Lula e Marta: o vento que venta aqui é o mesmo que venta lá
Por Renato Rovai
A ex-prefeita Marta Suplicy registrou hoje que o partido errou ao dialogar com Kassab. Se fosse mais aguda deveria afirmar que Lula errou. Foi ele quem iniciou essa conversa. Mas como Lula é hoje um quase santo no PT (muito em decorrência dos seus méritos) quem critica a tentativa de aliança com o PSD evita citar o nome dele. Fala em erro do partido.
Foi Lula quem iniciou as conversas e foi ele quem estimulou alguns de seus principais aliados internos a manter o diálogo aberto com o alcaide da capital do estado. Mesmo contra a posição da maioria dos dirigentes partidários tanto em nível municipal, quanto nacional.
Outro fato é que Fernando Haddad em nenhum momento deu declarações muito confortáveis sobre a coligação. Como diria a presidenta Dilma, em todos os momentos que foi confrontado com a possibilidade da aliança em entrevistas, tergiversou. Pessoas próximas a ele garantem que, no íntimo, Haddad torcia para que Kassab tomasse outro rumo. Garantem há algum tempo. Não apenas agora.
Outro fato concreto é que Kassab foi à festa de 32 anos do PT e tomou uma vaia homérica, histórica. E de lideranças partidárias, como registrei aqui. Mesmo com a vaia no ouvido, o ex-prefeito não passou recibo. E continuou dizendo que apoiaria Haddad.
Ou seja, Kassab achava Haddad o melhor candidato. Só ponderava que se Serra saísse não teria como não apoiá-lo. Por compromissos anteriores.
Sendo assim, que moral Serra terá para dizer que saiu candidato pelo risco que a vitória de Haddad significava para São Paulo? Se significava um grande risco porque Kassab queria tanto apoiá-lo?
Os que ficam perguntando como o PT vai explicar o “namorico” com Kassab, poderiam também se perguntar como Serra vai explicar que um de seus principais aliados tenha corrido por dois meses atrás do candidato do PT como a grande solução para São Paulo.
O vento que venta aqui é o mesmo que venta lá. É mais fácil pra Haddad mandar Serra perguntar pra Kassab por que ele queria tanto apoiá-lo. Do que Serra tentar perguntar por que o PT discutiu aliança com o prefeito que não é de centro, de direita e nem de esquerda.
Renato Rovai é editor da Revista Fórum
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
POLÍTICA - O escorpião e o sapo.
Carlos Chagas
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O ESCORPIÃO E O SAPO
É conhecida a história do escorpião que precisava atravessar o rio mas não sabia nadar, pedindo então carona ao sapo. Desconfiado, o batráquio perguntou se poderia ter certeza de chegar intacto à outra margem, já que o escorpião era conhecido por picar todo mundo. Ouviu tratar-se de uma questão de sobrevivência o compromisso de não atacá-lo, porque também morreria afogado. No meio da travessia, porém, o peçonhento inseto não se conteve e picou o sapo. Quando iam os dois para as profundezas, veio a indagação: “Por que, se você também vai morrer?” E a resposta: “Não pude me conter, sou assim mesmo…”
Com todo o respeito e guardadas as proporções, mas como explicar que logo depois de anunciada a disposição de José Serra candidatar-se a prefeito de São Paulo tenha o ex-presidente Fernando Henrique declarado que a candidatura devolve José Serra com força à cena política, revitalizando-o.
Ora bolas, o comentário significa que Serra se encontrava abandonado e enfraquecido, exangue e politicamente desaparecido – o que não é verdade, senão seu nome não empolgaria os tucanos como vem acontecendo. FHC não pode se conter…
Fonte: Tribuna da Internet
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O ESCORPIÃO E O SAPO
É conhecida a história do escorpião que precisava atravessar o rio mas não sabia nadar, pedindo então carona ao sapo. Desconfiado, o batráquio perguntou se poderia ter certeza de chegar intacto à outra margem, já que o escorpião era conhecido por picar todo mundo. Ouviu tratar-se de uma questão de sobrevivência o compromisso de não atacá-lo, porque também morreria afogado. No meio da travessia, porém, o peçonhento inseto não se conteve e picou o sapo. Quando iam os dois para as profundezas, veio a indagação: “Por que, se você também vai morrer?” E a resposta: “Não pude me conter, sou assim mesmo…”
Com todo o respeito e guardadas as proporções, mas como explicar que logo depois de anunciada a disposição de José Serra candidatar-se a prefeito de São Paulo tenha o ex-presidente Fernando Henrique declarado que a candidatura devolve José Serra com força à cena política, revitalizando-o.
Ora bolas, o comentário significa que Serra se encontrava abandonado e enfraquecido, exangue e politicamente desaparecido – o que não é verdade, senão seu nome não empolgaria os tucanos como vem acontecendo. FHC não pode se conter…
Fonte: Tribuna da Internet
POLÍTICA - Marta critica o PT.
Do Terra Magazine
Marta critica postura do PT para eleições em SP: "Fomos precipitados"
"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados"
Marina Dias
No início da tarde desta terça-feira (28), a senadora Marta Suplicy (PT-SP) criticou, em sua conta no Twitter, a busca por alianças do seu partido para as eleições em São Paulo, principalmente no que diz respeito ao flerte que os petistas tiveram com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab.
"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados", escreveu Marta. E completou: "Ficamos flertando com adversário enquanto nossos tradicionais aliados migraram para o lado deles".
A senadora petista foi uma das lideranças mais críticas do partido a uma possível aliança entre PT e PSD. Nesta semana, com a entrada do ex-governador tucano José Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a aproximação de Kassab com os petistas foi enterrada definitivamente, pelo menos na capital paulista. Isso porque o prefeito, desde o início, já havia se comprometido a apoiar Serra caso este fosse candidato.
Durante as conversas - mesmo informais - entre PT e PSD, Marta chegou a dizer que a possibilidade de aliança com Kassab era um "pesadelo" e que ela não queria "acordar de mãos dadas" com o prefeito.
Nos últimos dias, dirigentes do PT paulistano ligados a Haddad têm conversado com a senadora para acertar como e quando ela irá entrar de vez na campanha. Marta é tida como peça-chave para que Haddad consiga votos na periferia da capital, onde a senadora tem força entre a militância. A avaliação é a de que Marta entre em campo com o início de atividades como caminhadas e comícios.
Marta critica postura do PT para eleições em SP: "Fomos precipitados"
"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados"
Marina Dias
No início da tarde desta terça-feira (28), a senadora Marta Suplicy (PT-SP) criticou, em sua conta no Twitter, a busca por alianças do seu partido para as eleições em São Paulo, principalmente no que diz respeito ao flerte que os petistas tiveram com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab.
"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados", escreveu Marta. E completou: "Ficamos flertando com adversário enquanto nossos tradicionais aliados migraram para o lado deles".
A senadora petista foi uma das lideranças mais críticas do partido a uma possível aliança entre PT e PSD. Nesta semana, com a entrada do ex-governador tucano José Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a aproximação de Kassab com os petistas foi enterrada definitivamente, pelo menos na capital paulista. Isso porque o prefeito, desde o início, já havia se comprometido a apoiar Serra caso este fosse candidato.
Durante as conversas - mesmo informais - entre PT e PSD, Marta chegou a dizer que a possibilidade de aliança com Kassab era um "pesadelo" e que ela não queria "acordar de mãos dadas" com o prefeito.
Nos últimos dias, dirigentes do PT paulistano ligados a Haddad têm conversado com a senadora para acertar como e quando ela irá entrar de vez na campanha. Marta é tida como peça-chave para que Haddad consiga votos na periferia da capital, onde a senadora tem força entre a militância. A avaliação é a de que Marta entre em campo com o início de atividades como caminhadas e comícios.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
VITÓRIA PESSOAL - FUI ANISTIADO!
Caros amigos,
Vocês devem ter percebido que tenho andado meio relapso com o blog.
Tal fato tem um motivo relevante: após quase 21 anos, fui anistiado e hoje
voltei a trabalhar na Petrobrás, a maior empresa da América Latina e uma
das maiores do mundo, um orgulho nacional.
A minha anistia não foi fácil.Foram 20 anos de batalhas ganhas e perdidas
com reuniões mensais no Sindipetro, até a anistia, a vitória final.
Só não a recebi antes porque o FHC arquivou todos os processos que estavam
em andamento durante o governo do Itamar Franco.
Quando o presidente Lula assumiu o poder, prometeu que até o final do seu
governo todos seriam anistiados e isso aconteceu comigo.
Hoje foi um dia histórico para mim, pois a justiça foi feita apesar dessa
longa e difícil espera.
Agora é vida nova e espero ter forças para vencer mais este grande desafio
que se apresenta à mim.
Volto a ser empregado da maior empresa da América Latina, um orgulho para
qualquer brasileiro, principalmente para mim, que com onze anos de idade,
participei da campanha do "Petróleo é Nosso", levado pelo meu avô paterno,
um oficial do exército extremamente nacionalista,que se reunia junto com
outros oficiais nacionalistas no Clube Militar, onde se defendia a criação
da Petrobrás.
Quanto ao meu blog, que desde o início sempre defendeu a Petrobrás e as
causas nacionalistas, vou tentar conciliá-lo com esta nova etapa da minha
vida.
Um abraço à todos Carlos Dória
Vocês devem ter percebido que tenho andado meio relapso com o blog.
Tal fato tem um motivo relevante: após quase 21 anos, fui anistiado e hoje
voltei a trabalhar na Petrobrás, a maior empresa da América Latina e uma
das maiores do mundo, um orgulho nacional.
A minha anistia não foi fácil.Foram 20 anos de batalhas ganhas e perdidas
com reuniões mensais no Sindipetro, até a anistia, a vitória final.
Só não a recebi antes porque o FHC arquivou todos os processos que estavam
em andamento durante o governo do Itamar Franco.
Quando o presidente Lula assumiu o poder, prometeu que até o final do seu
governo todos seriam anistiados e isso aconteceu comigo.
Hoje foi um dia histórico para mim, pois a justiça foi feita apesar dessa
longa e difícil espera.
Agora é vida nova e espero ter forças para vencer mais este grande desafio
que se apresenta à mim.
Volto a ser empregado da maior empresa da América Latina, um orgulho para
qualquer brasileiro, principalmente para mim, que com onze anos de idade,
participei da campanha do "Petróleo é Nosso", levado pelo meu avô paterno,
um oficial do exército extremamente nacionalista,que se reunia junto com
outros oficiais nacionalistas no Clube Militar, onde se defendia a criação
da Petrobrás.
Quanto ao meu blog, que desde o início sempre defendeu a Petrobrás e as
causas nacionalistas, vou tentar conciliá-lo com esta nova etapa da minha
vida.
Um abraço à todos Carlos Dória
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
POLÍTICA - Decisão de Serra em concorrer era previsível.
Presidente do PT: Decisão de Serra em concorrer em SP era previsível
Marina Dias
Após reunião da Comissão Eleitoral do PT, na tarde desta segunda-feira (27), em São Paulo, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, disse não ser "nenhuma surpresa" a entrada de José Serra na disputa pela Prefeitura da capital paulista. Pela manhã, o ex-governador confirmou, via Twitter, que irá disputar a vaga do PSDB para concorrer à sucessão de Gilberto Kassab.
"Recebo sem nenhuma surpresa essa notícia (sobre a disposição de Serra em concorrer às eleições municipais). O PT continua a fazer o que já vinha fazendo, porque era previsível que ele fosse o candidato do PSDB", disse o presidente petista. "Nosso candidato já está na rua e o PSD - partido de Kassab, agora aliado a Serra - está dialogando conosco em outras várias cidades do Estado de São Paulo", completou Falcão.
Além disso, outro assunto que entrou em pauta na reunião foi a aliança do PT com o PSB em São Paulo. O presidente petista disse haver um "acordo pessoal" entre o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para que a eleição de São Paulo seja tratada como um capítulo à parte das outras disputas regionais. Há quem diga, no entanto, que esse acordo esbarra no fato de o presidente estadual do PSB ser o secretário de Turismo do governador Geraldo Alckmin, Márcio França.
O encontro dos petistas serviu, segundo o presidente, para falar das eleições municipais nas capitais ou cidades com mais de 150 mil habitantes. Ainda de acordo com Falcão, o quadro do PT é "bastante otimista".
De 118 cidades que seguem esse padrão, o PT já definiu 78 candidatos: 68 próprios e 10 com alianças com partidos como PMDB, PDT, PSB, PRB e o PSD de Kassab, que chegou a flertar com o candidato petista em São Paulo, Fernando Haddad. Com Serra no páreo, porém, Kassab deixou claro que ficará ao lado do ex-governador em São Paulo.
Críticas a Kassab
O presidente do PT não deixou de criticar a administração de Kassab ao explicar o projeto do partido para a cidade. "Não podemos esquecer que São Paulo está devastada, com graves problemas de saúde e de tarifas que foram ajustadas acima da inflação", declarou. "Nosso candidato já deixou claro que fará um programa de mudança e melhora para a cidade", disse Falcão, explicando que o discurso de Haddad será oposicionista, mas não necessariamente de críticas diretas ao atual prefeito, assim como noticiou Terra Magazine.
Lula
A participação do ex-presidente Lula, em recuperação de um câncer na laringe, principalmente durante a campanha de Haddad em São Paulo, é tida como certa pela direção nacional do PT. "Falei com Lula hoje mesmo e ele está em franca recuperação. Não cogitamos a possibilidade de ele não estar com a gente na campanha", disse Falcão, mesmo não querendo precisar uma data para a entrada decisiva do ex-presidente em campo. "Temos até junho para construir alianças e, antes disso, também não podemos pedir voto", explicou.
Terra Magazine
Marina Dias
Após reunião da Comissão Eleitoral do PT, na tarde desta segunda-feira (27), em São Paulo, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, disse não ser "nenhuma surpresa" a entrada de José Serra na disputa pela Prefeitura da capital paulista. Pela manhã, o ex-governador confirmou, via Twitter, que irá disputar a vaga do PSDB para concorrer à sucessão de Gilberto Kassab.
"Recebo sem nenhuma surpresa essa notícia (sobre a disposição de Serra em concorrer às eleições municipais). O PT continua a fazer o que já vinha fazendo, porque era previsível que ele fosse o candidato do PSDB", disse o presidente petista. "Nosso candidato já está na rua e o PSD - partido de Kassab, agora aliado a Serra - está dialogando conosco em outras várias cidades do Estado de São Paulo", completou Falcão.
Além disso, outro assunto que entrou em pauta na reunião foi a aliança do PT com o PSB em São Paulo. O presidente petista disse haver um "acordo pessoal" entre o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para que a eleição de São Paulo seja tratada como um capítulo à parte das outras disputas regionais. Há quem diga, no entanto, que esse acordo esbarra no fato de o presidente estadual do PSB ser o secretário de Turismo do governador Geraldo Alckmin, Márcio França.
O encontro dos petistas serviu, segundo o presidente, para falar das eleições municipais nas capitais ou cidades com mais de 150 mil habitantes. Ainda de acordo com Falcão, o quadro do PT é "bastante otimista".
De 118 cidades que seguem esse padrão, o PT já definiu 78 candidatos: 68 próprios e 10 com alianças com partidos como PMDB, PDT, PSB, PRB e o PSD de Kassab, que chegou a flertar com o candidato petista em São Paulo, Fernando Haddad. Com Serra no páreo, porém, Kassab deixou claro que ficará ao lado do ex-governador em São Paulo.
Críticas a Kassab
O presidente do PT não deixou de criticar a administração de Kassab ao explicar o projeto do partido para a cidade. "Não podemos esquecer que São Paulo está devastada, com graves problemas de saúde e de tarifas que foram ajustadas acima da inflação", declarou. "Nosso candidato já deixou claro que fará um programa de mudança e melhora para a cidade", disse Falcão, explicando que o discurso de Haddad será oposicionista, mas não necessariamente de críticas diretas ao atual prefeito, assim como noticiou Terra Magazine.
Lula
A participação do ex-presidente Lula, em recuperação de um câncer na laringe, principalmente durante a campanha de Haddad em São Paulo, é tida como certa pela direção nacional do PT. "Falei com Lula hoje mesmo e ele está em franca recuperação. Não cogitamos a possibilidade de ele não estar com a gente na campanha", disse Falcão, mesmo não querendo precisar uma data para a entrada decisiva do ex-presidente em campo. "Temos até junho para construir alianças e, antes disso, também não podemos pedir voto", explicou.
Terra Magazine
POLÍTICA - Serra, Aécio, FHC e o PSDB.
Serra, Aécio, FHC e o PSDB: uma opinião apartidária e barata.
José Reis Barata
Pensei em instigá-lo a expressar a sua, não o faço. Você que decida se a dará ou não. Não o fazendo, lembro que o povo que pensa e também o que não pensa que: “quem cala, consente”, restando a minha. Recordo mais ainda que: quem efetivamente elege não é a minoria; não são os ativistas, os críticos, os originais que ousam sair do armário,do ostracismo a que se auto-impõem, mas, a maioria silenciosa.
Não se está aqui cogitando discutir tantas vaidosas falácias que tanto massageiam egos impudicos; de considerar mitos, hipocrisias, cinismos e inverdades; democracias, ismos, legitimidade do voto, representação, governo do povo, governo de todos, república, justiça social, igualdade, liberdade… mas e simplesmente pisar “o que é”; do único modo pacífico para mudar o que considera que deve ser mudado, ou seja, o inimigo mais próximo; o grupo que detém o poder, só.
Inimigo sim: bandido é bandido, polícia é polícia; meu bem é o meu bem e não o mal do outro que por milagre ou por uma possível astúcia do método dialético pode vir a ser meu bem. Esse tipo de conduta somente tem dado azo a uma absurda corrupção física e mental, louca e alucinada inversão de valores.
