Do blog "Diversas Palavras"
Melhores e piores momentos do sorteio da copa do mundo.
Teixeira teve que suportar a frieza de Dilma e o afago a Pelé
Aquecimento
Ricardo Teixeira enfrentou manifestantes que pediram sua saída na entrada do local do evento, logicamente não noticiado pela emissora que cobriu o sorteio da copa.
Dilma Roussef tratou com frieza o mandatário da CBF, ao citar, nominalmente, as autoridades presentes.
Pelé recebeu o afago da presidenta, em desagravo a toda a frieza da cúpula do futebol brasileira com o maior nome da história futebolística brasileira: "Aqui nasceram muito dos craques de todos os tempos, a começar pelo maior deles, o nosso querido Pelé. Fizemos questão de nomear Pelé embaixador honorário da Copa de 2014".
O lance do jogo.
Mas nada superou todo o palanque midiático que a Globo teve que ceder a presidenta Dilma, para ela dizer, ao mundo, que o Novo Brasil, experimentou nos últimos 8 anos, período iniciado pelo presidente Lula, um grande crescimento econômico e social e que hoje tem uma das maiores economias mundiais, portanto, de uma só tacada, Dilma afirmou:
Lula começou este Novo Brasil
Outra, a copa do mundo de 2014 só acontecerá no país, por causa disso.
A Globo teve que veicular, para sua audiência nacional e para a audiência internacional, aquilo que não permite em sua programação e empresas de comunicação: reverenciar, mesmo que sem nominá-lo, Lula.
Este foi um grande ponto a ser destacado, o drible que Dilma deu na toda poderosa Globo.
Piores momentos
Ademais, um evento chato e demorado, para apenas sortear os grupos eliminatórios da copa do mundo de 2014, aeroporto Santos Dumont fechado por 4 horas para não atrapalhar o acontecimento.
E as autoridades esportivas justificando os R$30 milhões pagos a GEO, empresa controlada pela Globo, para a realização do sorteio, com direito ao cast da Globo comandando a apresentação.
Joana Havelange, filha de Teixeira assim justificou a contratação, sem licitação:
"Para gente criar essa estrutura, a gente recebe todas as requisições da Fifa. O tamanho do palco foi devido aos requerimentos. Este orçamento foi feito devido aos requerimentos da Fifa. Para conseguir atingir esse valores contratamos a GEO (empresa que organiza o evento) e eles conseguiram os patrocínios da cidade e do Estado".
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
domingo, 31 de julho de 2011
MÍDIA - a "urubologia global".
Do blog "Tijolaço"
Postado por Fernando Brito
Não tentem pegar a Dilma por aí
A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional é um primor de “urubologia”.
Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.
Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.
Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.
Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87% deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.
Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.
Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.
A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.
A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.
Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.
Mas isso tem dois aspectos bons.
O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.
O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.
Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?
Postado por Fernando Brito
Não tentem pegar a Dilma por aí
A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional é um primor de “urubologia”.
Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.
Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.
Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.
Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87% deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.
Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.
Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.
A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.
A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.
Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.
Mas isso tem dois aspectos bons.
O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.
O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.
Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?
MÍDIA - A Folha persegue Lula.
O mais correto seria: "A Folha continua perseguindo o Lula"
Do blog "Os amigos do Presidente Lula".
A Oi patrocinou mais de 180 projetos culturais, sendo a maior parte para artistas, como Jô Soares, atores e atrizes contratados pela Globo. Agora, está patrocinando a peça, “A Megera Domada”, clássico de Shakespeare, adaptado pelo autor da peça Walcyr Carrasco.Entre as atrizes da peça, está Bia Lula da Silva, a neta do ex presidente Lula. O Jornal Folha de São Paulo insinua que esse é o primeiro patrocinio da tele, e a excessão seria por ter na peça a neta do Lula
A peça, tem outros patrocinadores como a Editora FTD, nascida no Brasil, em 1902, dos irmãos Irmãos Maristas.A edição da Folha sensacionalista deste domingo não viu, esqueceu de publicar.
Mas o jornal da familia Frias, não esqueceu de fazer insinuações maldosas contra a neta de Lula, que não é dona da peça e nem atriz principal.A atriz protagonista é Giovanna Ewbank, esposa do Global Bruno Gagliasso, que a Folha, também não viu.
A Folha de São Paulo, não citou o autor da peça, Walcyr Carrasco, escritor, dramaturgo, autor de telenovelas da Rede Globo e colunista da Veja.
Os Frias vão perseguir até o último herdeiro de Lula?
Acho que nenhum presidente, foi alvo de tanta agressividade, de tanta maldade de certos setores da mídia como Lula.
Comentário do jornalista Luis Nassif
É uma perseguição descabida. Pretendem estigmatizar todos os parentes de Lula.
Mônica Serra tem uma ONG, a "Se Toque", inteiramente bancada pela Sabesp com lei de incentivo fiscal do Estado. A ONG não cumpriu as metas fixadas no ano passado - visitas a escolas. E faz-se um carnaval porque uma neta de Lula é atriz em uma peça.
Oi patrocinou 187 projetos.
Programa Oi de Patrocínios: veja resultado
A Oi divulgou os selecionados em seu Programa de Patrocínios Culturais Incentivados 2011. Foram escolhidos 187 projetos de todo o país, nas áreas de Artes Visuais, Cinema, Cultura Popular, Dança, Espaços Culturais, Música, Patrimônio Cultural, Publicação e Documentação, Teatro e Tecnologia e Novas Mídias. Os valores de cada patrocínio serão informados posteriormente aos selecionados. Na área de dança, foram selecionados 12 projetos: 1,2 na Dança (MG), Acervo de Mixion (RJ), Atos de fala (RJ), VIII Bienal Internacional de Dança do Ceará (CE), circulação nacional do Balé Folclórico da Bahia (BA), Dança & atitude – etapa 1 (CE), Festival Panorama – 20 anos (RJ), FID – Fórum Internacional de Dança 15 anos (MG), FIDA – Festival Internacional de Dança da Amazônia (PA), Momix – Bothanica (RJ), O Grande Circo Místico (RJ) e Vivadança Festival Internacional – 6ª edição (BA)
Do blog "Os amigos do Presidente Lula".
A Oi patrocinou mais de 180 projetos culturais, sendo a maior parte para artistas, como Jô Soares, atores e atrizes contratados pela Globo. Agora, está patrocinando a peça, “A Megera Domada”, clássico de Shakespeare, adaptado pelo autor da peça Walcyr Carrasco.Entre as atrizes da peça, está Bia Lula da Silva, a neta do ex presidente Lula. O Jornal Folha de São Paulo insinua que esse é o primeiro patrocinio da tele, e a excessão seria por ter na peça a neta do Lula
A peça, tem outros patrocinadores como a Editora FTD, nascida no Brasil, em 1902, dos irmãos Irmãos Maristas.A edição da Folha sensacionalista deste domingo não viu, esqueceu de publicar.
Mas o jornal da familia Frias, não esqueceu de fazer insinuações maldosas contra a neta de Lula, que não é dona da peça e nem atriz principal.A atriz protagonista é Giovanna Ewbank, esposa do Global Bruno Gagliasso, que a Folha, também não viu.
A Folha de São Paulo, não citou o autor da peça, Walcyr Carrasco, escritor, dramaturgo, autor de telenovelas da Rede Globo e colunista da Veja.
Os Frias vão perseguir até o último herdeiro de Lula?
Acho que nenhum presidente, foi alvo de tanta agressividade, de tanta maldade de certos setores da mídia como Lula.
Comentário do jornalista Luis Nassif
É uma perseguição descabida. Pretendem estigmatizar todos os parentes de Lula.
Mônica Serra tem uma ONG, a "Se Toque", inteiramente bancada pela Sabesp com lei de incentivo fiscal do Estado. A ONG não cumpriu as metas fixadas no ano passado - visitas a escolas. E faz-se um carnaval porque uma neta de Lula é atriz em uma peça.
Oi patrocinou 187 projetos.
Programa Oi de Patrocínios: veja resultado
A Oi divulgou os selecionados em seu Programa de Patrocínios Culturais Incentivados 2011. Foram escolhidos 187 projetos de todo o país, nas áreas de Artes Visuais, Cinema, Cultura Popular, Dança, Espaços Culturais, Música, Patrimônio Cultural, Publicação e Documentação, Teatro e Tecnologia e Novas Mídias. Os valores de cada patrocínio serão informados posteriormente aos selecionados. Na área de dança, foram selecionados 12 projetos: 1,2 na Dança (MG), Acervo de Mixion (RJ), Atos de fala (RJ), VIII Bienal Internacional de Dança do Ceará (CE), circulação nacional do Balé Folclórico da Bahia (BA), Dança & atitude – etapa 1 (CE), Festival Panorama – 20 anos (RJ), FID – Fórum Internacional de Dança 15 anos (MG), FIDA – Festival Internacional de Dança da Amazônia (PA), Momix – Bothanica (RJ), O Grande Circo Místico (RJ) e Vivadança Festival Internacional – 6ª edição (BA)
FUTEBOL - Opiniões de Bora, o técnico de cinco copas.
Técnico de cinco Copas destaca grupo de Sérvia e Croácia.
Eliano Jorge.
Do Rio de Janeiro.
A Bélgica parece uma ilha cercada por rivalidades regionais no grupo A das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Em torno dela, estão os britânicos País de Gales e Escócia, além das ex-repúblicas iugoslavas Sérvia, Croácia e Macedônia.
- Penso que é o grupo mais duro. Sumamente difícil - cravou o sérvio Bora Milutinovic, que se destacou por dirigir cinco seleções distintas em Copas do Mundo.
Presente ao sorteio das chaves neste sábado (30), no Rio de Janeiro, o treinador, que atualmente trabalha no futebol do Catar, previu como decisivas as partidas entre croatas e sérvios.
- Há uma grande rivalidade. A equipe da Croácia é capaz. Penso que é um jogo especial para os dois. Para vencer o grupo, tem que conseguir, no mínimo, quatro pontos com o adversário direto.
No entanto, Milutinovic minimizou o clima de tensão do clássico dos Bálcãs, que evoca as sangrentas batalhas da separação croata no início da década de 1990.
- Já se jogaram tantas partidas de outros esportes. Não pode ser um grande fator a prejudicar. A cada dia, há um ambiente mais agradável entre os dois países - contemporizou.
Antes das avaliações das chaves europeias,ele precisou recorrer às anotações.
- Acompanhei mais a África - revelou, como quem fareja uma vaga de treinador no percurso até 2014.
Milutinovic comandou o México em 1986, a Costa Rica em 1990, os EUA em 1994, a Nigéria em 1998 e a China em 2002. Só não passou da primeira fase com os chineses.
Sobre as Eliminatórias, ele ainda mantém uma certeza:
- Alemanha aparentemente nunca tem problemas. Sempre está presente (no Mundial). Funciona bem.
Fora do esporte, o Brasil também cativou o sérvio.
- Quando alguém conhece o Rio, conhece os brasileiros, normalmente diria que é muito agradável. Há paixão para a vida e para o futebol, melhores jogadores....
Bagunça
Mais do que nas pequenas falhas de organização e na demora em alguns serviços, a necessidade de melhoria para a Copa do Mundo de 2014 evidenciou-se nas sessões de entrevistas após o sorteio das Eliminatórias.
Os próprios treinadores e dirigentes não seguiram o esquema de divisão em palanques de cada continente. E o saguão de atendimento à mídia virou uma confusão repartida em diversos núcleos.
Era uma miscelânia de nacionalidades e idiomas, até porque os profissionais do futebol mostravam-se transformados em poliglotas ao longo de carreiras tão globalizadas.
Quem tentava escapar do assédio de repórteres era convencido por funcionários da Fifa a emitir umas palavrinhas.
- Só dois minutos! - concedeu, ao desistir da fuga, o técnico Guus Hiddink, terceiro colocado com sua Holanda em 1998 e quarto com a Coreia do Sul em 2002.
Dirigindo a seleção turca e mantendo um curioso sotaque madrileno dos tempos de técnico do Real Madrid, ele analisou, na língua espanhola, a concorrência com seus compatriotas, húngaros, romenos, estonianos e andorrenses.
- O grupo da Turquia não é fácil, como todos. A Holanda, vocês conhecem, é uma equipe poderosa. Tenho confiança de que podemos, pelo menos, lutar contra os holandeses. Conhecemos bastante bem a Holanda, a enfrentamos no ano passado num amistoso, uma boa partida, mas Eliminatória é diferente.
Hiddink admitiu a situação especial de duelar contra sua pátria.
- Sim, cara, é óbvio. Um país tão pequeno, com 16 milhões de habitantes, está todo ano no Mundial e na Eurocopa, não somente para participar, mas também para lutar por títulos. Respeito muito meu país neste aspecto.
O processo de renovação na Turquia segue com vistas à Copa, disse.
- A equipe turca está crescendo em experiência. Há um time que está mudando agora mesmo, com jovens, e tem um ano mais para amadurecer - falou, referindo-se ao início das Eliminatórias europeias, marcado para outubro de 2012.
A distribuição de elogios ao anfitrião culminou com a defesa dos benefícios de se organizar um Mundial.
- É um país que tem dado muitíssimos jogadores de alta categoria ao mundo do futebol, por isso é um respeito de todo o futebol vir jogar no Brasil. Ele está crescendo no plano econômico também, e o esporte sempre pode empurrar mais para cima. Por isso, é importante ter uma Copa do Mundo.
Fonte: Terra Magazine.
Eliano Jorge.
Do Rio de Janeiro.
A Bélgica parece uma ilha cercada por rivalidades regionais no grupo A das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Em torno dela, estão os britânicos País de Gales e Escócia, além das ex-repúblicas iugoslavas Sérvia, Croácia e Macedônia.
- Penso que é o grupo mais duro. Sumamente difícil - cravou o sérvio Bora Milutinovic, que se destacou por dirigir cinco seleções distintas em Copas do Mundo.
Presente ao sorteio das chaves neste sábado (30), no Rio de Janeiro, o treinador, que atualmente trabalha no futebol do Catar, previu como decisivas as partidas entre croatas e sérvios.
- Há uma grande rivalidade. A equipe da Croácia é capaz. Penso que é um jogo especial para os dois. Para vencer o grupo, tem que conseguir, no mínimo, quatro pontos com o adversário direto.
No entanto, Milutinovic minimizou o clima de tensão do clássico dos Bálcãs, que evoca as sangrentas batalhas da separação croata no início da década de 1990.
- Já se jogaram tantas partidas de outros esportes. Não pode ser um grande fator a prejudicar. A cada dia, há um ambiente mais agradável entre os dois países - contemporizou.
Antes das avaliações das chaves europeias,ele precisou recorrer às anotações.
- Acompanhei mais a África - revelou, como quem fareja uma vaga de treinador no percurso até 2014.
Milutinovic comandou o México em 1986, a Costa Rica em 1990, os EUA em 1994, a Nigéria em 1998 e a China em 2002. Só não passou da primeira fase com os chineses.
Sobre as Eliminatórias, ele ainda mantém uma certeza:
- Alemanha aparentemente nunca tem problemas. Sempre está presente (no Mundial). Funciona bem.
Fora do esporte, o Brasil também cativou o sérvio.
- Quando alguém conhece o Rio, conhece os brasileiros, normalmente diria que é muito agradável. Há paixão para a vida e para o futebol, melhores jogadores....
Bagunça
Mais do que nas pequenas falhas de organização e na demora em alguns serviços, a necessidade de melhoria para a Copa do Mundo de 2014 evidenciou-se nas sessões de entrevistas após o sorteio das Eliminatórias.
Os próprios treinadores e dirigentes não seguiram o esquema de divisão em palanques de cada continente. E o saguão de atendimento à mídia virou uma confusão repartida em diversos núcleos.
Era uma miscelânia de nacionalidades e idiomas, até porque os profissionais do futebol mostravam-se transformados em poliglotas ao longo de carreiras tão globalizadas.
Quem tentava escapar do assédio de repórteres era convencido por funcionários da Fifa a emitir umas palavrinhas.
- Só dois minutos! - concedeu, ao desistir da fuga, o técnico Guus Hiddink, terceiro colocado com sua Holanda em 1998 e quarto com a Coreia do Sul em 2002.
Dirigindo a seleção turca e mantendo um curioso sotaque madrileno dos tempos de técnico do Real Madrid, ele analisou, na língua espanhola, a concorrência com seus compatriotas, húngaros, romenos, estonianos e andorrenses.
- O grupo da Turquia não é fácil, como todos. A Holanda, vocês conhecem, é uma equipe poderosa. Tenho confiança de que podemos, pelo menos, lutar contra os holandeses. Conhecemos bastante bem a Holanda, a enfrentamos no ano passado num amistoso, uma boa partida, mas Eliminatória é diferente.
Hiddink admitiu a situação especial de duelar contra sua pátria.
- Sim, cara, é óbvio. Um país tão pequeno, com 16 milhões de habitantes, está todo ano no Mundial e na Eurocopa, não somente para participar, mas também para lutar por títulos. Respeito muito meu país neste aspecto.
O processo de renovação na Turquia segue com vistas à Copa, disse.
- A equipe turca está crescendo em experiência. Há um time que está mudando agora mesmo, com jovens, e tem um ano mais para amadurecer - falou, referindo-se ao início das Eliminatórias europeias, marcado para outubro de 2012.
A distribuição de elogios ao anfitrião culminou com a defesa dos benefícios de se organizar um Mundial.
- É um país que tem dado muitíssimos jogadores de alta categoria ao mundo do futebol, por isso é um respeito de todo o futebol vir jogar no Brasil. Ele está crescendo no plano econômico também, e o esporte sempre pode empurrar mais para cima. Por isso, é importante ter uma Copa do Mundo.
Fonte: Terra Magazine.
FUTEBOL - Ex-atacante alemão promete ajuda à entidades filantrópicas brasileiras.
Ex-artilheiro alemão promete caridade a brasileiros em 2014
Eliano Jorge
Do Rio de Janeiro
Quando era centroavante, Oliver Bierhoff anunciou que, por cada gol que marcasse pela Alemanha na Copa do Mundo de 1998, doaria 7.800 dólares para a Fundação Cidade-Mãe, da Prefeitura de Salvador, que atendia cerca de 5 mil crianças carentes na época.
Ele balançou as redes três vezes na França e cumpriu o acordo com os baianos. Hoje, como dirigente da Federação Alemã de Futebol, promete mais caridade a entidades filantrópicas brasileiras em 2014.
- Agora, temos o (Campeonato) Europeu, mas seguramente a federação pensa no que fará em 2014. Temos tempo ainda. Não sei (qual instituição), devemos ver - anunciou para Terra Magazine o artilheiro da Série A da Itália de 1998 pela Udinese.
Logo após a cerimônia do sorteio dos confrontos das Eliminatórias, no Rio de Janeiro, ele admitiu o contentamento dos alemães por terem que encarar Suécia, Irlanda, Áustria, Ilhas Faroe e Cazaquistão no caminho ao Mundial.
- Estamos satisfeitos com o grupo.
Sobre a chave da rival Itália, que jogará contra dinamarqueses, tchecos, búlgaros, armênios e malteses, Bierhoff palpitou:
- Talvez equilibrada. Dinamarca e República Tcheca possuem tradição, mas ultimamente não vêm bem. A Itália será favorita, porém é sempre difícil jogar na Dinamarca com o ambiente e o entusiasmo que têm lá.
O italiano Fabio Capello, que comanda a seleção inglesa, demonstrou mais confiança na Azzurra:
- À Itália, coube um bom grupo. Forte? Não. Se o time está bem, pode jogar e vencer. Se não está bem, torna-se difícil qualquer grupo.
Na hora de medir os obstáculos da seleção inglesa, ele se mostrou menos assertivo.
- Conhecemos duas equipes: Montenegro, que precisamos vencer para nos classficarmos (à Eurocopa de 2012), e Ucrânia, contra a qual já jogamos pelas Eliminatórias de 2010. Depois tem a Polônia, que está melhorando - analisou Capello, sem gastar sua saliva com as frágeis Moldávia e San Marino.
Em Londres, os montenegrinos seguraram o 0 a 0. Atualmente empatados em número de pontos, receberão a visita dos ingleses na última rodada do qualificatório continental, em 7 de outubro.
Pela seletiva de 2010, os ucranianos perderam por 2 a 1 na Inglaterra e venceram em casa por 1 a 0. Acabaram na segunda posição do grupo e definharam na repescagem, contra a Grécia.
Silêncio sobre Furacão
Capitão e eleito craque no título de 1990, o alemão Lotthar Matthäus, que dirige a Bulgária, resignou-se com a hierarquia do grupo B.
- A favorita é a Itália. As outras vão jogar pelo segundo lugar - comentou o ex-jogador de cinco Mundiais.
Questionado sobre voltar, em 2014, à Arena da Baixada, onde treinou o Atlético Paranaense, Matthäus desconversou:
- Desculpe, isso é de cinco anos atrás, estou pensando no futuro. Foi um tempo bonito, apenas breve.
Uma de cada vez
Escolhida para receber o Mundial de 2018, a Rússia tratou de se promover com um estande no centro de mídia montado na Marina da Glória.
Treinador dos russos, o holandês Dick Advocaat destacou no seu grupo o favoritismo de Portugal, descrito como uma das melhores equipes do mundo.
- Porém, acho que, num bom dia, a Rússia pode batê-lo - opinou, sem se aprofundar nos demais adversários: Israel, Irlanda do Norte, Azerbaijão e Luxemburgo.
Ele não comentou a missão de evitar que a anfitriã de 2018 se ausente na Copa anterior. Primeiro, se atém à Eurocopa de 2012.
- Eu não espero por algo tão distante. São coisas diferentes. O alvo agora é o Campeonato Europeu. Depois, recomeça a preparação para a Copa do Mundo - declarou Advocaat.
Eliminado pela França em 1998 e 2006, Ronaldo "vinga-se", mandando os azuis para o grupo da poderosa Espanha, no sorteio (foto: Reuters)
Ex-volante espanhol que defendeu a seleção francesa, Luis Fernández, treinador de Israel, não ficou nada feliz com o sorteio que colocou França e Espanha no mesmo grupo.
- Depende de como a Espanha vai se sair nos próximos anos. A França necessita voltar e ganhar os jogos. Com (o treinador francês Laurent) Blanc e os novos jogadores, pode ir bem - avaliou.
Fernández, porém, fez um alerta sobre um adversário aparentemente inofensivo:
- Mas cuidado com a Geórgia! Não é que ela vai se classificar, mas pode tirar pontos (de França e Espanha) - avisou o responsável por encerrar a disputa de pênaltis que eliminou o Brasil nas quartas de final da Copa de 1986.
A alguns metros dali, Laurent Blanc confessava o favoritismo dos atuais campeões mundiais na chave que ainda inclui Bielorrússia, Geórgia e Finlândia.
