sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O candidato republicano - parte II

Nessa matéria há um comentário do livro
do candidato MacCain, como tb
considerações sobre o programa de govêrno deste candidato republicano. Pelo texto abaixo, percebe-se que Fidel sabe perfeitamente qual será o comportamento dos Estados Unidos frente a Cuba, caso os republicanos vençam.

Se as eleições fossem hoje, o candidato democrata Obama venceria com uma vantagem de 7 pontos percentuais. A grande questão, se o Obama for o indicado pelo partido democrata, deverá ser a seguinte: Será que a ala conservadora dos democratas vai fechar com o candidato do partido, ou vai fazer corpo mole, favorecendo dessa forma o MacCain? Fará como o Serra, que
nas últimas eleições presidenciais, não se envolveu, como deveria , na campanha do Alkimin?

Dória

Fonte: Digital Granma Internacional





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O candidato republicano - parte II‏
De:
Carlos Augusto de Araujo Doria Doria (caad81@hotmail.com)
Enviada:
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008 11:30:48
Para:
caad81@hotmail.com




Havana. 12 Fevereiro de 2008

REFLEXÕES DO PRESIDENTE FIDEL CASTROO candidato republicano
(Segunda Parte)
UM dos órgãos de imprensa mais hostis dos Estados Unidos com Cuba, com sede na Flórida, relata os fatos da forma seguinte:
"Aproveitando as negociações para libertar os prisioneiros da Baía dos Porcos, a CIA tentou utilizar uma pessoa chave nas conversações, o advogado estadunidense James B. Donovan, para que entregasse um presente mortal a Fidel Castro: um terno de neoprene contaminado com um fungo que faz dano à pele, e um dispositivo para respirar abaixo d’água contaminado com tuberculose... O líder cubano recebeu o equipamento em novembro de 1962.
"Esta revelação é uma das muitas anedotas que aparecem no livro After the Bay of Pigs (Depois da Baía dos Porcos), que trata das negociações entre o Comitê de Familiares para a Libertação dos Prisioneiros e o governo cubano, realizadas desde abril até dezembro de 1962.
"O livro, de 238 páginas, publicado no fim do ano passado, foi escrito pelo exilado cubano Pablo Pérez Cisneros, emparceria com o empresário John B. Donovan, filho do já falecido negociador, e de Jeff Koenreich, membro veterano da Cruz Vermelha que promoveu missões humanitárias entre os Estados Unidos e Cuba.
"Pérez Cisneros é filho de Berta Barreto de los Heros, que foi coordenadora do Comitê de Familiares em Cuba e, além disso, intercedeu com Castro para a troca dos 113 prisioneiros da fracassada invasão de abril de 1961.
"Barreto de los Heros começou a escrever o livro, porém morreu em março de 1993. Seu filho, que fez pesquisas durante oito anos e acabou o livro, foi a pessoa que comprou o terno de neoprene e o equipamento de mergulho no fim de 1962, sem saber que eram para Castro.
"Em junho de 1962, Pérez Cisneros visitou pela primeira vez o escritório de James B. Donovan em Brooklyn para solicitar sua participação nas negociações com Cuba. O organizador da reunião foi Robert W. Kean, filho de um ex-congressista e cunhado de Joaquín Silverio, nesse momento preso e membro da Brigada 2506. Donovan acordou trabalhar para o Comitê de Familiares gratuitamente.
"Dois meses depois, Donovan fez sua primeira viagem a Havana, das onze realizadas para a mediar com o governo de Cuba".
"Quando Donovan retornou a Cuba em outubro de 1962, Castro lhe disse que precisava de um equipamento de mergulho e de um terno de neoprene para mergulhar". ‘Foi então quando Donovan me disse que queria conseguir um equipamento de boa qualidade para uma pessoa, mas sem me dizer que era para Castro’, declarou Pérez Cisneros ao jornal El Nuevo Herald numa entrevista para ampliar a informação do caso.
"Pérez Cisneros, ex-campeão de pesca submarina em Cuba, comprou um terno de neoprene de US$130 e um equipamento de mergulho no valor de US$215 numa famosa loja de Times Square, em Nova Iorque.
"Castro os recebeu em novembro de 1962 e umas semanas depois, noutra viagem de Donovan, o presidente cubano lhe disse ao advogado que os tinha utilizado... "
Apenas uns meses depois de finalizadas as negociações, Pérez Cisneros soube todos os detalhes da história real:
"Durante a Segunda Guerra Mundial, James Donovan trabalhou para o Escritório de Serviços Estratégicos que antecedeu a CIA. Mais tarde, foi designado um dos promotores dos julgamentos dos criminosos de guerra nazistas em Nürenberg. Em fevereiro de 1962, foi o mediador principal da troca de agentes espiões mais espetacular da Guerra Fria, a troca do coronel russo Rudolf Abel pelos estadunidenses Frederick Prior e Gary F. Powers, piloto de U-2 que tinha sido capturado.