Um espaço como este, partidariamente desatrelado, a tomada de opiniões virtuais se põe como de inestimável valor por destituídas de um interesse partidário, sectário, imediato e portanto, deste modo, nunca duvidoso.
Os nomes que insistentemente mais circulam são indubitavelmente de Serra e Aécio. Serra por razões indiscutíveis. Principalmente pela credencial de dezenas de milhões de votos ainda quentes e frescos do último pleito. Se por falta de opção ou não, é outra questão; se o fogaréu de vaidades que ainda arde internamente no PSDB foi responsável por jogá-lo a uma derrota na praia carece ser posto em contrição, também; que o fato do voto realizado é avenida aberta para um próximo, não creio que alguém questione em face a atenção que desperta o fator rejeição.
Serra não tem rejeição, exceto a virulenta, interna a partir de FHC; tem sim, numerosos e conhecidos reparos veementes pela covarde postura da “mesmice” política que preservando o adversário, faz dele o possível comparsa de amanhã ou o desconfiável candidato de hoje. Nada, contudo, que uma boa e corajosa postura da verdade não possa solver: enterrando-o de vez, ou o entronizando.
E Aécio? Tal caviar do Pagodinho. Não conheço. Nada conheço e milhões nada conhecem e nada sabem. Um novo desastre mitológico tipo Collor? A maioria medíocre não se move pelo que “nada sabe”, mas pelo que todos sabem, pelos mitos que produz. Mormente se envolvida por interesses diretos como se pode considerar o espantoso assistencialismo governamental entranhado em prementes questões sociais por um populismo demagógico civicamente irresponsável .
O que de Aécio fica são “coisas midiáticas”, políticas triviais e superficiais onde pesponta, também, um cultural e dinástico heredofamiliar; um rumoroso escândalo noturno e conduta dúbia perante o poder. Esta, inaceitável para quem pensa que em relação ao poder somente há dois lados: dentro e fora. Mais uma figurinha carimbada fabricada pelo vazio.
Será isso, mais essa previsível derrota antecipada que nossa história política reserva? Não se trata de nomes, de Serra, de Aécio, de FHC nem da ladina e obscura eminência parda Guerra e de muitas outras que labutam nos subterrâneos partidários, mas:
Será impossível que o fechado grupo partidário dirigente use a razão? Pense como grupo, como partido, pense e empolgue a intranqüila e angustiada Nação que com essa indecisão enterra a esperança da oposição? Mais uma vez?
Não se trata de eu ou você, mas, de um compromisso com um interesse maior, um interesse e compromisso com o Poder que está em cada um e todos e que impende ser conquistado com as armas disponíveis que somente a experiência e a razão as podem manejar com probabilidade de sucesso.
“É triste dizer, mas há uma coisa que é necessário demonstrar com mais rigor e obstinação, é a evidência. De fato, a maioria das pessoas não tem olhos para vê-la. Mas essa demonstração é tão aborrecida! – Nietzsche”
Fonte: Tribuna da Internet
José Reis Barata
Pensei em instigá-lo a expressar a sua, não o faço. Você que decida se a dará ou não. Não o fazendo, lembro que o povo que pensa e também o que não pensa que: “quem cala, consente”, restando a minha. Recordo mais ainda que: quem efetivamente elege não é a minoria; não são os ativistas, os críticos, os originais que ousam sair do armário,do ostracismo a que se auto-impõem, mas, a maioria silenciosa.
Não se está aqui cogitando discutir tantas vaidosas falácias que tanto massageiam egos impudicos; de considerar mitos, hipocrisias, cinismos e inverdades; democracias, ismos, legitimidade do voto, representação, governo do povo, governo de todos, república, justiça social, igualdade, liberdade… mas e simplesmente pisar “o que é”; do único modo pacífico para mudar o que considera que deve ser mudado, ou seja, o inimigo mais próximo; o grupo que detém o poder, só.
Inimigo sim: bandido é bandido, polícia é polícia; meu bem é o meu bem e não o mal do outro que por milagre ou por uma possível astúcia do método dialético pode vir a ser meu bem. Esse tipo de conduta somente tem dado azo a uma absurda corrupção física e mental, louca e alucinada inversão de valores.
Um espaço como este, partidariamente desatrelado, a tomada de opiniões virtuais se põe como de inestimável valor por destituídas de um interesse partidário, sectário, imediato e portanto, deste modo, nunca duvidoso.
Os nomes que insistentemente mais circulam são indubitavelmente de Serra e Aécio. Serra por razões indiscutíveis. Principalmente pela credencial de dezenas de milhões de votos ainda quentes e frescos do último pleito. Se por falta de opção ou não, é outra questão; se o fogaréu de vaidades que ainda arde internamente no PSDB foi responsável por jogá-lo a uma derrota na praia carece ser posto em contrição, também; que o fato do voto realizado é avenida aberta para um próximo, não creio que alguém questione em face a atenção que desperta o fator rejeição.
Serra não tem rejeição, exceto a virulenta, interna a partir de FHC; tem sim, numerosos e conhecidos reparos veementes pela covarde postura da “mesmice” política que preservando o adversário, faz dele o possível comparsa de amanhã ou o desconfiável candidato de hoje. Nada, contudo, que uma boa e corajosa postura da verdade não possa solver: enterrando-o de vez, ou o entronizando.
E Aécio? Tal caviar do Pagodinho. Não conheço. Nada conheço e milhões nada conhecem e nada sabem. Um novo desastre mitológico tipo Collor? A maioria medíocre não se move pelo que “nada sabe”, mas pelo que todos sabem, pelos mitos que produz. Mormente se envolvida por interesses diretos como se pode considerar o espantoso assistencialismo governamental entranhado em prementes questões sociais por um populismo demagógico civicamente irresponsável .
O que de Aécio fica são “coisas midiáticas”, políticas triviais e superficiais onde pesponta, também, um cultural e dinástico heredofamiliar; um rumoroso escândalo noturno e conduta dúbia perante o poder. Esta, inaceitável para quem pensa que em relação ao poder somente há dois lados: dentro e fora. Mais uma figurinha carimbada fabricada pelo vazio.
Será isso, mais essa previsível derrota antecipada que nossa história política reserva? Não se trata de nomes, de Serra, de Aécio, de FHC nem da ladina e obscura eminência parda Guerra e de muitas outras que labutam nos subterrâneos partidários, mas:
Será impossível que o fechado grupo partidário dirigente use a razão? Pense como grupo, como partido, pense e empolgue a intranqüila e angustiada Nação que com essa indecisão enterra a esperança da oposição? Mais uma vez?
Não se trata de eu ou você, mas, de um compromisso com um interesse maior, um interesse e compromisso com o Poder que está em cada um e todos e que impende ser conquistado com as armas disponíveis que somente a experiência e a razão as podem manejar com probabilidade de sucesso.
“É triste dizer, mas há uma coisa que é necessário demonstrar com mais rigor e obstinação, é a evidência. De fato, a maioria das pessoas não tem olhos para vê-la. Mas essa demonstração é tão aborrecida! – Nietzsche”
Fonte: Tribuna da Internet
sábado, 25 de fevereiro de 2012
POLÍTICA - Acabou a novela.
Carlos Newton
Ao que parece, acabou mesmo a insuportável novela, na qual José Serra é o roteirista, diretor e ator principal. Na chamada undécima hora, o ex-governador decidiu entrar na corrida à Prefeitura de São Paulo e admite até a possibilidade de se inscrever nas prévias convocadas pelo PSDB para definir o candidato do partido, informa reportagem de Catia Seabra e Daniela Lima, publicada na Folha deste sábado.
A decisão foi tomada após meses de indefinição que paralisaram o maior partido de oposição do país. A sigla teme perder para o PT nas eleições deste ano a hegemonia política que tem em São Paulo.
Como se sabe, o ex-governador José Serra (PSDB) esteve na noite de quinta-feira no Palácio dos Bandeirantes para discutir sua provável candidatura à Prefeitura de São Paulo com o governador Geraldo Alckmin.
Alckmin fez ver a Serra que não dava mais para esperar e sugeriu a ele que, se desejasse mesmo concorrer, deveria inscrever-se nas prévias do partido, marcadas para o dia 4 de março, como forma de preservar o empenho da militância no processo e evitar desgastes internos.
Serra, que na quinta-feira não deu resposta definitiva, mostrou-se “receptivo” à ideia, segundo interlocutores. A indefinição de Serra estava pegando muito mal, especialmente devido à decisão de o PSDB realizar prévias. Era só o que faltava, Serra querer se candidatar depois das prévias…
Agora especula-se que Serra não quer que as prévias convocadas pelo partido sejam canceladas. E vai participar
Fonte: Tribuna da Internet
Ao que parece, acabou mesmo a insuportável novela, na qual José Serra é o roteirista, diretor e ator principal. Na chamada undécima hora, o ex-governador decidiu entrar na corrida à Prefeitura de São Paulo e admite até a possibilidade de se inscrever nas prévias convocadas pelo PSDB para definir o candidato do partido, informa reportagem de Catia Seabra e Daniela Lima, publicada na Folha deste sábado.
A decisão foi tomada após meses de indefinição que paralisaram o maior partido de oposição do país. A sigla teme perder para o PT nas eleições deste ano a hegemonia política que tem em São Paulo.
Como se sabe, o ex-governador José Serra (PSDB) esteve na noite de quinta-feira no Palácio dos Bandeirantes para discutir sua provável candidatura à Prefeitura de São Paulo com o governador Geraldo Alckmin.
Alckmin fez ver a Serra que não dava mais para esperar e sugeriu a ele que, se desejasse mesmo concorrer, deveria inscrever-se nas prévias do partido, marcadas para o dia 4 de março, como forma de preservar o empenho da militância no processo e evitar desgastes internos.
Serra, que na quinta-feira não deu resposta definitiva, mostrou-se “receptivo” à ideia, segundo interlocutores. A indefinição de Serra estava pegando muito mal, especialmente devido à decisão de o PSDB realizar prévias. Era só o que faltava, Serra querer se candidatar depois das prévias…
Agora especula-se que Serra não quer que as prévias convocadas pelo partido sejam canceladas. E vai participar
Fonte: Tribuna da Internet
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
POLÍTICA - Serra do bem contra o PT da maldade.
Do blog do Rovai
O acordo já foi selado no PSDB para que a candidatura de Serra possa vir a ser anunciada mais para frente, entre abril e maio.
O partido realizaria as prévias, mas apenas duas candidaturas teriam chances reais de vitória: a de Bruno Covas, apoiado por Alckmin, e a de Andrea Matarazzo, por Serra. Trípoli e José Aníbal, mesmo com história no partido, não contariam com “aquele apoio” necessário para derrotarem os candidatos dos caciques.
O vencedor poderia sair posando de candidato e, se de repente decolasse, Serra até poderia ficar na sua. E se preservar para 2014.
Principalmente se o vencedor das prévias viesse a ser Matarazzo, seu aliado incondicional.
Sem a tal decolagem (o que é mais provável, até porque não haveria tempo de campanha), o ex-governador diria o “sim” e o vencedor das prévias ficaria com a vaga de vice.
Alckmin quer Covas neste papel.
Serra, Matarazzo.
Os riscos desta operação não são diferentes do que Garrincha vislumbrava no histórico jogo contra a URSS. Depois de ouvir toda a preleção onde tudo dava certo para a Seleção, Mané perguntou ao técnico Feola: “mas o senhor já combinou com os russos”.
Não se pode desprezar um acordo de última hora entre Trípoli e Anibal para que um deles fique com a vaga de candidato do PSDB. Se isso vier a ocorrer, a candidatura de Serra sairia só a fórceps.
Outra combinação que ainda não foi feita por completo diz respeito ao apoio de Kassab. Há quem ache que o esperto prefeito estaria querendo colocar seus pés em duas canoas nesta eleição. Kassab já teria dito a Serra que tudo bem em relação ao PSD não indicar o vice, mas ao mesmo tempo disse que não teria como conseguir levar toda a base que construiu na prefeitura para apoiar a candidatura dele.
Ou seja, algumas pessoas com quem conversei consideram que o PSB, por exemplo, pode vir a se aproximar mais do PT municipal a partir de um movimento combinado entre Lula, Kassab e o governador Eduardo Campos.
Neste caso, Campos seria o operador aparente. E o vice de Haddad sairia do PSB.
A fusão PSD e PSB pode vir a ocorrer muito antes do que os analistas políticos estão prevendo. No carnaval, o prefeito paulistano foi a Recife tratar disso.
Acha que se o acordo vier a sair já em 2013, o novo partido consegue tirar Temer da jogada e indicar Campos como vice da presidenta.
E, na disputa para o governo de São Paulo, Kassab não teria problemas em sair de vice de Marinho, que, caso venha se reeleger prefeito em São Bernardo, deve ser o nome do PT para 2014.
Tem muita água passando por debaixo da ponte, mas uma coisa é quase certa, o vencedor das prévias do PSDB está disputando a candidatura de vice.
Porque dificilmente Serra não será candidato.
Se tem uma coisa que o ex-governador não é, definitivamente, é tonto.
Ele venceu Dilma em São Paulo por 53,5% a 46,5%. Ou seja, se a eleição de 2010 para presidente fosse na capital paulista, seria ele o chefe do Estado.
E fazendo contas já viu que se candidato for, deve disputar o segundo turno contra o PT. Neste caso, construirá um enredo do Serra democrata contra o partido que quer dominar o mundo.
Sua resposta aos que vierem criticá-lo pela renúncia de 2006 será de que aceitou disputar esta eleição em nome da democracia. Para que ela não corra riscos no Brasil com o PT ganhando tudo.
E conta com o povo de São Paulo para impedir isso.
Ao mesmo tempo dirá que sabe que aceitou disputar mesmo sabendo que terá de adiar seu sonho de ser novamente candidato a presidente. Mas deixará a porta aberta para disputar o governo do Estado. Caso Aécio não decole e Alckmin vier a ser o candidato do partido.
Ou seja, o enredo do filme será: Serra do Bem contra o PT da Maldade.
Não será fácil derrotá-lo.
Quem estiver pensando diferente, vai se dar mal.
Serra conhece a alma do cidadão paulistano classe média. Esse voto ele sabe como manter.
Renato Rovai é editor da Revista Fórum
O acordo já foi selado no PSDB para que a candidatura de Serra possa vir a ser anunciada mais para frente, entre abril e maio.
O partido realizaria as prévias, mas apenas duas candidaturas teriam chances reais de vitória: a de Bruno Covas, apoiado por Alckmin, e a de Andrea Matarazzo, por Serra. Trípoli e José Aníbal, mesmo com história no partido, não contariam com “aquele apoio” necessário para derrotarem os candidatos dos caciques.
O vencedor poderia sair posando de candidato e, se de repente decolasse, Serra até poderia ficar na sua. E se preservar para 2014.
Principalmente se o vencedor das prévias viesse a ser Matarazzo, seu aliado incondicional.
Sem a tal decolagem (o que é mais provável, até porque não haveria tempo de campanha), o ex-governador diria o “sim” e o vencedor das prévias ficaria com a vaga de vice.
Alckmin quer Covas neste papel.
Serra, Matarazzo.
Os riscos desta operação não são diferentes do que Garrincha vislumbrava no histórico jogo contra a URSS. Depois de ouvir toda a preleção onde tudo dava certo para a Seleção, Mané perguntou ao técnico Feola: “mas o senhor já combinou com os russos”.
Não se pode desprezar um acordo de última hora entre Trípoli e Anibal para que um deles fique com a vaga de candidato do PSDB. Se isso vier a ocorrer, a candidatura de Serra sairia só a fórceps.
Outra combinação que ainda não foi feita por completo diz respeito ao apoio de Kassab. Há quem ache que o esperto prefeito estaria querendo colocar seus pés em duas canoas nesta eleição. Kassab já teria dito a Serra que tudo bem em relação ao PSD não indicar o vice, mas ao mesmo tempo disse que não teria como conseguir levar toda a base que construiu na prefeitura para apoiar a candidatura dele.
Ou seja, algumas pessoas com quem conversei consideram que o PSB, por exemplo, pode vir a se aproximar mais do PT municipal a partir de um movimento combinado entre Lula, Kassab e o governador Eduardo Campos.
Neste caso, Campos seria o operador aparente. E o vice de Haddad sairia do PSB.
A fusão PSD e PSB pode vir a ocorrer muito antes do que os analistas políticos estão prevendo. No carnaval, o prefeito paulistano foi a Recife tratar disso.
Acha que se o acordo vier a sair já em 2013, o novo partido consegue tirar Temer da jogada e indicar Campos como vice da presidenta.
E, na disputa para o governo de São Paulo, Kassab não teria problemas em sair de vice de Marinho, que, caso venha se reeleger prefeito em São Bernardo, deve ser o nome do PT para 2014.
Tem muita água passando por debaixo da ponte, mas uma coisa é quase certa, o vencedor das prévias do PSDB está disputando a candidatura de vice.
Porque dificilmente Serra não será candidato.
Se tem uma coisa que o ex-governador não é, definitivamente, é tonto.
Ele venceu Dilma em São Paulo por 53,5% a 46,5%. Ou seja, se a eleição de 2010 para presidente fosse na capital paulista, seria ele o chefe do Estado.
E fazendo contas já viu que se candidato for, deve disputar o segundo turno contra o PT. Neste caso, construirá um enredo do Serra democrata contra o partido que quer dominar o mundo.
Sua resposta aos que vierem criticá-lo pela renúncia de 2006 será de que aceitou disputar esta eleição em nome da democracia. Para que ela não corra riscos no Brasil com o PT ganhando tudo.