- É a melhor equipe do mundo. O futebol espanhol domina o futebol europeu, o futebol mundial. Será difícil - afirmou o zagueiro da seleção consagrada em casa no Mundial de 1998
Fonte: Terra Magazine.
Eliano Jorge
Do Rio de Janeiro
Quando era centroavante, Oliver Bierhoff anunciou que, por cada gol que marcasse pela Alemanha na Copa do Mundo de 1998, doaria 7.800 dólares para a Fundação Cidade-Mãe, da Prefeitura de Salvador, que atendia cerca de 5 mil crianças carentes na época.
Ele balançou as redes três vezes na França e cumpriu o acordo com os baianos. Hoje, como dirigente da Federação Alemã de Futebol, promete mais caridade a entidades filantrópicas brasileiras em 2014.
- Agora, temos o (Campeonato) Europeu, mas seguramente a federação pensa no que fará em 2014. Temos tempo ainda. Não sei (qual instituição), devemos ver - anunciou para Terra Magazine o artilheiro da Série A da Itália de 1998 pela Udinese.
Logo após a cerimônia do sorteio dos confrontos das Eliminatórias, no Rio de Janeiro, ele admitiu o contentamento dos alemães por terem que encarar Suécia, Irlanda, Áustria, Ilhas Faroe e Cazaquistão no caminho ao Mundial.
- Estamos satisfeitos com o grupo.
Sobre a chave da rival Itália, que jogará contra dinamarqueses, tchecos, búlgaros, armênios e malteses, Bierhoff palpitou:
- Talvez equilibrada. Dinamarca e República Tcheca possuem tradição, mas ultimamente não vêm bem. A Itália será favorita, porém é sempre difícil jogar na Dinamarca com o ambiente e o entusiasmo que têm lá.
O italiano Fabio Capello, que comanda a seleção inglesa, demonstrou mais confiança na Azzurra:
- À Itália, coube um bom grupo. Forte? Não. Se o time está bem, pode jogar e vencer. Se não está bem, torna-se difícil qualquer grupo.
Na hora de medir os obstáculos da seleção inglesa, ele se mostrou menos assertivo.
- Conhecemos duas equipes: Montenegro, que precisamos vencer para nos classficarmos (à Eurocopa de 2012), e Ucrânia, contra a qual já jogamos pelas Eliminatórias de 2010. Depois tem a Polônia, que está melhorando - analisou Capello, sem gastar sua saliva com as frágeis Moldávia e San Marino.
Em Londres, os montenegrinos seguraram o 0 a 0. Atualmente empatados em número de pontos, receberão a visita dos ingleses na última rodada do qualificatório continental, em 7 de outubro.
Pela seletiva de 2010, os ucranianos perderam por 2 a 1 na Inglaterra e venceram em casa por 1 a 0. Acabaram na segunda posição do grupo e definharam na repescagem, contra a Grécia.
Silêncio sobre Furacão
Capitão e eleito craque no título de 1990, o alemão Lotthar Matthäus, que dirige a Bulgária, resignou-se com a hierarquia do grupo B.
- A favorita é a Itália. As outras vão jogar pelo segundo lugar - comentou o ex-jogador de cinco Mundiais.
Questionado sobre voltar, em 2014, à Arena da Baixada, onde treinou o Atlético Paranaense, Matthäus desconversou:
- Desculpe, isso é de cinco anos atrás, estou pensando no futuro. Foi um tempo bonito, apenas breve.
Uma de cada vez
Escolhida para receber o Mundial de 2018, a Rússia tratou de se promover com um estande no centro de mídia montado na Marina da Glória.
Treinador dos russos, o holandês Dick Advocaat destacou no seu grupo o favoritismo de Portugal, descrito como uma das melhores equipes do mundo.
- Porém, acho que, num bom dia, a Rússia pode batê-lo - opinou, sem se aprofundar nos demais adversários: Israel, Irlanda do Norte, Azerbaijão e Luxemburgo.
Ele não comentou a missão de evitar que a anfitriã de 2018 se ausente na Copa anterior. Primeiro, se atém à Eurocopa de 2012.
- Eu não espero por algo tão distante. São coisas diferentes. O alvo agora é o Campeonato Europeu. Depois, recomeça a preparação para a Copa do Mundo - declarou Advocaat.
Eliminado pela França em 1998 e 2006, Ronaldo "vinga-se", mandando os azuis para o grupo da poderosa Espanha, no sorteio (foto: Reuters)
Ex-volante espanhol que defendeu a seleção francesa, Luis Fernández, treinador de Israel, não ficou nada feliz com o sorteio que colocou França e Espanha no mesmo grupo.
- Depende de como a Espanha vai se sair nos próximos anos. A França necessita voltar e ganhar os jogos. Com (o treinador francês Laurent) Blanc e os novos jogadores, pode ir bem - avaliou.
Fernández, porém, fez um alerta sobre um adversário aparentemente inofensivo:
- Mas cuidado com a Geórgia! Não é que ela vai se classificar, mas pode tirar pontos (de França e Espanha) - avisou o responsável por encerrar a disputa de pênaltis que eliminou o Brasil nas quartas de final da Copa de 1986.
A alguns metros dali, Laurent Blanc confessava o favoritismo dos atuais campeões mundiais na chave que ainda inclui Bielorrússia, Geórgia e Finlândia.
- É a melhor equipe do mundo. O futebol espanhol domina o futebol europeu, o futebol mundial. Será difícil - afirmou o zagueiro da seleção consagrada em casa no Mundial de 1998
Fonte: Terra Magazine.
FUTEBOL - Fim do casamento?
Capital30 de julho de 2011 às 17:07h
Em entrevista recente a CartaCapital, o jornalista e apresentador Juca Kfouri, maior desafeto do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, narrou a frustração que sentiu ao ver o cartola de braços dados com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um amistoso da seleção brasileira contra o Haiti, em Porto Príncipe, em 2004.
A união entre o governo e Teixeira, no comando da entidade desde 1989 e desde então colecionador de acusações de todo tipo – como a de receber propina de uma empresa já falida em troca de publicidade durante a Copa do Mundo – contrastava com uma promessa feita quando Lula lançou o estatuto do torcedor e prometeu que nunca mais jornalistas como Kfouri se queixariam dos maltratos sofridos pelos fãs do futebol nos estádios do País.
Na mesma entrevista, porém, ele confidenciou um alento: o de que a atual presidenta, Dilma Rousseff, não nutria admiração alguma pelo mandatário do futebol, que distribuiu aliados – da filha ao assessor de imprensa – no comitê organizador da Copa do Mundo de 2014.
Se um gesto simbólico, naquela ocasião, indicava a aproximação, um outro aceno foi feito neste sábado 30, dia em que a Fifa realizou, no Rio de Janeiro, o sorteio das chaves para as Eliminatórias do Mundial.
Na cerimônia que reuniu artistas, políticos e alguns dos principais nomes do futebol nacional, como Ronaldo e Zico, Teixeira foi recebido com frieza dentro da própria festa. E a recepção foi feita por ninguém menos que a presidenta da República.
Como se confirmasse a percepção de que o cartola de fato não conta com a simpatia da presidenta, Dilma dispensou a ele apenas um tratamento protocolar. No discurso mais importante da tarde, o homem mais poderoso do futebol foi lembrado apenas como “senhor Ricardo Teixeira” – num ato falho da presidenta, proposital ou não, que não o citou sequer como presidente do comitê organizador do Mundial.
Alvo de protestos do lado de fora da Marina da Glória, onde foi realizada a cerimônia, Teixeira não foi nem chamado para o palco no início da apresentação. Ficou, com a cara de poucos amigos de sempre, sentado numa fileira ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blattler.
O gelo só foi derretido quando Dilma se dirigiu a Pelé, recém-nomeado embaixador da Copa no Brasil, e a quem a presidenta não poupou honrarias. Em sua fala, o Rei do Futebol foi lembrado como “meu querido” e “inesquecível”. O craque, que mantém relações instáveis com Teixeira, foi aplaudido de pé.
Foi dessa maneira que, na festa da cartolagem, a presidenta avisou, a seu jeito, que o futebol é feito por quem está, ou pelo menos já esteve, em campo.
“O Brasil continua a ser identificado como o país do futebol. E isso nos envaidece. Nós amamos o futebol. Ganhamos cinco Copas do Mundo e aqui nasceram muitos dos maiores craques de todos os tempos”, cutucou Dilma.
De acordo com a agência Reuters, durante a cerimônia a presidente criou um clima de constrangimento ao decidir inicialmente ficar isolada em uma sala VIP, para evitar contato com o presidente da CBF. Era uma resposta ao gelo dado pela CBF a Pelé, que só foi convidado para o sorteio da Fifa pelo Palácio do Planalto.
Convite
Em seu curto discurso, Dilma exaltou a situação econômica do País e convidou “os povos do mundo inteiro a conhecer o Brasil e os brasileiros”.
“Encontrarão um Brasil muito bem preparado para realizar a Copa. Com toda a infraestrutura necessária: transporte, tecnologia de comunicação e muita segurança”, prometeu.
“Estamos fazendo a nossa parte para que a Copa seja a melhor de todos os tempos. Estejam certos de que esse novo Brasil estará pronto para encantar o mundo em 2014”, finalizou a presidenta.
*Com informações da Agência Brasil
Em entrevista recente a CartaCapital, o jornalista e apresentador Juca Kfouri, maior desafeto do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, narrou a frustração que sentiu ao ver o cartola de braços dados com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um amistoso da seleção brasileira contra o Haiti, em Porto Príncipe, em 2004.
A união entre o governo e Teixeira, no comando da entidade desde 1989 e desde então colecionador de acusações de todo tipo – como a de receber propina de uma empresa já falida em troca de publicidade durante a Copa do Mundo – contrastava com uma promessa feita quando Lula lançou o estatuto do torcedor e prometeu que nunca mais jornalistas como Kfouri se queixariam dos maltratos sofridos pelos fãs do futebol nos estádios do País.
Na mesma entrevista, porém, ele confidenciou um alento: o de que a atual presidenta, Dilma Rousseff, não nutria admiração alguma pelo mandatário do futebol, que distribuiu aliados – da filha ao assessor de imprensa – no comitê organizador da Copa do Mundo de 2014.
Se um gesto simbólico, naquela ocasião, indicava a aproximação, um outro aceno foi feito neste sábado 30, dia em que a Fifa realizou, no Rio de Janeiro, o sorteio das chaves para as Eliminatórias do Mundial.
Na cerimônia que reuniu artistas, políticos e alguns dos principais nomes do futebol nacional, como Ronaldo e Zico, Teixeira foi recebido com frieza dentro da própria festa. E a recepção foi feita por ninguém menos que a presidenta da República.
Como se confirmasse a percepção de que o cartola de fato não conta com a simpatia da presidenta, Dilma dispensou a ele apenas um tratamento protocolar. No discurso mais importante da tarde, o homem mais poderoso do futebol foi lembrado apenas como “senhor Ricardo Teixeira” – num ato falho da presidenta, proposital ou não, que não o citou sequer como presidente do comitê organizador do Mundial.
Alvo de protestos do lado de fora da Marina da Glória, onde foi realizada a cerimônia, Teixeira não foi nem chamado para o palco no início da apresentação. Ficou, com a cara de poucos amigos de sempre, sentado numa fileira ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blattler.
O gelo só foi derretido quando Dilma se dirigiu a Pelé, recém-nomeado embaixador da Copa no Brasil, e a quem a presidenta não poupou honrarias. Em sua fala, o Rei do Futebol foi lembrado como “meu querido” e “inesquecível”. O craque, que mantém relações instáveis com Teixeira, foi aplaudido de pé.
Foi dessa maneira que, na festa da cartolagem, a presidenta avisou, a seu jeito, que o futebol é feito por quem está, ou pelo menos já esteve, em campo.
“O Brasil continua a ser identificado como o país do futebol. E isso nos envaidece. Nós amamos o futebol. Ganhamos cinco Copas do Mundo e aqui nasceram muitos dos maiores craques de todos os tempos”, cutucou Dilma.
De acordo com a agência Reuters, durante a cerimônia a presidente criou um clima de constrangimento ao decidir inicialmente ficar isolada em uma sala VIP, para evitar contato com o presidente da CBF. Era uma resposta ao gelo dado pela CBF a Pelé, que só foi convidado para o sorteio da Fifa pelo Palácio do Planalto.
Convite
Em seu curto discurso, Dilma exaltou a situação econômica do País e convidou “os povos do mundo inteiro a conhecer o Brasil e os brasileiros”.
“Encontrarão um Brasil muito bem preparado para realizar a Copa. Com toda a infraestrutura necessária: transporte, tecnologia de comunicação e muita segurança”, prometeu.
“Estamos fazendo a nossa parte para que a Copa seja a melhor de todos os tempos. Estejam certos de que esse novo Brasil estará pronto para encantar o mundo em 2014”, finalizou a presidenta.
*Com informações da Agência Brasil
ECONOMIA - Níveis de desemprego derrubam tese monetarista.
Níveis de desemprego derrubam tese monetarista de desenvolvimento.
Pedro do Coutto
Em O Estado de S. Paulo, o jornalista Celso Ming publicou importante matéria sobre os índices de desemprego em diversos países, dos quais pode-se obter a constatação de que as taxas mais altas coincidem com a ocorrência de crises financeiras. Portanto, a carência social de trabalho é claro indicador de problemas, sejam eles conjunturais ou estruturais. Não são assim os salários a fonte dos desequilíbrios nos orçamentos de nações. Pelo contrário: são reflexo de políticas mal sucedidas, culminando com a concentração de recursos em setores não economicamente reprodutivos. Lógico. Pois se fossem reprodutivas no plano do crescimento, o desemprego seria baixo. E não é.
Antes de focalizar diretamente os números e as coincidências, vamos aos seguintes fatos, todos eles reveladores da importância estratégica do trabalho humano: o presidente Roosevelt, ao assumir a Casa Branca em 33, lançou um plano emergencial de pleno emprego nos Estados Unidos. Resultado: superou o crack de 29 e colocou o país na linha de frente do progresso mundial. No Brasil, final da década de 50, JK promoveu o pleno emprego, estabeleceu o maior salário mínimo da história do país (1.709 reais aos preços de hoje, mais de 3 vezes o piso atual) e fez o PIB avançar 9%.
O presidente Bill Clinton foi eleito em 92, e, ao sair de Washington no ano 2000, deixou o desemprego em apenas 3%. O êxito foi total. O PIB saltou de 9,5 trilhões para 13 trilhões de dólares. Depois dele, a velocidade foi freada. Hoje oscila em torno de 14,5 trilhões (de dólares).
Na mesma edição de 24 de julho de O Estado de São Paulo, ao lado do espaço de Celso Ming, uma declaração da presidente Dilma Rousseff: não queremos inflação sob controle com crescimento zero. Depois de assegurar o crescimento é que se vai combater a inflação. Esta foi, exatamente, a opção dos anos dourados de JK. Mas eu falei em números e coincidências. As estatísticas de desemprego reveladas por Ming são de uma fonte absolutamente insuspeita: o FMI.
Está lá na página de O Estado de São Paulo. São relacionados: Alemanha (7,1% sobre a mão obra ativa); Áustria (4,2); Bélgica (8,5); Espanha, o índice mais alto, 19.3 pontos; EUA (9,6); França (9,8); Grécia (14,7); Holanda (4,5); Irlanda (12%); Itália (8,6); Japão (5) e Portugal (10,8% sobre a força de trabalho)
Basta ler os jornais e fazer o cotejo que proponho. Onde se situam as crises financeiras? Exatamente nas nações em que as taxas de desemprego encontram-se mais elevadas. Onde estão acontecendo crises políticas? Nos mesmos países em que o desemprego supera o limite aceitável em torno de 5%. No Brasil está, segundo o IBGE divulgou nas duas últimas semanas, na escala de 6,1% sobre a mão de obra ativa. Lula o recebeu de FHC no patamar de 12%. Dilma recebeu de Lula nos 6,1% que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta. Não houve processo crítico em nosso país. Mas está havendo na Grécia, houve na Espanha com a derrota do governo nas urnas, está acontecendo na Irlanda, os governos da França e Itália tornaram-se impopulares. Obama vive um impasse.
No Brasil, o então todo poderoso ministro da Fazenda, Delfim Neto, chegou a afirmar a essência do monetarismo como rumo do desenvolvimento: primeiro fazer crescer o bolo para depois dividir. Esta frase é textual. Se os governos forem adotar o princípio delfiniano, coitado do povo. Estará perdido, submergindo numa ilusão. A realidade está consagrando o estruturalismo de JK contra o monetarismo de tantos farsantes.
Pedro do Coutto
Em O Estado de S. Paulo, o jornalista Celso Ming publicou importante matéria sobre os índices de desemprego em diversos países, dos quais pode-se obter a constatação de que as taxas mais altas coincidem com a ocorrência de crises financeiras. Portanto, a carência social de trabalho é claro indicador de problemas, sejam eles conjunturais ou estruturais. Não são assim os salários a fonte dos desequilíbrios nos orçamentos de nações. Pelo contrário: são reflexo de políticas mal sucedidas, culminando com a concentração de recursos em setores não economicamente reprodutivos. Lógico. Pois se fossem reprodutivas no plano do crescimento, o desemprego seria baixo. E não é.
Antes de focalizar diretamente os números e as coincidências, vamos aos seguintes fatos, todos eles reveladores da importância estratégica do trabalho humano: o presidente Roosevelt, ao assumir a Casa Branca em 33, lançou um plano emergencial de pleno emprego nos Estados Unidos. Resultado: superou o crack de 29 e colocou o país na linha de frente do progresso mundial. No Brasil, final da década de 50, JK promoveu o pleno emprego, estabeleceu o maior salário mínimo da história do país (1.709 reais aos preços de hoje, mais de 3 vezes o piso atual) e fez o PIB avançar 9%.
O presidente Bill Clinton foi eleito em 92, e, ao sair de Washington no ano 2000, deixou o desemprego em apenas 3%. O êxito foi total. O PIB saltou de 9,5 trilhões para 13 trilhões de dólares. Depois dele, a velocidade foi freada. Hoje oscila em torno de 14,5 trilhões (de dólares).
Na mesma edição de 24 de julho de O Estado de São Paulo, ao lado do espaço de Celso Ming, uma declaração da presidente Dilma Rousseff: não queremos inflação sob controle com crescimento zero. Depois de assegurar o crescimento é que se vai combater a inflação. Esta foi, exatamente, a opção dos anos dourados de JK. Mas eu falei em números e coincidências. As estatísticas de desemprego reveladas por Ming são de uma fonte absolutamente insuspeita: o FMI.
Está lá na página de O Estado de São Paulo. São relacionados: Alemanha (7,1% sobre a mão obra ativa); Áustria (4,2); Bélgica (8,5); Espanha, o índice mais alto, 19.3 pontos; EUA (9,6); França (9,8); Grécia (14,7); Holanda (4,5); Irlanda (12%); Itália (8,6); Japão (5) e Portugal (10,8% sobre a força de trabalho)
Basta ler os jornais e fazer o cotejo que proponho. Onde se situam as crises financeiras? Exatamente nas nações em que as taxas de desemprego encontram-se mais elevadas. Onde estão acontecendo crises políticas? Nos mesmos países em que o desemprego supera o limite aceitável em torno de 5%. No Brasil está, segundo o IBGE divulgou nas duas últimas semanas, na escala de 6,1% sobre a mão de obra ativa. Lula o recebeu de FHC no patamar de 12%. Dilma recebeu de Lula nos 6,1% que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta. Não houve processo crítico em nosso país. Mas está havendo na Grécia, houve na Espanha com a derrota do governo nas urnas, está acontecendo na Irlanda, os governos da França e Itália tornaram-se impopulares. Obama vive um impasse.
No Brasil, o então todo poderoso ministro da Fazenda, Delfim Neto, chegou a afirmar a essência do monetarismo como rumo do desenvolvimento: primeiro fazer crescer o bolo para depois dividir. Esta frase é textual. Se os governos forem adotar o princípio delfiniano, coitado do povo. Estará perdido, submergindo numa ilusão. A realidade está consagrando o estruturalismo de JK contra o monetarismo de tantos farsantes.
POLÍTICA - Disputa da prefeitura de São Paulo.
Pesquisa Vox Populi para prefeito de São Paulo consagra Marta Suplicy, mas Lula insiste em impor Haddad.
Carlos Newton
A divulgação da mais recente pesquisa Vox Populi sobre a corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo em 2012 reforça a posição da senadora Marta Suplicy, que lidera com folga os cinco cenários em que é citada como candidata.
Marta não aceita a imposição feita por Lula, que lançou o ministro Fernando Haddad como se fosse candidato definitivo. Segundo a senadora, o ideal seria que o partido realizasse prévias. Lula diz que até aceita, mas não move uma palha nessa direção e segue fazendo campanha para Haddad para o ministro da Educação, que jamais foi candidato a cargo eletivo.
O ministro Aloizio Mercadante, que também é precandidato, também apoia as previas, mas procura não criar caso com Lula. Prefere ficar mas contido, porque não tem mandato e sé for demitido do ministério, ficará em situação muito complicada.
A pesquisa Vox Populi coloca o ministro Fernando Haddad com apenas 3% de intenção de voto, no cenário mais favorável ao petista, no qual o candidato do PSDB é o senador Aloysio Nunes Ferreira, que aparece com 6%. A pesquisa entrevistou 1.000 pessoas e foi realizada entre 9 e 13 de julho.
No cenário em que o nome do PSDB é o do ex-governador José Serra, Haddad cai para 2% das intenções de voto. Serra lidera com 26%. Em terceiro, está o deputado Celso Russomanno (14%), do PP, seguido do vereador Netinho de Paula (8%), do PC do B. Depois estão o presidente da Força, o deputado Paulinho (7%), do PDT, e Soninha Francine (5%), do PPS.
Neste cenário, Haddad está empatado com o deputado Gabriel Chalita (PMDB) e na frente do secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Jorge (PV), e do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), ambos com 1% – os dois são opções do prefeito Gilberto Kassab para a sua sucessão.
Já a senadora Marta Suplicy (PT) lidera os cinco cenários em que é citada como candidata. Com Serra no páreo, tem 29% das intenções de voto contra 24% do tucano. Nada mal, especialmente porque os dois já foram prefeitos.
Fonte: Tribuna da Internet.
Carlos Newton
A divulgação da mais recente pesquisa Vox Populi sobre a corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo em 2012 reforça a posição da senadora Marta Suplicy, que lidera com folga os cinco cenários em que é citada como candidata.
Marta não aceita a imposição feita por Lula, que lançou o ministro Fernando Haddad como se fosse candidato definitivo. Segundo a senadora, o ideal seria que o partido realizasse prévias. Lula diz que até aceita, mas não move uma palha nessa direção e segue fazendo campanha para Haddad para o ministro da Educação, que jamais foi candidato a cargo eletivo.
