05/o-teatro-bolshoi-esta-virando-um-grande-prostibulo/
Para comprar ingressos, é importante que você se organize com muita antecedência porque esgotam rapidamente. As vendas abrem três meses antes e basta se registrar no site do Bolshoi. Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, o site também está em inglês: http://www.bolshoi.ru/en/
2) Praça Vermelha
Do Bolshoi, siga o mapinha e ande para a Praça Vermelha, que fica logo ao lado. Sei que todo mundo vai querer tirar mil fotos – pulando, deitado, de costas, de ladinho, papai-mamãe (ops, isso não é um conto erótico) –, mas sugiro ir direto para o Mausoléu do Lênin, que fica aberto apenas entre 10h e 13h (fechado segunda e sexta). É de graça pra entrar, mas você vai ter que deixar a câmera perto da entrada (e custa uns rublozinhos). Não pode parar, olhar, dar tchau pro camarada nem fazer movimentos bruscos dentro do mausoléu. Parece bobagem, mas é bom avisar. Um amigo meu levou uma bronca “só” porque estava com a mão no bolso. Resumo: todo respeito é pouco. A visita vai durar dois minutos (se você tiver sorte e tiver uma fila lenta).
Terminada a visita ao mausoléu, volte para aproveitar todos os ângulos da Praça Vermelha, aquela que tantas vezes vimos nos livros de história.
Na parte norte da Praça, vê-se o Museu de História (o edifício vermelho). Acho muito legal, mas não pro primeiro dia. Tire fotos, dê uma voltinha, mas siga o passeio pra pequena igreja que você vê logo ao lado do museu. É a Catedral de Kazan, uma réplica construída em 1993, já que a original (de 1636) foi destruída. Dizem que derrubaram a igreja do século XVII porque ela impedia a passagens dos trabalhadores para a celebração do dia 1° de Maio.
Siga para o shopping GUM (ГУМ, em russo), que foi transformada de armazém soviético em um templo de lojas chiques e caras. Como você é turista, entre sem receio. Posso ir de Havaianas? Claro que sim. Um cafezinho não vai custar mais de cinco reais no segundo andar. Sente-se e relaxe porque o principal está por vir.
Os mais de 10 mil km e muitos mil reais que você gastou para estar aqui vão ser recompensados agora – Igreja de São Basílio (aquela que todo mundo diz que parece um sorvete). Moro em Moscou há quase quatro anos e sempre que vejo estas cúpulas coloridas, eu me emociono. A visita é imperdível. A São Basílio foi construída entre 1555 e 1561, para celebrar a conquista de Kazan por Ivã, o Terrível. A entrada custa 100 rublos (R$6,60 – metade para estudantes) e funciona de quarta a segunda, 11h-17h.
3) Ponte Moskvoretsky – cruzando o rio
Seguindo pela parte de trás da São Basílio, você vai ver a ponte Moskvoretsky. Cruze esta ponte e aproveite para tirar fotos muito legais do Kremlin (o complexo amuralhado, com torres, que você consegue ter um panorama agora). Acho que é um dos melhores ângulos da cidade. Desça pela escadinha pra cair direto na calçada às margens do rio Moscou.
4) Ponte Bolshoy Kamenny
Desta ponte você tem uma outra vista muito bonita do Kremlin. É logo a primeira quando você vem caminhando da ponte anterior. Suba para tirar algumas fotos, mas volte para seguir margeando o rio.
5) Ponte Patriarshy
Desta ponte, você vai chegar direto à Catedral Cristo Salvador, mais conhecida agora como Catedral Pussy Riot. Sim, foi aqui onde as meninas do grupo punk encenaram ilegalmente uma crítica ao Putin no altar, em março de 2012, e foram condenadas a dois anos de cadeia. Críticas ao autoritarismo russo vieram de todas as partes. Como se o Kremlin se preocupasse muito com críticas… A catedral foi construída há pouco mais de 15 anos, em 1997, para a celebração do 850° aniversário da cidade de Moscou. Mas a obra teve algumas polêmicas. 1) estima-se que o gasto para a construção do templo tenha chegado a 10 bilhões de rublos (700 milhões de reais). E tudo foi feito em apenas dois anos, em uma época de crise no país – crise esta que teve seu ápice em 98; 2) o arquiteto responsável por parte da obra, Zurab Tsereteli, é um velho conhecido dos moscovitas por sua megalomania e um gosto duvidoso (já falaremos dele). 3) antes da catedral, havia no local a maior piscina do mundo.
Só lembrando que esta catedral é até hoje alvo de críticas porque funciona quase como um centro comercial. Amém. (Corrupção Ortodoxa – em inglês http://www.aljazeera.com/programmes/peopleandpower/2013/02/2013267215745877.html)
Dando mais uma voltinha perto da ponte, você vai ver não muito longe a estranha estátua de um cara num barco. Este é Pedro, o Grande, feito pelo já mencionado Tsereteli. O arquiteto era o queridinho do anterior prefeito, Iuri Lujkov, que ficou vinte anos no poder. A estátua de Pedro tem 94,5m de altura e é odiada por 11 de cada 10 moscovitas. A primeira pergunta é “Por que homenagear Pedro em Moscou se foi ele que transferiu a capital para São Petersburgo, a rival do norte?”. Diz a lenda que Tsereteli havia dado de presente para os Estados Unidos uma estátua de Cristóvão Colombo, mas cinco cidades americanas recusaram o mimo. E as más-línguas falam que o tal Colombo foi modificado, virou Pedro, o Grande, e acabou ficando na Rússia. É feio, convenhamos.