"Quando Donovan informou à CIA que Castro tinha pedido um equipamento de mergulho, a agência estadunidense lhe disse que se encarregaria do assunto. Contudo, o advogado não aceitou ser envolvido na tentativa de contaminar o terno de neoprene e o equipamento de mergulho, razão pela qual preferiu dar a Castro o equipamento comprado em Times Square.
"Em maio de 1963, Castro convidou Donovan e o advogado John E. Nolan, representante do ex-secretário da Justiça, Robert Kennedy, para desfrutarem um dia de mergulho na área da Baía dos Porcos e utilizou mais uma vez o equipamento estadunidense.
"No fim de 1963, Pérez Cisneros afirmou: ‘Donovan me disse que a idéia de um atentado contra Castro fez com que ele ficasse arrepiado e se recusou a entregar o equipamento da CIA, visto que pensou que se Cuba descobria a operação, todas as negociações fracassariam e ele podia ser executado... "
"O livro, matizado por fatos curiosos e inesperados, é uma história tensa que demonstra como o amor, a decisão e a inteligência favoreceram a troca dos prisioneiros da Brigada 2506 por alimentos, remédios e equipamentos médicos no valor de US$53 milhões.
"Os esforços de Donovan e do Comitê de Familiares se fizeram quando ainda reinava a incerteza sobre o destino dos prisioneiros..."
"A primeira reunião do Comitê de Familiares com Castro foi na casa de Barreto de los Heros, em Miramar, em 10 de abril de 1962". Quatro dias depois, 60 membros da Brigada que estavam feridos foram levados para Miami.
"A incorporação de Donovan às negociações acelerou mais o processo de libertação.
"Donavan preparou um código secreto para as comunicações, pois sabia que o telefone da família Heros tinha sido grampeado".
"Em meados de dezembro, Castro acertou realizar a troca e entregou uma lista de 29 páginas com alimentos e medicamentos que deviam ser enviados para Cuba por intermédio da Cruz Vermelha estadunidense.
"Os últimos dez dias das negociações foram muito intensos, pois Donovan contratou um grupo de 60 advogados a fim de garantir as doações comprometidas por 157 companhias estadunidenses.
"Em 23 de dezembro de 1962, os primeiros cinco aviões foram para Miami com 484 membros da Brigada. Um dia depois, os 719 prisioneiros que restavam viajaram em outros nove vôos."
Fiz a transcrição literal das palavras do artigo. Não tinha conhecimento de alguns dados concretos. Nada daquilo que lembro se afasta da verdade.
Minhas relações com o Pantanal de Zapata começaram muito cedo. Conheci o lugar graças a uns visitantes norte-americanos que me falavam em "black fish", truta preta muito abundante na Lagoa do Tesouro, no centro do Pantanal, com seis metros de profundidade. Era a época em que pensávamos no desenvolvimento do turismo e possíveis pôlders, ao estilo da terra disputada ao mar pelos holandeses.
A fama do lugar datava de meu tempo de estudante do bacharelado, quando o Pantanal era povoado por dezenas de milhares de crocodilos. A captura indiscriminada quase tinha exterminado a espécie. Era preciso protegê-la.
Incentivava-nos principalmente o desejo de fazer alguma coisa pelos carvoeiros do Pantanal. Foi assim que comecei a me relacionar com a Baía dos Porcos, tão profunda que atinge quase mil metros. Naquele lugar conheci o idoso Finalé e seu filho Quique, que foram meus professores de pesca submarina. Percorri ilhas e ilhéus. Consegui conhecer a zona como a palma de minha mão.
Quando os invasores desembarcaram nesse lugar, existiam três estradas que atravessavam o Pantanal, centros construídos e em construção para o turismo, e até um aeroporto próximo de Praia Girón, último reduto das forças inimigas, a qual foi tomada por nossos combatentes no entardecer de 19 de abril de 1961. Noutras ocasiões, me referi àquela história. Por um triz, não o recuperamos em menos de 30 horas. Manobras de engano da Marinha dos Estados Unidos atrasaram o nosso fulminante ataque com tanques na madrugada do dia 18.
Para tratar do assunto dos prisioneiros apreendidos, conheci Donovan, que, a meu ver — e alegra-me verificá-lo com o testemunho de seu filho — era um homem honorável, a quem certamente convidei a pescar numa ocasião e, sem dúvida, falei-lhe do terno e do equipamento de mergulho. Os demais detalhes não posso lembrá-los com extidão; teria que indagar. Nunca me interessei em escrever memórias, e hoje compreendo que foi um erro.