E conta com o povo de São Paulo para impedir isso.
Ao mesmo tempo dirá que sabe que aceitou disputar mesmo sabendo que terá de adiar seu sonho de ser novamente candidato a presidente. Mas deixará a porta aberta para disputar o governo do Estado. Caso Aécio não decole e Alckmin vier a ser o candidato do partido.
Ou seja, o enredo do filme será: Serra do Bem contra o PT da Maldade.
Não será fácil derrotá-lo.
Quem estiver pensando diferente, vai se dar mal.
Serra conhece a alma do cidadão paulistano classe média. Esse voto ele sabe como manter.
Renato Rovai é editor da Revista Fórum
POLÌTICA - As "viúvas da ditadura" tentaram peitar a Dilma e se deram mal.
DILMA PAGA PRA VER E FAZ CLUBES MILITARES ENGOLIREM BLEFE
Celso Lungaretti
O episódio da notícia plantada pelas viúvas da ditadura no O Estado de S. Paulo para pressionar a presidente Dilma Rousseff ( terminou com o incrível exército de Brancaleone batendo em retirada sob vara, conforme o próprio jornalão relata:
"Os presidentes dos Clubes Militares foram obrigados ontem a publicar uma nota desautorizando o texto do 'manifesto interclubes' [ver íntegra aqui] que criticava a presidente Dilma Rousseff por não censurar duas de suas ministras que defenderam a revogação da Lei da Anistia.
Dilma não gostou do teor da nota por não aceitar, segundo assessores do Planalto, qualquer tipo de desaprovação às atitudes da comandante suprema das Forças Armadas.
A presidente convocou o ministro Celso Amorim (Defesa) para pedir explicações. Ele se reuniu com os comandantes das três Forças, que negociaram com os presidentes dos clubes da Marinha, Exército e Aeronáutica a 'desautorização' da publicação do documento, divulgado no site do Clube Militar no dia 16, como revelou o Estado na terça-feira.
No dia seguinte, houve a reunião de Amorim com os comandantes das três Forças e uma conversa com a presidente. Paralelamente a essa movimentação, os comandantes telefonaram aos presidentes dos três clubes a fim de que a nota crítica a Dilma fosse suprimida.
Ontem, o 'comunicado interclubes' foi retirado do site no início da tarde. Por volta das 16 horas, foi divulgado um outro texto, em que os presidentes desautorizavam o comunicado anterior. Esse desmentido, porém, não chegou a ficar meia hora no ar. O Clube do Exército, para tentar encerrar a polêmica, retirou a nota e o desmentido..."
Uma avaliação interessante do episódio é a da colunista Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo:
"A nomeação de Menicucci [para a Secretaria de Políticas para as Mulheres] sinaliza claramente que a primeira presidente mulher da história brasileira, torturada pela ditadura militar, tem um encontro marcado, em algum momento à frente, entre restrições políticas e convicções, entre palavras e atos. É quando fará sua foto oficial para a história.
Não é fácil. O caminho é tortuoso, cheio de obstáculos e armadilhas. Uma delas foi a nota impertinente dos clubes militares, na qual oficiais de pijama se deram ao direito de criticar a presidente e comandante em chefe das Forças Armadas e exigir que ela desautorizasse duas ministras -Menicucci e Maria do Rosário (Direitos Humanos)- por defenderem a verdade sobre ditaduras.
Tal como a presença de Menicucci 'diz' o que Dilma não pode dizer, militares da reserva muitas vezes verbalizam o que os da ativa pensam, mas não podem falar. Tal como Menicucci mede as palavras para não expor a amiga presidente, os da reserva tiveram de recuar por conveniência dos da ativa. E a luta continua".
Eu só faria uma ressalva: alguns militares da reserva temerosos do que a Comissão da Verdade possa vir a apurar verbalizam o que alguns colegas na ativa com esqueletos no armário pensam, mas não podem falar. A grande maioria do oficialato quer mais é saber de sua carreira, pragmaticamente.
Então, a Dilma agiu muito bem ao pagar para ver, expondo o blefe de uma minoria extremista e fazendo seus autores o engolirem a seco.
Fonte: Blog Náufrago da Utopia
Celso Lungaretti
O episódio da notícia plantada pelas viúvas da ditadura no O Estado de S. Paulo para pressionar a presidente Dilma Rousseff ( terminou com o incrível exército de Brancaleone batendo em retirada sob vara, conforme o próprio jornalão relata:
"Os presidentes dos Clubes Militares foram obrigados ontem a publicar uma nota desautorizando o texto do 'manifesto interclubes' [ver íntegra aqui] que criticava a presidente Dilma Rousseff por não censurar duas de suas ministras que defenderam a revogação da Lei da Anistia.
Dilma não gostou do teor da nota por não aceitar, segundo assessores do Planalto, qualquer tipo de desaprovação às atitudes da comandante suprema das Forças Armadas.
A presidente convocou o ministro Celso Amorim (Defesa) para pedir explicações. Ele se reuniu com os comandantes das três Forças, que negociaram com os presidentes dos clubes da Marinha, Exército e Aeronáutica a 'desautorização' da publicação do documento, divulgado no site do Clube Militar no dia 16, como revelou o Estado na terça-feira.
No dia seguinte, houve a reunião de Amorim com os comandantes das três Forças e uma conversa com a presidente. Paralelamente a essa movimentação, os comandantes telefonaram aos presidentes dos três clubes a fim de que a nota crítica a Dilma fosse suprimida.
Ontem, o 'comunicado interclubes' foi retirado do site no início da tarde. Por volta das 16 horas, foi divulgado um outro texto, em que os presidentes desautorizavam o comunicado anterior. Esse desmentido, porém, não chegou a ficar meia hora no ar. O Clube do Exército, para tentar encerrar a polêmica, retirou a nota e o desmentido..."
Uma avaliação interessante do episódio é a da colunista Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo:
"A nomeação de Menicucci [para a Secretaria de Políticas para as Mulheres] sinaliza claramente que a primeira presidente mulher da história brasileira, torturada pela ditadura militar, tem um encontro marcado, em algum momento à frente, entre restrições políticas e convicções, entre palavras e atos. É quando fará sua foto oficial para a história.
Não é fácil. O caminho é tortuoso, cheio de obstáculos e armadilhas. Uma delas foi a nota impertinente dos clubes militares, na qual oficiais de pijama se deram ao direito de criticar a presidente e comandante em chefe das Forças Armadas e exigir que ela desautorizasse duas ministras -Menicucci e Maria do Rosário (Direitos Humanos)- por defenderem a verdade sobre ditaduras.
Tal como a presença de Menicucci 'diz' o que Dilma não pode dizer, militares da reserva muitas vezes verbalizam o que os da ativa pensam, mas não podem falar. Tal como Menicucci mede as palavras para não expor a amiga presidente, os da reserva tiveram de recuar por conveniência dos da ativa. E a luta continua".
Eu só faria uma ressalva: alguns militares da reserva temerosos do que a Comissão da Verdade possa vir a apurar verbalizam o que alguns colegas na ativa com esqueletos no armário pensam, mas não podem falar. A grande maioria do oficialato quer mais é saber de sua carreira, pragmaticamente.
Então, a Dilma agiu muito bem ao pagar para ver, expondo o blefe de uma minoria extremista e fazendo seus autores o engolirem a seco.
Fonte: Blog Náufrago da Utopia
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
POLÍTICA - "Serra está sendo palhaço"
Do blog do Rovai
Tucana garante: “Serra está sendo palhaço, está brincando com a gente”
Assista ao vídeo “educativo” de alguém que conhece Serra melhor do que qualquer um de nós. Catarina Rossi, ligada ao PSDB Mulher da capital, detona Serra e defende a manutenção das prévias. Tá feia a coisa pro glorioso ex-governador…
PS: No twitter da minha amiga Maria Frô descobri que a militante em questão é esposa do jornalista da Folha de S.Paulo, Clóvis Rossi. Só mais uma curiosidade…
Tucana garante: “Serra está sendo palhaço, está brincando com a gente”
Assista ao vídeo “educativo” de alguém que conhece Serra melhor do que qualquer um de nós. Catarina Rossi, ligada ao PSDB Mulher da capital, detona Serra e defende a manutenção das prévias. Tá feia a coisa pro glorioso ex-governador…
PS: No twitter da minha amiga Maria Frô descobri que a militante em questão é esposa do jornalista da Folha de S.Paulo, Clóvis Rossi. Só mais uma curiosidade…
GRÉCIA - Saco de maldades imposto à Grécia.
Quem tem riquezas para vender?
Carlos Chagas
Vamos pinçar apenas alguns pedregulhos, do saco de maldades imposto à Grécia pelos banqueiros alemães e ingleses, respaldados por organismos internacionais: a redução de 22% no salário mínimo, a diminuição no valor das aposentadorias, a demissão de 150 mil funcionários públicos, o aumento do desemprego nas atividades privadas, o corte nos investimentos sociais e a privatização de empresas públicas. Sem esquecer que a receita enfiada goela abaixo dos gregos é a mesma despachada para a Espanha, Portugal, França, além daquele monte de países que vão do Báltico aos Balcãs e ao Mediterrâneo.
Apesar da conivência da grande imprensa, até a nossa, em minimizar a reação das populações atingidas, apresentando como baderna os protestos que ganham as ruas, fica claro ter alguma coisa mudado no relacionamento entre o capital financeiro e as massas exploradas. Estas não agüentam mais. Aquele gasta suas derradeiras forças na tentativa de preservar privilégios que vão saindo pelo ralo.
A arapuca não funciona mais. Para equilibrar as finanças dos sucessivos governos sediados em Atenas, imprevidentes, irresponsáveis e corruptos, a banca internacional promete emprestar 130 bilhões de euros. Fica escancarada a operação que manterá esses recursos onde sempre estiveram, ou seja, em seus cofres, de onde não sairá um centavo.
O empréstimo servirá para saldar as dívidas da Grécia, por certo acrescidas de juros extorsivos, cabendo aos trabalhadores e assalariados arcar com o prejuízo. Sempre foi assim, através das décadas e dos séculos, só que não é mais.
Não haverá polícia que dê jeito, como mostram todos os dias as telinhas, mesmo distorcidas e escamoteadas suas imagens. É bom tomar cuidado. A engrenagem financeira internacional, mesmo podre, desenvolverá todos os esforços para diminuir seu prejuízo. Impossibilitada de agir na Europa insurrecta, estando a América do Norte blindada, não vai dar para lançar suas redes da Ásia.
A China chegou primeiro. Com a África em frangalhos, para onde se voltará a banca em desespero, senão para a América do Sul? Dessa vez a crise não chegou primeiro para nós. Mas chegará, de forma inapelável. Quem tem riquezas para vender, como já vendemos no passado?
Fonte: Tribuna da Internet
Carlos Chagas
Vamos pinçar apenas alguns pedregulhos, do saco de maldades imposto à Grécia pelos banqueiros alemães e ingleses, respaldados por organismos internacionais: a redução de 22% no salário mínimo, a diminuição no valor das aposentadorias, a demissão de 150 mil funcionários públicos, o aumento do desemprego nas atividades privadas, o corte nos investimentos sociais e a privatização de empresas públicas. Sem esquecer que a receita enfiada goela abaixo dos gregos é a mesma despachada para a Espanha, Portugal, França, além daquele monte de países que vão do Báltico aos Balcãs e ao Mediterrâneo.
Apesar da conivência da grande imprensa, até a nossa, em minimizar a reação das populações atingidas, apresentando como baderna os protestos que ganham as ruas, fica claro ter alguma coisa mudado no relacionamento entre o capital financeiro e as massas exploradas. Estas não agüentam mais. Aquele gasta suas derradeiras forças na tentativa de preservar privilégios que vão saindo pelo ralo.
A arapuca não funciona mais. Para equilibrar as finanças dos sucessivos governos sediados em Atenas, imprevidentes, irresponsáveis e corruptos, a banca internacional promete emprestar 130 bilhões de euros. Fica escancarada a operação que manterá esses recursos onde sempre estiveram, ou seja, em seus cofres, de onde não sairá um centavo.
O empréstimo servirá para saldar as dívidas da Grécia, por certo acrescidas de juros extorsivos, cabendo aos trabalhadores e assalariados arcar com o prejuízo. Sempre foi assim, através das décadas e dos séculos, só que não é mais.
Não haverá polícia que dê jeito, como mostram todos os dias as telinhas, mesmo distorcidas e escamoteadas suas imagens. É bom tomar cuidado. A engrenagem financeira internacional, mesmo podre, desenvolverá todos os esforços para diminuir seu prejuízo. Impossibilitada de agir na Europa insurrecta, estando a América do Norte blindada, não vai dar para lançar suas redes da Ásia.
A China chegou primeiro. Com a África em frangalhos, para onde se voltará a banca em desespero, senão para a América do Sul? Dessa vez a crise não chegou primeiro para nós. Mas chegará, de forma inapelável. Quem tem riquezas para vender, como já vendemos no passado?
Fonte: Tribuna da Internet
GRÉCIA - Nova droga para atender a uma Grécia quebrada financeiramente.
Do blog Sem Fronteiras
As “internacionais criminosas”, conhecidas pelo nome genérico de máfias, contam com uma incrível capacidade de adaptação ao mercado consumidor. Não tem tempo quente, para usar uma expressão popular.
Por redes flexíveis, cujos nós de abastecimento se espalham pelo planeta, as máfias controlam a geoeconomia e a geoestratégia com mais competência do que muitos chefes de blocos e ministros de economia e finanças, como, por exemplo, os da União Europeia (UE).
Não existem para as máfias crises econômicas capazes de zerar seus lucros ilícitos. Com efeito, elas sempre ofertam uma droga proibida que cabe no bolso do usuário. Jamais deixam o toxicodependente, e o usuário em geral, em abstinência ou passando vontade, quer na Grécia quer na Cracolândia paulistana.
Na quebrada Grécia, as organizações criminosas estão ofertando, e o país de origem ainda é desconhecido da Europol (polícia da União Europeia), uma droga composta de detergente e líquido de baterias. A nova droga tem consistência de pedra, como o crack. Mas, atenção: a pedra consumida na Grécia não contém coca como princípio ativo.
Os gregos chamam essa nova droga de Sisa e é aquecida e fumada com o emprego de cachimbos, como se vê na Cracolândia de São Paulo.
A Sisa custa dois euros, mas em certas zonas degradadas de Atenas é vendida a 0,50 euros. Numa comparação, o papelote de cocaína, para os helênicos, sai a 5 euros e cada picada de heroína, proveniente do Afeganistão e refinada na Turquia, custa de 20 a 30 euros.
Segundo o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, com sede em Lisboa, os efeitos da Sisa são devastadores: “Comparável a 18 meses de consumo injetável de heroína”, informa nota do órgão.
As polícias europeia e grega trabalham com duas pistas, baseadas no princípio ativo. Isso para chegar à fonte de fornecimento e à origem do produto ilícito.
Uma das pistas é o Paquistão, país de escoamento da heroína do Afeganistão e ex-maior produtor de morfina básica. A segunda pista concentra-se na atuação da chamada Máfia Curda.
Pano rápido. Pela inexistência de coca ou derivados, os países andinos estão excluídos como produtores (Colômbia, Peru, Bolívia e Equador).
Wálter Fanganiello Maierovitch
As “internacionais criminosas”, conhecidas pelo nome genérico de máfias, contam com uma incrível capacidade de adaptação ao mercado consumidor. Não tem tempo quente, para usar uma expressão popular.
Por redes flexíveis, cujos nós de abastecimento se espalham pelo planeta, as máfias controlam a geoeconomia e a geoestratégia com mais competência do que muitos chefes de blocos e ministros de economia e finanças, como, por exemplo, os da União Europeia (UE).
Não existem para as máfias crises econômicas capazes de zerar seus lucros ilícitos. Com efeito, elas sempre ofertam uma droga proibida que cabe no bolso do usuário. Jamais deixam o toxicodependente, e o usuário em geral, em abstinência ou passando vontade, quer na Grécia quer na Cracolândia paulistana.
Na quebrada Grécia, as organizações criminosas estão ofertando, e o país de origem ainda é desconhecido da Europol (polícia da União Europeia), uma droga composta de detergente e líquido de baterias. A nova droga tem consistência de pedra, como o crack. Mas, atenção: a pedra consumida na Grécia não contém coca como princípio ativo.
Os gregos chamam essa nova droga de Sisa e é aquecida e fumada com o emprego de cachimbos, como se vê na Cracolândia de São Paulo.
A Sisa custa dois euros, mas em certas zonas degradadas de Atenas é vendida a 0,50 euros. Numa comparação, o papelote de cocaína, para os helênicos, sai a 5 euros e cada picada de heroína, proveniente do Afeganistão e refinada na Turquia, custa de 20 a 30 euros.
Segundo o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, com sede em Lisboa, os efeitos da Sisa são devastadores: “Comparável a 18 meses de consumo injetável de heroína”, informa nota do órgão.
As polícias europeia e grega trabalham com duas pistas, baseadas no princípio ativo. Isso para chegar à fonte de fornecimento e à origem do produto ilícito.
Uma das pistas é o Paquistão, país de escoamento da heroína do Afeganistão e ex-maior produtor de morfina básica. A segunda pista concentra-se na atuação da chamada Máfia Curda.
Pano rápido. Pela inexistência de coca ou derivados, os países andinos estão excluídos como produtores (Colômbia, Peru, Bolívia e Equador).
Wálter Fanganiello Maierovitch
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
GRÉCIA: Resistir nas ruas ou render-se à servidão financeira.