O ministro Aloizio Mercadante, que também é precandidato, também apoia as previas, mas procura não criar caso com Lula. Prefere ficar mas contido, porque não tem mandato e sé for demitido do ministério, ficará em situação muito complicada.
A pesquisa Vox Populi coloca o ministro Fernando Haddad com apenas 3% de intenção de voto, no cenário mais favorável ao petista, no qual o candidato do PSDB é o senador Aloysio Nunes Ferreira, que aparece com 6%. A pesquisa entrevistou 1.000 pessoas e foi realizada entre 9 e 13 de julho.
No cenário em que o nome do PSDB é o do ex-governador José Serra, Haddad cai para 2% das intenções de voto. Serra lidera com 26%. Em terceiro, está o deputado Celso Russomanno (14%), do PP, seguido do vereador Netinho de Paula (8%), do PC do B. Depois estão o presidente da Força, o deputado Paulinho (7%), do PDT, e Soninha Francine (5%), do PPS.
Neste cenário, Haddad está empatado com o deputado Gabriel Chalita (PMDB) e na frente do secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Jorge (PV), e do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), ambos com 1% – os dois são opções do prefeito Gilberto Kassab para a sua sucessão.
Já a senadora Marta Suplicy (PT) lidera os cinco cenários em que é citada como candidata. Com Serra no páreo, tem 29% das intenções de voto contra 24% do tucano. Nada mal, especialmente porque os dois já foram prefeitos.
Fonte: Tribuna da Internet.
ULTRA-CAPITALISMO: do terrorismo ao calote mundial.
Do blog Fazendo Média.
Por Marcelo Salles
Por que não podemos classificar o terrorista norueguês como ultra-capitalista? Por que temos que nos conformar com o rótulo na capa da revista Veja, que o chama de ultra-nacionalista, ou com as variantes usadas no restante das corporações de mídia (atirador, terrorista, extremista e outros tantos, que confundem muito mais do que explicam)? São confiáveis esses veículos de comunicação que imediatamente após o tiroteio sopravam que se tratava de um “extremista islâmico”? A versão amplamente divulgada não resistiu a 24 horas.
Mas estaria eu sendo radical? O capitalismo não prega genocídios? O capitalismo tem um lado humano? Vejamos:
Quando digo que o marginal norueguês é ultra-capitalista não estou pensando nos postulados de Adam Smith ou naquilo que é permitido que se publique a respeito do sistema que domina o mundo. Estou me referindo ao que é escondido (o trabalho escravo ou semi-escravo e a máquina de moer essa gente que trabalha por um salário mínimo de fome) e ao que está implícito, às sutis formas de produção e reprodução de subjetividades, que interferem nas formas de sentir, pensar e agir dos cidadãos e, conseqüentemente, da própria sociedade em que estes estão inseridos.
O assassino em massa que chocou o mundo agiu influenciado por doutrinas que pregam a concorrência violenta, o ódio ao próximo. Essa teoria que joga a culpa de tudo em estrangeiros, negros, gays, ou em qualquer um que seja diferente. É reducionista, mas funciona. Em vez de reconhecer os próprios defeitos, o que demanda tempo, reflexão e análise, basta jogar a culpa em alguém com quem a pessoa não se reconhece: o outro.
Não me parece casual que o alvo do assassino tenha sido um acampamento da juventude socialista, que reuniu centenas de jovens de todos os cantos do mundo – inclusive do Brasil. O bandido criticava o multiculturalismo e chegou a dizer que esse era o grande problema do nosso país. Essa seria a razão para sermos uma sociedade “disfuncional”, de segunda classe.
É evidente que o genocida norueguês nunca viu um Neymar da vida jogando. Muito menos teve a oportunidade de apreciar uma partida como a de quarta-feira, entre Flamengo e Santos. Ali, na Vila Belmiro, quando todos os deuses do futebol (que não são nórdicos, por suposto) baixaram simultaneamente em campo, ficou provada a existência de milagres. Esses milagres que permitem uma jogada como a do terceiro gol do Santos, quando o miscigenado Neymar fez com a bola algo que desafia a compreensão até mesmo dos deuses. Esses milagres que fizeram com que o Flamengo virasse uma partida após estar perdendo por três gols de diferença, sendo que o miscigenado Ronaldinho fez três e foi chamado de “gênio” pelo melhor jogador do mundo na atualidade. Foi um jogo que será lembrado daqui a cem anos. Deve ser duro para os racistas ouvirem isso, mas a verdade é que esses milagres nascem justamente com a miscigenação que as teorias nazistas repudiam. Futebol e música soam melhor quando tem mistura, é assim em qualquer lugar do mundo.
A propósito: o nazismo não era capitalista? Se não, o que era?
A dificuldade de se entender o discurso do premiê da Noruega é compreensível. Todos ficaram chocados quando ele afirmou que discursos de ultra-direita são legítimos. Isso porque as corporações de mídia não conseguiram traduzir para o bom português; preferiram fingir que ele não estava se referindo à ultra-direita, ou seja, a versão mais descarada do capitalismo. Para as corporações de mídia é melhor apostar na confusão do que mostrar ao povo brasileiro que seus sócios e amigos defendem, por exemplo, o cercamento de favelas. Ou o abandono da gente pobre. A tortura de traficantes varejistas.
Os tiros disparados na Noruega também ecoam nos Estados Unidos. O extremismo do assassino nórdico tem tudo a ver com o fundamentalismo neoliberal de mercado. Ambos reivindicam para si a verdade, como se existisse apenas uma, a deles. Ambos consideram-se pertencentes a uma casta superior. E ambos agiram com planejamento, método e frieza.
Agora a maior economia do mundo anuncia tranqüilamente que pode dar um calote amplo, geral e irrestrito, mas não aparece um economista para entoar os cânticos de “irresponsável”. Onde estão os fiscais dos fundamentos da economia? Onde os que diziam que Lula quebraria o Brasil? Cadê a turma que defendia o modelo estadunidense como digno de ser seguido? Estão todos quietinhos, debaixo da cama, morrendo de medo das conseqüências, imprevisíveis, de uma moratória dos Estados Unidos.
O mundo não está nessa situação porque de vez em quando aparece um lunático disposto a tudo para fazer valer sua irracionalidade. Chegamos a este ponto porque o modelo de sociedade adotado pela maior parte do mundo não presta. Quem sabe a União de Nações Sul-Americanas – Unasul – aponte uma nova direção.
Por Marcelo Salles
Por que não podemos classificar o terrorista norueguês como ultra-capitalista? Por que temos que nos conformar com o rótulo na capa da revista Veja, que o chama de ultra-nacionalista, ou com as variantes usadas no restante das corporações de mídia (atirador, terrorista, extremista e outros tantos, que confundem muito mais do que explicam)? São confiáveis esses veículos de comunicação que imediatamente após o tiroteio sopravam que se tratava de um “extremista islâmico”? A versão amplamente divulgada não resistiu a 24 horas.
Mas estaria eu sendo radical? O capitalismo não prega genocídios? O capitalismo tem um lado humano? Vejamos:
Quando digo que o marginal norueguês é ultra-capitalista não estou pensando nos postulados de Adam Smith ou naquilo que é permitido que se publique a respeito do sistema que domina o mundo. Estou me referindo ao que é escondido (o trabalho escravo ou semi-escravo e a máquina de moer essa gente que trabalha por um salário mínimo de fome) e ao que está implícito, às sutis formas de produção e reprodução de subjetividades, que interferem nas formas de sentir, pensar e agir dos cidadãos e, conseqüentemente, da própria sociedade em que estes estão inseridos.
O assassino em massa que chocou o mundo agiu influenciado por doutrinas que pregam a concorrência violenta, o ódio ao próximo. Essa teoria que joga a culpa de tudo em estrangeiros, negros, gays, ou em qualquer um que seja diferente. É reducionista, mas funciona. Em vez de reconhecer os próprios defeitos, o que demanda tempo, reflexão e análise, basta jogar a culpa em alguém com quem a pessoa não se reconhece: o outro.
Não me parece casual que o alvo do assassino tenha sido um acampamento da juventude socialista, que reuniu centenas de jovens de todos os cantos do mundo – inclusive do Brasil. O bandido criticava o multiculturalismo e chegou a dizer que esse era o grande problema do nosso país. Essa seria a razão para sermos uma sociedade “disfuncional”, de segunda classe.
É evidente que o genocida norueguês nunca viu um Neymar da vida jogando. Muito menos teve a oportunidade de apreciar uma partida como a de quarta-feira, entre Flamengo e Santos. Ali, na Vila Belmiro, quando todos os deuses do futebol (que não são nórdicos, por suposto) baixaram simultaneamente em campo, ficou provada a existência de milagres. Esses milagres que permitem uma jogada como a do terceiro gol do Santos, quando o miscigenado Neymar fez com a bola algo que desafia a compreensão até mesmo dos deuses. Esses milagres que fizeram com que o Flamengo virasse uma partida após estar perdendo por três gols de diferença, sendo que o miscigenado Ronaldinho fez três e foi chamado de “gênio” pelo melhor jogador do mundo na atualidade. Foi um jogo que será lembrado daqui a cem anos. Deve ser duro para os racistas ouvirem isso, mas a verdade é que esses milagres nascem justamente com a miscigenação que as teorias nazistas repudiam. Futebol e música soam melhor quando tem mistura, é assim em qualquer lugar do mundo.
A propósito: o nazismo não era capitalista? Se não, o que era?
A dificuldade de se entender o discurso do premiê da Noruega é compreensível. Todos ficaram chocados quando ele afirmou que discursos de ultra-direita são legítimos. Isso porque as corporações de mídia não conseguiram traduzir para o bom português; preferiram fingir que ele não estava se referindo à ultra-direita, ou seja, a versão mais descarada do capitalismo. Para as corporações de mídia é melhor apostar na confusão do que mostrar ao povo brasileiro que seus sócios e amigos defendem, por exemplo, o cercamento de favelas. Ou o abandono da gente pobre. A tortura de traficantes varejistas.
Os tiros disparados na Noruega também ecoam nos Estados Unidos. O extremismo do assassino nórdico tem tudo a ver com o fundamentalismo neoliberal de mercado. Ambos reivindicam para si a verdade, como se existisse apenas uma, a deles. Ambos consideram-se pertencentes a uma casta superior. E ambos agiram com planejamento, método e frieza.
Agora a maior economia do mundo anuncia tranqüilamente que pode dar um calote amplo, geral e irrestrito, mas não aparece um economista para entoar os cânticos de “irresponsável”. Onde estão os fiscais dos fundamentos da economia? Onde os que diziam que Lula quebraria o Brasil? Cadê a turma que defendia o modelo estadunidense como digno de ser seguido? Estão todos quietinhos, debaixo da cama, morrendo de medo das conseqüências, imprevisíveis, de uma moratória dos Estados Unidos.
O mundo não está nessa situação porque de vez em quando aparece um lunático disposto a tudo para fazer valer sua irracionalidade. Chegamos a este ponto porque o modelo de sociedade adotado pela maior parte do mundo não presta. Quem sabe a União de Nações Sul-Americanas – Unasul – aponte uma nova direção.
FUTEBOL - A reforma do Maracanã.
Do blog Fazendo Média.
Maracanã: torcedores estão indignados com a reforma do estádio.
Por Eduardo Sá
A falta de transparência na realização das obras e a ausência de consulta à população para as decisões foram os principais problemas apontados pela sociedade civil sobre a reforma do Maracanã. O debate acerca do tema foi realizado em audiência pública no Ministério Público Federal (MPF), no Rio de Janeiro, com o auditório lotado, na última quinta-feira (28). O objetivo do evento segundo o Procurador da República, Maurício Andreiuolo, foi apurar a regularidade da autorização do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Iphan) junto a Empresa de Obras Públicas (Emop), responsável pela reforma do estádio. O governo do estado estima que as obras estejam orçadas em aproximadamente R$ 1 bilhão, mais do dobro do projeto inicial. Ao final do evento Maurício declarou que o MPF vai analisar a possibilidade de entrar com uma ação para embargar as obras.
De acordo com o superintendente estadual do Iphan, Carlos Fernando de Souza, o estádio foi tombado em 2000 no livro que visa preservar somente as características etnográficas do patrimônio e elas não serão alteradas com as obras. Souza disse ainda que o debate é tardio, já que a demolição da geral (setor mais popular do Maracanã) para os jogos panamericanos foi muito mais grave que a retirada da cobertura, e afirmou que se os ingressos ficarem mais caros não é por determinação do Iphan. Para ele, a substituição das marquises pelas lonas tensionadas é uma questão secundária em relação à realização da Copa.
“Ninguém nunca se lembra do Maracanã pela cobertura, lembra por conta dos espetáculos esportivos e da festa da torcida, que efetivamente não estão na cobertura, estavam na arquibancada, estavam na geral. E o uso do bem tombado depende de outras políticas públicas, o ingresso do Maracanã não vai ser de forma alguma determinado pela sua arquitetura. Cumpre-se o que quiser a Fifa e no dia seguinte revertemos. O que vimos aqui foi a gentrificação total do maracanã para atendimento de um órgão que é gentrificador. Ele vem diminuindo há muito tempo a capacidade do estádio. É bacana discutirmos isso agora, mas lamento não termos discutido por que o Iphan não embargou em 2005 para a reforma do Pan”, declarou o superintendente, que à época não estava na cúpula da instituição.
Para o superintendente estadual do Iphan, Carlos Fernando de Souza, o mais importante é a realização da Copa comemorada pelos brasileiros. Foto: Bianca Mina.
A ex-chefe de divisão de Proteção Legal do Iphan, a arquiteta Claudia Girão, que participou do processo de tombamento do estádio, pediu a palavra no auditório e destacou que nesse projeto não há nenhum espaço popular. Segundo ela, em mais de 20 anos na instituição nunca viu tanta mobilização por um patrimônio cultural, fato que demonstra a importância do Maracanã para a população. Ela criticou a demolição da geral sem consulta popular e afirmou que a essência do estádio não está sendo preservada.
O presidente da Emop, Ícaro Moreno, explicou que a geometria do estádio não será modificada mas grade parte da sua estrutura está condenada e coloca em risco a vida dos torcedores. Em sua justificação técnica para a demolição das marquises do Maracanã, que modificarão sua imagem aérea original que é cartão postal da cidade, Ícaro disse que 3 universidades brasileiras foram chamadas para estudar a estrutura e todas apontaram para a sua demolição. Ele observou ainda que o prazo é curto e o caderno de encargos da Fifa é muito rigoroso.
“Se não tem aprovação da Fifa não entra o pedido, então todo o arcabouço do país está voltado para a Fifa. Eu estou seguindo aquilo rigorosamente, e nós temos data cobrada dia e noite pela imprensa. A questão da cobertura foi uma exigência da Fifa, com esse prazo não dá pra fazer esse tipo de concreto e você fica fora da norma deles. Mas cobrir 90% dos usuários da chuva eu acho positivo, é agregar valor”, explicou Moreno.
Torcedores, intelectuais e especialistas criticam as obras
O economista Carlos Lessa, conhecido por suas posições nacionalistas, observou que o Maracanã é “indiscutivelmente uma relíquia do povo brasileiro”. Para ele, alterar sua estrutura é, em termos históricos e de simbolismo, como se quisessem reformar o Coliseu na Itália. Defendendo o estádio com o conceito de relíquia patrimonial de uma sociedade, Lessa ressaltou que o povão não pode ficar sem esse espaço democrático onde ocorre a “sociabilidade” e um “ritual de nossa cultura”.
“A relíquia faz parte de uma identidade nacional e é um dado para o futuro. A saúde de uma sociedade passa pela relíquia. Sua forma e funcionalidade têm que ser preservados. Na geral era onde estava a presença do povo”, observou o intelectual.
Além da descaracterização do espaço, os torcedores estão muito preocupados com a elitização do Maracanã. Foram muitas as críticas feitas pelos participantes, algumas delas expostas num documento lido pela Frente Nacional de Torcedores durante o evento: o estádio foi pensado para a democratização do esporte e eixo da identidade nacional, e a manifestação cultural dos torcedores está cada vez mais sem espaço; queremos um “maraca” sem setores privilegiados e sem cara de shopping center; o estádio não pode ser privatizado com dinheiro público; não se sabia na época do Pan que éramos candidatos para a Copa? As obras realizadas há 3 anos estão sendo demolidas; depois de 50 anos sem obras, em 11 anos foram realizadas 4 reformas; o Brasil tem o melhor futebol e torcida, e sua cultura futebolística deve ser preservada; etc.
Pedaços originais do estádio que estão sendo entregues a personalidades e foram criticados durante a audiência. Foto: Divulgação.
“Estão pasteurizando o modo de torcer, eu não vou ver o jogo sentado! Tudo isso faz parte de uma cultura, que não pode ser banalizada. A Suíça torce de uma maneira, o Brasil de outra. A geral não era para ser acabada, foi o primeiro ferimento no Maracanã que hoje está ferido como jamais o feriram. Ontem eu vi que está tudo esburacado. O mínimo que tem que fazer pelo torcedor e o público carioca é interromper essas obras e sentar e conversar. Para quê 110 camarotes? As melhores autoridades são as que frequentam o Maracanã, e todo mundo sabe que esse processo de elitização já começou tem tempo e tem como parar, não é fato consumado. Original ele não vai ser mais, mas pelo menos poderiam tentar fazer o mais próximo que o torcedor quer”, criticou Flavio Vilela, estudante de 26 anos que vai desde sua infância ao estádio e hoje representa uma torcida organizada na zona sul do Rio.
Aproveitando as manifestações dos torcedores dois setores da sociedade vieram expor suas situações: os vendedores ambulantes e indígenas. Estes por causa do antigo Museu do Índio colado ao estádio, que apesar de centenário e seu valor simbólico e histórico se encontra em ruínas, ocupado por alguns etnias indígenas que reivindicam o espaço para uma universidade para os nativos. Os ambulantes, por sua vez, denunciaram que desde o início das obras estão desempregados e não veem nenhuma política dentro do projeto para empregar esses trabalhadores depois da reforma do estádio.
A vereadora Silvia Rabello (PV-RJ) disse que não concorda com que a Fifa mande em nossa cidade e frisou a falta de participação social nesse processo. A falta de transparência dos órgãos públicos também foi apontada pela vereadora, que tem vasta experiência na gestão pública de proteção do patrimônio cultural e é autora de livros técnicos sobre o assunto.
“Esses eventos estão quase todos com dinheiro público e em sacrifício do patrimônio cultural. Afinal de contas o que a Fifa quer, aonde e em que extensão? E o custo disso tudo? Tombamento quer dizer preservação do objeto. Pode haver modificação, mas não descaracterização. Os órgão públicos têm que ser ouvidos e suas decisões publicadas de forma clara para que a população possa recorrer legitimamente. Não houve transparência e fundamento claro nas decisões”, afirmou.
Maracanã: torcedores estão indignados com a reforma do estádio.
Por Eduardo Sá
A falta de transparência na realização das obras e a ausência de consulta à população para as decisões foram os principais problemas apontados pela sociedade civil sobre a reforma do Maracanã. O debate acerca do tema foi realizado em audiência pública no Ministério Público Federal (MPF), no Rio de Janeiro, com o auditório lotado, na última quinta-feira (28). O objetivo do evento segundo o Procurador da República, Maurício Andreiuolo, foi apurar a regularidade da autorização do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Iphan) junto a Empresa de Obras Públicas (Emop), responsável pela reforma do estádio. O governo do estado estima que as obras estejam orçadas em aproximadamente R$ 1 bilhão, mais do dobro do projeto inicial. Ao final do evento Maurício declarou que o MPF vai analisar a possibilidade de entrar com uma ação para embargar as obras.
De acordo com o superintendente estadual do Iphan, Carlos Fernando de Souza, o estádio foi tombado em 2000 no livro que visa preservar somente as características etnográficas do patrimônio e elas não serão alteradas com as obras. Souza disse ainda que o debate é tardio, já que a demolição da geral (setor mais popular do Maracanã) para os jogos panamericanos foi muito mais grave que a retirada da cobertura, e afirmou que se os ingressos ficarem mais caros não é por determinação do Iphan. Para ele, a substituição das marquises pelas lonas tensionadas é uma questão secundária em relação à realização da Copa.
“Ninguém nunca se lembra do Maracanã pela cobertura, lembra por conta dos espetáculos esportivos e da festa da torcida, que efetivamente não estão na cobertura, estavam na arquibancada, estavam na geral. E o uso do bem tombado depende de outras políticas públicas, o ingresso do Maracanã não vai ser de forma alguma determinado pela sua arquitetura. Cumpre-se o que quiser a Fifa e no dia seguinte revertemos. O que vimos aqui foi a gentrificação total do maracanã para atendimento de um órgão que é gentrificador. Ele vem diminuindo há muito tempo a capacidade do estádio. É bacana discutirmos isso agora, mas lamento não termos discutido por que o Iphan não embargou em 2005 para a reforma do Pan”, declarou o superintendente, que à época não estava na cúpula da instituição.
Para o superintendente estadual do Iphan, Carlos Fernando de Souza, o mais importante é a realização da Copa comemorada pelos brasileiros. Foto: Bianca Mina.
A ex-chefe de divisão de Proteção Legal do Iphan, a arquiteta Claudia Girão, que participou do processo de tombamento do estádio, pediu a palavra no auditório e destacou que nesse projeto não há nenhum espaço popular. Segundo ela, em mais de 20 anos na instituição nunca viu tanta mobilização por um patrimônio cultural, fato que demonstra a importância do Maracanã para a população. Ela criticou a demolição da geral sem consulta popular e afirmou que a essência do estádio não está sendo preservada.
O presidente da Emop, Ícaro Moreno, explicou que a geometria do estádio não será modificada mas grade parte da sua estrutura está condenada e coloca em risco a vida dos torcedores. Em sua justificação técnica para a demolição das marquises do Maracanã, que modificarão sua imagem aérea original que é cartão postal da cidade, Ícaro disse que 3 universidades brasileiras foram chamadas para estudar a estrutura e todas apontaram para a sua demolição. Ele observou ainda que o prazo é curto e o caderno de encargos da Fifa é muito rigoroso.
“Se não tem aprovação da Fifa não entra o pedido, então todo o arcabouço do país está voltado para a Fifa. Eu estou seguindo aquilo rigorosamente, e nós temos data cobrada dia e noite pela imprensa. A questão da cobertura foi uma exigência da Fifa, com esse prazo não dá pra fazer esse tipo de concreto e você fica fora da norma deles. Mas cobrir 90% dos usuários da chuva eu acho positivo, é agregar valor”, explicou Moreno.
Torcedores, intelectuais e especialistas criticam as obras
O economista Carlos Lessa, conhecido por suas posições nacionalistas, observou que o Maracanã é “indiscutivelmente uma relíquia do povo brasileiro”. Para ele, alterar sua estrutura é, em termos históricos e de simbolismo, como se quisessem reformar o Coliseu na Itália. Defendendo o estádio com o conceito de relíquia patrimonial de uma sociedade, Lessa ressaltou que o povão não pode ficar sem esse espaço democrático onde ocorre a “sociabilidade” e um “ritual de nossa cultura”.