Por exemplo, não me lembrava muito bem da cifra exata de feridos. Tinha na memória as centenas de feridos que tivemos, dos quais, muitos morreram devido à falta de equipamentos, medicamentos, especialistas, e de instalações adequadas. Os primeiros feridos enviados precisavam certamente de reabilitação ou de melhores atendimentos, que não estavam a nosso alcance.
Foi tradição desde o primeiro combate vitorioso, em 17 de janeiro de 1957, atender aos adversários feridos. Isso consta na história de nossa Revolução.
No livro de memórias Faith of my Fathers, escrito por McCain com a onipresente companhia de Mark Salter, tecnicamente bem redigido, o autor principal assevera:
"Freqüentemente, fui acusado de ser um estudante indiferente e tendo em consideração algumas de minhas qualificações, posso reparar na generosidade de tal afirmação. Porém, eu era mais seletivo que indiferente. Gostava do inglês e da história, e com freqüência tirei boas qualificações nessas disciplinas. Interessei-me menos e tive menos sucesso nas matemáticas e nas ciências."
Mais para frente assegura:
"Poucos meses antes da formatura, fiz os exames de ingresso na Academia Naval... Surpreendentemente, tive bons resultados, inclusive no exame de matemáticas.
"Minha reputação como jovem barulhento e impetuoso não se limitava — incomoda-me ter que confessá-lo — aos círculos da Academia. Muitos residentes decentes da encantadora Anápolis, testemunhas de alguns de meus mais extravagantes atos de insubordinação, reprovavam minha atitude, bem como alguns oficiais."
Antes, ao narrar alguns fatos de sua infância, conta que:
"Diante da mais mínima provocação, eu reagia com fúria, e depois caía no chão inconsciente.
"O médico indicou um tratamento que, conforme as normas modernas da pediatria, parecia um pouco severo. Instruiu meus pais a que enchessem a banheira com água fria e, quando eu embirrasse e parecesse que prendia a respiração e me jogava no chão, que me lançassem água em cima, embora estivesse vestido. Assim, simplesmente."
Ao ler isto, a gente tem a impressão de que os métodos que aplicaram naquele tempo — tanto a mim, que vivi no pré-guerra, quanto a ele — não eram os mais adequados para as crianças. No meu caso, não podia falar-se em médico assessorando a família; eram as pessoas do povo, algumas analfabetas, que conheciam tratamentos só por tradição.
Existem outros episódios que foram narrados por Mc Cain relacionados com suas aventuras de cadete em viagens de treinamento. Não vou mencioná-los porque se afastam do conteúdo de minha análise e nada têm a ver com assuntos pessoais.
É lógico que McCain não estivesse na sala do Congresso na noite do discurso de Bush, em 28 de janeiro passado, porque coisas da política deste o comprometem muito. Estava na Pequena Havana, no restaurante Versailles, onde foi homenageado pela comunidade de origem cubana. É melhor não indagar muito sobre o histórico de alguns personagens que ali estavam.
McCain apóia a guerra no Iraque. Acha que a ameaça do Afeganistão, do Irão, da Coréia do Norte, e o crescimento da Rússia e da China, obrigam os Estados Unidos a reforçarem as forças de ataque. Trabalhou com outros países para proteger a nação do extremismo islâmico e permanecer no Iraque até vencer.
Reconhece a importância de ter estreitas relações com o México e outros países da América Latina. É a favor da manutençã da atual política agressiva contra Cuba.
Reforçará a segurança na fronteira dos Estados Unidos, não só para controlar a entrada e saída de pessoas, mas também os produtos que entrem no país. Considera que os imigrantes devem aprender inglês, a história e a cultura estadunidenses.
Busca eleitores de origem latina, a maioria infelizmente não exerce o direito ao voto ou fazem-no excepcionalmente, sempre temerosos de que sejam expulsos, privados de seus filhos, ou percam seu emprego. Na cerca do Texas continuarão morrendo mais de 500 a cada ano. Não promete uma lei de ajuste para eles, que estão à procura do "sonho americano".
Apóia a Ata de Bush: "Que nenhuma criança fique atrás". Apóia um maior financiamento federal de bolsas de estudos e de empréstimos universitários com baixos juros.
Em Cuba, todas as pessoas têm direito de adquirir conhecimentos sólidos, educação artística e direito de se formarem na Universidade de graça. Mais de 50 mil crianças com deficiências físicas recebem ensino especial. A computação é ministrada a todos. Centenas de milhares de pessoas bem qualificadas são empregadas para realizarem estas tarefas. Contudo, Cuba deve ser bloqueada para libertá-la de semelhante tirania.