GRÉCIA É UM PROTETORADO DOS GRANDES BANCOS INTERNACIONAIS
"GRÉCIA É UM PROTETORADO DA BANCA"
Por Saul Leblon
“O 'acordo' de ajuste assinado entre Atenas e a troika do euro [FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia] na madrugada de ontem, 3ª feira (21), em Bruxelas, passará à história como o mais draconiano e humilhante exemplo da rendição de um país aos mercados em tempos modernos. O que se deliberou é pior até que os termos devastadores do Tratado de Versalhes, de 1919, que colocou a derrotada Alemanha da Primeira Guerra de joelhos, impondo-lhe reparações equivalentes a 3% de um PIB em frangalhos, ademais de autorizar os saques de fábricas e da então poderosa marinha mercante germânica.
A pilhagem associada à crise mundial de 29 esfarelou a moeda alemã e exauriu a poupança das famílias. O desespero e a hiperinflação pavimentaram a chegada de Hitler ao poder. Em 1933, a ascensão nazista jogou o mundo na Segunda Guerra Mundial.
Negociador pelo lado britânico em Versalhes, Keynes renunciou à missão em protesto contra o massacre. Em 1920, escreveria 'As Consequências Econômicas da Paz', antecipando o desastre em marcha. O que se decidiu em Bruxelas neste 21 de fevereiro de 2012 conecta as gerações gregas do presente e do futuro a um implacável sistema de transfusão que as condena a servir aos credores até a morte. Todo o dinheiro do 'socorro' acertado (130 bilhões de euros) - liberado em troca de demissões em massa, corte de salários e aposentadorias, vendas de patrimônio público, supressão de serviços essenciais e até de medicamentos à rede pública de saúde - não poderá ser tocado pelo Estado grego.
Depositado em conta bloqueada e supervisionada por um diretório do euro, o recurso será destinado, prioritariamente, ao pagamento de juros aos credores. Troca-se, assim, um desconto de 53% sobre papéis que enfrentam desvalorização de mercado superior a isso, por juros sagrados. Ao aceitar a lógica da coação, Atenas renunciou, ainda, à soberania orçamentária. A partir de agora, as contas do país passam à condição de protetorado de uma junta da "troika" sediada fisicamente no coração do Estado grego, com poder de veto sobre decisões de governo.
Dentro de dois meses, a Grécia vai às urnas eleger novo parlamento. A esquerda tem 40% das intenções de voto e mais de um centurião do governo alemão já sugeriu adiar o pleito, para "o bem do ajuste". O que se acertou em Bruxelas na madrugada de ontem, 3ª feira (21), foi ainda pior: a troika arrancou de Atenas a promessa de que o acordo está acima do que decidirem as urnas em abril. Em outras palavras, a elite política grega comprometeu-se, também, a ceder a soberania democrática aos mercados, tornando inalteráveis os termos do arrocho. Ao reduzir uma nação a uma entidade excretora de juros, expropriada de soberania orçamentária e política, Bruxelas, involuntariamente, emitiu a mais pedagógica e contundente convocação à resistência contra a agenda ortodoxa dominante na UE. De agora em diante, fica claro que a escolha é resistir nas ruas ou render-se à servidão financeira.”
FONTE: postado por Saul Leblon no site “Carta Maior”
"GRÉCIA É UM PROTETORADO DA BANCA"
Por Saul Leblon
“O 'acordo' de ajuste assinado entre Atenas e a troika do euro [FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia] na madrugada de ontem, 3ª feira (21), em Bruxelas, passará à história como o mais draconiano e humilhante exemplo da rendição de um país aos mercados em tempos modernos. O que se deliberou é pior até que os termos devastadores do Tratado de Versalhes, de 1919, que colocou a derrotada Alemanha da Primeira Guerra de joelhos, impondo-lhe reparações equivalentes a 3% de um PIB em frangalhos, ademais de autorizar os saques de fábricas e da então poderosa marinha mercante germânica.
A pilhagem associada à crise mundial de 29 esfarelou a moeda alemã e exauriu a poupança das famílias. O desespero e a hiperinflação pavimentaram a chegada de Hitler ao poder. Em 1933, a ascensão nazista jogou o mundo na Segunda Guerra Mundial.
Negociador pelo lado britânico em Versalhes, Keynes renunciou à missão em protesto contra o massacre. Em 1920, escreveria 'As Consequências Econômicas da Paz', antecipando o desastre em marcha. O que se decidiu em Bruxelas neste 21 de fevereiro de 2012 conecta as gerações gregas do presente e do futuro a um implacável sistema de transfusão que as condena a servir aos credores até a morte. Todo o dinheiro do 'socorro' acertado (130 bilhões de euros) - liberado em troca de demissões em massa, corte de salários e aposentadorias, vendas de patrimônio público, supressão de serviços essenciais e até de medicamentos à rede pública de saúde - não poderá ser tocado pelo Estado grego.
Depositado em conta bloqueada e supervisionada por um diretório do euro, o recurso será destinado, prioritariamente, ao pagamento de juros aos credores. Troca-se, assim, um desconto de 53% sobre papéis que enfrentam desvalorização de mercado superior a isso, por juros sagrados. Ao aceitar a lógica da coação, Atenas renunciou, ainda, à soberania orçamentária. A partir de agora, as contas do país passam à condição de protetorado de uma junta da "troika" sediada fisicamente no coração do Estado grego, com poder de veto sobre decisões de governo.
Dentro de dois meses, a Grécia vai às urnas eleger novo parlamento. A esquerda tem 40% das intenções de voto e mais de um centurião do governo alemão já sugeriu adiar o pleito, para "o bem do ajuste". O que se acertou em Bruxelas na madrugada de ontem, 3ª feira (21), foi ainda pior: a troika arrancou de Atenas a promessa de que o acordo está acima do que decidirem as urnas em abril. Em outras palavras, a elite política grega comprometeu-se, também, a ceder a soberania democrática aos mercados, tornando inalteráveis os termos do arrocho. Ao reduzir uma nação a uma entidade excretora de juros, expropriada de soberania orçamentária e política, Bruxelas, involuntariamente, emitiu a mais pedagógica e contundente convocação à resistência contra a agenda ortodoxa dominante na UE. De agora em diante, fica claro que a escolha é resistir nas ruas ou render-se à servidão financeira.”
FONTE: postado por Saul Leblon no site “Carta Maior”
POLÍTICA - O mesmo túmulo para Serra e Kassab
Do blog Festival de Besteiras na Imprensa
by augustodafonseca13
Embora a história recente aponte que sim, não existe nenhuma normalidade no fato de o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), optar por fechar uma aliança com o ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato a presidente da República tucano José Serra. Ao contrário, essa decisão, do ponto de vista político, é um ponto fora da curva.
Em primeiro lugar, porque simplesmente contraria a tática de sobrevivência do recém-criado Partido Social Democrata (PSD). Inicialmente imaginado por Kassab como um "plano B" para Serra, que havia deixado muitas sequelas no PSDB no período eleitoral do ano passado e praticamente inviabilizado um acordo futuro com o DEM, o novo partido acabou instrumentalizado pelos integrantes do ex-PFL que tentavam um caminho menos humilhante de adesão ao governo petista.
O diagnóstico da grande maioria dos demistas que afluíram ao PSD é que eles não teriam condições de sobrevivência no governo; o entendimento de boa parte deles é o de que Serra, não apenas pela derrota eleitoral sofrida para a candidata do PT, Dilma Rousseff, mas principalmente por sua capacidade desagregadora, havia comprometido seriamente as chances de uma oposição já enfraquecida por três derrotas sucessivas na disputa presidencial.
Não foram os aderentes ao PSD que tiveram de se adaptar às razões de Kassab, mas o prefeito que foi obrigado a se adequar ao perfil que o partido assumia. O PSD acabou se tornando "o partido de Kassab" porque, no momento, ele é o seu mais visível integrante, na qualidade de prefeito da maior capital do país. Em janeiro, perde o mandato. E tem grandes chances de perder a eleição deste ano se apoiar a candidatura de José Serra à prefeitura. Até lá, outros pessedistas podem ter ganhado lugar ao sol com as alianças que fizeram, Brasil afora, com os partidos da base governista de Dilma.
São Paulo volta a ser um problema para os ex-integrantes do PFL, que só conseguiram um lugar ao sol no Estado no curto período de duas alianças vitoriosas com José Serra para a prefeitura da capital. Kassab passa a mesma importância que tinha no PFL antes de ser vice de Serra nas eleições de 2004 para o PSD nacional, ou seja, muito pouca.
Nas eleições de 2004, Kassab foi vice de Serra; assumiu a prefeitura quando o tucano deixou o cargo para candidatar-se ao governo do Estado, em 2008. Em 2010, Kassab apenas conseguiu a vitória porque teve o apoio de Serra, que então era não apenas hegemônico no seu partido, mas tinha a máquina estadual nas mãos e enorme simpatia da classe média conservadora paulistana.
Serra abandonou o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin, às moscas, e subiu no palanque de Kassab. Era o projeto de ter novamente o PFL em seu palanque nas eleições presidenciais do ano passado. Alckmin, contrariando a tradição do PSDB na capital, sequer chegou ao segundo turno. Quem polarizou com o PT foi Kassab, a cria de Serra. Mas Alckmin manteve a sua força no interior do Estado, o que fez dele o governador quando Serra deixou o Palácio dos Bandeirantes para se candidatar à Presidência.
Ter Serra no palanque para a prefeitura, em 2008, valeria a lealdade de Kassab, mas muita água rolou por baixo da ponte. A sua lealdade passou a ser um alto risco político. Se Serra perder (o que é altamente provável) a eleição para a capital, Kassab se enterra junto com ele, se indispõe com o PT local (que a contragosto baixou seu antikassabismo enquanto o PSD era uma possibilidade de quebrar a hegemonia tucana no Estado) e perde a liderança nacional do novo partido, que se joga nos braços dos aliados a Dilma Rousseff no resto do país.
Qualquer acordo que fizer com Serra em relação às eleições de 2014 irá pelo ralo em caso de derrota. Dificilmente Alckmin considerará pagar essa conta – por absoluta desobrigação de ser leal a Serra ou a Kassab, e também por uma vocação bastante aproximada à de Serra ao rancor. Dois tucanos bicudos não se bicam.
Maria Inês Nassif é colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.
Enviado por luisnassif
by augustodafonseca13
Embora a história recente aponte que sim, não existe nenhuma normalidade no fato de o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), optar por fechar uma aliança com o ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato a presidente da República tucano José Serra. Ao contrário, essa decisão, do ponto de vista político, é um ponto fora da curva.
Em primeiro lugar, porque simplesmente contraria a tática de sobrevivência do recém-criado Partido Social Democrata (PSD). Inicialmente imaginado por Kassab como um "plano B" para Serra, que havia deixado muitas sequelas no PSDB no período eleitoral do ano passado e praticamente inviabilizado um acordo futuro com o DEM, o novo partido acabou instrumentalizado pelos integrantes do ex-PFL que tentavam um caminho menos humilhante de adesão ao governo petista.
O diagnóstico da grande maioria dos demistas que afluíram ao PSD é que eles não teriam condições de sobrevivência no governo; o entendimento de boa parte deles é o de que Serra, não apenas pela derrota eleitoral sofrida para a candidata do PT, Dilma Rousseff, mas principalmente por sua capacidade desagregadora, havia comprometido seriamente as chances de uma oposição já enfraquecida por três derrotas sucessivas na disputa presidencial.
Não foram os aderentes ao PSD que tiveram de se adaptar às razões de Kassab, mas o prefeito que foi obrigado a se adequar ao perfil que o partido assumia. O PSD acabou se tornando "o partido de Kassab" porque, no momento, ele é o seu mais visível integrante, na qualidade de prefeito da maior capital do país. Em janeiro, perde o mandato. E tem grandes chances de perder a eleição deste ano se apoiar a candidatura de José Serra à prefeitura. Até lá, outros pessedistas podem ter ganhado lugar ao sol com as alianças que fizeram, Brasil afora, com os partidos da base governista de Dilma.
São Paulo volta a ser um problema para os ex-integrantes do PFL, que só conseguiram um lugar ao sol no Estado no curto período de duas alianças vitoriosas com José Serra para a prefeitura da capital. Kassab passa a mesma importância que tinha no PFL antes de ser vice de Serra nas eleições de 2004 para o PSD nacional, ou seja, muito pouca.
Nas eleições de 2004, Kassab foi vice de Serra; assumiu a prefeitura quando o tucano deixou o cargo para candidatar-se ao governo do Estado, em 2008. Em 2010, Kassab apenas conseguiu a vitória porque teve o apoio de Serra, que então era não apenas hegemônico no seu partido, mas tinha a máquina estadual nas mãos e enorme simpatia da classe média conservadora paulistana.
Serra abandonou o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin, às moscas, e subiu no palanque de Kassab. Era o projeto de ter novamente o PFL em seu palanque nas eleições presidenciais do ano passado. Alckmin, contrariando a tradição do PSDB na capital, sequer chegou ao segundo turno. Quem polarizou com o PT foi Kassab, a cria de Serra. Mas Alckmin manteve a sua força no interior do Estado, o que fez dele o governador quando Serra deixou o Palácio dos Bandeirantes para se candidatar à Presidência.
Ter Serra no palanque para a prefeitura, em 2008, valeria a lealdade de Kassab, mas muita água rolou por baixo da ponte. A sua lealdade passou a ser um alto risco político. Se Serra perder (o que é altamente provável) a eleição para a capital, Kassab se enterra junto com ele, se indispõe com o PT local (que a contragosto baixou seu antikassabismo enquanto o PSD era uma possibilidade de quebrar a hegemonia tucana no Estado) e perde a liderança nacional do novo partido, que se joga nos braços dos aliados a Dilma Rousseff no resto do país.
Qualquer acordo que fizer com Serra em relação às eleições de 2014 irá pelo ralo em caso de derrota. Dificilmente Alckmin considerará pagar essa conta – por absoluta desobrigação de ser leal a Serra ou a Kassab, e também por uma vocação bastante aproximada à de Serra ao rancor. Dois tucanos bicudos não se bicam.
Maria Inês Nassif é colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.
Enviado por luisnassif
ANOS DE CHUMBO - Viúvas da ditadura querem criar uma crise militar.
VIÚVAS DA DITADURA PLANTAM NOTÍCIA CONTRA MINISTRAS DA DILMA
Celso Lungaretti
Deu n'O Estado de S. Paulo que os clubes militares das três Armas emitiram nota conjunta de ridículo atroz: exigem que a presidente Dilma Rousseff venha a público desautorizar suas ministras sempre que disserem alguma verdade sobre a ditadura de 1964/85.
Como as pessimamente traçadas linhas não foram publicadas em lugar nenhum, só nos resta acreditarmos --ou não-- no texto da jornalista Tânia Monteiro (vide aqui), que deixa transparecer nitidamente sua simpatia pela catalinária das viúvas da ditadura:
"Em sinalização de como os militares da reserva estão digerindo a instalação da Comissão da Verdade, presidentes dos três clubes militares publicaram um manifesto censurando a presidente Dilma Rousseff e atacaram as ministras dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Secretaria das Mulheres, Eleonora Menicucci, por supostas críticas dirigidas à caserna".
Sinalização do quê, cara-pálida? Desde quando os frequentadores dessas associações recreativas, entre uma e outra partida de bocha, falam em nome da maioria dos oficiais da reserva? Que eu saiba, nunca lhes foi dada delegação nenhuma neste sentido.
É de supor-se que os diretores estejam mesmo apavorados com os esqueletos que possam sair dos armários oficiais. Afinal, o Clube Militar do Rio de Janeiro vive homenageando o torturador-símbolo do Brasil, Carlos Alberto Brilhante Ustra, além de comemorar religiosamente o aniversário da quartelada de 1964.
Quantos militares de pijama têm comparecido aos desagravos a Ustra? Cerca de 300. O que representam, no conjunto dos oficiais da reserva do RJ? Um por cento? Provavelmente, menos ainda.
Então, constata-se a existência de uma pequena minoria que ainda segue a cartilha de Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, Pinochet e que tais. E, simplesmente, não há como sabermos o que pensa a maioria. Isto é o que um jornalista isento concluiria.
O pior é que a tal Tânia Monteiro vai mais longe ainda:
"A carta, embora assinada por oficiais da reserva, traduz a insatisfação de militares da ativa, que são proibidos de se manifestarem".
Que insatisfação? De onde ela tirou tal conclusão? Viu numa bola de cristal? Acreditou no que lhe foi contado por quem a escolheu para trombetear o assunto sem divulgar a carta?
Pois é suspeitíssima a reprodução de trechos entre aspas e o sumiço do texto integral, que um profissional de imprensa cioso necessariamente colocaria no final da notícia, depois de introduzi-lo nos parágrafos iniciais.
Pode-se pensar num subterfúgio para escapar de algum risco legal qualquer. Mas, podemos também supor que não exista carta nenhuma, só os trechos citados. Cada um conjectura à vontade. E temos bons motivos para refletirmos sobre se vale a pena confiar numa repórter que, por algum motivo, foi escolhida para desempenhar tal papel.
Pois salta aos olhos que se trata de uma notícia plantada para ser reproduzida em todos os sites e correntes virtuais da extrema-direita. E, claro, o foi --em um por um.
O que motivou a reação destrambelhada dos nostálgicos do arbítrio?
•uma declaração da Maria do Rosário, de que os trabalhos da Comissão da Verdade poderiam levar à responsabilização dos agentes do terrorismo de estado. Ora, se (para imensa vergonha do Brasil e dos brasileiros...) nada indica que os acontecimentos vão marchar nesta direção, por que haveria a presidente da República de desmentir o que, à primeira vista, parece ser apenas uma hipótese improvável?