“A relíquia faz parte de uma identidade nacional e é um dado para o futuro. A saúde de uma sociedade passa pela relíquia. Sua forma e funcionalidade têm que ser preservados. Na geral era onde estava a presença do povo”, observou o intelectual.
Além da descaracterização do espaço, os torcedores estão muito preocupados com a elitização do Maracanã. Foram muitas as críticas feitas pelos participantes, algumas delas expostas num documento lido pela Frente Nacional de Torcedores durante o evento: o estádio foi pensado para a democratização do esporte e eixo da identidade nacional, e a manifestação cultural dos torcedores está cada vez mais sem espaço; queremos um “maraca” sem setores privilegiados e sem cara de shopping center; o estádio não pode ser privatizado com dinheiro público; não se sabia na época do Pan que éramos candidatos para a Copa? As obras realizadas há 3 anos estão sendo demolidas; depois de 50 anos sem obras, em 11 anos foram realizadas 4 reformas; o Brasil tem o melhor futebol e torcida, e sua cultura futebolística deve ser preservada; etc.
Pedaços originais do estádio que estão sendo entregues a personalidades e foram criticados durante a audiência. Foto: Divulgação.
“Estão pasteurizando o modo de torcer, eu não vou ver o jogo sentado! Tudo isso faz parte de uma cultura, que não pode ser banalizada. A Suíça torce de uma maneira, o Brasil de outra. A geral não era para ser acabada, foi o primeiro ferimento no Maracanã que hoje está ferido como jamais o feriram. Ontem eu vi que está tudo esburacado. O mínimo que tem que fazer pelo torcedor e o público carioca é interromper essas obras e sentar e conversar. Para quê 110 camarotes? As melhores autoridades são as que frequentam o Maracanã, e todo mundo sabe que esse processo de elitização já começou tem tempo e tem como parar, não é fato consumado. Original ele não vai ser mais, mas pelo menos poderiam tentar fazer o mais próximo que o torcedor quer”, criticou Flavio Vilela, estudante de 26 anos que vai desde sua infância ao estádio e hoje representa uma torcida organizada na zona sul do Rio.
Aproveitando as manifestações dos torcedores dois setores da sociedade vieram expor suas situações: os vendedores ambulantes e indígenas. Estes por causa do antigo Museu do Índio colado ao estádio, que apesar de centenário e seu valor simbólico e histórico se encontra em ruínas, ocupado por alguns etnias indígenas que reivindicam o espaço para uma universidade para os nativos. Os ambulantes, por sua vez, denunciaram que desde o início das obras estão desempregados e não veem nenhuma política dentro do projeto para empregar esses trabalhadores depois da reforma do estádio.
A vereadora Silvia Rabello (PV-RJ) disse que não concorda com que a Fifa mande em nossa cidade e frisou a falta de participação social nesse processo. A falta de transparência dos órgãos públicos também foi apontada pela vereadora, que tem vasta experiência na gestão pública de proteção do patrimônio cultural e é autora de livros técnicos sobre o assunto.
“Esses eventos estão quase todos com dinheiro público e em sacrifício do patrimônio cultural. Afinal de contas o que a Fifa quer, aonde e em que extensão? E o custo disso tudo? Tombamento quer dizer preservação do objeto. Pode haver modificação, mas não descaracterização. Os órgão públicos têm que ser ouvidos e suas decisões publicadas de forma clara para que a população possa recorrer legitimamente. Não houve transparência e fundamento claro nas decisões”, afirmou.
MÍDIA - A mídia e os assaltantes da consciência.
Por Mauro Santayana, em seu blog:
Muitos cometemos o engano de atribuir a Goebbels a idéia da manipulação das massas pela propaganda política. Antes que o ministro de Hitler cunhasse expressões fortes, como Deutschland, erwacht!, Edward Bernays começava a construir a sua excitante teoria sobre o tema.
Bernays, nascido em Viena, trazia a forte influência de Freud: era seu duplo sobrinho. Sua mãe foi irmã do pai da psicanálise, e seu pai, irmão da mulher do grande cientista. Na realidade, Bernays teve poucas relações pessoais com o tio. Com um ano de idade transferiu-se de Viena para Nova Iorque, acompanhando seus pais judeus. Depois de ter feito um curso de agronomia, dedicou-se muito cedo a uma profissão que inventou, a de Relações Públicas, expressão que considerava mais apropriada do que “propaganda”. Combinando os estudos do tio sobre a mente e os estudos de Gustave Le Bon e outros, sobre a psicologia das massas, Bernays desenvolveu sua teoria sobre a necessidade de manipular as massas, na sociedade industrial que florescia nos Estados Unidos e no mundo. O texto que se segue é ilustrativo de sua conclusão:
"A consciente e inteligente manipulação dos hábitos e das opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível, o verdadeiro poder dirigente de nosso país. Nós somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos formados, nossas idéias sugeridas amplamente por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico de como a nossa 'sociedade democrática' é organizada. Vasto número de seres humanos deve cooperar, desta maneira acomodada, se eles têm que conviver em sociedade. Em quase todos os atos de nossa vida diária, seja na esfera política ou nos negócios, em nossa conduta social ou em nosso pensamento ético, somos dominados por um relativamente pequeno número de pessoas. Elas entendem os processos mentais e os modelos das massas. E são essas pessoas que puxam os cordões com os quais controlam a mente pública'.
Bernays entendeu que essa manipulação só é possível mediante os meios de comunicação. Ao abrir a primeira agência de comunicação em Nova Iorque, em 1913 – aos 22 anos – ele tratou de convencer os homens de negócios que o controle do mercado e o prestígio das empresas estavam “nas notícias”, e não nos anúncios. Foi assim que inventou o famoso press release. Coube-lhe também criar “eventos”, que se tornariam notícias. Patrocinou uma parada em Nova Iorque na qual, pela primeira vez, mulheres eram vistas fumando. Contratou dezenas de jovens bonitas, que desfilaram com suas longas piteiras – e abriu o mercado do cigarro para o consumo feminino. Dele também foi a idéia de que, no cinema, o cigarro tivesse, como teve, presença permanente – e criou a “merchandising”. É provável que ele mesmo nunca tenha fumado – morreu aos 103 anos, em 1995.
A prevalência dos interesses comerciais nos jornais e, em seguida, nos meios eletrônicos, tornou-se comum, depois de Bernays, que se dedicou também à propaganda política. Foi consultor de Woodrow Wilson, na Primeira Guerra Mundial, e de Roosevelt, durante o “New Deal”. É difícil que Goebbels não tivesse conhecido seus trabalhos.
A técnica de manipulação das massas é simples, sobretudo quando se conhecem os mecanismos da mente, os famosos instintos de manada, aos quais também ele e outros teóricos se referem. O “instinto de manada” foi manipulado magistralmente pelos nazistas e, também ali, a serviço do capitalismo. Krupp e Schacht tiveram tanta importância quanto Hitler. Mas, se sem Hitler poderia ter havido o nazismo, o sistema seria impensável sem Goebbels. E Goebbels, ao que tudo indica, valeu-se de Bernays, Le Bon e outros da mesma época e de idéias similares.
A propósito do “instinto de manada” vale a pena lembrar a definição do fascismo por Ortega y Gasset: um rebanho de ovelhas acovardadas, juntas umas às outras pêlo com pêlo, vigiadas por cães e submissas ao cajado do pastor. Essa manipulação das massas é o mais forte instrumento de dominação dos povos pelas oligarquias financeiras. Ela anestesia as pessoas - mediante a alienação - ao invadir a mente de cada uma delas, com os produtos tóxicos do entretenimento dirigido e das comunicações deformadas. É o que ocorre, com a demonização dos imigrantes “extracomunitários” nos países europeus, mas, sobretudo, dos procedentes dos países islâmicos.
Acossados pela crise econômica, nada melhor do que encontrar um “bode expiatório”- como foram os judeus para Hitler, depois da derrota na Primeira Guerra - e, desesperadamente, organizar nova cruzada para a definitiva conquista da energia que se encontra sob as areias do Oriente Médio. Se essa conquista se fizer, há outras no horizonte, como a dos metais dos Andes e dos imensos recursos amazônicos. Não nos esqueçamos da “missão divina” de que se atribuía Bush para a invasão do Iraque – aprovada com entusiasmo pelo Congresso.
É preciso envenenar a mente dos homens, como envenenada foi a inteligência do assassino de Oslo – e desmoralizar, tanto quanto possível, as instituições do Estado Democrático – sempre a serviço dos donos do dinheiro. Quem conhece os jornais e as emissoras de televisão de Murdoch sabem que não há melhor exemplo de prática das idéias de Bernays e Goebbels do que a sua imensa empresa.
São esses mesmos instrumentos manipuladores que construíram o Partido Republicano americano e hoje incitam seus membros a impedir a taxação dos ricos para resolver o problema do endividamento do país, trazido pelas guerras, e a exigir os cortes nos gastos sociais, como os da saúde e da educação. Essa mesma manipulação produziu Quisling, o traidor norueguês a serviço de Hitler durante a guerra, e agora partejou o matador de Oslo.
Postado por Miro às 13:18 0 comentários
Muitos cometemos o engano de atribuir a Goebbels a idéia da manipulação das massas pela propaganda política. Antes que o ministro de Hitler cunhasse expressões fortes, como Deutschland, erwacht!, Edward Bernays começava a construir a sua excitante teoria sobre o tema.
Bernays, nascido em Viena, trazia a forte influência de Freud: era seu duplo sobrinho. Sua mãe foi irmã do pai da psicanálise, e seu pai, irmão da mulher do grande cientista. Na realidade, Bernays teve poucas relações pessoais com o tio. Com um ano de idade transferiu-se de Viena para Nova Iorque, acompanhando seus pais judeus. Depois de ter feito um curso de agronomia, dedicou-se muito cedo a uma profissão que inventou, a de Relações Públicas, expressão que considerava mais apropriada do que “propaganda”. Combinando os estudos do tio sobre a mente e os estudos de Gustave Le Bon e outros, sobre a psicologia das massas, Bernays desenvolveu sua teoria sobre a necessidade de manipular as massas, na sociedade industrial que florescia nos Estados Unidos e no mundo. O texto que se segue é ilustrativo de sua conclusão:
"A consciente e inteligente manipulação dos hábitos e das opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível, o verdadeiro poder dirigente de nosso país. Nós somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos formados, nossas idéias sugeridas amplamente por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico de como a nossa 'sociedade democrática' é organizada. Vasto número de seres humanos deve cooperar, desta maneira acomodada, se eles têm que conviver em sociedade. Em quase todos os atos de nossa vida diária, seja na esfera política ou nos negócios, em nossa conduta social ou em nosso pensamento ético, somos dominados por um relativamente pequeno número de pessoas. Elas entendem os processos mentais e os modelos das massas. E são essas pessoas que puxam os cordões com os quais controlam a mente pública'.
Bernays entendeu que essa manipulação só é possível mediante os meios de comunicação. Ao abrir a primeira agência de comunicação em Nova Iorque, em 1913 – aos 22 anos – ele tratou de convencer os homens de negócios que o controle do mercado e o prestígio das empresas estavam “nas notícias”, e não nos anúncios. Foi assim que inventou o famoso press release. Coube-lhe também criar “eventos”, que se tornariam notícias. Patrocinou uma parada em Nova Iorque na qual, pela primeira vez, mulheres eram vistas fumando. Contratou dezenas de jovens bonitas, que desfilaram com suas longas piteiras – e abriu o mercado do cigarro para o consumo feminino. Dele também foi a idéia de que, no cinema, o cigarro tivesse, como teve, presença permanente – e criou a “merchandising”. É provável que ele mesmo nunca tenha fumado – morreu aos 103 anos, em 1995.
A prevalência dos interesses comerciais nos jornais e, em seguida, nos meios eletrônicos, tornou-se comum, depois de Bernays, que se dedicou também à propaganda política. Foi consultor de Woodrow Wilson, na Primeira Guerra Mundial, e de Roosevelt, durante o “New Deal”. É difícil que Goebbels não tivesse conhecido seus trabalhos.
A técnica de manipulação das massas é simples, sobretudo quando se conhecem os mecanismos da mente, os famosos instintos de manada, aos quais também ele e outros teóricos se referem. O “instinto de manada” foi manipulado magistralmente pelos nazistas e, também ali, a serviço do capitalismo. Krupp e Schacht tiveram tanta importância quanto Hitler. Mas, se sem Hitler poderia ter havido o nazismo, o sistema seria impensável sem Goebbels. E Goebbels, ao que tudo indica, valeu-se de Bernays, Le Bon e outros da mesma época e de idéias similares.
A propósito do “instinto de manada” vale a pena lembrar a definição do fascismo por Ortega y Gasset: um rebanho de ovelhas acovardadas, juntas umas às outras pêlo com pêlo, vigiadas por cães e submissas ao cajado do pastor. Essa manipulação das massas é o mais forte instrumento de dominação dos povos pelas oligarquias financeiras. Ela anestesia as pessoas - mediante a alienação - ao invadir a mente de cada uma delas, com os produtos tóxicos do entretenimento dirigido e das comunicações deformadas. É o que ocorre, com a demonização dos imigrantes “extracomunitários” nos países europeus, mas, sobretudo, dos procedentes dos países islâmicos.
Acossados pela crise econômica, nada melhor do que encontrar um “bode expiatório”- como foram os judeus para Hitler, depois da derrota na Primeira Guerra - e, desesperadamente, organizar nova cruzada para a definitiva conquista da energia que se encontra sob as areias do Oriente Médio. Se essa conquista se fizer, há outras no horizonte, como a dos metais dos Andes e dos imensos recursos amazônicos. Não nos esqueçamos da “missão divina” de que se atribuía Bush para a invasão do Iraque – aprovada com entusiasmo pelo Congresso.
É preciso envenenar a mente dos homens, como envenenada foi a inteligência do assassino de Oslo – e desmoralizar, tanto quanto possível, as instituições do Estado Democrático – sempre a serviço dos donos do dinheiro. Quem conhece os jornais e as emissoras de televisão de Murdoch sabem que não há melhor exemplo de prática das idéias de Bernays e Goebbels do que a sua imensa empresa.
São esses mesmos instrumentos manipuladores que construíram o Partido Republicano americano e hoje incitam seus membros a impedir a taxação dos ricos para resolver o problema do endividamento do país, trazido pelas guerras, e a exigir os cortes nos gastos sociais, como os da saúde e da educação. Essa mesma manipulação produziu Quisling, o traidor norueguês a serviço de Hitler durante a guerra, e agora partejou o matador de Oslo.
Postado por Miro às 13:18 0 comentários
NORUEGA - O terrorista louro de olhos azuis.
Por Frei Betto, no sítio da Adital:
Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.
A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.
Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo... alerta o preconceito infundido.
Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.
O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.
Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.
Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.
A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele "é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.
Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?
Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?
O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.
O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?
Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.
Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.
A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.
Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo... alerta o preconceito infundido.
Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.
O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.
Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.
Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.
A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele "é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.
Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?
Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?
O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.
O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?
Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.
ECONOMIA - Lavagna pede limites ao sistema financeiro.
Enviado por luisnassif
Por Edson Joanni
da Folha.com
Guru da moratória da Argentina pede limite ao sistema financeiro
LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
Ex-ministro da Economia responsável por administrar a moratória da Argentina em 2001, Roberto Lavagna, 69, lamenta que o sistema financeiro internacional continue desregulado e servindo de combustível a crises como a da zona do euro.
"O setor financeiro está totalmente fora de controle e se converteu em um ator político tão forte que, em vez de corrigir os problemas, impede a aplicação de medidas corretivas", afirma.
Lavagna tornou-se uma espécie de "guru do calote" e é convidado cada vez mais para conferências na Europa.
Em maio do ano passado, em artigo publicado no jornal francês "Les Echos", o economista previu o descaminho grego relacionando-o com a crise argentina.
"Mas, ao contrário da Argentina, isolada num Mercosul sem força para atuar nessas situações, Grécia integra um dos blocos mais poderosos do mundo e tem outra capacidade de reagir", afirma.
Ele acaba de lançar o livro "Trece Meses Cruciales en la História Argentina", em que narra seu trabalho no Ministério da Economia durante a grave crise econômica.
A seguir, trechos de sua entrevista à Folha.
*
Folha - A Europa não olhou para o exemplo argentino ou as crises são incomparáveis?
Roberto Lavagna - Algumas coisas, especificamente na Grécia, são muito parecidas com a Argentina. Os deficits fiscal e em conta corrente, a moeda que não contempla a produtividade média, a recessão, além de uma dívida alta em relação ao PIB.
Distinto é o plano institucional. A Argentina era um país isolado, dentro de um Mercosul sem capacidade de atuar em situações desse tipo. A Grécia integra um dos conjuntos econômicos e políticos mais estruturados no mundo. Essa é uma grande diferença. A outra é que a divida grega, que chega a 90% do PIB, está emitida em moeda nacional, em euro.
E qual é a vantagem disso?
Aplica-se a legislação nacional. A Argentina tinha uma dívida emitida em oito legislações e em oito moedas diferentes. O processo foi infinitamente mais complexo. A situação social da Grécia também é muito melhor.
O calote grego é inevitável?
O [segundo] pacote tem reestruturado a dívida. Ainda há dúvidas, mas o enfoque agora é distinto, não simplesmente de que a Grécia é a culpada e tem que se ajustar. Agora o enfoque é sistêmico.
A Grécia foi o bode expiatório?
Sim. A Argentina sabe disso muito bem -o país era culpado enquanto as responsabilidades também eram do sistema financeiro, do FMI e de outros. É muito similar.
E em relação à dívida dos EUA, há algum ponto em comum?
Nesse caso o problema é basicamente de ordem política, mas há coisas para corrigir. Os EUA precisam controlar sua dívida. Um ponto comum entre Europa e EUA é que nenhum deles foi capaz de impor limites ao funcionamento do sistema financeiro.
Impor limites ao setor financeiro resolveria a crise?
Não, mas ajuda para que ela não se repita. Sem resolver isso veremos novos problemas em outros países. Nos últimos 15 anos tivemos crise no México (1995), Rússia (1998), Brasil e sudeste asiático (1999), Argentina (2001).
A causa é um sistema financeiro que se converteu em um ator político tão forte que, em vez de corrigir os problemas, impede a aplicação de medidas corretivas.
Por Edson Joanni
da Folha.com
Guru da moratória da Argentina pede limite ao sistema financeiro
LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
Ex-ministro da Economia responsável por administrar a moratória da Argentina em 2001, Roberto Lavagna, 69, lamenta que o sistema financeiro internacional continue desregulado e servindo de combustível a crises como a da zona do euro.
"O setor financeiro está totalmente fora de controle e se converteu em um ator político tão forte que, em vez de corrigir os problemas, impede a aplicação de medidas corretivas", afirma.
Lavagna tornou-se uma espécie de "guru do calote" e é convidado cada vez mais para conferências na Europa.
Em maio do ano passado, em artigo publicado no jornal francês "Les Echos", o economista previu o descaminho grego relacionando-o com a crise argentina.
"Mas, ao contrário da Argentina, isolada num Mercosul sem força para atuar nessas situações, Grécia integra um dos blocos mais poderosos do mundo e tem outra capacidade de reagir", afirma.
Ele acaba de lançar o livro "Trece Meses Cruciales en la História Argentina", em que narra seu trabalho no Ministério da Economia durante a grave crise econômica.
A seguir, trechos de sua entrevista à Folha.
*
Folha - A Europa não olhou para o exemplo argentino ou as crises são incomparáveis?
Roberto Lavagna - Algumas coisas, especificamente na Grécia, são muito parecidas com a Argentina. Os deficits fiscal e em conta corrente, a moeda que não contempla a produtividade média, a recessão, além de uma dívida alta em relação ao PIB.
Distinto é o plano institucional. A Argentina era um país isolado, dentro de um Mercosul sem capacidade de atuar em situações desse tipo. A Grécia integra um dos conjuntos econômicos e políticos mais estruturados no mundo. Essa é uma grande diferença. A outra é que a divida grega, que chega a 90% do PIB, está emitida em moeda nacional, em euro.
E qual é a vantagem disso?
Aplica-se a legislação nacional. A Argentina tinha uma dívida emitida em oito legislações e em oito moedas diferentes. O processo foi infinitamente mais complexo. A situação social da Grécia também é muito melhor.
O calote grego é inevitável?
O [segundo] pacote tem reestruturado a dívida. Ainda há dúvidas, mas o enfoque agora é distinto, não simplesmente de que a Grécia é a culpada e tem que se ajustar. Agora o enfoque é sistêmico.
A Grécia foi o bode expiatório?
Sim. A Argentina sabe disso muito bem -o país era culpado enquanto as responsabilidades também eram do sistema financeiro, do FMI e de outros. É muito similar.
E em relação à dívida dos EUA, há algum ponto em comum?
Nesse caso o problema é basicamente de ordem política, mas há coisas para corrigir. Os EUA precisam controlar sua dívida. Um ponto comum entre Europa e EUA é que nenhum deles foi capaz de impor limites ao funcionamento do sistema financeiro.
Impor limites ao setor financeiro resolveria a crise?
Não, mas ajuda para que ela não se repita. Sem resolver isso veremos novos problemas em outros países. Nos últimos 15 anos tivemos crise no México (1995), Rússia (1998), Brasil e sudeste asiático (1999), Argentina (2001).
A causa é um sistema financeiro que se converteu em um ator político tão forte que, em vez de corrigir os problemas, impede a aplicação de medidas corretivas.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
PETRÓLEO - ANP: a raposa tomando conta do galinheiro.
Fonte:Agência Petroleira de Notícias
Tomou posse na Agência Nacional do Petróleo (ANP), agora em julho, dois diretores: Florival Carvalho e Helder Queiroz. Nada de novo, todos membros da agencia são defensores da lei entreguista de FHC [9478/97], a começar pelo diretor-geral, Haroldo Lima
Por Emanuel Cancella *
Haroldo, um comunista, filiado ao PcdoB, que deixaria incrédulo um ativista da campanha "O Petróleo É Nosso!". Os comunistas foram vanguarda da campanha que movimentou brasileiros no maior movimento cívico nas décadas de 1940 e 1950, resultando na criação da Petrobrás e na introdução do Monopólio Estatal do Petróleo [Lei 2004/53].
Ver agora Haroldo (um camarada) defender leilões de petróleo, a presença das multinacionais do petróleo em nosso país, é dose. Na posse dos novos diretores, estavam presentes figuras como Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que dispensa comentários; ex-diretores da ANP, como David Zylbersztajn – ex-genro de FHC, autor da celebre frase em sua primeira entrevista como diretor-geral da ANP: "O petróleo é vosso!". Parafraseando com extremo mau gosto e desrespeito aos nossos antepassados "O Petróleo É Nosso!".