Como todo candidato, ele tem seu pequeno programa de governo. Promete reduzir a dependência de fornecimento de energia do estrangeiro. É fácil dizê-lo, fazê-lo, mais difícil neste momento.
É contrário ao subsídio da produção de etanol. Ótimo: isso mesmo sugeri ao presidente brasileiro Lula da Silva, que exigisse do governo dos Estados Unidos a suspensão dos avultados subsídios fixados para o milho e outros grãos destinados à produção de etanol a partir dos alimentos. Mas, isso não é o que ele se propõe; ao contrário: exportar etanol norte-americano para concorrer com o Brasil. Só ele e seus assessores saberão o que vão fazer, porque o etanol de milho jamais poderá concorrer, quanto a custo, com o do Brasil a partir da cana-de-açúcar como matéria-prima mediante esforços muito duros de seus trabalhadores, que, em todo o caso, melhorariam sua sorte sem as barreiras alfandegárias e os subsídios dos Estados Unidos.
Muitas outras nações da América Latina foram enroladas pelo governo dos Estados Unidos no assunto da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Que vão fazer com as novas decisões do Norte?
Não podia faltar a promessa de garantir a qualidade do ar e da água, o uso adequado das áreas verdes, a proteção dos parques nacionais que se vão tornando uma lembrança daquilo que um belo dia foi a maravilhosa natureza do país, vítima das regras implacáveis das leis do mercado. O Protocolo de Kyoto, porém, não foi assinado.
Parece que tudo foi o sonho de um náufrago em meio de uma tempestade.
Reduziria impostos às famílias da classe média, manteria a política de Bush de cortar os permanentes e deixaria as taxas ao nível atual.
Deseja um maior controle dos custos do seguro médico. Acredita que as famílias deveriam ter o seu do dinheiro do seguro. Faria campanhas de saúde e de prevenção. Apóia o plano do atual presidente que permite aos trabalhadores transferirem dinheiro dos impostos da previdência social para os fundos privados da aposentadoria.
A previdência social teria a mesma sorte que as bolsas.
É a favor da pena de morte, do fortalecimento e do aumento dos corpos armados, da expansão dos Acordos de Livre Comércio.
Aforismos de McCain:
"Agora as coisas são difíceis, porém, estamos melhor que em 2000." (janeiro de 2008)
"Estou bem instruído em temas econômicos; participei da revolução de Reagan." (janeiro de 2008)
"Para evitar uma recessão, é preciso pôr fim ao esbanjamento." (janeiro de 2008)
"A perda da força econômica leva à perda da força militar." (dezembro de 2007)
"Os republicanos esqueceram como controlar os gastos." (novembro de 2007)
"É preciso garantir fronteiras seguras; e estabelecer assim um programa de trabalhadores visitantes." (janeiro de 2008)
"A anistia de 2003 não significa premiar o comportamento ilegal." (janeiro de 2008)
"Devemos deter os dois milhões de estrangeiros que violaram a Lei e deportá-los." (janeiro de 2008)
"Fazer todo o possível para que os imigrantes aprendam a falar em inglês." (dezembro de 2007)
"Nada de inglês oficial; os índios americanos devem falar seu próprio idioma." (janeiro de 2007)
"Precisamos de reformas migratórias para conseguir a segurança nacional." (junho de 2007)
"As posições bipartidárias indicam a capacidade para ser presidente." (maio de 2007)
"É preciso manter o embargo e processar Castro." (dezembro de 2007)
"Nada de relações, nem diplomáticas nem comerciais, com esse país." (julho de 1998)
"Seria ingênuo excluir as armas nucleares; seria ingênuo excluir a agressão ao Paquistão." (agosto de 2007)
"Com a guerra do Iraque, ‘desviamos a atenção de nosso hemisfério e pagamos um preço por isso’." (março de 2007)
Promete visitar suas propriedades no continente. Disse que se ele for eleito para a presidência em 2008, visitará, em primeiro lugar, o México, o Canadá e a América Latina para "reafirmar meu compromisso com nosso hemisfério e com a importância das relações em nosso hemisfério".
Em todo seu livro, de referência obrigatória em minhas Reflexões, assegura que foi bom em História. Não aparece uma só referência a um pensador político, nem sequer a um daqueles que foram os inspiradores da Declaração de Independência das Treze Colônias, em 4 de julho de 1776, que daqui a quatro meses e 23 dias completará 232 anos.
Há mais de 2.400 anos, Sócrates, reconhecido sábio ateniense, famoso por seu método e mártir de suas idéias, ciente das limitações humanas, expressou: "Apenas sei que nada sei." Atualmente, McCain, o candidato republicano, exclama perante seus concidadãos: "Apenas sei que sei tudo".
Prosseguirei.
Fidel Castro Ruz
11 de fevereiro de 2008
17h35

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