•as críticas que a ex-resistente Eleonora Menicucci de Oliveira faz àqueles que torturaram a ela e a seus antigos companheiros de militância, além de assassinarem bestialmente o saudoso Luiz Eduardo Merlino. Os ditos cujos deveriam é se dar por felizes de estarem sendo apenas criticados, não trancafiados numa prisão como os criminosos hediondos que foram. Além de terem obtido a (terrivelmente injusta e totalmente descabida) impunidade, ainda querem amordaçar ministras?!
•o fato de constar em qualquer documento do PT que o partido está empenhado "no resgate de nossa memória da luta pela democracia durante o período da ditadura militar", ao que os gorilas objetam, pateticamente, que na época da criação da sigla a abertura política já havia ocorrido. E daí? É público e notório que o PT foi constituído por veteranos da resistência à ditadura, sindicalistas do ABC e expoentes da esquerda católica. Então, tem, sim, o direito de apresentar-se como depositário da memória da luta contra o despotismo.
Se Dilma der qualquer satisfação aos autores de um exercício tão amadoresco de lobbismo extremista, simplesmente se desqualificará como comandante em chefe das Forças Armadas.
Cabe-lhe sair em defesa de suas ministras ou, face à nenhuma importância deste factóide, simplesmente o ignorar.
Celso Lungaretti
Deu n'O Estado de S. Paulo que os clubes militares das três Armas emitiram nota conjunta de ridículo atroz: exigem que a presidente Dilma Rousseff venha a público desautorizar suas ministras sempre que disserem alguma verdade sobre a ditadura de 1964/85.
Como as pessimamente traçadas linhas não foram publicadas em lugar nenhum, só nos resta acreditarmos --ou não-- no texto da jornalista Tânia Monteiro (vide aqui), que deixa transparecer nitidamente sua simpatia pela catalinária das viúvas da ditadura:
"Em sinalização de como os militares da reserva estão digerindo a instalação da Comissão da Verdade, presidentes dos três clubes militares publicaram um manifesto censurando a presidente Dilma Rousseff e atacaram as ministras dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Secretaria das Mulheres, Eleonora Menicucci, por supostas críticas dirigidas à caserna".
Sinalização do quê, cara-pálida? Desde quando os frequentadores dessas associações recreativas, entre uma e outra partida de bocha, falam em nome da maioria dos oficiais da reserva? Que eu saiba, nunca lhes foi dada delegação nenhuma neste sentido.
É de supor-se que os diretores estejam mesmo apavorados com os esqueletos que possam sair dos armários oficiais. Afinal, o Clube Militar do Rio de Janeiro vive homenageando o torturador-símbolo do Brasil, Carlos Alberto Brilhante Ustra, além de comemorar religiosamente o aniversário da quartelada de 1964.
Quantos militares de pijama têm comparecido aos desagravos a Ustra? Cerca de 300. O que representam, no conjunto dos oficiais da reserva do RJ? Um por cento? Provavelmente, menos ainda.
Então, constata-se a existência de uma pequena minoria que ainda segue a cartilha de Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, Pinochet e que tais. E, simplesmente, não há como sabermos o que pensa a maioria. Isto é o que um jornalista isento concluiria.
O pior é que a tal Tânia Monteiro vai mais longe ainda:
"A carta, embora assinada por oficiais da reserva, traduz a insatisfação de militares da ativa, que são proibidos de se manifestarem".
Que insatisfação? De onde ela tirou tal conclusão? Viu numa bola de cristal? Acreditou no que lhe foi contado por quem a escolheu para trombetear o assunto sem divulgar a carta?
Pois é suspeitíssima a reprodução de trechos entre aspas e o sumiço do texto integral, que um profissional de imprensa cioso necessariamente colocaria no final da notícia, depois de introduzi-lo nos parágrafos iniciais.
Pode-se pensar num subterfúgio para escapar de algum risco legal qualquer. Mas, podemos também supor que não exista carta nenhuma, só os trechos citados. Cada um conjectura à vontade. E temos bons motivos para refletirmos sobre se vale a pena confiar numa repórter que, por algum motivo, foi escolhida para desempenhar tal papel.
Pois salta aos olhos que se trata de uma notícia plantada para ser reproduzida em todos os sites e correntes virtuais da extrema-direita. E, claro, o foi --em um por um.
O que motivou a reação destrambelhada dos nostálgicos do arbítrio?
•uma declaração da Maria do Rosário, de que os trabalhos da Comissão da Verdade poderiam levar à responsabilização dos agentes do terrorismo de estado. Ora, se (para imensa vergonha do Brasil e dos brasileiros...) nada indica que os acontecimentos vão marchar nesta direção, por que haveria a presidente da República de desmentir o que, à primeira vista, parece ser apenas uma hipótese improvável?
•as críticas que a ex-resistente Eleonora Menicucci de Oliveira faz àqueles que torturaram a ela e a seus antigos companheiros de militância, além de assassinarem bestialmente o saudoso Luiz Eduardo Merlino. Os ditos cujos deveriam é se dar por felizes de estarem sendo apenas criticados, não trancafiados numa prisão como os criminosos hediondos que foram. Além de terem obtido a (terrivelmente injusta e totalmente descabida) impunidade, ainda querem amordaçar ministras?!
•o fato de constar em qualquer documento do PT que o partido está empenhado "no resgate de nossa memória da luta pela democracia durante o período da ditadura militar", ao que os gorilas objetam, pateticamente, que na época da criação da sigla a abertura política já havia ocorrido. E daí? É público e notório que o PT foi constituído por veteranos da resistência à ditadura, sindicalistas do ABC e expoentes da esquerda católica. Então, tem, sim, o direito de apresentar-se como depositário da memória da luta contra o despotismo.
Se Dilma der qualquer satisfação aos autores de um exercício tão amadoresco de lobbismo extremista, simplesmente se desqualificará como comandante em chefe das Forças Armadas.
Cabe-lhe sair em defesa de suas ministras ou, face à nenhuma importância deste factóide, simplesmente o ignorar.
POLÍTICA - A ideologia do camaleão.
A ideologia do camaleão: mudar de candidato é como mudar de terno,
Pedro do Coutto
O prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab ( reportagem de Bernardo Melo Franco, Vera Magalhães e Evandro Spinelli, Folha de São Paulo de 17), anunciou sua disposição de apoiar a candidatura de José Serra nas eleições deste ano e não mais a do ex-ministro Fernando Haddad. Inclusive comunicou a mudança à direção do PT. Com isso, frustrou as articulações que havia desenvolvido junto ao ex- presidente Lula, empenhado na campanha pela vitória do ex-titular do MEC. A foto que acompanha a matéria é de Alan Marques.
Foi um choque em matéria de política paulista. Surpresa? Nem tanto. Mais um entre tantos exemplos da ideologia do camaleão, que muda de cor quando passa de uma superfície para outra. Em São Paulo mesmo, eleição de 86, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, então filiados ao PMDB, afastaram-se de Orestes Quercia e passaram a apoiar Ermírio de Moraes, PTB. Não se deram bem. No final da campanha, Quercia cresceu e Ermírio desceu. Fernando Henrique e Mário Covas mudaram de rumo e retornaram à legenda a que pertenciam. Mas não duraram muito tempo nela. Trocaram-na pela do PSDB, que fundaram juntos. Coisas de política.
No PSD, não de Kassab, hoje, mas no de JK, na sucessão de 55, Cordeiro de Farias em Pernambuco, Moisés Lupion no Paraná, Nereu Ramos em Santa Catarina e Ildo Menegheti no Rio Grande do Sul abriram cisões. Lupion apoiou Ademar de Barros. Os demais Juarez Távora. JK venceu. Quando assumiu, os dissidentes retornaram à sigla. Nereu Ramos foi nomeado ministro da Justiça, em 56.
No Rio de Janeiro, uma série de precedentes. Eleito deputado pelo PSDB, Sérgio Cabral transferiu-se para o PMDB. Cesar Maia começou no PDT de Brizola, mudou para o PMDB. Não se sentiu à vontade. Foi para o PFL. Em seguida, tornou-se fundador do DEM. Onde se encontra atualmente. Artur da Távola iniciou sua carreira pelo PTN, nas eleições de 60 para Constituinte do Estado da Guanabara, na aliança que apoiou Carlos Lacerda para governador. Em 61 rompeu com o lacerdismo e ingressou no PTB de João Goulart e Leonel Brizola, inimigos de Lacerda.
Teve o mandato cassado em 64. Retornou à política no pleito de 82, através do PMDB, então liderado de modo absoluto pelo governador Chagas Freitas. Derrotado para o senado, transferiu-se para o PSDB quando obteve o mandato. O próprio Chagas Freitas pertencia aos quadros do PSP de Ademar de Barros. Em 62, por divergências empresariais envolvendo a propriedade do jornal A Notícia, deixou o PSP e foi para o PSD de JK e Amaral Peixoto. Com o fim dos partidos formou no PMDB, que era de oposição aos governos militares. Apesar disso, Chagas Freitas apoiava os presidentes escolhidos pela ditadura.
Saturnino Braga começou no Partido Socialista Brasileiro. Daí saltou para o PMDB. Elegeu-se senador. Rompido com o chaguismo rumou para o PDT de Leonel Brizola. Rompido com Brizola, voltou-se para o PT de Lula. Mas o escândalo de seu acordo (não cumprido) de dividir o mandato com Carlos Lupi fez com que o Partido dos Trabalhadores o excluísse da tentativa de reeleição para o Senado em 2010. Deixou a política e foi deixado por ela.
O camaleonismo – há uma série de outros exemplos menores – corre solto de uma cor partidária para outra, de uma legenda para outra. Ia me esquecendo: Marcello Alencar, eleito prefeito do Rio por Brizola, PDT, rompeu fortemente com o governador, mudou para o PSDB. Legenda pela qual conquistou nas urnas o Palácio Guanabara.
Porém, de todos esses exemplos, nenhum, a meu ver, sob o ângulo da comédia, supera o de Kassab. Compareceu ao lançamento da candidatura de Fernando Haddad na festa pelos 32 anos do PT, assegurou que formaria uma aliança, recebeu vaias, mas não ligou. De repente, não mais que de repente, desistiu de Haddad e anunciou seu apoio a José Serra. Que dizer?
Fonte: Tribuma da Internet
Pedro do Coutto
O prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab ( reportagem de Bernardo Melo Franco, Vera Magalhães e Evandro Spinelli, Folha de São Paulo de 17), anunciou sua disposição de apoiar a candidatura de José Serra nas eleições deste ano e não mais a do ex-ministro Fernando Haddad. Inclusive comunicou a mudança à direção do PT. Com isso, frustrou as articulações que havia desenvolvido junto ao ex- presidente Lula, empenhado na campanha pela vitória do ex-titular do MEC. A foto que acompanha a matéria é de Alan Marques.
Foi um choque em matéria de política paulista. Surpresa? Nem tanto. Mais um entre tantos exemplos da ideologia do camaleão, que muda de cor quando passa de uma superfície para outra. Em São Paulo mesmo, eleição de 86, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, então filiados ao PMDB, afastaram-se de Orestes Quercia e passaram a apoiar Ermírio de Moraes, PTB. Não se deram bem. No final da campanha, Quercia cresceu e Ermírio desceu. Fernando Henrique e Mário Covas mudaram de rumo e retornaram à legenda a que pertenciam. Mas não duraram muito tempo nela. Trocaram-na pela do PSDB, que fundaram juntos. Coisas de política.
No PSD, não de Kassab, hoje, mas no de JK, na sucessão de 55, Cordeiro de Farias em Pernambuco, Moisés Lupion no Paraná, Nereu Ramos em Santa Catarina e Ildo Menegheti no Rio Grande do Sul abriram cisões. Lupion apoiou Ademar de Barros. Os demais Juarez Távora. JK venceu. Quando assumiu, os dissidentes retornaram à sigla. Nereu Ramos foi nomeado ministro da Justiça, em 56.
No Rio de Janeiro, uma série de precedentes. Eleito deputado pelo PSDB, Sérgio Cabral transferiu-se para o PMDB. Cesar Maia começou no PDT de Brizola, mudou para o PMDB. Não se sentiu à vontade. Foi para o PFL. Em seguida, tornou-se fundador do DEM. Onde se encontra atualmente. Artur da Távola iniciou sua carreira pelo PTN, nas eleições de 60 para Constituinte do Estado da Guanabara, na aliança que apoiou Carlos Lacerda para governador. Em 61 rompeu com o lacerdismo e ingressou no PTB de João Goulart e Leonel Brizola, inimigos de Lacerda.
Teve o mandato cassado em 64. Retornou à política no pleito de 82, através do PMDB, então liderado de modo absoluto pelo governador Chagas Freitas. Derrotado para o senado, transferiu-se para o PSDB quando obteve o mandato. O próprio Chagas Freitas pertencia aos quadros do PSP de Ademar de Barros. Em 62, por divergências empresariais envolvendo a propriedade do jornal A Notícia, deixou o PSP e foi para o PSD de JK e Amaral Peixoto. Com o fim dos partidos formou no PMDB, que era de oposição aos governos militares. Apesar disso, Chagas Freitas apoiava os presidentes escolhidos pela ditadura.
Saturnino Braga começou no Partido Socialista Brasileiro. Daí saltou para o PMDB. Elegeu-se senador. Rompido com o chaguismo rumou para o PDT de Leonel Brizola. Rompido com Brizola, voltou-se para o PT de Lula. Mas o escândalo de seu acordo (não cumprido) de dividir o mandato com Carlos Lupi fez com que o Partido dos Trabalhadores o excluísse da tentativa de reeleição para o Senado em 2010. Deixou a política e foi deixado por ela.
O camaleonismo – há uma série de outros exemplos menores – corre solto de uma cor partidária para outra, de uma legenda para outra. Ia me esquecendo: Marcello Alencar, eleito prefeito do Rio por Brizola, PDT, rompeu fortemente com o governador, mudou para o PSDB. Legenda pela qual conquistou nas urnas o Palácio Guanabara.
Porém, de todos esses exemplos, nenhum, a meu ver, sob o ângulo da comédia, supera o de Kassab. Compareceu ao lançamento da candidatura de Fernando Haddad na festa pelos 32 anos do PT, assegurou que formaria uma aliança, recebeu vaias, mas não ligou. De repente, não mais que de repente, desistiu de Haddad e anunciou seu apoio a José Serra. Que dizer?
Fonte: Tribuma da Internet
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
VENEZUELA - Chaves, duro de matar.
Chávez, duro de matar, e o “majunche”
Embora a mídia não apenas preveja sua morte política, mas a física também, o presidente venezuelano parece não estar dando muita atenção aos agouros. Ontem, o jornalista Joé Vicente Rangel divulgou, em seu programa de televisão, que uma pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados aponta uma intenção de votos de 57.7 % a favor de vez, 29.9% contrários e 12,8 afirmando não saber ou recusando-se a responder, em pesquisa realizada em janeiro deste ano.
A diferença em favor de Chávez chegou a 27,8%, 17 pontos a mais que em junho passado e dez a mais que em outubro, quando o impacto de sua doença já havia sido absorvido pela sociedade.
Chávez, que ridicularizou os boartos sobre o agravamento de seu estado de saúde, começou a bater no candidato da direita, Henrique Caprilles Radonski, a quem só chama agora de “majunche”, algo como “medíocre” ou “de segunda” em português, como você pode ouvir no vídeo aí em cima, feito na formatura de médicos comunais na semana passada.
Embora a mídia não apenas preveja sua morte política, mas a física também, o presidente venezuelano parece não estar dando muita atenção aos agouros. Ontem, o jornalista Joé Vicente Rangel divulgou, em seu programa de televisão, que uma pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados aponta uma intenção de votos de 57.7 % a favor de vez, 29.9% contrários e 12,8 afirmando não saber ou recusando-se a responder, em pesquisa realizada em janeiro deste ano.
A diferença em favor de Chávez chegou a 27,8%, 17 pontos a mais que em junho passado e dez a mais que em outubro, quando o impacto de sua doença já havia sido absorvido pela sociedade.
Chávez, que ridicularizou os boartos sobre o agravamento de seu estado de saúde, começou a bater no candidato da direita, Henrique Caprilles Radonski, a quem só chama agora de “majunche”, algo como “medíocre” ou “de segunda” em português, como você pode ouvir no vídeo aí em cima, feito na formatura de médicos comunais na semana passada.
IRÃ - Não invadam o Irã.
do BLOG DO BOURDOUKAN
A mídia repercute que a campanha de Obama arrecadou 29 milhões de dólares.
Bobagem.
Só dos Emirados e Arábia Saudita já foram canalizados mais de 300 milhões de dólares para a campanha do invasor da Líbia e Premio Nobel da Paz.
E se a campanha de Hussein deslanchar, não haverá espaço no cofre para as novas contribuições.
Isso a mídia ignora, assim como também ignora que toda cidade líbia, depois da “libertação”, passou a ter uma masmorra com as últimas tecnologias em torturas.
É o preço que os Estados Unidos e seus mini-poodles cobram para levar a "democracia" para o país de Aníbal.
Outra informação que a mídia não cansa de repercutir ( ao que tudo indica, hoje o setor que mais trabalha na mídia é o de marqueting) é o “conselho” dos Estados Unidos e vassalos a Israel.
Não invadam o Iran, agora não é o momento.
Ha dois significados nessa solicitação, que também a mídia não consegue analisar.
A primeira é que, se Israel invadir o Iran e não tiver o apoio dos Estados Unidos e OTAN corre o risco de ser varrido do mapa.
A segunda significa que EUA e OTAN não estão em condições de enfrentar a China no momento. Primeiro eles precisam invadir e ocupar a Síria. E mais tarde o Iran para deixar o caminho livre.