Agência do petróleo, como todas as outras existentes no país, estão a serviço do capital. Se contemporânea fosse a ANP da campanha do petróleo no passado, seria a principal inimiga do movimento, pois a agência assume a defesa de empresas privadas estrangeiras e a entrega do nosso petróleo por meio de leilões às multinacionais.
O presidente Lula mandou desengavetar e dar prioridade ao projeto do pré-sal, que há trinta anos dormia nas gavetas da Petrobrás. Lula também mudou o marco regulatório do petróleo, porém, somente para área do pré-sal. Além disso, Lula afastou a ameaça de privatização da Petrobrás e retomou a indústria naval. Lula deu o tom nacionalista à indústria do petróleo, mas ainda é pouco diante das perspectivas do setor. E o pior: Lula manteve os leilões de petróleo. Vamos ver o comportamento da presidenta Dilma frente ao setor.
Já Haroldo, defende dois leilões ao ano. Haroldo se defende das críticas dizendo que na ANP segue a política de Lula, e agora de Dilma. Teria razão o camarada Haroldo se estivesse numa ditadura e se a ordem viesse de um torturador. Mesmo nessas circunstancias, vários comunistas morreram e não traíram seus ideais.
Como não estamos numa ditadura, muito pelo contrario, e cá para nós, Haroldo se sente muito a vontade no papel que exerce. Resta-nos, precursores da campanha do petróleo, agora denominada "O Petróleo Tem que Ser Nosso”, combater as multinacionais, o governo e a ANP!
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ
Tomou posse na Agência Nacional do Petróleo (ANP), agora em julho, dois diretores: Florival Carvalho e Helder Queiroz. Nada de novo, todos membros da agencia são defensores da lei entreguista de FHC [9478/97], a começar pelo diretor-geral, Haroldo Lima
Por Emanuel Cancella *
Haroldo, um comunista, filiado ao PcdoB, que deixaria incrédulo um ativista da campanha "O Petróleo É Nosso!". Os comunistas foram vanguarda da campanha que movimentou brasileiros no maior movimento cívico nas décadas de 1940 e 1950, resultando na criação da Petrobrás e na introdução do Monopólio Estatal do Petróleo [Lei 2004/53].
Ver agora Haroldo (um camarada) defender leilões de petróleo, a presença das multinacionais do petróleo em nosso país, é dose. Na posse dos novos diretores, estavam presentes figuras como Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que dispensa comentários; ex-diretores da ANP, como David Zylbersztajn – ex-genro de FHC, autor da celebre frase em sua primeira entrevista como diretor-geral da ANP: "O petróleo é vosso!". Parafraseando com extremo mau gosto e desrespeito aos nossos antepassados "O Petróleo É Nosso!".
Agência do petróleo, como todas as outras existentes no país, estão a serviço do capital. Se contemporânea fosse a ANP da campanha do petróleo no passado, seria a principal inimiga do movimento, pois a agência assume a defesa de empresas privadas estrangeiras e a entrega do nosso petróleo por meio de leilões às multinacionais.
O presidente Lula mandou desengavetar e dar prioridade ao projeto do pré-sal, que há trinta anos dormia nas gavetas da Petrobrás. Lula também mudou o marco regulatório do petróleo, porém, somente para área do pré-sal. Além disso, Lula afastou a ameaça de privatização da Petrobrás e retomou a indústria naval. Lula deu o tom nacionalista à indústria do petróleo, mas ainda é pouco diante das perspectivas do setor. E o pior: Lula manteve os leilões de petróleo. Vamos ver o comportamento da presidenta Dilma frente ao setor.
Já Haroldo, defende dois leilões ao ano. Haroldo se defende das críticas dizendo que na ANP segue a política de Lula, e agora de Dilma. Teria razão o camarada Haroldo se estivesse numa ditadura e se a ordem viesse de um torturador. Mesmo nessas circunstancias, vários comunistas morreram e não traíram seus ideais.
Como não estamos numa ditadura, muito pelo contrario, e cá para nós, Haroldo se sente muito a vontade no papel que exerce. Resta-nos, precursores da campanha do petróleo, agora denominada "O Petróleo Tem que Ser Nosso”, combater as multinacionais, o governo e a ANP!
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ
MÍDIA - Cantanhêde não gosta de Cristina Kirchner.
Por Altamiro Borges
Eliane Cantanhêde, a colunista da Folha que adora a “massa cheirosa” do PSDB, sempre criticou a guinada à esquerda na América Latina. Ela já escreveu vários textos contra Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros presidentes da região, rotulando-os de “populistas”, “tiranos” e outros adjetivos. No artigo de hoje, ela fustiga, mais uma vez, a presidenta Cristina Kirchner.
Em visita oficial ao Brasil, Cristina se reúne hoje com a presidenta Dilma Rousseff, participa da inauguração da nova sede da embaixada da Argentina no país e discute temas de interesse das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países. Para a colunista da Folha, porém, ela visita o Brasil apenas para tirar fotos para a sua campanha eleitoral.
Intrigas contra a integração
“Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, em 23 de outubro, Cristina Kirchner vem ao Brasil para fazer o lançamento internacional de sua candidatura à reeleição e tirar fotos, muitas fotos, com Dilma e, principalmente, com Lula... O que ela quer é posar ao lado de Lula, um ídolo, quase um mito, na Argentina, e de Dilma, mulher, presidente e discípula lulista - como ela própria, Cristina, quer se mostrar ao eleitorado argentino. A viagem não é de presidente, é de candidata”.
Sempre crítica à integração latino-americana, a colonizada Cantanhêde também aproveita para fazer as suas intrigas – jogando o Brasil contra a Argentina e Lula contra Dilma. Para ela, os dois países “vivem um amor conturbado”. A culpa seria dos argentinos, que adotaram medidas para proteger a sua economia. Lula aceitou as imposições, mas Dilma não – garante a colunista. “Lula levava na base da diplomacia e dos sorrisos, mas foi Dilma assumir e dar sinal verde para a retaliação. Canelada com canelada se paga”.
Saudade do Brasil colonizado
Ao final, Cantanhêde ainda parece lamentar a incompetência da direita argentina na disputa presidencial. “Cristina é favorita, até porque a oposição, rachada, não tem um nome para enfrentar a presidente e a força do sobrenome Kirchner. Ainda mais atrelados a Lula, forte fator eleitoral aqui e alhures”. O machismo da colunista fica implícito; Cristina depende de dois marmanjos.
Cantanhêde deve morrer de saudades de FHC. Talvez ela preferisse as visitas do ditador Alberto Fujimori ao ex-presidente tucano; ou as “relações privilegiadas” com os EUA no acordo da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e na cedência da base militar de Alcântara; ou a gestão desastrada de Carlos Menem, com suas “relações carnais” com os EUA, que ferraram os argentinos. Ela não esconde a sua bronca diante dos avanços da integração latino-americana. Prefere o Brasil dos tucanos, o Brasil colonizado.
Eliane Cantanhêde, a colunista da Folha que adora a “massa cheirosa” do PSDB, sempre criticou a guinada à esquerda na América Latina. Ela já escreveu vários textos contra Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros presidentes da região, rotulando-os de “populistas”, “tiranos” e outros adjetivos. No artigo de hoje, ela fustiga, mais uma vez, a presidenta Cristina Kirchner.
Em visita oficial ao Brasil, Cristina se reúne hoje com a presidenta Dilma Rousseff, participa da inauguração da nova sede da embaixada da Argentina no país e discute temas de interesse das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países. Para a colunista da Folha, porém, ela visita o Brasil apenas para tirar fotos para a sua campanha eleitoral.
Intrigas contra a integração
“Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, em 23 de outubro, Cristina Kirchner vem ao Brasil para fazer o lançamento internacional de sua candidatura à reeleição e tirar fotos, muitas fotos, com Dilma e, principalmente, com Lula... O que ela quer é posar ao lado de Lula, um ídolo, quase um mito, na Argentina, e de Dilma, mulher, presidente e discípula lulista - como ela própria, Cristina, quer se mostrar ao eleitorado argentino. A viagem não é de presidente, é de candidata”.
Sempre crítica à integração latino-americana, a colonizada Cantanhêde também aproveita para fazer as suas intrigas – jogando o Brasil contra a Argentina e Lula contra Dilma. Para ela, os dois países “vivem um amor conturbado”. A culpa seria dos argentinos, que adotaram medidas para proteger a sua economia. Lula aceitou as imposições, mas Dilma não – garante a colunista. “Lula levava na base da diplomacia e dos sorrisos, mas foi Dilma assumir e dar sinal verde para a retaliação. Canelada com canelada se paga”.
Saudade do Brasil colonizado
Ao final, Cantanhêde ainda parece lamentar a incompetência da direita argentina na disputa presidencial. “Cristina é favorita, até porque a oposição, rachada, não tem um nome para enfrentar a presidente e a força do sobrenome Kirchner. Ainda mais atrelados a Lula, forte fator eleitoral aqui e alhures”. O machismo da colunista fica implícito; Cristina depende de dois marmanjos.
Cantanhêde deve morrer de saudades de FHC. Talvez ela preferisse as visitas do ditador Alberto Fujimori ao ex-presidente tucano; ou as “relações privilegiadas” com os EUA no acordo da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e na cedência da base militar de Alcântara; ou a gestão desastrada de Carlos Menem, com suas “relações carnais” com os EUA, que ferraram os argentinos. Ela não esconde a sua bronca diante dos avanços da integração latino-americana. Prefere o Brasil dos tucanos, o Brasil colonizado.
MÍDIA - As mudanças virão da rua.
Por Venício Lima, no sítio Carta Maior:
Esperava-se que os acontecimentos envolvendo o tablóide “News of the World” – que se espraiam não só para outros veículos do News Corporation, mas também para outros grupos de mídia na Inglaterra e, talvez, em outros países – provocassem algum tipo de reflexão crítica por parte da grande mídia brasileira, seus parceiros e defensores.
O que temos visto, no entanto, é uma postura quase agressiva de, sem mais (1) atribuir o ocorrido a ação criminosa de apenas alguns indivíduos que não representariam um comportamento rotineiro da grande mídia; (2) insistir que os fatos não podem servir de exemplo para a defesa da regulação do setor ou comprovar a ineficiência da autorregulação; e (3) acusar aqueles que discordam de pretenderem amordaçar a imprensa e cercear a liberdade de expressão.
Na verdade, a postura da grande mídia brasileira e de seus parceiros e defensores não deveria constituir surpresa. O histórico de rejeição sistemática à democratização do setor e de recusa ao diálogo tem sido uma de suas características. Hoje, tornou-se trivial executivos dos grandes grupos midiáticos darem declarações e/ou entrevistas acusando dispositivos da Constituição de 88 de serem normas autoritárias e de censura. Mas, no caso presente, o grau de resistência a enxergar o óbvio – que tem sido objeto de reflexões em todo o planeta – é realmente assustador.
Questões sem resposta
Por que a idéia de qualquer regulação do setor, a exemplo do que existe em outros países democráticos, incomoda tanto a grande mídia brasileira?
Por que o único critério para aferir a universalidade da liberdade de expressão é a não interferência do Estado no mercado oligopolizado de mídia e não a pluralidade de vozes que tem acesso ao espaço público?
Por que, diante de qualquer proposta de regulação, ressurge o argumento clássico liberal de que o melhor remédio é sempre mais liberdade quando se sabe que esse remédio, muitas vezes, sufoca o debate público e impede a manifestação exatamente das vozes que se oporiam ao discurso dominante?
Por que o debate dessas questões continua interditado na grande mídia brasileira que oferece espaço apenas para seus parceiros e aliados e não enfrenta o contraditório de suas posições?
Onde está a resposta?
A resposta a essas questões talvez esteja no poder de facto que a grande mídia consegue articular em torno de si mesma. Seus interesses estão de tal forma imbricados com aqueles das oligarquias políticas e de setores empresariais que permanecem intocáveis. E mais: são apresentados e justificados publicamente em nome de liberdades que são bandeiras verdadeiras da democracia.
Infelizmente, continuamos muito distantes do verdadeiro exercício democrático. O liberalismo brasileiro sempre foi excludente e continua tendo pavor de qualquer tentativa republicana do Estado no sentido de permitir maior participação popular na formulação e fiscalização das políticas públicas, em particular, nas comunicações. Por isso a idéia dos conselhos de comunicação – nacional, estaduais e municipais – é combatida de forma tão virulenta.
A consciência que vem das ruas
O que a grande mídia não consegue mais controlar, todavia, é o aumento da consciência sobre a importância do direito à comunicação nas sociedades contemporâneas. A exemplo das explosões populares que tem ocorrido em outras partes do planeta, sintomas do fenômeno começam a ocorrer aqui mesmo na Terra de Santa Cruz, com a fundamental mediação tecnológica das TICs.
Para além do entretenimento culturalmente arraigado – simbolizado pelas novelas e pelo futebol – cada dia que passa, aumenta o número de brasileiros que se dão conta do imenso poder que ainda está na mão daqueles que controlam a grande mídia e que, historicamente, sonega e esconde as vozes e os interesses de milhões de outros brasileiros.
É o aumento dessa consciência que vem das ruas que explica as pequenas e importantes vitórias que a sociedade civil organizada começa finalmente a construir em níveis estadual e local. O melhor exemplo parece ser a aprovação pela Assembléia Legislativa da Bahia do Conselho Estadual de Comunicação Social – o primeiro do país – que deve ser instalado em agosto, com participação majoritária dos movimentos sociais e dos empresários. Existe possibilidade real de que outros conselhos, já previstos nas constituições estaduais, sejam instalados em breve.
Esse parece ser o único caminho possível para a democratização da comunicação no nosso país: a consciência da cidadania. Esse caminho independe da vontade da grande mídia e de seus parceiros e defensores. Esses continuarão encastelados na sua arrogância, cada dia mais distantes das vozes excluídas que vem das ruas e que, felizmente, não conseguem mais controlar.
A ver.
Esperava-se que os acontecimentos envolvendo o tablóide “News of the World” – que se espraiam não só para outros veículos do News Corporation, mas também para outros grupos de mídia na Inglaterra e, talvez, em outros países – provocassem algum tipo de reflexão crítica por parte da grande mídia brasileira, seus parceiros e defensores.
O que temos visto, no entanto, é uma postura quase agressiva de, sem mais (1) atribuir o ocorrido a ação criminosa de apenas alguns indivíduos que não representariam um comportamento rotineiro da grande mídia; (2) insistir que os fatos não podem servir de exemplo para a defesa da regulação do setor ou comprovar a ineficiência da autorregulação; e (3) acusar aqueles que discordam de pretenderem amordaçar a imprensa e cercear a liberdade de expressão.
Na verdade, a postura da grande mídia brasileira e de seus parceiros e defensores não deveria constituir surpresa. O histórico de rejeição sistemática à democratização do setor e de recusa ao diálogo tem sido uma de suas características. Hoje, tornou-se trivial executivos dos grandes grupos midiáticos darem declarações e/ou entrevistas acusando dispositivos da Constituição de 88 de serem normas autoritárias e de censura. Mas, no caso presente, o grau de resistência a enxergar o óbvio – que tem sido objeto de reflexões em todo o planeta – é realmente assustador.
Questões sem resposta
Por que a idéia de qualquer regulação do setor, a exemplo do que existe em outros países democráticos, incomoda tanto a grande mídia brasileira?
Por que o único critério para aferir a universalidade da liberdade de expressão é a não interferência do Estado no mercado oligopolizado de mídia e não a pluralidade de vozes que tem acesso ao espaço público?
Por que, diante de qualquer proposta de regulação, ressurge o argumento clássico liberal de que o melhor remédio é sempre mais liberdade quando se sabe que esse remédio, muitas vezes, sufoca o debate público e impede a manifestação exatamente das vozes que se oporiam ao discurso dominante?
Por que o debate dessas questões continua interditado na grande mídia brasileira que oferece espaço apenas para seus parceiros e aliados e não enfrenta o contraditório de suas posições?
Onde está a resposta?
A resposta a essas questões talvez esteja no poder de facto que a grande mídia consegue articular em torno de si mesma. Seus interesses estão de tal forma imbricados com aqueles das oligarquias políticas e de setores empresariais que permanecem intocáveis. E mais: são apresentados e justificados publicamente em nome de liberdades que são bandeiras verdadeiras da democracia.
Infelizmente, continuamos muito distantes do verdadeiro exercício democrático. O liberalismo brasileiro sempre foi excludente e continua tendo pavor de qualquer tentativa republicana do Estado no sentido de permitir maior participação popular na formulação e fiscalização das políticas públicas, em particular, nas comunicações. Por isso a idéia dos conselhos de comunicação – nacional, estaduais e municipais – é combatida de forma tão virulenta.
A consciência que vem das ruas
O que a grande mídia não consegue mais controlar, todavia, é o aumento da consciência sobre a importância do direito à comunicação nas sociedades contemporâneas. A exemplo das explosões populares que tem ocorrido em outras partes do planeta, sintomas do fenômeno começam a ocorrer aqui mesmo na Terra de Santa Cruz, com a fundamental mediação tecnológica das TICs.
Para além do entretenimento culturalmente arraigado – simbolizado pelas novelas e pelo futebol – cada dia que passa, aumenta o número de brasileiros que se dão conta do imenso poder que ainda está na mão daqueles que controlam a grande mídia e que, historicamente, sonega e esconde as vozes e os interesses de milhões de outros brasileiros.
É o aumento dessa consciência que vem das ruas que explica as pequenas e importantes vitórias que a sociedade civil organizada começa finalmente a construir em níveis estadual e local. O melhor exemplo parece ser a aprovação pela Assembléia Legislativa da Bahia do Conselho Estadual de Comunicação Social – o primeiro do país – que deve ser instalado em agosto, com participação majoritária dos movimentos sociais e dos empresários. Existe possibilidade real de que outros conselhos, já previstos nas constituições estaduais, sejam instalados em breve.
Esse parece ser o único caminho possível para a democratização da comunicação no nosso país: a consciência da cidadania. Esse caminho independe da vontade da grande mídia e de seus parceiros e defensores. Esses continuarão encastelados na sua arrogância, cada dia mais distantes das vozes excluídas que vem das ruas e que, felizmente, não conseguem mais controlar.
A ver.
CRISE AMERICANA - Obama: o "default day"
Obama: o ''Default Day'' e a maldição do terceiro ano
No coração deste possível Dia D ao contrário, o 2 de agosto do possível "Default Day" [dia do calote] norte-americano, está o drama de um homem que ainda busca a si mesmo depois de três anos de se tornar presidente: Barack Obama. Não conseguindo vencer o ataque, nem a contra-atacar nem a se definir com clareza, Obama é obrigado a se encerrar na arma final, no veto, como fez ontem, assustando os mercados já agitados.
A reportagem é de Vittorio Zucconi, publicada no jornal La Repubblica, 27-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Sobre ele, agravada por essa crise global da economia e das finanças, pesa a maldição do terceiro ano que atinge quase todos os presidentes norte-americanos. Dela, foram vítimas Reagan, Bush pai, Clinton e tragicamente John F. Kennedy, assassinado justamente no seu terceiro ano de presidência. É o momento em que as luas de mel já estão azedas há algum tempo, em que o Parlamento mudou frequentemente de sinal político nas eleições do meio turno, em que as promessas murcharam na realidade cotidiana, e a novidade do personagem – portanto, o seu carisma – se consumiu, enquanto já incumbe a campanha eleitoral para a reeleição.
Mas se as discórdias e as rixas são mais a normalidade do que a exceção na capital do agora "Império Frágil" – mesmo que não cheguem aos excessos ideológicos de grupos como o Tea Party –, nenhum dos antecessores de Obama jamais teve que se deparar com a possibilidade de ver em risco a credibilidade financeira da primeira potência econômica mundial.
Por isso, o apelo de surpresa lançado na segunda-feira à noite à nação em "horário nobre", no início da noite, e o novo anúncio de "veto" à solução proposta pelos republicanos haviam sido pensados para ser sinais de uma liderança forte. Mas, ao contrário, deixam a sensação de um crescente desespero. O Default da dívida seria o Default de Obama.
Um "truque", uma "saída" para frear o dólar e os Estados Unidos à beira do precipício serão encontrados, como prometem até mesmo os adversários de Obama, que sabem como jogar roleta-russa com a vida dos cidadãos sob os olhos do mundo e como parecem pensar os cerca de 65% de operadores financeiros que não acreditam no Apocalipse anunciado muitas vezes pelo próprio presidente. Mas o drama político que foi criado artificial e deliberadamente pela oposição, em torno de um evento de rotina como o aumento do teto da dívida, que o Congresso sempre havia votado (18 vezes apenas com Reagan, sete com Bush pai na Casa Branca), sem um gemido, sobreviverá à sua solução temporária. Deixará todas as dúvidas, as desilusões e as perguntas sobre a qualidade e a natureza da presidência Obama.
Também na ocasião desse duelo com a maioria republicana e o núcleo radioativo do Tea Party, tem sido difícil entrever quem é, o que quer, como pretende se mover hoje e no futuro o presidente. Grande inovador um dia ("Change!", mudança, exclamava o seu slogan) e cauto continuador das políticas do antecessor Bush no dia seguinte, reformista de manhã com magníficos programas para a saúde nacional e conservador à noite na instintiva busca do compromisso desorganizado por baixo, Obama conseguiu parecer sempre muito ideologicamente rígido aos olhos de quem o detestava e sempre muito acomodante aos olhos de que os adorava.
Parecia um Kennedy negro na retórica, depois um Clinton na astúcia manipuladora, depois um Carter bondoso no discurso do Cairo, depois um Bush belicista na guerra até a execução de Bin Laden. E, na segunda-feira à noite, tentou uma nova reencarnação, lançando um apelo por cima da cabeça do Parlamento rebelde diretamente ao povo norte-americano para que se mobilize, que era a fórmula cara a Ronald Reagan, sempre obrigado a se virar com um Congresso hostil.
Nos dias da discussão sobre o compromisso para a dívida, os impostos, os cortes, ele passou da paciência de Jó sempre exigida a todo chefe de um governo democrático por acessos de raiva, saídas de cena batendo a porta, bruscas convocações no seu escritório de líderes parlamentares e também bruscas demissões, que fizeram com que um comentarista especialista e moderado como George Will, no Washington Post, falar de tantrum, de caprichos de criança. O seu doloroso espanto diante da obstinação da poderosa minoria do Tea Party, os deputados de direita eleitos com o solene juramento de não aumentar nenhum imposto e de cortar os gastos públicos, hoje o rabo que abana o cachorro da oposição, deixou muitos intrigados.
Como se um presidente, um político de profissão, um advogado com títulos brilhantes, não houvesse entendido que "os extremistas fazem os extremistas, é o seu trabalho, como na parábola da rã e do escorpião", disse David Gergen, antigo navegador de muitos governos.