6) Casa Pashkov
Quando você sair da igreja, atenção para pegar a rua correta. Você tem que procurar a saída que dá para a rua Volkhonka ou então perguntar pelo Museu Pushkin (Volkhonka, 14). Você não vai visitar o museu (hoje), mas esta é a direção que você tem que tomar. Ande pela calçada da esquerda, passando bem em frente ao museu. Quando a rua se abrir em uma enorme praça, você vai ver à esquerda uma mansão neoclássica branca com telhadinho verde. Esta é uma das construções mais bonitas de Moscou, na minha humilde opinião. A casa foi construída na segunda metade do século XVIII e é descrita no clássico “O Mestre e a Margarida”, do escritor Mikhail Bulgakov. Diz a lenda que Pashkov recebeu uma “despromoção” militar e resolveu construir a casa com a parte de trás dando pra frente do Kremlin, como uma maneira de protestar ou provocar. Por conta disso, o que você vê da rua, vindo do Kremlin, é a traseira (ou o traseiro) da mansão.
7) Almoço
Sim, mochileiro também come. As opções são muitas, mas eu recomendo:
– Taras Bulba (restaurante ucraniano): rua Mokhovaya, 8. É um restaurante bastante conhecido dos moscovitas. Há varios na cidade e este é frequentado por pessoas do governo e businessmen que trabalham na região. Ah! E turistas, claro. Fica quase em frente à Casa Pashkov, mas do outro lado da rua. Preço: com 1000 rublos (R$ 65) você vai comer entrada, um principal bacana, beber algo e ainda deixar gorjeta. http://tarasbulba.ru/main-menu.html
– Eat and Talk: rua Mokhovaya, 7. Fica do outro lado da rua, depois um pouco da biblioteca gigante que você vai ver à esquerda. O restaurante está dentro de uma galeria. Fique atento aos sinais na rua. Comida boa, com preço bem bacana. Não tem o apelo tradicional do Taras Bulba, mas pra quem não quiser arriscar e preferir pedir pizza, noodles, sushi ou algo menos incrementado, esta é uma boa pedida. Preço: 800 rublos para entrada, principal e bebida. http://eng.eattalk.ru/
– Cantina da biblioteca (em russo “stolovaya”): este é para o mochileiro mais radical (tipo eu!!). Isso sim é tradicional! Comida feita por russos para russos. E super mega ultra barato. Tem gosto de comida da avó e é frequentado por estudantes, aposentados e trabalhadores da biblioteca. Consiste em um bufê onde você vai escolhendo os pratos. Preço: 200 rublos (R$ 13!!!!) e você vai comer bem e tomar um suquinho (nada de álcool aqui!). Mais detalhes da cantina no próximo ponto, quando falo sobre a biblioteca.
8) Biblioteca Lênin
De fora o edifício talvez nem impressione muito, mas recomendo que você visite o interior. Na segunda entrada (à direita de quem vem da estátua de Dostoiévski, em frente à biblioteca), você vai fazer seu cartão de visitante. Só precisa dizer “turist” e ele vão te explicar (em russo) o que fazer. Finja que entendeu, preencha o formulário e pronto. É de graça. Volte para a entrada principal (a porta é super pesada; não pense que está fechada), passe por mil controles para deixar a mochila e casaco. Agora é só visitar a biblioteca. Após subir as escadas principais, siga no corredor central até o final e suba mais escadas. As salas de leitura têm uma vista maravilhosa pro Kremlin.
No subsolo da Biblioteca, há uma cantina (stolovaya) super ultra barata, com comida de verdade. Tudo muito bom. Em nenhum outro lugar no centro de Moscou você vai comer pagando tão pouco. Devo agradecer à amiga Priscila Nascimento pela descoberta. É um pouco difícil encontrar a cantina e sugiro que você pergunte a alguém. Só dizer “stolovaya”.
9) Jardim de Alexandre
Saindo da biblioteca, siga pela rua Mokhovaya, na calçada da direita (atravesse pelas passagens subterrâneas). Você vai ver a entrada do Kremlin (a visita será outro dia) e andar na direção do Jardim de Alexandre, visitando também a chama eterna na Tumba do Soldado Desconhecido.
10) Tverskaya
Quando terminar de visitar os jardins, busque o Hotel Nacional, na esquina das ruas Mokhovaya e Tversakaya. Você vai subir calmamente a rua Tverskaya, a principal da capital russa. Lojas, lojas, lojas, a prefeitura, lojas, lojas, alguns teatros, restaurantes, lojas e lojas. Minha sugestão é subir pela calçada da direita e cada vez que você vir um arco entre os edifícios, entre para conferir. Geralmente os edifícios mais bonitos estão justamente escondidos nos pátios atrás dos arcos. A prefeitura você vai ver no número 13 desta rua (prédio vermelho pastel) . Continue andando até o número 14 e surpreenda-se (!!!!!!) com a arquitetura do Gastronom Eliseevsky, um requintado edifício de 1901 que é hoje um supermercado (com preços um pouco acima da média, mas ainda assim razoáveis). Confiram este vídeo e babem:
A praça Pushkin pode ser o ponto final do passeio. Pros que ainda conseguem andar, sigam até o fim da rua, na estação de trem/metrô Kievskaya. Não fica muito longe.
- Este é um passeio que pode tomar o dia inteiro. Não há restaurantes entre os pontos 3 e 6, mas depois é fácil parar e sentar para descansar
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