Resta saber se os malucos que governam Israel vão obedecer ou não.
O tempo dirá.
A mídia repercute que a campanha de Obama arrecadou 29 milhões de dólares.
Bobagem.
Só dos Emirados e Arábia Saudita já foram canalizados mais de 300 milhões de dólares para a campanha do invasor da Líbia e Premio Nobel da Paz.
E se a campanha de Hussein deslanchar, não haverá espaço no cofre para as novas contribuições.
Isso a mídia ignora, assim como também ignora que toda cidade líbia, depois da “libertação”, passou a ter uma masmorra com as últimas tecnologias em torturas.
É o preço que os Estados Unidos e seus mini-poodles cobram para levar a "democracia" para o país de Aníbal.
Outra informação que a mídia não cansa de repercutir ( ao que tudo indica, hoje o setor que mais trabalha na mídia é o de marqueting) é o “conselho” dos Estados Unidos e vassalos a Israel.
Não invadam o Iran, agora não é o momento.
Ha dois significados nessa solicitação, que também a mídia não consegue analisar.
A primeira é que, se Israel invadir o Iran e não tiver o apoio dos Estados Unidos e OTAN corre o risco de ser varrido do mapa.
A segunda significa que EUA e OTAN não estão em condições de enfrentar a China no momento. Primeiro eles precisam invadir e ocupar a Síria. E mais tarde o Iran para deixar o caminho livre.
Resta saber se os malucos que governam Israel vão obedecer ou não.
O tempo dirá.
FUTEBOL - Troca de técnico do Barcelona.
Barça anuncia ex-jogadores como possíveis substitutos de Guardiola
Eliano Jorge
Campeão de 13 das 16 competições em que comandou o Barcelona desde 2008, o treinador Pep Guardiola ainda não acertou sua renovação de contrato com o clube. Diante das incertezas sobre sua continuidade, o assessor esportivo da presidência, Carlos Rexach, comentou os requisitos para o cargo e citou até nomes de candidatos à vaga, todos de ex-atletas do time catalão.
- O substituto de Guardiola tem que ser da casa ou, pelo menos, conhecê-la. Uma pessoa que seja daqui ou que entenda o futebol do Barça - afirmou Rexach à Com Radio, em declaração reproduzida pelo site do diário Marca nesta segunda-feira (20).
Apontado pelo jornal espanhol como "um dos homens mais influentes e próximos do presidente" Sandro Rossell, Rexach tem ainda as credenciais de ex-atacante e ex-treinador azul-grená. Também foi o principal responsável por bancar a permanência de Lionel Messi na chegada do craque argentino, ainda criança, para fazer testes na Catalunha.
- Quando Pep se for, que espero que seja dentro de três anos, Óscar García Junyent ou Iván de La Peña podem estar preparados. Também Koeman, Laudrup ou Ernesto Valverde têm possibilidades de treinar o Barcelona - revelou Rexach.
O dinamarquês Michael Laudrup, de 47 anos, jogou no meio-campo barcelonista entre as décadas de 1980 e 1990. Seu contemporâneo, o ex-atacante Valverde, de 48, atualmente treina o grego Olympiacos. O ex-zagueiro holandês Ronald Koeman, da mesma idade, marcou o gol do primeiro título europeu dos catalães, em 1992. Hoje, comanda o Feyenoord, no seu país.
De la Peña, 35, que brilhou ao lado de Guardiola nos anos 90, é auxiliar-técnico de outro ex-colega de Barça, Luis Enrique, no Roma. Óscar García, 38, daquela geração, trabalha nas categorias amadoras do mais badalado clube do futebol atual.
O dono do cargo
Atual campeão europeu e mundial, Guardiola, de 41 anos, também acumula prêmios individuais, com destaque ao troféu de melhor técnico do planeta, oferecido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Ex-volante formado no Barça, ele iniciou a carreira de treinador nas divisões de base do próprio clube e assumiu o time profissional na temporada seguinte.
Além de vencedor, ele ganhou reconhecimento pelo estilo ofensivo e por priorizar pratas da casa, que são práticas valorizadas na história do Barcelona
Fonte: Terra Magazine
Eliano Jorge
Campeão de 13 das 16 competições em que comandou o Barcelona desde 2008, o treinador Pep Guardiola ainda não acertou sua renovação de contrato com o clube. Diante das incertezas sobre sua continuidade, o assessor esportivo da presidência, Carlos Rexach, comentou os requisitos para o cargo e citou até nomes de candidatos à vaga, todos de ex-atletas do time catalão.
- O substituto de Guardiola tem que ser da casa ou, pelo menos, conhecê-la. Uma pessoa que seja daqui ou que entenda o futebol do Barça - afirmou Rexach à Com Radio, em declaração reproduzida pelo site do diário Marca nesta segunda-feira (20).
Apontado pelo jornal espanhol como "um dos homens mais influentes e próximos do presidente" Sandro Rossell, Rexach tem ainda as credenciais de ex-atacante e ex-treinador azul-grená. Também foi o principal responsável por bancar a permanência de Lionel Messi na chegada do craque argentino, ainda criança, para fazer testes na Catalunha.
- Quando Pep se for, que espero que seja dentro de três anos, Óscar García Junyent ou Iván de La Peña podem estar preparados. Também Koeman, Laudrup ou Ernesto Valverde têm possibilidades de treinar o Barcelona - revelou Rexach.
O dinamarquês Michael Laudrup, de 47 anos, jogou no meio-campo barcelonista entre as décadas de 1980 e 1990. Seu contemporâneo, o ex-atacante Valverde, de 48, atualmente treina o grego Olympiacos. O ex-zagueiro holandês Ronald Koeman, da mesma idade, marcou o gol do primeiro título europeu dos catalães, em 1992. Hoje, comanda o Feyenoord, no seu país.
De la Peña, 35, que brilhou ao lado de Guardiola nos anos 90, é auxiliar-técnico de outro ex-colega de Barça, Luis Enrique, no Roma. Óscar García, 38, daquela geração, trabalha nas categorias amadoras do mais badalado clube do futebol atual.
O dono do cargo
Atual campeão europeu e mundial, Guardiola, de 41 anos, também acumula prêmios individuais, com destaque ao troféu de melhor técnico do planeta, oferecido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Ex-volante formado no Barça, ele iniciou a carreira de treinador nas divisões de base do próprio clube e assumiu o time profissional na temporada seguinte.
Além de vencedor, ele ganhou reconhecimento pelo estilo ofensivo e por priorizar pratas da casa, que são práticas valorizadas na história do Barcelona
Fonte: Terra Magazine
POLÍTICA - FHC estraga o carnaval do Serra.
Do blog do Miro.
Por Altamiro Borges
Pelo jeito, o Carnaval dos tucanos não está sendo nada divertido – está mais com cara de Cinzas. Na véspera da folia, José Serra se sentiu o próprio Rei Momo, o dono da festa. Foi paparicado até por seu rival, Geraldo Alckmin, para ser o candidato do partido às eleições paulistanas. Metido, ele exigiu que todos se curvassem a sua realeza e que a fantasia das prévias do PSDB fosse rasgada.
Mas, pelo jeito, houve uma rebelião dos carnavalescos tucanos. Dos quatro pré-candidatos às prévias, três se recusam a rasgar as alegorias. Apenas Andrea Matarazzo, o candidato das abotoaduras de ouro, topou viajar com Serra para Buenos Aires. Trocou o samba pelo tango! Para piorar, o verdadeiro dono da escola, o carnavalesco FHC, resolveu tumultuar o desfile tucano.
O bloco tucano vai definhar?
Um de seus porta-bandeiras, Eduardo Graeff, assessor do ex-presidente, avisou que Serra não está com esta bola toda e que seu reinado de Momo tem limites. Não dá para descartar os foliões das prévias. “O PSDB vai definhar se continuar sendo apenas um clube parlamentar e uma federação de ‘caciquias’ estaduais. O PSDB precisa se conectar com os seus filiados”, alertou.
O racha na cúpula da escola tucana pode até atrapalhar o jogo pragmático de outro folião, o prefeito Gilberto Kassab. Diante dos desarranjos no desfile, ele submeterá o seu bloco carnavalesco – que “não é de esquerda, nem de direita e nem de centro” – aos planos de desajeitado e prepotente Rei Momo? Pelo jeito, a quarta-feira de Cinzas será prolongada! A devassidão vai correr solta!
Por Altamiro Borges
Pelo jeito, o Carnaval dos tucanos não está sendo nada divertido – está mais com cara de Cinzas. Na véspera da folia, José Serra se sentiu o próprio Rei Momo, o dono da festa. Foi paparicado até por seu rival, Geraldo Alckmin, para ser o candidato do partido às eleições paulistanas. Metido, ele exigiu que todos se curvassem a sua realeza e que a fantasia das prévias do PSDB fosse rasgada.
Mas, pelo jeito, houve uma rebelião dos carnavalescos tucanos. Dos quatro pré-candidatos às prévias, três se recusam a rasgar as alegorias. Apenas Andrea Matarazzo, o candidato das abotoaduras de ouro, topou viajar com Serra para Buenos Aires. Trocou o samba pelo tango! Para piorar, o verdadeiro dono da escola, o carnavalesco FHC, resolveu tumultuar o desfile tucano.
O bloco tucano vai definhar?
Um de seus porta-bandeiras, Eduardo Graeff, assessor do ex-presidente, avisou que Serra não está com esta bola toda e que seu reinado de Momo tem limites. Não dá para descartar os foliões das prévias. “O PSDB vai definhar se continuar sendo apenas um clube parlamentar e uma federação de ‘caciquias’ estaduais. O PSDB precisa se conectar com os seus filiados”, alertou.
O racha na cúpula da escola tucana pode até atrapalhar o jogo pragmático de outro folião, o prefeito Gilberto Kassab. Diante dos desarranjos no desfile, ele submeterá o seu bloco carnavalesco – que “não é de esquerda, nem de direita e nem de centro” – aos planos de desajeitado e prepotente Rei Momo? Pelo jeito, a quarta-feira de Cinzas será prolongada! A devassidão vai correr solta!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
CUBA - Fidel e a fé.
Fidel Castro logo mais estará de joelhos. Pelo menos assim garante a imprensa italiana, afirmando que o octogenário líder da Revolução Cubana está preparando seu regresso à Igreja Católica. O retorno será dramático, segundo o La Stampa, o maior jornal do país (Itália), e ocorrerá em março, durante a visita do papa Bento XVI à ilha. É que aos 85 anos e com a saúde fragilizada, o ditador comunista estaria "mais próximo à religião e a Deus", disse sua filha Alina ao jornal La Reppublica.
A reportagem é de Mac Margolis, correspondente da revista Newsweek no Brasil, e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-02-2012.
A "boa nova" varreu a mídia cristã. O maior ícone vivo do comunismo estará mesmo à beira da penitência? Embora distante do pai, Alina é devota e frequentemente peregrina a Roma, onde goza de trânsito fácil na Santa Sé.
Já uma fonte do Vaticano assegura que o papa terá, sim, um encontro reservado com Fidel a quem concederá a bênção. Mas o resto pode não passar de fumaça benta.
Quando ouviu a "notícia" a historiadora americana Julia Sweig, uma das maiores estudiosas de Cuba contemporânea, soltou uma gargalhada.
"É verdade que a Igreja e o Estado sempre tiveram uma relação diferenciada em Cuba", diz. "Mas isso não indica que uma conversão tardia está nas cartas." O brasileiro Frei Betto, amigo de Fidel e talvez o maior intérprete da alma do ditador, tampouco avaliza a versão italiana.
Mas o que estaria atrás da boataria e qual é a relação real do velho ditador com a fé? Em meio século de socialismo, onde o maior padroeiro usava boina e charuto, a convivência do governo e a Igreja cubanos foi frequentemente tumultuada.
Católico, protestante ou adepto de santeria, os religiosos de Cuba tinham de orar escondidos e se esquecer de Deus se quisessem servir à pátria e ao partido. Não ajudou alguns padres benzerem os rebeldes da Baía dos Porcos, na fracassada invasão apoiada pela CIA. Fidel, famosamente, chegou a cancelar o feriado de Natal de 1969.
Tamanho foi o estremecimento entre a cruz e o castrismo, que o papa João XXIII teria excomungado o líder comunista em 1962, mas há controvérsias. Quem conhece Fidel o chama de agnóstico e não ateu. "Alguns têm a fé religiosa, outros a fé de outra espécie. Sempre fui um homem de fé, confiança e otimismo", disse a Frei Betto, autor do livro Fidel e a Religião, publicado em 1985.
Com o tempo, a fé ganhou oxigênio. Desde o papado de João Paulo II, com quem Fidel gozava de "uma química fantástica", segundo Frei Betto, a repressão cedeu lugar à convivência tensa, porém pragmática. No pacto inédito, a Igreja teria compreendido que o comunismo não tinha prazo de validade iminente, enquanto a cúpula comunista se convenceu de que bater em religião era dar murro em ponta de baioneta. Pois até os ideólogos oram.
A partir de 1991, com a reforma do Partido Comunista, os devotos clandestinos no governo já podiam sair do armário. Mais recentemente, a decisão de libertar dezenas de prisioneiros políticos em 2010 foi fruto de um pacto costurado entre o presidente Raúl Castro e o cardeal arcebispo de Havana, Jaime Ortega y Alamino. O mesmo sacerdote teria persuadido o regime a conter os ataques às Damas de Branco, o grupo de parentes dos dissidentes presos.
Para quem conhece a alma castrista, nada disso surpreende. Questionado se é ateu, Fidel disse a Frei Betto: "Infelizmente, os jesuítas não me imputaram uma formação verdadeiramente da fé cristã". Essa admissão implícita, de que possa existir uma verdadeira formação da fé cristã, talvez anime a torcida cristã.
No evangelho da Igreja Católica contemporânea, que amarga escândalos e a sangria de fiéis, uma alma desviada é um convertido em potencial, mesmo que seja de um tirano. Para quem imagina a contrição do velho ditador e o perdão papal, pode esperar sentado.
Mas vale especular. Como seria a confissão do ditador mais longevo do hemisfério?
Fonte: IHU
A reportagem é de Mac Margolis, correspondente da revista Newsweek no Brasil, e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-02-2012.
A "boa nova" varreu a mídia cristã. O maior ícone vivo do comunismo estará mesmo à beira da penitência? Embora distante do pai, Alina é devota e frequentemente peregrina a Roma, onde goza de trânsito fácil na Santa Sé.
Já uma fonte do Vaticano assegura que o papa terá, sim, um encontro reservado com Fidel a quem concederá a bênção. Mas o resto pode não passar de fumaça benta.
Quando ouviu a "notícia" a historiadora americana Julia Sweig, uma das maiores estudiosas de Cuba contemporânea, soltou uma gargalhada.
"É verdade que a Igreja e o Estado sempre tiveram uma relação diferenciada em Cuba", diz. "Mas isso não indica que uma conversão tardia está nas cartas." O brasileiro Frei Betto, amigo de Fidel e talvez o maior intérprete da alma do ditador, tampouco avaliza a versão italiana.
Mas o que estaria atrás da boataria e qual é a relação real do velho ditador com a fé? Em meio século de socialismo, onde o maior padroeiro usava boina e charuto, a convivência do governo e a Igreja cubanos foi frequentemente tumultuada.
Católico, protestante ou adepto de santeria, os religiosos de Cuba tinham de orar escondidos e se esquecer de Deus se quisessem servir à pátria e ao partido. Não ajudou alguns padres benzerem os rebeldes da Baía dos Porcos, na fracassada invasão apoiada pela CIA. Fidel, famosamente, chegou a cancelar o feriado de Natal de 1969.
Tamanho foi o estremecimento entre a cruz e o castrismo, que o papa João XXIII teria excomungado o líder comunista em 1962, mas há controvérsias. Quem conhece Fidel o chama de agnóstico e não ateu. "Alguns têm a fé religiosa, outros a fé de outra espécie. Sempre fui um homem de fé, confiança e otimismo", disse a Frei Betto, autor do livro Fidel e a Religião, publicado em 1985.
Com o tempo, a fé ganhou oxigênio. Desde o papado de João Paulo II, com quem Fidel gozava de "uma química fantástica", segundo Frei Betto, a repressão cedeu lugar à convivência tensa, porém pragmática. No pacto inédito, a Igreja teria compreendido que o comunismo não tinha prazo de validade iminente, enquanto a cúpula comunista se convenceu de que bater em religião era dar murro em ponta de baioneta. Pois até os ideólogos oram.
A partir de 1991, com a reforma do Partido Comunista, os devotos clandestinos no governo já podiam sair do armário. Mais recentemente, a decisão de libertar dezenas de prisioneiros políticos em 2010 foi fruto de um pacto costurado entre o presidente Raúl Castro e o cardeal arcebispo de Havana, Jaime Ortega y Alamino. O mesmo sacerdote teria persuadido o regime a conter os ataques às Damas de Branco, o grupo de parentes dos dissidentes presos.
Para quem conhece a alma castrista, nada disso surpreende. Questionado se é ateu, Fidel disse a Frei Betto: "Infelizmente, os jesuítas não me imputaram uma formação verdadeiramente da fé cristã". Essa admissão implícita, de que possa existir uma verdadeira formação da fé cristã, talvez anime a torcida cristã.
No evangelho da Igreja Católica contemporânea, que amarga escândalos e a sangria de fiéis, uma alma desviada é um convertido em potencial, mesmo que seja de um tirano. Para quem imagina a contrição do velho ditador e o perdão papal, pode esperar sentado.
Mas vale especular. Como seria a confissão do ditador mais longevo do hemisfério?
Fonte: IHU
GRÉCIA - Deputados viram reféns.