Obama, depois de três anos, é um prisioneiro da sua imagem. Ele vive no limbo entre a entusiasmante novidade revolucionária da sua própria pessoa e a banalidade deprimente da sua própria administração. É uma ilusão pensar que a pessoa corresponda com a ação, mas é a ilusão sobre a qual se vencem as eleições, na qual, a seu próprio risco e perigo, muitas vezes caem também aqueles que a criam.
Porém, ele deveria saber, justamente ele, que na sua própria vida sempre foi o homem dos compromissos e da mediação, que, para mediar e produzir um compromisso, é preciso estar em dois. Ele foi, portanto, "ingênuo", uma acusação pesada, escreve a mídia, pior "arrogante", ataca o Wall Street Journal de Murdoch. Ele colocou em evidência o defeito que já havia sido intuído na campanha eleitoral: a convicção de que a retidão das suas próprias teses deve, por força, prevalecer no debate e que os adversários sejam, antes ou depois, obrigados a reconhecer a validade dos seus argumentos.
"Como podemos pedir sacrifícios a quem tem menos para sanar as nossas contas, enquanto não pedimos nada a quem tem mais?", perguntou-se no seu discurso à nação, citando, justamente, Reagan, a sua última metamorfose. Parece óbvio, parece lógico, parece justo, e o é, dizer que, no momento em que se pede aos idosos, aos mais pobres, aos seus próprios eleitores que renunciem a qualquer fragmento da sua própria existência para salvar a pátria, aqueles que ganham mais de 250 mil dólares, os financiadores milionários dos hedge funds especulativos que pagam alíquotas fiscais mais baixas do que as suas secretárias ou o Big Oil que está acumulando lucros monstruosos devem jogar um chip no prato. Mas o óbvio, a lógica e a justiça jamais obtêm votos suficientes em um Parlamento onde triunfa a lei da sobrevivência eleitoral e da pureza ideológica.
O próximo dia 4 de agosto será o dia do seu 50º aniversário, que ele certamente gostaria de celebrar de uma forma muito diferente da que o espera. O "truque" técnico para evitar à América a humilhação do D-Day, do Default Day – ou também do primeiro rebaixamento do voto de confiança, o rating, por parte das agências de análise como a Standard & Poor's – provavelmente será encontrado. Mas a solução temporária será construída, senão contra ele, sem ele, garantindo que no próximo ano, na estrada das eleições, o mesmo problema, as mesmas armadilhas lhe serão reapresentadas. À espera que Obama, e ninguém mais, consiga responder à pergunta-chave do terceiro ano: quem é, verdadeiramente, Barack Obama?
Fonte:IHU
No coração deste possível Dia D ao contrário, o 2 de agosto do possível "Default Day" [dia do calote] norte-americano, está o drama de um homem que ainda busca a si mesmo depois de três anos de se tornar presidente: Barack Obama. Não conseguindo vencer o ataque, nem a contra-atacar nem a se definir com clareza, Obama é obrigado a se encerrar na arma final, no veto, como fez ontem, assustando os mercados já agitados.
A reportagem é de Vittorio Zucconi, publicada no jornal La Repubblica, 27-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Sobre ele, agravada por essa crise global da economia e das finanças, pesa a maldição do terceiro ano que atinge quase todos os presidentes norte-americanos. Dela, foram vítimas Reagan, Bush pai, Clinton e tragicamente John F. Kennedy, assassinado justamente no seu terceiro ano de presidência. É o momento em que as luas de mel já estão azedas há algum tempo, em que o Parlamento mudou frequentemente de sinal político nas eleições do meio turno, em que as promessas murcharam na realidade cotidiana, e a novidade do personagem – portanto, o seu carisma – se consumiu, enquanto já incumbe a campanha eleitoral para a reeleição.
Mas se as discórdias e as rixas são mais a normalidade do que a exceção na capital do agora "Império Frágil" – mesmo que não cheguem aos excessos ideológicos de grupos como o Tea Party –, nenhum dos antecessores de Obama jamais teve que se deparar com a possibilidade de ver em risco a credibilidade financeira da primeira potência econômica mundial.
Por isso, o apelo de surpresa lançado na segunda-feira à noite à nação em "horário nobre", no início da noite, e o novo anúncio de "veto" à solução proposta pelos republicanos haviam sido pensados para ser sinais de uma liderança forte. Mas, ao contrário, deixam a sensação de um crescente desespero. O Default da dívida seria o Default de Obama.
Um "truque", uma "saída" para frear o dólar e os Estados Unidos à beira do precipício serão encontrados, como prometem até mesmo os adversários de Obama, que sabem como jogar roleta-russa com a vida dos cidadãos sob os olhos do mundo e como parecem pensar os cerca de 65% de operadores financeiros que não acreditam no Apocalipse anunciado muitas vezes pelo próprio presidente. Mas o drama político que foi criado artificial e deliberadamente pela oposição, em torno de um evento de rotina como o aumento do teto da dívida, que o Congresso sempre havia votado (18 vezes apenas com Reagan, sete com Bush pai na Casa Branca), sem um gemido, sobreviverá à sua solução temporária. Deixará todas as dúvidas, as desilusões e as perguntas sobre a qualidade e a natureza da presidência Obama.
Também na ocasião desse duelo com a maioria republicana e o núcleo radioativo do Tea Party, tem sido difícil entrever quem é, o que quer, como pretende se mover hoje e no futuro o presidente. Grande inovador um dia ("Change!", mudança, exclamava o seu slogan) e cauto continuador das políticas do antecessor Bush no dia seguinte, reformista de manhã com magníficos programas para a saúde nacional e conservador à noite na instintiva busca do compromisso desorganizado por baixo, Obama conseguiu parecer sempre muito ideologicamente rígido aos olhos de quem o detestava e sempre muito acomodante aos olhos de que os adorava.
Parecia um Kennedy negro na retórica, depois um Clinton na astúcia manipuladora, depois um Carter bondoso no discurso do Cairo, depois um Bush belicista na guerra até a execução de Bin Laden. E, na segunda-feira à noite, tentou uma nova reencarnação, lançando um apelo por cima da cabeça do Parlamento rebelde diretamente ao povo norte-americano para que se mobilize, que era a fórmula cara a Ronald Reagan, sempre obrigado a se virar com um Congresso hostil.
Nos dias da discussão sobre o compromisso para a dívida, os impostos, os cortes, ele passou da paciência de Jó sempre exigida a todo chefe de um governo democrático por acessos de raiva, saídas de cena batendo a porta, bruscas convocações no seu escritório de líderes parlamentares e também bruscas demissões, que fizeram com que um comentarista especialista e moderado como George Will, no Washington Post, falar de tantrum, de caprichos de criança. O seu doloroso espanto diante da obstinação da poderosa minoria do Tea Party, os deputados de direita eleitos com o solene juramento de não aumentar nenhum imposto e de cortar os gastos públicos, hoje o rabo que abana o cachorro da oposição, deixou muitos intrigados.
Como se um presidente, um político de profissão, um advogado com títulos brilhantes, não houvesse entendido que "os extremistas fazem os extremistas, é o seu trabalho, como na parábola da rã e do escorpião", disse David Gergen, antigo navegador de muitos governos.
Obama, depois de três anos, é um prisioneiro da sua imagem. Ele vive no limbo entre a entusiasmante novidade revolucionária da sua própria pessoa e a banalidade deprimente da sua própria administração. É uma ilusão pensar que a pessoa corresponda com a ação, mas é a ilusão sobre a qual se vencem as eleições, na qual, a seu próprio risco e perigo, muitas vezes caem também aqueles que a criam.
Porém, ele deveria saber, justamente ele, que na sua própria vida sempre foi o homem dos compromissos e da mediação, que, para mediar e produzir um compromisso, é preciso estar em dois. Ele foi, portanto, "ingênuo", uma acusação pesada, escreve a mídia, pior "arrogante", ataca o Wall Street Journal de Murdoch. Ele colocou em evidência o defeito que já havia sido intuído na campanha eleitoral: a convicção de que a retidão das suas próprias teses deve, por força, prevalecer no debate e que os adversários sejam, antes ou depois, obrigados a reconhecer a validade dos seus argumentos.
"Como podemos pedir sacrifícios a quem tem menos para sanar as nossas contas, enquanto não pedimos nada a quem tem mais?", perguntou-se no seu discurso à nação, citando, justamente, Reagan, a sua última metamorfose. Parece óbvio, parece lógico, parece justo, e o é, dizer que, no momento em que se pede aos idosos, aos mais pobres, aos seus próprios eleitores que renunciem a qualquer fragmento da sua própria existência para salvar a pátria, aqueles que ganham mais de 250 mil dólares, os financiadores milionários dos hedge funds especulativos que pagam alíquotas fiscais mais baixas do que as suas secretárias ou o Big Oil que está acumulando lucros monstruosos devem jogar um chip no prato. Mas o óbvio, a lógica e a justiça jamais obtêm votos suficientes em um Parlamento onde triunfa a lei da sobrevivência eleitoral e da pureza ideológica.
O próximo dia 4 de agosto será o dia do seu 50º aniversário, que ele certamente gostaria de celebrar de uma forma muito diferente da que o espera. O "truque" técnico para evitar à América a humilhação do D-Day, do Default Day – ou também do primeiro rebaixamento do voto de confiança, o rating, por parte das agências de análise como a Standard & Poor's – provavelmente será encontrado. Mas a solução temporária será construída, senão contra ele, sem ele, garantindo que no próximo ano, na estrada das eleições, o mesmo problema, as mesmas armadilhas lhe serão reapresentadas. À espera que Obama, e ninguém mais, consiga responder à pergunta-chave do terceiro ano: quem é, verdadeiramente, Barack Obama?
Fonte:IHU
DILMA APOSENTA O LAPTOP.
Dilma aposenta o laptop e estreia o iPad
A presidente Dilma Rousseff, que sempre andou com seu laptop a tiracolo, carregando todas as informações que considerava fundamentais para o acompanhamento dos programas de governo, estreou ontem o iPad durante sua viagem a Lima para a posse do peruano Ollanta Humala.
A reportagem é Tânia Monteiro e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-07-2011.
A presidente gosta de tecnologia e ficou conhecida, durante sua passagem pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), por defender a realização de palestras e reuniões com exibições de dados organizados pelo programa PowerPoint.
Desde que assumiu a Presidência, em janeiro, Dilma tem recorrido também ao uso de outra tecnologia: o teleprompter, equipamento que facilita a leitura de textos e permite que ela faça um discurso olhando para as câmeras. No iPad de Dilma foram colocadas pelo Itamaraty informações sobre todos os contratos e negócios de interesse do Brasil com o país visitado. Na viagem a Lima, ela começou a usar seu novo brinquedo digital, que substituiu os velhos calhamaços de papéis, produzidos até então pelo Ministério das Relações Exteriores para municiar os chefes de Estado.
Mais informações
Os dados apresentados a Dilma no iPad, pela primeira vez em uma viagem internacional, agradaram a presidente. Agora, ela pode acessar os acordos bilaterais e, à medida que passeia pelo equipamento, aprofundar-se no tema que for de seu interesse. O avanço permitiu que fossem incluídas mais informações, a maior parte delas colhidas nos ministérios e embaixadas do Brasil no exterior.
A presidente Dilma Rousseff, que sempre andou com seu laptop a tiracolo, carregando todas as informações que considerava fundamentais para o acompanhamento dos programas de governo, estreou ontem o iPad durante sua viagem a Lima para a posse do peruano Ollanta Humala.
A reportagem é Tânia Monteiro e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-07-2011.
A presidente gosta de tecnologia e ficou conhecida, durante sua passagem pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), por defender a realização de palestras e reuniões com exibições de dados organizados pelo programa PowerPoint.
Desde que assumiu a Presidência, em janeiro, Dilma tem recorrido também ao uso de outra tecnologia: o teleprompter, equipamento que facilita a leitura de textos e permite que ela faça um discurso olhando para as câmeras. No iPad de Dilma foram colocadas pelo Itamaraty informações sobre todos os contratos e negócios de interesse do Brasil com o país visitado. Na viagem a Lima, ela começou a usar seu novo brinquedo digital, que substituiu os velhos calhamaços de papéis, produzidos até então pelo Ministério das Relações Exteriores para municiar os chefes de Estado.
Mais informações
Os dados apresentados a Dilma no iPad, pela primeira vez em uma viagem internacional, agradaram a presidente. Agora, ela pode acessar os acordos bilaterais e, à medida que passeia pelo equipamento, aprofundar-se no tema que for de seu interesse. O avanço permitiu que fossem incluídas mais informações, a maior parte delas colhidas nos ministérios e embaixadas do Brasil no exterior.
IGREJA CATÓLICA - Comunhão deve ser de joelhos.
''É recomendável que os fiéis comunguem na boca e de joelhos'', afirma cardeal da Cúria Romana
Em entrevista concedida à ACI Prensa, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, o cardeal Antonio Cañizares Llovera, assinalou que os católicos devem comungar na boca e de joelhos. Assim indicou o purpurado espanhol que serve na Santa Sé como responsável máximo, depois do Papa, da liturgia e dos sacramentos na Igreja católica, ao ser consultado sobre se é recomendável que os fiéis recebam ou não a comunhão na mão.
A reportagem está publicada no sítio ACI Prensa, 27-07-2011. A tradução é do Cepat.
A resposta do cardeal foi breve e simples: “é recomendável que os fiéis comunguem na boca e de joelhos”.
Assim mesmo, ao responder sobre o costume instaurado pelo Papa Bento XVI de fazer com que os fiéis recebam dele a Eucaristia o façam na boca e de joelhos, o cardeal Cañizares disse que isso se deve “ao sentido que deve ter a comunhão, que é de adoração, de reconhecimento de Deus”.
“É simplesmente saber que estamos diante do próprio Deus e que Ele veio a nós e que nós não o merecemos”, afirmou.
O cardeal disse também que comungar desta forma “é o sinal de adoração que é preciso recuperar. Eu creio que é necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos”.
“De fato – acrescentou –, quando se comunga de pé, é necessário fazer uma genuflexão, ou fazer uma inclinação profunda, coisa que não se faz”.
O Prefeito vaticano disse, além disso, que “se trivializarmos a comunhão, trivializamos tudo, e não podemos perder um momento tão importante como é comungar, como é reconhecer a presença real de Cristo ali presente, do Deus que é o amor dos amores, como cantamos numa música espanhola”.
Ao ser consultado pela ACI Prensa sobre os abusos litúrgicos em que incorrem alguns atualmente, o cardeal disse que é necessário “corrigi-los, sobretudo mediante uma boa formação: formação dos seminaristas, dos sacerdotes, dos catequistas e de todos os fiéis cristãos”.
Esta formação, explicou, deve fazer com que “se celebre bem, para que se celebre conforme as exigências e dignidade da celebração, conforme as normas da Igreja, que é a única maneira que temos de celebrar autenticamente a Eucaristia”.
Finalmente, o cardeal Cañizares disse que nesta tarefa de formação para celebrar bem a liturgia e corrigir os abusos, “os bispos têm uma responsabilidade muito particular, e não podemos deixar de cumpri-la, porque tudo o que fizermos para que a Eucaristia seja bem celebrada será fazer com que se participe bem da Eucaristia”.
Fonte: IHU
Em entrevista concedida à ACI Prensa, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, o cardeal Antonio Cañizares Llovera, assinalou que os católicos devem comungar na boca e de joelhos. Assim indicou o purpurado espanhol que serve na Santa Sé como responsável máximo, depois do Papa, da liturgia e dos sacramentos na Igreja católica, ao ser consultado sobre se é recomendável que os fiéis recebam ou não a comunhão na mão.
A reportagem está publicada no sítio ACI Prensa, 27-07-2011. A tradução é do Cepat.
A resposta do cardeal foi breve e simples: “é recomendável que os fiéis comunguem na boca e de joelhos”.
Assim mesmo, ao responder sobre o costume instaurado pelo Papa Bento XVI de fazer com que os fiéis recebam dele a Eucaristia o façam na boca e de joelhos, o cardeal Cañizares disse que isso se deve “ao sentido que deve ter a comunhão, que é de adoração, de reconhecimento de Deus”.
“É simplesmente saber que estamos diante do próprio Deus e que Ele veio a nós e que nós não o merecemos”, afirmou.
O cardeal disse também que comungar desta forma “é o sinal de adoração que é preciso recuperar. Eu creio que é necessário para toda a Igreja que a comunhão se faça de joelhos”.
“De fato – acrescentou –, quando se comunga de pé, é necessário fazer uma genuflexão, ou fazer uma inclinação profunda, coisa que não se faz”.
O Prefeito vaticano disse, além disso, que “se trivializarmos a comunhão, trivializamos tudo, e não podemos perder um momento tão importante como é comungar, como é reconhecer a presença real de Cristo ali presente, do Deus que é o amor dos amores, como cantamos numa música espanhola”.
Ao ser consultado pela ACI Prensa sobre os abusos litúrgicos em que incorrem alguns atualmente, o cardeal disse que é necessário “corrigi-los, sobretudo mediante uma boa formação: formação dos seminaristas, dos sacerdotes, dos catequistas e de todos os fiéis cristãos”.
Esta formação, explicou, deve fazer com que “se celebre bem, para que se celebre conforme as exigências e dignidade da celebração, conforme as normas da Igreja, que é a única maneira que temos de celebrar autenticamente a Eucaristia”.
Finalmente, o cardeal Cañizares disse que nesta tarefa de formação para celebrar bem a liturgia e corrigir os abusos, “os bispos têm uma responsabilidade muito particular, e não podemos deixar de cumpri-la, porque tudo o que fizermos para que a Eucaristia seja bem celebrada será fazer com que se participe bem da Eucaristia”.
Fonte: IHU
EUA - A crise americana e nós.
Carlos Chagas
Nos Estados Unidos, os bancos tomam dinheiro do governo pagando zero ou, no máximo, 0,5% de juros. Mas emprestam a 13%, em média. Estão felizes. Para enfrentar a crise, Barack Obama propõe cortes da ordem de três trilhões de dólares, junto com aumento de impostos. Os bancos, há dois anos salvos da bancarrota pelo Federal Reserve, estimulam os cortes, desde que se façam sobre programas sociais, mas insurgem-se contra maiores taxações. Falam pelo Partido Republicano, cuja maioria, na Câmara de Representantes, leva o presidente americano a uma sucessão de recuos. Pouca gente acredita nele, mesmo no Partido Democrata, registrando-se que dias atrás, numa reunião com seus companheiros, Obama precisou exigir respeito quando um deles exortou-o a dizer a verdade e confessar logo estar submisso aos adversários.
Aproxima-se o prazo fatal depois do qual Washington precisará anunciar o calote, ou seja, a impossibilidade de honrar seus títulos do tesouro, sendo a China o maior credor, com espaço também para o Brasil, com quase 300 bilhões de dólares enfiados no buraco negro. Desnecessário se torna acrecentar que o desemprego multiplica-se em progressão geométrica, naquele país.
Analistas mais próximos da isenção atribuem a crise a mil fatores, mas o principal repousa nas loucuras do governo George W. Bush, aliás, republicano, por conta das guerras que desencadeou no Iraque e no Afeganistão. Sacou sobre o futuro, ou seja, o governo do sucessor é que precisa pagar.
Tais considerações são feitas por um brasileiro radicado nos Estados Unidos, bem sucedido exportador e importador, hoje de volta ao Brasil examinando a possibilidade de não retornar. Essa alternativa, infelizmente, não pode ser adotada pelo governo brasileiro. Sempre precisaremos voltar, não podemos bancar o avestruz e enfiar a cabeça na areia em meio à tempestade próxima, simplesmente ignorando o que se passa lá em cima. Temos muito a perder se eles falirem, como também se conseguirem aguentar-se.
Explicam-se, assim, a preocupação da presidente Dilma Rousseff e os telefonemas diários que dá ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando não o convoca ao seu gabinete. Quer estar informada, ainda que fórmulas miraculosas não possua. Só não aceita a dupla opção de nossos irmãos do Norte, de cortar projetos sociais e de aumentar impostos. Que tal voltarmos ao ponto de partida deste texto para concluir que os bancos, tanto lá como cá, pretendem ficar à margem da crise, auferindo lucros fabulosos, como ainda agora a imprensa registrou. Não seria hora de Dilma e Obama quebrarem a casca do ovo?
Tribuna da Internet.
Nos Estados Unidos, os bancos tomam dinheiro do governo pagando zero ou, no máximo, 0,5% de juros. Mas emprestam a 13%, em média. Estão felizes. Para enfrentar a crise, Barack Obama propõe cortes da ordem de três trilhões de dólares, junto com aumento de impostos. Os bancos, há dois anos salvos da bancarrota pelo Federal Reserve, estimulam os cortes, desde que se façam sobre programas sociais, mas insurgem-se contra maiores taxações. Falam pelo Partido Republicano, cuja maioria, na Câmara de Representantes, leva o presidente americano a uma sucessão de recuos. Pouca gente acredita nele, mesmo no Partido Democrata, registrando-se que dias atrás, numa reunião com seus companheiros, Obama precisou exigir respeito quando um deles exortou-o a dizer a verdade e confessar logo estar submisso aos adversários.
Aproxima-se o prazo fatal depois do qual Washington precisará anunciar o calote, ou seja, a impossibilidade de honrar seus títulos do tesouro, sendo a China o maior credor, com espaço também para o Brasil, com quase 300 bilhões de dólares enfiados no buraco negro. Desnecessário se torna acrecentar que o desemprego multiplica-se em progressão geométrica, naquele país.
Analistas mais próximos da isenção atribuem a crise a mil fatores, mas o principal repousa nas loucuras do governo George W. Bush, aliás, republicano, por conta das guerras que desencadeou no Iraque e no Afeganistão. Sacou sobre o futuro, ou seja, o governo do sucessor é que precisa pagar.
Tais considerações são feitas por um brasileiro radicado nos Estados Unidos, bem sucedido exportador e importador, hoje de volta ao Brasil examinando a possibilidade de não retornar. Essa alternativa, infelizmente, não pode ser adotada pelo governo brasileiro. Sempre precisaremos voltar, não podemos bancar o avestruz e enfiar a cabeça na areia em meio à tempestade próxima, simplesmente ignorando o que se passa lá em cima. Temos muito a perder se eles falirem, como também se conseguirem aguentar-se.
Explicam-se, assim, a preocupação da presidente Dilma Rousseff e os telefonemas diários que dá ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando não o convoca ao seu gabinete. Quer estar informada, ainda que fórmulas miraculosas não possua. Só não aceita a dupla opção de nossos irmãos do Norte, de cortar projetos sociais e de aumentar impostos. Que tal voltarmos ao ponto de partida deste texto para concluir que os bancos, tanto lá como cá, pretendem ficar à margem da crise, auferindo lucros fabulosos, como ainda agora a imprensa registrou. Não seria hora de Dilma e Obama quebrarem a casca do ovo?
Tribuna da Internet.
EUA - O mundo nas mãos do "Tea Party".
Do site "Agência Carta Maior"
O PONTO A QUE CHEGAMOS:
Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha e é já. Um clamor uníssino de vozes cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O Tea Paty pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi. Tea Patty e Andres Behring Breivik são um produto refinado da história. De anos --décadas-- de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone. Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a desordem. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.
O PONTO A QUE CHEGAMOS:
Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha e é já. Um clamor uníssino de vozes cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O Tea Paty pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi. Tea Patty e Andres Behring Breivik são um produto refinado da história. De anos --décadas-- de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone. Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a desordem. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.
MÍDIA - Cada vez com menos credibilidade.
A desconfiança britânica dos meios de comunicação.
Enviado por luisnassif
Por Michel
Nassif e prezados, vejam esta: o descrédito na imprensa é fenômeno mundial.
Alvo de serveras críticas aqui neste espaço, ao que parece a imprensa brasileira não está sozinha no que tange à desconfiança da população. Interessante observar que a queda da credibilidade na imprensa, sobretudo na Europa, já vinha ocorrendo antes do recente "fator Murdoch". Porém, o que mais me surpreendeu foi a incrível situação da imprensa norte-americana: 30% da população acredita na mídia e 69% não acredita.
A reportagem é de José Roberto de Toledo, do Estadão.
Britânicos já desconfiavam dos meios de comunicação antes do escândalo dos grampos
Por: Jose Roberto de Toledo
Pesquisa do Gallup mostra que há cinco anos consecutivos a maioria dos britânicos desconfia da qualidade do que a imprensa do país publica: 56% disseram não ter confiança na integridade e na qualidade da mídia. Esse dados é anterior ao escândalo do grampeamento ilegal dos celulares de fontes que levou ao fechamento do centenário tablóide dominical “The News of the World”. Não há pesquisa mais recente ainda.
Mas eles não estão sozinhos. Na média da Europa, 42% disseram ter confiança contra 48% que desconfiam. Os irlandeses são os mais bem impressionados com sua imprensa e húngaros e gregos os que mais desconfiados. Nos Estados Unidos a situação é pior: só 30% dizem ter confiança na mídia.
O Gallup não divulgou dados sobre o Brasil.
Enviado por luisnassif
Por Michel
Nassif e prezados, vejam esta: o descrédito na imprensa é fenômeno mundial.
Alvo de serveras críticas aqui neste espaço, ao que parece a imprensa brasileira não está sozinha no que tange à desconfiança da população. Interessante observar que a queda da credibilidade na imprensa, sobretudo na Europa, já vinha ocorrendo antes do recente "fator Murdoch". Porém, o que mais me surpreendeu foi a incrível situação da imprensa norte-americana: 30% da população acredita na mídia e 69% não acredita.
A reportagem é de José Roberto de Toledo, do Estadão.
Britânicos já desconfiavam dos meios de comunicação antes do escândalo dos grampos
Por: Jose Roberto de Toledo
Pesquisa do Gallup mostra que há cinco anos consecutivos a maioria dos britânicos desconfia da qualidade do que a imprensa do país publica: 56% disseram não ter confiança na integridade e na qualidade da mídia. Esse dados é anterior ao escândalo do grampeamento ilegal dos celulares de fontes que levou ao fechamento do centenário tablóide dominical “The News of the World”. Não há pesquisa mais recente ainda.
Mas eles não estão sozinhos. Na média da Europa, 42% disseram ter confiança contra 48% que desconfiam. Os irlandeses são os mais bem impressionados com sua imprensa e húngaros e gregos os que mais desconfiados. Nos Estados Unidos a situação é pior: só 30% dizem ter confiança na mídia.
O Gallup não divulgou dados sobre o Brasil.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
FUTEBOL - Será que ninguém tem peito para enfrentar as exigências da FIFA.
Chega de intermediários: Blatter para presidente.
Carlos Chagas
Não é difícil descobrir as eminências pardas escondidas atrás do poder e dos poderosos. Napoleão dizia dispor de um amo e senhor que determinava todas as suas iniciativas: era a natureza das coisas. Já os presidentes Castelo Branco, Ernesto Geisel e João Figueiredo tinham o general Golbery do Couto e Silva. José Sarney não agia sem o dr. Ulysses, e, com todo o respeito, a presidente Dilma Rousseff reverencia no Lula o seu grande oráculo.
Tudo bem, é da vida a existência dessas influências por trás do trono, mas alguma coisa está errada quando as eminências pardas assumem a forma de entidades ou empresas que mais parecem um arco-iris flamejante. O Brasil, como nação, ganhou um amo e senhor, melhor dizendo, um feitor de escravos, empenhado em ditar ações que seriam de nossa exclusiva competência.
Chama-se FIFA, que desde a nossa escolha para sediar a Copa do Mundo de 2014 vem dando não apenas palpites, mas expedindo ucasses e determinações escandalosas. Sua última interferência foi fechar por quatro horas, no próximo sábado, o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. Só porque o sorteio das eliminatórias do certame acontecerá na Marina da Glória, na parte da tarde, nenhuma aeronave poderá aterrissar ou levantar vôo, duas horas antes e duas horas depois. Pior é que o nosso governo aceitou a exigência, feita através do ministério dos Esportes e destinada a atingir a propria presidente Dilma Rouseff, que já confirmou presença na cerimônia. Vai ter que chegar cedo, se pretende utilizar o Santos Dumont, e não poderá sair enquanto não expirar o inusitado prazo. Na hipótese de precisar retornar antecipadamente a Brasília, por conta de uma crise política qualquer, estará prisioneira de Joseph Blatter e companhia.
Faz muito que a FIFA vem exagerando, exigindo a construção ou modificações milionárias em estádios variados, de acordo com suas regras. Quer avenidas e transporte de massa em torno desses locais segundo padrões que impõe sob a ameaça de transferir a realização da Copa para outro país. Controla os contratos de publicidade e prestação de serviços, ganha comissões, manipula o crédito e até escolhe as empresas encarregadas executar obras e de atuar no certame.
A tudo o país se curva, governo e economia privada, sem ponderar que muito maior prejuízo teria a FIFA caso nos negássemos a cumprir suas determinações. Apesar da euforia econômico-financeira que nos assola, valeria atentar para o fato de que estádios de futebol já possuímos aos montes, capazes de abrigar nossas torcidas e em número superior a hospitais, escolas, portos e postos de defesa de nossas fronteiras. Mesmo assim, dezenas de bilhões vem sendo desviados para satisfazer as imposições dessa mais nova eminência colorida, pois deixou de ser parda. Se é desse jeito que as coisas funcionam, muito acima e além de nossa soberania, logo surgirá um partido político lançando Joseph Blatter para presidente do Brasil…
Carlos Chagas
Não é difícil descobrir as eminências pardas escondidas atrás do poder e dos poderosos. Napoleão dizia dispor de um amo e senhor que determinava todas as suas iniciativas: era a natureza das coisas. Já os presidentes Castelo Branco, Ernesto Geisel e João Figueiredo tinham o general Golbery do Couto e Silva. José Sarney não agia sem o dr. Ulysses, e, com todo o respeito, a presidente Dilma Rousseff reverencia no Lula o seu grande oráculo.
Tudo bem, é da vida a existência dessas influências por trás do trono, mas alguma coisa está errada quando as eminências pardas assumem a forma de entidades ou empresas que mais parecem um arco-iris flamejante. O Brasil, como nação, ganhou um amo e senhor, melhor dizendo, um feitor de escravos, empenhado em ditar ações que seriam de nossa exclusiva competência.
Chama-se FIFA, que desde a nossa escolha para sediar a Copa do Mundo de 2014 vem dando não apenas palpites, mas expedindo ucasses e determinações escandalosas. Sua última interferência foi fechar por quatro horas, no próximo sábado, o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. Só porque o sorteio das eliminatórias do certame acontecerá na Marina da Glória, na parte da tarde, nenhuma aeronave poderá aterrissar ou levantar vôo, duas horas antes e duas horas depois. Pior é que o nosso governo aceitou a exigência, feita através do ministério dos Esportes e destinada a atingir a propria presidente Dilma Rouseff, que já confirmou presença na cerimônia. Vai ter que chegar cedo, se pretende utilizar o Santos Dumont, e não poderá sair enquanto não expirar o inusitado prazo. Na hipótese de precisar retornar antecipadamente a Brasília, por conta de uma crise política qualquer, estará prisioneira de Joseph Blatter e companhia.
Faz muito que a FIFA vem exagerando, exigindo a construção ou modificações milionárias em estádios variados, de acordo com suas regras. Quer avenidas e transporte de massa em torno desses locais segundo padrões que impõe sob a ameaça de transferir a realização da Copa para outro país. Controla os contratos de publicidade e prestação de serviços, ganha comissões, manipula o crédito e até escolhe as empresas encarregadas executar obras e de atuar no certame.
A tudo o país se curva, governo e economia privada, sem ponderar que muito maior prejuízo teria a FIFA caso nos negássemos a cumprir suas determinações. Apesar da euforia econômico-financeira que nos assola, valeria atentar para o fato de que estádios de futebol já possuímos aos montes, capazes de abrigar nossas torcidas e em número superior a hospitais, escolas, portos e postos de defesa de nossas fronteiras. Mesmo assim, dezenas de bilhões vem sendo desviados para satisfazer as imposições dessa mais nova eminência colorida, pois deixou de ser parda. Se é desse jeito que as coisas funcionam, muito acima e além de nossa soberania, logo surgirá um partido político lançando Joseph Blatter para presidente do Brasil…
POLÍTICA - Jobim revela intenção de sair.
Já vai tarde. Se tivesse vergonha na cara já teria saído há muito tempo.
Jobim revela intenção de deixar a Defesa, partindo para o ataque.
Pedro do Coutto
Em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues para o canal FSP-UOL, que foi ao ar na noite de terça feira e publicada na edição de quarta da Folha de São Paulo, o ministro Nelson Jobim, claramente sinalizando sua intenção de deixar o ministério, tomou a iniciativa de revelar ter votado em José Serra, e não em Dilma, nas eleições de 2010. Como tal pergunta não lhe foi formulada pelo entrevistador, o impulso interior da informação portanto partiu dele próprio. Deixou a defesa e foi para o ataque.
“O rumo do governo” – acrescentou – “seria o mesmo caso Serra houvesse vencido”. Ora o titular da Defesa, no caso, não defendeu, e nem defenfe, nenhuma convicção. Mantém-se alheio. Mas como é ministro da presidente Dilma, não pode se colocar politicamente neutro. Deve lealdade a quem o nomeou. Está esquecendo que haverá eleições municipais em 2012, prévia das sucessões estaduais e da sucessão presidencial de 2014. Afinal de que lado se coloca? Fazendo a afirmação que fez, deu argumento à oposição. Por isso, aliás é o que está querendo, deve tomar a iniciativa de se demitir. Antes de ser demitido. Não ficará bem para ele e para a presidente da República se permanecer na pasta.
Aliás, Fernando Rodrigues lembra afirmação sua recente feita ao saudar os 80 anos de FHC, que, agora, os idiotas perderam a modéstia. O que, deixou implícito, o obrigava a lidar com eles. Na ocasião, publiquei artigo dizendo que ele estava preparando a aterrissagem. Estava sinalizando sua saída do Planalto e seu retorno à planície. A contradição comparativa que colocou não foi suficiente para viabilizar sua renúncia. Mas como é nitidamente seu desejo, tornou sua posição agora ainda mais explícita. Tenho a impressão que o decreto presidencial é questão de horas.
Se Dilma não afastá-lo, terá contribuído para abalar fortemente o seu esquema de poder. Isso porque – lembro de antigamente – um presidente da República não pode ser tratado com desdém público. O comportamento de Nelson Jobim é praticamente inédito na história política brasileira. Duplamente inédito. Ontem eram os idiotas, que, depois, ao se retratar perante Dilma, disse ter se referido a jornalistas. Hoje, quem são? A quem se dirigiu? À própria Dilma Roussef.
Além disso, na entrevista à Folha de São Paulo-UOL, assumiu uma posição absolutamente contrária à da presidente. Ela anunciou que vai decidir sobre a abertura dos papeis relativos à ditadura militar de 64 a 85. Nelson Jobim afirmou a Fernando Rodrigues que destruiu os que se encontravam com o Ministério da Defesa. Quanto aos demais, afirmou-se favorável à liberação daqui a 50 anos. Ele teria que esperar a definição da presidente. Não aguardou. Precipitou-se. E numa hora imprópria em que torturados e torturadores se encontram em frente à Justiça.
Politicamente foi um desastre a entrevista. Só não foi maior porque ele não pode sustentar ter sido traído pelo jornalista. Ele não traiu, nem foi traído. Disse o que pensava e fez questão de fazê-lo. Tenho a impressão lógica que todos nós devemos esperar apenas a publicação do decreto no Diário Oficial.
Sob o prisma eleitoral, aí sim, a contradição é das mais amplas. Afinal de contas o PT prepara-se para enfrentar disputas difíceis no ano que vem no Rio de Janeiro, na cidade de São Paulo, em Belo Horizonte, principalmente. Bases que produzem reflexos no panorama nacional. Na capital paulista, por exemplo, Lula empenha-se pela candidatura do ainda ministro Fernando Haddad. O candidato do PMDB é Gabriel Chalita. Alckmim tenta lançar José Serra. Jobim refortaleceu Serra. Isso de um lado. De outro, Lula está livrando Dilma de Haddad, que ela não queria nomear e se empenha para substituir.
Política é assim. O inesperado aparece sempre.
Fonte: Tribuna da Internet
Jobim revela intenção de deixar a Defesa, partindo para o ataque.
Pedro do Coutto
Em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues para o canal FSP-UOL, que foi ao ar na noite de terça feira e publicada na edição de quarta da Folha de São Paulo, o ministro Nelson Jobim, claramente sinalizando sua intenção de deixar o ministério, tomou a iniciativa de revelar ter votado em José Serra, e não em Dilma, nas eleições de 2010. Como tal pergunta não lhe foi formulada pelo entrevistador, o impulso interior da informação portanto partiu dele próprio. Deixou a defesa e foi para o ataque.
“O rumo do governo” – acrescentou – “seria o mesmo caso Serra houvesse vencido”. Ora o titular da Defesa, no caso, não defendeu, e nem defenfe, nenhuma convicção. Mantém-se alheio. Mas como é ministro da presidente Dilma, não pode se colocar politicamente neutro. Deve lealdade a quem o nomeou. Está esquecendo que haverá eleições municipais em 2012, prévia das sucessões estaduais e da sucessão presidencial de 2014. Afinal de que lado se coloca? Fazendo a afirmação que fez, deu argumento à oposição. Por isso, aliás é o que está querendo, deve tomar a iniciativa de se demitir. Antes de ser demitido. Não ficará bem para ele e para a presidente da República se permanecer na pasta.
Aliás, Fernando Rodrigues lembra afirmação sua recente feita ao saudar os 80 anos de FHC, que, agora, os idiotas perderam a modéstia. O que, deixou implícito, o obrigava a lidar com eles. Na ocasião, publiquei artigo dizendo que ele estava preparando a aterrissagem. Estava sinalizando sua saída do Planalto e seu retorno à planície. A contradição comparativa que colocou não foi suficiente para viabilizar sua renúncia. Mas como é nitidamente seu desejo, tornou sua posição agora ainda mais explícita. Tenho a impressão que o decreto presidencial é questão de horas.
Se Dilma não afastá-lo, terá contribuído para abalar fortemente o seu esquema de poder. Isso porque – lembro de antigamente – um presidente da República não pode ser tratado com desdém público. O comportamento de Nelson Jobim é praticamente inédito na história política brasileira. Duplamente inédito. Ontem eram os idiotas, que, depois, ao se retratar perante Dilma, disse ter se referido a jornalistas. Hoje, quem são? A quem se dirigiu? À própria Dilma Roussef.
Além disso, na entrevista à Folha de São Paulo-UOL, assumiu uma posição absolutamente contrária à da presidente. Ela anunciou que vai decidir sobre a abertura dos papeis relativos à ditadura militar de 64 a 85. Nelson Jobim afirmou a Fernando Rodrigues que destruiu os que se encontravam com o Ministério da Defesa. Quanto aos demais, afirmou-se favorável à liberação daqui a 50 anos. Ele teria que esperar a definição da presidente. Não aguardou. Precipitou-se. E numa hora imprópria em que torturados e torturadores se encontram em frente à Justiça.
Politicamente foi um desastre a entrevista. Só não foi maior porque ele não pode sustentar ter sido traído pelo jornalista. Ele não traiu, nem foi traído. Disse o que pensava e fez questão de fazê-lo. Tenho a impressão lógica que todos nós devemos esperar apenas a publicação do decreto no Diário Oficial.
Sob o prisma eleitoral, aí sim, a contradição é das mais amplas. Afinal de contas o PT prepara-se para enfrentar disputas difíceis no ano que vem no Rio de Janeiro, na cidade de São Paulo, em Belo Horizonte, principalmente. Bases que produzem reflexos no panorama nacional. Na capital paulista, por exemplo, Lula empenha-se pela candidatura do ainda ministro Fernando Haddad. O candidato do PMDB é Gabriel Chalita. Alckmim tenta lançar José Serra. Jobim refortaleceu Serra. Isso de um lado. De outro, Lula está livrando Dilma de Haddad, que ela não queria nomear e se empenha para substituir.
Política é assim. O inesperado aparece sempre.
Fonte: Tribuna da Internet
ANOS DE CHUMBO - Um filho da pátria que foge à luta: Brilhante Ustra.
Do "BLOG Náufrago da Utopia".
Celso Lungaretti (*)
Embora adorem cerimônias cívicas e hinos, os militares brasileiros nem sempre se colocam à altura dos modelos que cultuam.
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra -- aquele que, segundo a frase imortal do ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, “emporcalhou com o sangue de suas vítimas a farda que devera honrar” -- faz jus ao nome: fecha-se como uma ostra quando confrontado com seus feitos. A ele não se aplica o "verás que um filho teu não foge à luta". Nem de longe.
Desde que a atriz Bete Mendes, ainda no (des)Governo Sarney, o identificou como o antigo comandante do DOI-Codi, principal centro de torturas paulista durante os anos de chumbo, Ustra evita o confronto com seus acusadores. Alega inocência, mas age como o culpado que, indubitavelmente, é.
Baseia-se nos relatórios secretos militares -- aqueles que o Governo nunca consegue encontrar, mas a extrema-direita virtual utiliza dia e noite como munição propagandística -- para escrever livros e artigos que, fosse este um país sério, acarretariam a ele punição idêntica às impostas no 1º mundo a quem nega a existência do Holocausto.
Pois é exatamente isto o que Ustra faz por aqui: ataca as vítimas de um genocídio, tentando desacreditá-las para tornar menos chocantes os atos praticados por seus algozes, esbirros de uma tirania tão bestial quanto boçal.
Suas bravatas, contudo, restringem-se ao teclado e aos discursos falaciosos que profere quando desagravado por seus pares no Clube Militar. Os veteranos do arbítrio ajudam uns aos outros, no afã de evitar que os esqueletos saiam de seus abarrotados armários.
Da prova dos nove no único campo de honra que restou, a Justiça, ele quer distância. Alega que sufocaram sua verdade mas, quando teve a oportunidade de a expor, preferiu orientar seu advogado a tentar, de todas as maneiras, obter o arquivamento, sem julgamento do mérito da questão, do primeiro processo que lhe foi movido pela irmã e pela ex-companheira de Luiz Eduardo Merlino.
A defesa chutou em todas as direções. Pretendeu que Angela Mendes de Almeida não comprovara a união com o jornalista assassinado no DOI-Codi (perseguidos políticos têm obrigatoriamente de se casar, mesmo durante uma terrível ditadura?!) até que a ação carecia de razão de ser, pois só visava obter uma declaração de que Ustra era assassino, sem pleitear qualquer forma de reparação.
A primeira saída pela tangente foi impugnada pela corte, mas a segunda colou. Então, Ustra preferiu ver extinto o processo em função de uma filigrana jurídica do que sustentar a própria inocência. Para bom entendedor...
Pior ainda fez no processo que lhe movia, também em 2008, a Família Teles: quis escapar à responsabilidade por seus atos, transferindo-a totalmente para a gloriosa corporação, ao protocolar uma contestação segundo a qual "agiu como representante do Exército, no soberano exercício da segurança nacional".
Ou seja, sugeriu formalmente que o Exército tomasse seu lugar no banco dos réus, conforme se constata neste trecho:
"O Exército brasileiro é uma pessoa jurídica, sendo que, pelos atos ilícitos, inclusive os atos causadores de dano moral, praticados por agentes de pessoas de direito público, respondem estas pessoas jurídicas e não o agente contra o qual têm elas direito regressivo. (...) Todas as vezes que um oficial do Exército brasileiro agir no exercício de sua funções, estará atraindo a responsabilidade do Estado".
A corte, certamente inspirada em exemplos como o do julgamento dos dirigentes nazistas em Nuremberg, declarou Ustra torturador, pois há uma responsabilidade pessoal e intransferível, sim, em quem cumpre ordens que constituem crime contra a humanidade.
Agora, na segunda ação relativa ao assassinato de Merlino -- desta vez por danos morais --, Ustra não teve sequer a coragem de se colocar frente a frente com seus acusadores, olho no olho. Optou por não comparecer à audiência desta 4ª feira em São Paulo.
As seis testemunhas -- inclusive o antigo titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi -- confirmaram que Merlino foi barbaramente torturado sob as ordens e com a participação de Ustra, daí decorrendo a gangrena nas duas pernas e a morte.
E o próprio advogado do torturador, Paulo Esteves, admite implicitamente a culpa do seu cliente, como se depreende da notícia publicada na Folha de S. Paulo:
"Esteves disse que o principal (sic) argumento da defesa do ex-chefe do órgão repressor na ação é que, caso tivessem ocorrido de fato os crimes, eles já estariam prescritos e, por isso, Ustra não poderia ser punido".
Evidentemente, o eminente jurista Fábio Konder Comparato replicará que assassinato decorrente de tortura é, tanto quanto a própria tortura, crime hediondo e imprescritível.
Mas, importante mesmo é a atitude.
A Pátria e o Exército de Caxias estão constatando que têm, sim, filhos que fogem à luta, da forma mais vexatória, como coelhos assustados.
* jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
Celso Lungaretti (*)
Embora adorem cerimônias cívicas e hinos, os militares brasileiros nem sempre se colocam à altura dos modelos que cultuam.
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra -- aquele que, segundo a frase imortal do ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, “emporcalhou com o sangue de suas vítimas a farda que devera honrar” -- faz jus ao nome: fecha-se como uma ostra quando confrontado com seus feitos. A ele não se aplica o "verás que um filho teu não foge à luta". Nem de longe.