Deputados viram reféns cercados por manifestantes e líderes da UE
Um enorme aparato de segurança cerca a sede do Parlamento Helênico, o núcleo do poder político da Grécia, no centro de Atenas. O efetivo da polícia serve para desestimular tentativas de invasão por manifestantes, mas também alimenta uma ironia corrente na capital: a de que os deputados são reféns, mantidos em cativeiro.
A reportagem é de Andrei Netto e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2012.
O curioso é que foi assim que diversos parlamentares entrevistados pelo Estado na última semana descreveram a situação em que se encontram. De um lado, afirmam, enfrentam uma pressão permanente de líderes políticos da União Europeia (UE) e de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que aprovem sem emendas as medidas de austeridade, que já totalizam € 160 bilhões em dois anos. De outro, sentem-se humilhados pelas vaias, pelo descrédito e pelo desprezo com que são vistos pela opinião pública.
Um desses deputados é Rigas Takis, integrante do Partido Socialista (Pasok), majoritário na casa. Eleito pela primeira vez em 2004, quando ainda era oposição, Rigas acompanhou dentro do sistema o crescimento da crise que explodiria em dezembro de 2009. Desde então, diz ele, a Grécia não manda mais em si própria, o que explica a aprovação dos planos de austeridade exigidos pelo FMI e pela UE.
Para outro deputado do Pasok, que prefere não se identificar, a classe política grega de fato vive do clientelismo, que aprofunda as desigualdades. Mas hoje, diz, vive sob tutela externa. "Precisaríamos de mais tempo, mas a Europa quer todas as reformas para agora", reclama.
Fonte: IHU
Um enorme aparato de segurança cerca a sede do Parlamento Helênico, o núcleo do poder político da Grécia, no centro de Atenas. O efetivo da polícia serve para desestimular tentativas de invasão por manifestantes, mas também alimenta uma ironia corrente na capital: a de que os deputados são reféns, mantidos em cativeiro.
A reportagem é de Andrei Netto e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2012.
O curioso é que foi assim que diversos parlamentares entrevistados pelo Estado na última semana descreveram a situação em que se encontram. De um lado, afirmam, enfrentam uma pressão permanente de líderes políticos da União Europeia (UE) e de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que aprovem sem emendas as medidas de austeridade, que já totalizam € 160 bilhões em dois anos. De outro, sentem-se humilhados pelas vaias, pelo descrédito e pelo desprezo com que são vistos pela opinião pública.
Um desses deputados é Rigas Takis, integrante do Partido Socialista (Pasok), majoritário na casa. Eleito pela primeira vez em 2004, quando ainda era oposição, Rigas acompanhou dentro do sistema o crescimento da crise que explodiria em dezembro de 2009. Desde então, diz ele, a Grécia não manda mais em si própria, o que explica a aprovação dos planos de austeridade exigidos pelo FMI e pela UE.
Para outro deputado do Pasok, que prefere não se identificar, a classe política grega de fato vive do clientelismo, que aprofunda as desigualdades. Mas hoje, diz, vive sob tutela externa. "Precisaríamos de mais tempo, mas a Europa quer todas as reformas para agora", reclama.
Fonte: IHU
POLÌTICA - O PSDB e os braços do povo.
Por Fábio Lúcio
Os braços do povo são uma incógnita, irascíceis e infiéis. Imprevisíveis. Jânio Quadros jogou fora um mandato presidencial porque confiou neles, e a UDN, por mais que tentasse, nunca arrancou Getúlio deles. Para a esquerda pré-Lula, incluindo Prestes e Lamarca, os braços do povo sempre deram de costas e nunca estenderam a mão. Agora, é evidente que José Serra está armando um retorno nos braços do povo, ou pelo menos o povo do qual o PSDB dispõe (Alberto Goldman, ALoísio Nunes e o diretor de redação do Estadão, que está em evidente campanha diária). Voltar "nos braços do povo", ou "ante os clamores de um partido rachado", para unificá-lo, seria o cenário que voltaria a legitimá-lo entre os tucanos. Mas não parece fácil fechar a equação.
Ocorre que o PSDB tem dois probvlemas que não parecem facilmente transponíveis para cair gostosamente nos braços do povo.
Primeiro: apóia-se numa classe média que não gosta de política ou de militância. No máximo, protesta randomicamente e genericamente (contra impostos, contra políticos, contra a corrupção), da forma mais genérica possível, sem propor uma nova lei tributária, sem nomear os políticos, sem ofender os corruptores. Essa massa está cada vez mais mostrando seu ideário fútil, estimulada pela OAB e por professores de universidades conservadoras, por exemplo, em movimentos não legitimados pelo "braço do povo", não nasceram nem foram embalados ali.
Segundo: a mesnagem principal do PSDB (queremos o lulismo fora!) não basta. O PSDB tinha que ter algo mais, alguma proposta que atingisse o mundo real, a economia real, a sociedade onde está os votos, uma proposta orgânica que não orbitasse em torno do lulismo, mas que buscasse um percurso próprio de evolução. Tem São Paulo e Minas, dois dos estados mais dinâmicos do país, podia pensar câmaras setorias, investimentos conjuntos, qualquer coisa que mostrasse ao povo uma ação virtuosa.
Sem isso, me parece pouco provável que os braços do povo se abram a eles.
Os braços do povo são uma incógnita, irascíceis e infiéis. Imprevisíveis. Jânio Quadros jogou fora um mandato presidencial porque confiou neles, e a UDN, por mais que tentasse, nunca arrancou Getúlio deles. Para a esquerda pré-Lula, incluindo Prestes e Lamarca, os braços do povo sempre deram de costas e nunca estenderam a mão. Agora, é evidente que José Serra está armando um retorno nos braços do povo, ou pelo menos o povo do qual o PSDB dispõe (Alberto Goldman, ALoísio Nunes e o diretor de redação do Estadão, que está em evidente campanha diária). Voltar "nos braços do povo", ou "ante os clamores de um partido rachado", para unificá-lo, seria o cenário que voltaria a legitimá-lo entre os tucanos. Mas não parece fácil fechar a equação.
Ocorre que o PSDB tem dois probvlemas que não parecem facilmente transponíveis para cair gostosamente nos braços do povo.
Primeiro: apóia-se numa classe média que não gosta de política ou de militância. No máximo, protesta randomicamente e genericamente (contra impostos, contra políticos, contra a corrupção), da forma mais genérica possível, sem propor uma nova lei tributária, sem nomear os políticos, sem ofender os corruptores. Essa massa está cada vez mais mostrando seu ideário fútil, estimulada pela OAB e por professores de universidades conservadoras, por exemplo, em movimentos não legitimados pelo "braço do povo", não nasceram nem foram embalados ali.
Segundo: a mesnagem principal do PSDB (queremos o lulismo fora!) não basta. O PSDB tinha que ter algo mais, alguma proposta que atingisse o mundo real, a economia real, a sociedade onde está os votos, uma proposta orgânica que não orbitasse em torno do lulismo, mas que buscasse um percurso próprio de evolução. Tem São Paulo e Minas, dois dos estados mais dinâmicos do país, podia pensar câmaras setorias, investimentos conjuntos, qualquer coisa que mostrasse ao povo uma ação virtuosa.
Sem isso, me parece pouco provável que os braços do povo se abram a eles.
POLÍTICA - Kassab e as eleições paulistas.
Nesta era de partidos que são apenas moedas de troca, apoio do PSD a Serra tumultua a eleição para a Prefeitura de São Paulo.
Carlos Newton
A confusão é geral. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que anunciou apoio ao candidato petista Fernando Haddad, repentinamente mudou de lado e já avisou ao PT que o novo partido agora prefere o tucano José Serra, que ninguém sabe se será mesmo candidato à eleição da Prefeitura de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin, inclusive, ficou de procurar Serra no feriado para ter uma definição.
Ao mesmo tempo, circula a notícia de que a indefinição das negociações na capital não deverá interferir nas articulações para alianças entre PT e PSD em cidades-chave do Estado de São Paulo. Os dois partidos estavam negociando uma estratégia “casada”, que incluía o apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab a Fernando Haddad (PT) e que se replicaria em locais estratégicos, principalmente na Grande São Paulo.
Em função dessa instabilidade de Kassab, que faz o jogo do “quem dá mais”, o PT entrou em desespero e tenta tirar definitivamente o PSD da órbita do PSDB e ter o novo partido também como aliado na estratégia de derrotar o governador Geraldo Alckmin na eleição de 2014, porque o objetivo da aproximação entre as duas legendas não se esgota nas disputas municipais deste ano.
Traduzindo: tudo isso mostra a que ponto caiu a política brasileira, com os partidos se transformando em moedas de troca e barrigas de aluguel, já que faz tempo as ideologias foram para o espaço e hoje o capitalismo, o socialismo, o marxismo, o neoliberalismo e o trabalhismo nada significam. Esta é a realidade.
Fonte: Tribuna da Internet
Carlos Newton
A confusão é geral. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que anunciou apoio ao candidato petista Fernando Haddad, repentinamente mudou de lado e já avisou ao PT que o novo partido agora prefere o tucano José Serra, que ninguém sabe se será mesmo candidato à eleição da Prefeitura de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin, inclusive, ficou de procurar Serra no feriado para ter uma definição.
Ao mesmo tempo, circula a notícia de que a indefinição das negociações na capital não deverá interferir nas articulações para alianças entre PT e PSD em cidades-chave do Estado de São Paulo. Os dois partidos estavam negociando uma estratégia “casada”, que incluía o apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab a Fernando Haddad (PT) e que se replicaria em locais estratégicos, principalmente na Grande São Paulo.
Em função dessa instabilidade de Kassab, que faz o jogo do “quem dá mais”, o PT entrou em desespero e tenta tirar definitivamente o PSD da órbita do PSDB e ter o novo partido também como aliado na estratégia de derrotar o governador Geraldo Alckmin na eleição de 2014, porque o objetivo da aproximação entre as duas legendas não se esgota nas disputas municipais deste ano.
Traduzindo: tudo isso mostra a que ponto caiu a política brasileira, com os partidos se transformando em moedas de troca e barrigas de aluguel, já que faz tempo as ideologias foram para o espaço e hoje o capitalismo, o socialismo, o marxismo, o neoliberalismo e o trabalhismo nada significam. Esta é a realidade.
Fonte: Tribuna da Internet
PAÍSES ONDE BRASILEIROS TERÃO ATENDIMENTO MÉDICO GRATUITO.
Blog do Luis Nassif
Por MiriamL
Folha.com
Brasileiro tem direito a atendimento médico gratuito em 7 países
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Os brasileiros que contribuem para a Previdência Social, além de seus dependentes, têm direito a atendimento médico gratuito na Itália, em Portugal, no Chile, na Grécia e em Cabo Verde.
O dado mais recente disponível no Ministério do Turismo aponta que mais de 770 mil viajaram para os três primeiros países em 2010.
Na Argentina e no Uruguai nem é preciso ser segurado do INSS para ter o benefício.
O seguro-viagem, que muitas vezes é comprado com a passagem, traz outras coberturas --logo não é possível mensurar quanto o turista poderia economizar.
"O mais simples inclui morte, invalidez por acidente e perda de bagagem", afirma Alexandre Penner, gerente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
De acordo com Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, "quase 100% dos pacotes das operadoras já incluem a assistência-viagem".
Para quem quiser apenas ter assistência farmacêutica, odontológica, ambulatorial e hospitalar na rede pública nesses cinco países, é preciso obter o Cdam (Certificado de Direito à Assistência Médica), emitido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, com a apresentação do passaporte e de comprovantes de contribuição ao INSS, entre outros documentos.
QUEDA
No ano passado, o órgão emitiu 13.895 certificados, número 27,1% menor do que o registrado em 2010. São Paulo, Rio e Minas Gerais lideraram as solicitações.
Um dos motivos da queda nessa comparação foi a saída da Espanha, em junho passado, da lista de países que têm acordo com o Brasil. O número não é maior porque os visitantes são atendidos na rede pública brasileira sem nenhuma exigência.
"Os estrangeiros já têm acesso a todo o sistema de saúde pública", afirma Adalberto Fulgêncio, diretor do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), órgão responsável pela emissão dos certificados.
O Chile também contribuiu para a retração, já que suspendeu o atendimento na erupção do vulcão Puyehue.
Com o fim da exigência de emissão do Cdam para ser atendido nos vizinhos Argentina e Uruguai no ano passado, os números desses países também diminuíram.
Segundo Fulgêncio, a validade do documento varia "de acordo com a necessidade do viajante", mas tem prazo máximo de um ano, com possibilidade de renovação.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress
Por MiriamL
Folha.com
Brasileiro tem direito a atendimento médico gratuito em 7 países
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Os brasileiros que contribuem para a Previdência Social, além de seus dependentes, têm direito a atendimento médico gratuito na Itália, em Portugal, no Chile, na Grécia e em Cabo Verde.
O dado mais recente disponível no Ministério do Turismo aponta que mais de 770 mil viajaram para os três primeiros países em 2010.
Na Argentina e no Uruguai nem é preciso ser segurado do INSS para ter o benefício.
O seguro-viagem, que muitas vezes é comprado com a passagem, traz outras coberturas --logo não é possível mensurar quanto o turista poderia economizar.
"O mais simples inclui morte, invalidez por acidente e perda de bagagem", afirma Alexandre Penner, gerente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
De acordo com Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, "quase 100% dos pacotes das operadoras já incluem a assistência-viagem".
Para quem quiser apenas ter assistência farmacêutica, odontológica, ambulatorial e hospitalar na rede pública nesses cinco países, é preciso obter o Cdam (Certificado de Direito à Assistência Médica), emitido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, com a apresentação do passaporte e de comprovantes de contribuição ao INSS, entre outros documentos.
QUEDA
No ano passado, o órgão emitiu 13.895 certificados, número 27,1% menor do que o registrado em 2010. São Paulo, Rio e Minas Gerais lideraram as solicitações.
Um dos motivos da queda nessa comparação foi a saída da Espanha, em junho passado, da lista de países que têm acordo com o Brasil. O número não é maior porque os visitantes são atendidos na rede pública brasileira sem nenhuma exigência.
"Os estrangeiros já têm acesso a todo o sistema de saúde pública", afirma Adalberto Fulgêncio, diretor do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), órgão responsável pela emissão dos certificados.
O Chile também contribuiu para a retração, já que suspendeu o atendimento na erupção do vulcão Puyehue.
Com o fim da exigência de emissão do Cdam para ser atendido nos vizinhos Argentina e Uruguai no ano passado, os números desses países também diminuíram.
Segundo Fulgêncio, a validade do documento varia "de acordo com a necessidade do viajante", mas tem prazo máximo de um ano, com possibilidade de renovação.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress
SUIÇA - O fim do sigilo bancário.
Do blog Sr.Com
A SUÍÇA ESTREMECE.
ZURIQUE ALARMA-SE.
A maior lavanderia de dinheiro do mundo ameaça falir!
Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes. Poder-se-ia dizer que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo. Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama. O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira.
A UBS - União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados para fraudar o fisco.
O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos. Os suíços, então, passaram os nomes.
E a vida bancária foi retomada tranquilamente. Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado. Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais!
O banco protestou. A Suíça está temerosa. O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal.
Mas como resistir?
A União de Bancos Suíços não pode perder sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios. Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido. O segredo bancário suíço não é coisa recente.
Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714.
No início do século 19, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe econômica.
Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 biliões de francos suíços ou 201 milhões de dólares.
E não se trata apenas do UBS.Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira. O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três trilhões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são nitidamente minoritários.
Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros "offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente. Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.
O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um carácter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e realizam-se em silêncio e recolhimento...
Onde param as fortunas recolhidas pela Alemanha Nazi?
Onde estão as fortunas colossais de ditadores como Mobutu do Zaire, Eduardo dos Santos de Angola, dos Barões da droga Colombiana, Papa-Doc do Haiti, de Mugabe do Zimbabwe e da Máfia Russa?
Quantos actuais e ex-governantes, presidentes, ministros, reis e outros instalados no poder, até em cargos mais discretos como Presidentes de Municípios têm chorudas contas na Suíça?
Quantas ficam eternamente esquecidas na Suíça, congeladas, e quando os titulares das contas morrem ou caem da cadeira do poder, estas tornam-se impossíveis de alcançar pelos legítimos herdeiros ou pelos países que indevidamente espoliaram?
Porquê após a morte de Mobutu, os seus filhos nunca conseguiram entrar na Suíça? Tudo lá ficou para sempre e em segredo...
Agora surge um outro perigo, depois do duro golpe dos americanos.
Na mini cúpula europeia que se realizou em Berlim, (em preparação ao encontro do G-20 em Londres), França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais. "Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel.
No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias.
Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas as sanções a serem adoptadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade econômica mundial, todas as tentativas eram abortadas.
Hoje, estamos em crise.
Viva a crise!!!
Barack Obama, quando era senador, denunciou com perseverança a imoralidade desses remansos de paz para o dinheiro corrompido. Hoje ele é presidente.
É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país.
Nos anos 30, os americanos conseguiram caçar Al Capone.
Sob que pretexto? Fraude fiscal!!!
Para muito breve, a queda do império financeiro suíço!
por Gilles Lapouge
A SUÍÇA ESTREMECE.
ZURIQUE ALARMA-SE.
A maior lavanderia de dinheiro do mundo ameaça falir!
Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes. Poder-se-ia dizer que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo. Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama. O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira.
A UBS - União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados para fraudar o fisco.
O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos. Os suíços, então, passaram os nomes.
E a vida bancária foi retomada tranquilamente. Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado. Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais!
O banco protestou. A Suíça está temerosa. O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal.
Mas como resistir?