Desde que a atriz Bete Mendes, ainda no (des)Governo Sarney, o identificou como o antigo comandante do DOI-Codi, principal centro de torturas paulista durante os anos de chumbo, Ustra evita o confronto com seus acusadores. Alega inocência, mas age como o culpado que, indubitavelmente, é.
Baseia-se nos relatórios secretos militares -- aqueles que o Governo nunca consegue encontrar, mas a extrema-direita virtual utiliza dia e noite como munição propagandística -- para escrever livros e artigos que, fosse este um país sério, acarretariam a ele punição idêntica às impostas no 1º mundo a quem nega a existência do Holocausto.
Pois é exatamente isto o que Ustra faz por aqui: ataca as vítimas de um genocídio, tentando desacreditá-las para tornar menos chocantes os atos praticados por seus algozes, esbirros de uma tirania tão bestial quanto boçal.
Suas bravatas, contudo, restringem-se ao teclado e aos discursos falaciosos que profere quando desagravado por seus pares no Clube Militar. Os veteranos do arbítrio ajudam uns aos outros, no afã de evitar que os esqueletos saiam de seus abarrotados armários.
Da prova dos nove no único campo de honra que restou, a Justiça, ele quer distância. Alega que sufocaram sua verdade mas, quando teve a oportunidade de a expor, preferiu orientar seu advogado a tentar, de todas as maneiras, obter o arquivamento, sem julgamento do mérito da questão, do primeiro processo que lhe foi movido pela irmã e pela ex-companheira de Luiz Eduardo Merlino.
A defesa chutou em todas as direções. Pretendeu que Angela Mendes de Almeida não comprovara a união com o jornalista assassinado no DOI-Codi (perseguidos políticos têm obrigatoriamente de se casar, mesmo durante uma terrível ditadura?!) até que a ação carecia de razão de ser, pois só visava obter uma declaração de que Ustra era assassino, sem pleitear qualquer forma de reparação.
A primeira saída pela tangente foi impugnada pela corte, mas a segunda colou. Então, Ustra preferiu ver extinto o processo em função de uma filigrana jurídica do que sustentar a própria inocência. Para bom entendedor...
Pior ainda fez no processo que lhe movia, também em 2008, a Família Teles: quis escapar à responsabilidade por seus atos, transferindo-a totalmente para a gloriosa corporação, ao protocolar uma contestação segundo a qual "agiu como representante do Exército, no soberano exercício da segurança nacional".
Ou seja, sugeriu formalmente que o Exército tomasse seu lugar no banco dos réus, conforme se constata neste trecho:
"O Exército brasileiro é uma pessoa jurídica, sendo que, pelos atos ilícitos, inclusive os atos causadores de dano moral, praticados por agentes de pessoas de direito público, respondem estas pessoas jurídicas e não o agente contra o qual têm elas direito regressivo. (...) Todas as vezes que um oficial do Exército brasileiro agir no exercício de sua funções, estará atraindo a responsabilidade do Estado".
A corte, certamente inspirada em exemplos como o do julgamento dos dirigentes nazistas em Nuremberg, declarou Ustra torturador, pois há uma responsabilidade pessoal e intransferível, sim, em quem cumpre ordens que constituem crime contra a humanidade.
Agora, na segunda ação relativa ao assassinato de Merlino -- desta vez por danos morais --, Ustra não teve sequer a coragem de se colocar frente a frente com seus acusadores, olho no olho. Optou por não comparecer à audiência desta 4ª feira em São Paulo.
As seis testemunhas -- inclusive o antigo titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi -- confirmaram que Merlino foi barbaramente torturado sob as ordens e com a participação de Ustra, daí decorrendo a gangrena nas duas pernas e a morte.
E o próprio advogado do torturador, Paulo Esteves, admite implicitamente a culpa do seu cliente, como se depreende da notícia publicada na Folha de S. Paulo:
"Esteves disse que o principal (sic) argumento da defesa do ex-chefe do órgão repressor na ação é que, caso tivessem ocorrido de fato os crimes, eles já estariam prescritos e, por isso, Ustra não poderia ser punido".
Evidentemente, o eminente jurista Fábio Konder Comparato replicará que assassinato decorrente de tortura é, tanto quanto a própria tortura, crime hediondo e imprescritível.
Mas, importante mesmo é a atitude.
A Pátria e o Exército de Caxias estão constatando que têm, sim, filhos que fogem à luta, da forma mais vexatória, como coelhos assustados.
* jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
EUA - A sinuca de Obama.
A lógica do capitalismo é sempre cruel. Primeiro atender o mercado, os especuladores e rentistas e por último o cidadão, que para esse sistema só tem valor, se é consumidor, Não existem cidadãos e sim consumidores. Pelo Plano B do Obama, como veremos a seguir,quem primeiro vai "pagar o pato", são os segurados da previdência.
Enviado por luisnassif
O anúncio do Plano B de Barack Obama, caso não saia o acordo para elevação do teto da dívida, deverá tornar os republicanos mais selvagens ainda na oposição.
Obama manteria os pagamentos aos credores externos e adiaria o pagamento aos segurados da Previdência. É a chamada alternative do desespero, já que o eventual rebaixamento da dívida norte-americana produziria um inferno na economy global.
Cumpre-se assim um ciclo que já atingiu outros governantes
1. Na fase anterior, governos irresponsáveis estouraram todos os limites de endividamento e irresponsabilidade fiscal, aproveitando a abundância de capitais da época.
2. São derrotados nas eleições e cabe aos sucessores administrar o prejuízo.
3. Os efeitos da crise se manifestam no final do mandato dos governantes que saem e pegam em cheio os governantes que chegam. Estes assumem com a economia em situação delicada e sem condições (ou ousadia) para enfrentar o status quo financeiro. Entram no pior dos mundos: economia em recessão, auxílios trilionários ao sistema financeiro (para impedir a crise bancária), no caso de Obama pouco estímulo à economia real.
4. A enorme dificuldade do eleitor médio em entender relações de causa e efeito faz com que o sucessor acabe pagando pelos pecados do antecessor. E o clima de intensas mudanças econômico-sociais destrói os chamados discursos mobilizadores: morreu o discurso de legitimação do financiasmo mas (no caso de Obama) não se consolidou o discurso dde legitimação do social. É um espaço aberto para a prática da oposição selvagem.
5. Esses problemas, reproduzidos nos principais países do mundo, acaba amarrando governantes para acordos globais. E sem esse concerto global, não se sai da crise. Apenas uma crise maior ainda para induzir ao consenso. O Acordo de Bretton Woods foi possível devido à maior das crises: a Segunda Guerra Mundial.
Enviado por luisnassif
O anúncio do Plano B de Barack Obama, caso não saia o acordo para elevação do teto da dívida, deverá tornar os republicanos mais selvagens ainda na oposição.
Obama manteria os pagamentos aos credores externos e adiaria o pagamento aos segurados da Previdência. É a chamada alternative do desespero, já que o eventual rebaixamento da dívida norte-americana produziria um inferno na economy global.
Cumpre-se assim um ciclo que já atingiu outros governantes
1. Na fase anterior, governos irresponsáveis estouraram todos os limites de endividamento e irresponsabilidade fiscal, aproveitando a abundância de capitais da época.
2. São derrotados nas eleições e cabe aos sucessores administrar o prejuízo.
3. Os efeitos da crise se manifestam no final do mandato dos governantes que saem e pegam em cheio os governantes que chegam. Estes assumem com a economia em situação delicada e sem condições (ou ousadia) para enfrentar o status quo financeiro. Entram no pior dos mundos: economia em recessão, auxílios trilionários ao sistema financeiro (para impedir a crise bancária), no caso de Obama pouco estímulo à economia real.
4. A enorme dificuldade do eleitor médio em entender relações de causa e efeito faz com que o sucessor acabe pagando pelos pecados do antecessor. E o clima de intensas mudanças econômico-sociais destrói os chamados discursos mobilizadores: morreu o discurso de legitimação do financiasmo mas (no caso de Obama) não se consolidou o discurso dde legitimação do social. É um espaço aberto para a prática da oposição selvagem.
5. Esses problemas, reproduzidos nos principais países do mundo, acaba amarrando governantes para acordos globais. E sem esse concerto global, não se sai da crise. Apenas uma crise maior ainda para induzir ao consenso. O Acordo de Bretton Woods foi possível devido à maior das crises: a Segunda Guerra Mundial.
MEIO AMBIENTE - Campanha em defesa do agronegócio.
Do "Blog do Sakamoto"
Sakamoto e a campanha em defesa do agronegócio
Enviado por luisnassif
Por MiriamL
Cansei. Agora, sou Agro
Empresas e entidades ligadas ao agronegócio lançaram, esta semana, uma grande campanha de mídia para tentar reverter a imagem negativa do setor, contando com atores como Lima Duarte e Giovana Antonelli. O Movimento de Valorização do Agronegócio Brasileiro – Sou Agro envolve também a produção de notícias e o desenvolvimento de pesquisas. A verdade é que, para mudar a imagem do agronegócio, que não vai lá muito bem com os recentes assassinatos de trabalhadores rurais, a tratorada sobre o Código Florestal, o trabalho escravo velho de guerra, noves fora os problemas de sempre, vai ser necessário uma campanha muito longa.
Quando o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (lembram do “Cansei”?), organizado pela OAB-SP e parte rechonchuda da elite brasileira, foi lançado tive a mesma sensação estranha que estou tendo agora com o Sou Agro. A de que soa como algo que quer fazer com que você defenda interesses específicos pensando lutar pelo interesse nacional, passando por cima de algumas verdades. Que, muito provavelmente, não estarão na boca do Lima e da Giovana.
O Brasil não conseguiu garantir padrões mínimos de qualidade de vida aos seus trabalhadores rurais, principalmente aqueles em atividades vinculadas ao agronegócio monocultor e exportador em área de expansão da fronteira agrícola. Ocorrências de trabalho escravo, infantil e degradante, superexploração do trabalho, remuneração insuficiente para as necessidades básicas são registradas com freqüência. Prisões, ameaças de morte e assassinatos de lideranças rurais e membros de movimentos sociais que reagem a esse quadro também são constantes e ocorrem quase semanalmente. A estrutura fundiária extremamente concentrada também funciona como uma política de reserva de mão-de-obra, garantindo sempre disponibilidade e baixo custo da força de trabalho para as grandes propriedades rurais.
Parte do agronegócio brasileiro ainda não consegue operar com práticas sustentáveis, fazendo com que o meio ambiente sofra as conseqüências do desmatamento ilegal, da contaminação por agrotóxicos, do assoreamento e poluição de cursos d’água, entre outros. Da mesma forma, para a ampliação da área cultivável ou no intento de viabilizar grandes projetos há um histórico de expulsão de comunidades tradicionais, sejam elas de ribeirinhos, caiçaras, quilombolas ou indígenas, que ficou mais intensa com a colonização agressiva da região amazônica a partir da década de 70. Esse tipo de ação tem sido sistematicamente denunciado pelos movimentos sociais brasileiros às organizações internacionais – Belo Monte que o diga.
Mesmo se fossem fechadas as fronteiras agrícolas da Amazônia e do Cerrado – hoje abertas e em franca expansão – o país ainda teria uma das maiores áreas cultiváveis do planeta. Da mesma forma, seu clima (diverso, entre o temperado e o tropical, o que garante um vasto leque de produtos), relevo (grandes extensões de planícies e planaltos), disponibilidade de água e um ciclo de chuvas relativamente regular na maior parte do ano garantem excelentes condições de produção. Além disso, o Brasil é um dos países mais populosos do planeta, com mais de 180 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 10% trabalham no campo. Há mão-de-obra disponível, o que garante o desenvolvimento e a ampliação das atividades sem depender de migração externa ou de um choque de mecanização, como acontece com a União Européia ou os Estados Unidos.
O país possui uma legislação trabalhista que, se fosse seguida corretamente, seria capaz de resolver boa parte dos problemas sociais que ocorrem nessas propriedades rurais. Ela incomoda o capital e prova disso são as fortes pressões de empregadores por uma reforma que diminua os gastos com os direitos trabalhistas. O que existe efetivamente é um descompasso entre o que prevê a lei e a realidade no campo. Na busca por aumentar sua faixa de lucros e seu poder de concorrência no mercado nacional e internacional, parte dos agricultores descumpre o que está previsto na legislação e explora os trabalhadores, em intensidades e formas diferentes. Ficam com parte dessa expropriação e transferem a maior fatia para: a) a indústria, b) comerciantes de commodities de outros países e c) o sistema bancário brasileiro e internacional – que financia a produção. Os casos de exploração mais leves são mais freqüentes e dizem respeito ao pagamento de baixos salários e à manutenção de condições que colocam em risco a saúde do trabalhador. Do outro lado, as ocorrências mais graves estão na utilização de mão-de-obra escrava.
Como os casos “mais leves” de desrespeito ao trabalhador são mais freqüentes, eles passam despercebidos na mídia, preteridos em detrimento à gravidade do trabalho escravo e infantil, que ocorrem em menor número. Também não é interesse de algumas empresas de comunicação em discutir aumentos de salários no campo, uma vez que é freqüente a propriedade de TVs, jornais e rádios por grupos familiares do agronegócio. Já os assassinatos de trabalhadores rurais são vistos como “baixas de conflito”, inseridos em um discurso de que a defesa da propriedade privada predispõe e justifica o uso da força. Segundo esse discurso, é comum o progresso ter as suas vítimas.
A força política dos proprietários rurais continua sendo um entrave para a mudança dessa estrutura. Há uma laissez-faire no campo. O detentor da terra na Amazônia, por exemplo, muitas vezes exerce o poder político local, seja através de influência econômica, seja através da força física. O limite entre as esferas pública e privada se rompe. Há no Congresso Nacional um influente grupo de parlamentares que defende os interesses das grandes empresas rurais, a chamada “bancada ruralista”. Infelizmente, esses deputados e senadores têm inviabilizado a aprovação de leis importantes que poderiam ajudar efetivar os direitos dos trabalhados do campo – como a que prevê o confisco das terras em que trabalho escravo seja encontrado. Temem que isso afete os seus principais eleitores.
É necessário acelerar a efetivação dos direitos dos trabalhadores e alterar a estrutura agrária brasileira. A tarefa é árdua, tendo em vista as razões expostas anteriormente, e passa também por mudanças políticas e econômicas que, certamente, irão incomodar as elites rurais, industriais, comerciais e financeiras, tanto do Brasil como do exterior, que lucram com esse sistema.
Infelizmente, a forma como vem sendo feito o desenvolvimento da agricultura brasileira, principalmente em regiões de expansão agrícola na Amazônia e no Cerrado, tem trazido crescimento econômico, mas não bem-estar social. Apesar do nível de consciência do trabalhador rural ter aumentado significativamente nos últimos anos, o que é pré-condição para que ele se torne um protagonista social, a mobilização ainda é insuficiente para uma mudança radical na estrutura de concentração econômica no campo. O governo Lula esteve aberto ao diálogo com grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas frustrou expectativas por não tomar decisões que alterariam o statuo quo no campo. Pelo contrário, reforçou-o. Uma delas seria dar, pelo menos, o mesmo apoio garantido ao latifúndio para a pequena propriedade, considerando que a sua produtividade é comparável ou maior, ao passo que a degradação do meio ambiente e da força de trabalho são maiores na grande propriedade. Ressalte-se que apesar das grandes fazendas ficarem com a maior fatia do bolo do financiamento público, as pequenas propriedades é que empregam 80% da mão-de-obra no campo, produzem a maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira.
Ou seja, seria necessário um enfrentamento político e econômico contra as condições que garantem a exploração do trabalhador e do meio ambiente. Fato que, até a vista alcança, permanece distante.
http://blogdosakamoto.uol.com.br/
Sakamoto e a campanha em defesa do agronegócio
Enviado por luisnassif
Por MiriamL
Cansei. Agora, sou Agro
Empresas e entidades ligadas ao agronegócio lançaram, esta semana, uma grande campanha de mídia para tentar reverter a imagem negativa do setor, contando com atores como Lima Duarte e Giovana Antonelli. O Movimento de Valorização do Agronegócio Brasileiro – Sou Agro envolve também a produção de notícias e o desenvolvimento de pesquisas. A verdade é que, para mudar a imagem do agronegócio, que não vai lá muito bem com os recentes assassinatos de trabalhadores rurais, a tratorada sobre o Código Florestal, o trabalho escravo velho de guerra, noves fora os problemas de sempre, vai ser necessário uma campanha muito longa.
Quando o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (lembram do “Cansei”?), organizado pela OAB-SP e parte rechonchuda da elite brasileira, foi lançado tive a mesma sensação estranha que estou tendo agora com o Sou Agro. A de que soa como algo que quer fazer com que você defenda interesses específicos pensando lutar pelo interesse nacional, passando por cima de algumas verdades. Que, muito provavelmente, não estarão na boca do Lima e da Giovana.
O Brasil não conseguiu garantir padrões mínimos de qualidade de vida aos seus trabalhadores rurais, principalmente aqueles em atividades vinculadas ao agronegócio monocultor e exportador em área de expansão da fronteira agrícola. Ocorrências de trabalho escravo, infantil e degradante, superexploração do trabalho, remuneração insuficiente para as necessidades básicas são registradas com freqüência. Prisões, ameaças de morte e assassinatos de lideranças rurais e membros de movimentos sociais que reagem a esse quadro também são constantes e ocorrem quase semanalmente. A estrutura fundiária extremamente concentrada também funciona como uma política de reserva de mão-de-obra, garantindo sempre disponibilidade e baixo custo da força de trabalho para as grandes propriedades rurais.
Parte do agronegócio brasileiro ainda não consegue operar com práticas sustentáveis, fazendo com que o meio ambiente sofra as conseqüências do desmatamento ilegal, da contaminação por agrotóxicos, do assoreamento e poluição de cursos d’água, entre outros. Da mesma forma, para a ampliação da área cultivável ou no intento de viabilizar grandes projetos há um histórico de expulsão de comunidades tradicionais, sejam elas de ribeirinhos, caiçaras, quilombolas ou indígenas, que ficou mais intensa com a colonização agressiva da região amazônica a partir da década de 70. Esse tipo de ação tem sido sistematicamente denunciado pelos movimentos sociais brasileiros às organizações internacionais – Belo Monte que o diga.
Mesmo se fossem fechadas as fronteiras agrícolas da Amazônia e do Cerrado – hoje abertas e em franca expansão – o país ainda teria uma das maiores áreas cultiváveis do planeta. Da mesma forma, seu clima (diverso, entre o temperado e o tropical, o que garante um vasto leque de produtos), relevo (grandes extensões de planícies e planaltos), disponibilidade de água e um ciclo de chuvas relativamente regular na maior parte do ano garantem excelentes condições de produção. Além disso, o Brasil é um dos países mais populosos do planeta, com mais de 180 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 10% trabalham no campo. Há mão-de-obra disponível, o que garante o desenvolvimento e a ampliação das atividades sem depender de migração externa ou de um choque de mecanização, como acontece com a União Européia ou os Estados Unidos.
O país possui uma legislação trabalhista que, se fosse seguida corretamente, seria capaz de resolver boa parte dos problemas sociais que ocorrem nessas propriedades rurais. Ela incomoda o capital e prova disso são as fortes pressões de empregadores por uma reforma que diminua os gastos com os direitos trabalhistas. O que existe efetivamente é um descompasso entre o que prevê a lei e a realidade no campo. Na busca por aumentar sua faixa de lucros e seu poder de concorrência no mercado nacional e internacional, parte dos agricultores descumpre o que está previsto na legislação e explora os trabalhadores, em intensidades e formas diferentes. Ficam com parte dessa expropriação e transferem a maior fatia para: a) a indústria, b) comerciantes de commodities de outros países e c) o sistema bancário brasileiro e internacional – que financia a produção. Os casos de exploração mais leves são mais freqüentes e dizem respeito ao pagamento de baixos salários e à manutenção de condições que colocam em risco a saúde do trabalhador. Do outro lado, as ocorrências mais graves estão na utilização de mão-de-obra escrava.
Como os casos “mais leves” de desrespeito ao trabalhador são mais freqüentes, eles passam despercebidos na mídia, preteridos em detrimento à gravidade do trabalho escravo e infantil, que ocorrem em menor número. Também não é interesse de algumas empresas de comunicação em discutir aumentos de salários no campo, uma vez que é freqüente a propriedade de TVs, jornais e rádios por grupos familiares do agronegócio. Já os assassinatos de trabalhadores rurais são vistos como “baixas de conflito”, inseridos em um discurso de que a defesa da propriedade privada predispõe e justifica o uso da força. Segundo esse discurso, é comum o progresso ter as suas vítimas.
A força política dos proprietários rurais continua sendo um entrave para a mudança dessa estrutura. Há uma laissez-faire no campo. O detentor da terra na Amazônia, por exemplo, muitas vezes exerce o poder político local, seja através de influência econômica, seja através da força física. O limite entre as esferas pública e privada se rompe. Há no Congresso Nacional um influente grupo de parlamentares que defende os interesses das grandes empresas rurais, a chamada “bancada ruralista”. Infelizmente, esses deputados e senadores têm inviabilizado a aprovação de leis importantes que poderiam ajudar efetivar os direitos dos trabalhados do campo – como a que prevê o confisco das terras em que trabalho escravo seja encontrado. Temem que isso afete os seus principais eleitores.
É necessário acelerar a efetivação dos direitos dos trabalhadores e alterar a estrutura agrária brasileira. A tarefa é árdua, tendo em vista as razões expostas anteriormente, e passa também por mudanças políticas e econômicas que, certamente, irão incomodar as elites rurais, industriais, comerciais e financeiras, tanto do Brasil como do exterior, que lucram com esse sistema.
Infelizmente, a forma como vem sendo feito o desenvolvimento da agricultura brasileira, principalmente em regiões de expansão agrícola na Amazônia e no Cerrado, tem trazido crescimento econômico, mas não bem-estar social. Apesar do nível de consciência do trabalhador rural ter aumentado significativamente nos últimos anos, o que é pré-condição para que ele se torne um protagonista social, a mobilização ainda é insuficiente para uma mudança radical na estrutura de concentração econômica no campo. O governo Lula esteve aberto ao diálogo com grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas frustrou expectativas por não tomar decisões que alterariam o statuo quo no campo. Pelo contrário, reforçou-o. Uma delas seria dar, pelo menos, o mesmo apoio garantido ao latifúndio para a pequena propriedade, considerando que a sua produtividade é comparável ou maior, ao passo que a degradação do meio ambiente e da força de trabalho são maiores na grande propriedade. Ressalte-se que apesar das grandes fazendas ficarem com a maior fatia do bolo do financiamento público, as pequenas propriedades é que empregam 80% da mão-de-obra no campo, produzem a maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira.
Ou seja, seria necessário um enfrentamento político e econômico contra as condições que garantem a exploração do trabalhador e do meio ambiente. Fato que, até a vista alcança, permanece distante.
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