A União de Bancos Suíços não pode perder sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios. Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido. O segredo bancário suíço não é coisa recente.
Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714.
No início do século 19, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe econômica.
Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 biliões de francos suíços ou 201 milhões de dólares.
E não se trata apenas do UBS.Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira. O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três trilhões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são nitidamente minoritários.
Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros "offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente. Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.
O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um carácter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e realizam-se em silêncio e recolhimento...
Onde param as fortunas recolhidas pela Alemanha Nazi?
Onde estão as fortunas colossais de ditadores como Mobutu do Zaire, Eduardo dos Santos de Angola, dos Barões da droga Colombiana, Papa-Doc do Haiti, de Mugabe do Zimbabwe e da Máfia Russa?
Quantos actuais e ex-governantes, presidentes, ministros, reis e outros instalados no poder, até em cargos mais discretos como Presidentes de Municípios têm chorudas contas na Suíça?
Quantas ficam eternamente esquecidas na Suíça, congeladas, e quando os titulares das contas morrem ou caem da cadeira do poder, estas tornam-se impossíveis de alcançar pelos legítimos herdeiros ou pelos países que indevidamente espoliaram?
Porquê após a morte de Mobutu, os seus filhos nunca conseguiram entrar na Suíça? Tudo lá ficou para sempre e em segredo...
Agora surge um outro perigo, depois do duro golpe dos americanos.
Na mini cúpula europeia que se realizou em Berlim, (em preparação ao encontro do G-20 em Londres), França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais. "Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel.
No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias.
Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas as sanções a serem adoptadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade econômica mundial, todas as tentativas eram abortadas.
Hoje, estamos em crise.
Viva a crise!!!
Barack Obama, quando era senador, denunciou com perseverança a imoralidade desses remansos de paz para o dinheiro corrompido. Hoje ele é presidente.
É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país.
Nos anos 30, os americanos conseguiram caçar Al Capone.
Sob que pretexto? Fraude fiscal!!!
Para muito breve, a queda do império financeiro suíço!
por Gilles Lapouge
POLÍTICA - Sebastião Nery escreve sobre o Seixas Dória.
O grande Seixas Dória
Sebastião Nery
No dia 4 de julho de 1966, o “Diário Oficial” publicou mais um listão de cassações de mandatos e direitos políticos, assinado pelo ditador-presidente, Humberto de Alencar Castelo Branco, nome demais para um homenzinho de menos. O Decreto dizia:
“O presidente da Republica, ouvido o Conselho de Segurança Nacional e usando das atribuições que lhe confere o artigo 15 do Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, resolve suspender os direitos políticos, pelo prazo de 10 anos, de José Augusto de Araújo (Amazonas), Francisco de Assis Lemos de Souza (Paraíba), João Seixas Dória, Antonio Fernandes, Viana de Assis e Cleto Sampaio Maia (Sergipe), Sebastião Augusto de Souza Nery, Afrânio Luiz Lyra, Aristeu Nogueira Campos e Ênio Mendes de Carvalho (Bahia), Afonso Celso Nogueira Monteiro (Estado do Rio), Mauro Borges Teixeira (Goiás), Luiz Rodrigues Corvo, Ary Demóstenes de Almeida, Arthur José Poerner e Geraldo Silvino de Oliveira (Guanabara). Brasília, 4 de julho de l968.
Assinado: Castelo Branco e Luiz Viana Filho”.
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EXERCITO
Era a terceira vez que me cassavam. A primeira, logo em abril, pela Assembléia Legislativa, que, cercada pelo Exercito, cassou a mim, ao Enio Mendes e ao Diógenes Alves. Perambulei pelos quartéis da Bahia, do campo de concentração do Barbalho ao paisagistico Forte de Monte Serrat.
Em 12 de dezembro o Tribunal de Justiça, por unanimidade, anulou a decisão da Assembléia e nos devolveu os mandatos, porque as cassações eram privativas do “presidente” da Republica. Era a primeira vez que um Tribunal do pais anulava um “ato revolucionario”.
O Exercito cercou de novo a Assembleia, deixou-a 48 horas sem sair e sem comer, e pela segunda vez ela nos cassou. Os militares decretaram novamente nossas prisões e fugi para São Paulo, como detalhadamente conto em meu livro “A Nuvem” (Editora Geração, já em 3ª edição).
Arraes, Seixas Doria,Mario Lima, estavam em Fernando de Noronha.
Para me cassarem, tiveram que me cassar pela terceira vez.
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JURACY E VIANA
Na manhã daquele 4 de julho de 66, Seixas Doria,voltado de Fernando de Noronha, encontrou no aeroporto Santos Dumont, no Rio, uma roda de ex-correligionarios dele na UDN e no Congresso: Juracy, Luís Viana, João Calmon. Todos vieram abraçá-lo. Luís Viana foi simpático:
- Seixas, você está sumido. Onde andava?
- Pensei que você soubesse, Luís.
Luís Viana entendeu a ironia, calou. Juracy foi cinico:
- Seixas, estou com saudade de você. Nunca mais tive noticias. Onde é que anda? Recomendações a dona Mary.
Seixas foi para casa. No caminho, o rádio do carro dava a notícia da cassação de seu mandato e direitos políticos (e de outros,os meus inclusive), assinada na vespera, à noite, no Palácio das Laranjeiras, por Castelo Branco e seus ministros, a começar pelos da Justiça e do Exterior.
O da Justiça era Luís Viana, até então chefe da Casa Civil, que assumira na véspera para encaminhar os últimos processos de cassação que o ex-ministro Mem de Sá se negara a assinar. E o do Exterior era Juracy que, quando ministro da Justiça, antes de Mem de Sá, preparara e apressara os processos de cassação. Os dois haviam assinado a cassação de Seixas, a a minha e tantos outros. Seixas chegou em casa, chamou a mulher:
- Mary, prepare-se, ponha um vestido novo, que hoje vamos jantar com vinho francês. Fui cassado. Agora, estou aliviado. Já estava me sentindo humilhado: todo mundo cassado e eu de fora.
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SERGIPE
Eleito Jânio, em 1960, José Aparecido começou a articular candidaturas a governador. Foi a Sergipe conversar com Leandro Maciel. Leandro o recebeu no palácio, onde o governador Luis Garcia ficou servindo uísque com água de coco. Aparecido queria a candidatura de Seixas Dória, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, deputado de excepcional atuação na Câmara e a melhor figura da política sergipana:
- Doutor Leandro, o presidente Jânio vai precisar de governadores que apóiem sua plataforma de governo. Homens competentes e honrados, capazes de formar um grande quadro de eficientes administradores. Sergipe deve pensar numa formula alta para as eleições de governador que virão ai.
- Nada de formula alta. Quero uma formula baixa e digna.
Aparecido voltou ao hotel pensando na formula baixa e digna de Leandro. O jornalista Austregésilo Porto decifrou:
- Ora, Aparecido, o Leandro só quer é ele mesmo. Mas formula baixa e digna em Sergipe é o Seixas: é baixo e ninguém mais digno do que ele.
Baixo e digno, Seixas derrotou espetacularmente o alto Leandro.
Chego de férias, recebo tardiamente a noticia. Morreu em 31 de janeiro, em Aracaju, aos 95 anos, meu amigo o grande Seixas Doria, velado por milhares no mesmo palácio de onde os militares o arrancaram em 1964.
Fonte: Tribuna da Internet.
Sebastião Nery
No dia 4 de julho de 1966, o “Diário Oficial” publicou mais um listão de cassações de mandatos e direitos políticos, assinado pelo ditador-presidente, Humberto de Alencar Castelo Branco, nome demais para um homenzinho de menos. O Decreto dizia:
“O presidente da Republica, ouvido o Conselho de Segurança Nacional e usando das atribuições que lhe confere o artigo 15 do Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, resolve suspender os direitos políticos, pelo prazo de 10 anos, de José Augusto de Araújo (Amazonas), Francisco de Assis Lemos de Souza (Paraíba), João Seixas Dória, Antonio Fernandes, Viana de Assis e Cleto Sampaio Maia (Sergipe), Sebastião Augusto de Souza Nery, Afrânio Luiz Lyra, Aristeu Nogueira Campos e Ênio Mendes de Carvalho (Bahia), Afonso Celso Nogueira Monteiro (Estado do Rio), Mauro Borges Teixeira (Goiás), Luiz Rodrigues Corvo, Ary Demóstenes de Almeida, Arthur José Poerner e Geraldo Silvino de Oliveira (Guanabara). Brasília, 4 de julho de l968.
Assinado: Castelo Branco e Luiz Viana Filho”.
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EXERCITO
Era a terceira vez que me cassavam. A primeira, logo em abril, pela Assembléia Legislativa, que, cercada pelo Exercito, cassou a mim, ao Enio Mendes e ao Diógenes Alves. Perambulei pelos quartéis da Bahia, do campo de concentração do Barbalho ao paisagistico Forte de Monte Serrat.
Em 12 de dezembro o Tribunal de Justiça, por unanimidade, anulou a decisão da Assembléia e nos devolveu os mandatos, porque as cassações eram privativas do “presidente” da Republica. Era a primeira vez que um Tribunal do pais anulava um “ato revolucionario”.
O Exercito cercou de novo a Assembleia, deixou-a 48 horas sem sair e sem comer, e pela segunda vez ela nos cassou. Os militares decretaram novamente nossas prisões e fugi para São Paulo, como detalhadamente conto em meu livro “A Nuvem” (Editora Geração, já em 3ª edição).
Arraes, Seixas Doria,Mario Lima, estavam em Fernando de Noronha.
Para me cassarem, tiveram que me cassar pela terceira vez.
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JURACY E VIANA
Na manhã daquele 4 de julho de 66, Seixas Doria,voltado de Fernando de Noronha, encontrou no aeroporto Santos Dumont, no Rio, uma roda de ex-correligionarios dele na UDN e no Congresso: Juracy, Luís Viana, João Calmon. Todos vieram abraçá-lo. Luís Viana foi simpático:
- Seixas, você está sumido. Onde andava?
- Pensei que você soubesse, Luís.
Luís Viana entendeu a ironia, calou. Juracy foi cinico:
- Seixas, estou com saudade de você. Nunca mais tive noticias. Onde é que anda? Recomendações a dona Mary.
Seixas foi para casa. No caminho, o rádio do carro dava a notícia da cassação de seu mandato e direitos políticos (e de outros,os meus inclusive), assinada na vespera, à noite, no Palácio das Laranjeiras, por Castelo Branco e seus ministros, a começar pelos da Justiça e do Exterior.
O da Justiça era Luís Viana, até então chefe da Casa Civil, que assumira na véspera para encaminhar os últimos processos de cassação que o ex-ministro Mem de Sá se negara a assinar. E o do Exterior era Juracy que, quando ministro da Justiça, antes de Mem de Sá, preparara e apressara os processos de cassação. Os dois haviam assinado a cassação de Seixas, a a minha e tantos outros. Seixas chegou em casa, chamou a mulher:
- Mary, prepare-se, ponha um vestido novo, que hoje vamos jantar com vinho francês. Fui cassado. Agora, estou aliviado. Já estava me sentindo humilhado: todo mundo cassado e eu de fora.
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SERGIPE
Eleito Jânio, em 1960, José Aparecido começou a articular candidaturas a governador. Foi a Sergipe conversar com Leandro Maciel. Leandro o recebeu no palácio, onde o governador Luis Garcia ficou servindo uísque com água de coco. Aparecido queria a candidatura de Seixas Dória, líder da Frente Parlamentar Nacionalista, deputado de excepcional atuação na Câmara e a melhor figura da política sergipana:
- Doutor Leandro, o presidente Jânio vai precisar de governadores que apóiem sua plataforma de governo. Homens competentes e honrados, capazes de formar um grande quadro de eficientes administradores. Sergipe deve pensar numa formula alta para as eleições de governador que virão ai.
- Nada de formula alta. Quero uma formula baixa e digna.
Aparecido voltou ao hotel pensando na formula baixa e digna de Leandro. O jornalista Austregésilo Porto decifrou:
- Ora, Aparecido, o Leandro só quer é ele mesmo. Mas formula baixa e digna em Sergipe é o Seixas: é baixo e ninguém mais digno do que ele.
Baixo e digno, Seixas derrotou espetacularmente o alto Leandro.
Chego de férias, recebo tardiamente a noticia. Morreu em 31 de janeiro, em Aracaju, aos 95 anos, meu amigo o grande Seixas Doria, velado por milhares no mesmo palácio de onde os militares o arrancaram em 1964.
Fonte: Tribuna da Internet.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
O HERÓI AFRICANO QUE DESAFIOU OS CREDORES.
Africa, 1987: o discurso de Sankara contra a dívida.
Enviado por luisnassif, dom, 19/02/2012 - 09:52
Por Marco Antonio L.
Na redecastorphoto
África, 1987: “O discurso da dívida”
29/7/1987, Thomas Sankara (então presidente revolucionário de Burkina Faso [1]) - Discurso na Conferência da Organização da Unidade Africana, Addis Abeba, Etiópia e a seguir traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
“Paralelismos: Sankara, o herói que desafiou os credores”
Não podemos pagar a dívida. E com isso não quero dizer que somos contra a moral, a dignidade e o dever de cumprir nossa palavra. Quero dizer que a moral, a dignidade e o dever de cumprir nossa palavra não são a mesma coisa entre os ricos e os pobres. A Bíblia, o Corão, não podem servir do mesmo modo aos que exploram os pobres e aos explorados. É preciso que haja duas edições da Bíblia e duas edições do Corão.
Não podemos aceitar que nos deem lições de dignidade. Que elogiem os que pagam as dívidas, e desqualifiquem os que não pagam, que nos digam que os que não pagam não merecem confiança. Ao contrário disso, devemos dizer que, hoje, os maiores assaltantes são os mais ricos, e que isso é visto como normal. Porque um pobre, quando rouba, comete pequeno crime, um pecadilho. Trata-se de sobreviver, de necessidade. Mas os ricos, quando roubam, têm autoridade fiscal, ou roubam na Alfândega. São os que exploram o povo.
Senhor presidente, minha ideia aqui não é provocar, nem fazer espetáculo. Apenas digo aqui o que todos nós pensamos e desejamos. Quem aqui não deseja que essa dívida seja simplesmente cancelada? Quem não desejar que essa dívida seja cancelada, que tome seu avião é vá pagá-la imediatamente, ao Banco Mundial!
Tampouco desejo que pensem que a proposta de Burkina Faso é ideia saída da cabeça de jovens inexperientes e imaturos, ou que a ideia de não pagar a dívida seja ideia só dos revolucionários. Digo que a proposta de não pagarmos a dívida é proposta objetiva, e é nossa obrigação. E posso citar muitos exemplos de outros que também disseram que não paguemos a dívida, revolucionários e não revolucionários, jovens e velhos.
Cito, por exemplo, Fidel Castro, que já disse que não paguemos. É revolucionário, como eu; e mais velho que eu. Mas posso citar também François Mitterand, que também disse que os países africanos, os países pobres, não podem pagar a dívida. Posso citar a senhora primeira-ministra. Não sei quantos anos tem e não perguntarei, mas é mais um exemplo. Posso citar também o presidente Felix Houphoüet-Boigny, que não é tão jovem e declarou, oficialmente, publicamente, pelo menos em relação ao seu próprio país, que a Costa do Marfim não pode pagar a dívida. Ora, a Costa do Marfim classifica-se entre os países mais ricos da África, ou pelo menos da África ‘francófona’. Por isso também, a Costa do Marfim paga contribuição maior aqui [risos].
Mas, senhor presidente, não falo para provocar. É preciso que os senhores nos ofereçam melhores soluções. Gostaria que nossa conferência adotasse como resolução muito necessária, uma declaração de que não podemos pagar a dívida. E que seja resolução conjunta, não declarações individuais.
É importante que assim seja, para que não nos exponhamos a ser assassinados. Se Burkina Faso permanecer sozinha, como único país que se recusa a pagar a dívida, eu não estarei aqui, na nossa próxima Conferência. Mas se, ao contrário, obtivermos aqui o apoio de todos, de que eu tanto preciso, conseguiremos não ser obrigados a pagar.
Se conseguirmos não pagar essa dívida, poderemos aplicar nossos pequenos recursos ao nosso próprio desenvolvimento.
Para terminar, quero dizer que cada vez que um país africano compra uma arma, é arma que será usada contra outro africano. Não será usada contra europeu nem contra país asiático. Será usada contra africanos. Portanto, temos de tirar vantagem da questão da dívida, para lançar, para encaminhar alguma solução para o problema das armas. Sou militar e ando armado. Mas, senhor presidente, sei que o desarmamento é questão inadiável. Eu ando armado, com a única arma que tenho. E muitos têm um arsenal escondido em casa. Assim, queridos irmãos, com o apoio de todos, conseguiremos ter paz em casa.
Também conseguiremos usar as imensas potencialidades da África para desenvolver a África. Nosso solo é rico. Nosso subsolo é rico. Temos braços e temos um vasto mercado, do norte ao sul e de leste a oeste. Temos capacidades intelectuais para criar ou, no mínimo, para usar todas as tecnologias e ciências, onde quer que as encontremos.
Senhor presidente, façamos dessa Conferência de Addis Abeba uma frente unida contra o pagamento da dívida. Façamos dessa Conferência de Addis Abeba uma frente unida para limitar o comércio de armas entre os países pobres e fracos. Os porretes e facões que se compram por toda parte são inúteis.
Façamos também dessa Conferência uma frente a favor do mercado africano, a favor do mercado para os africanos. Produzir na África, transformar na África e consumir na África. Vamos produzir o que nos falta, e consumir nossa produção, em vez de importar tudo.
Burkina Faso aqui está para apresentar os tecidos de algodão que nós mesmos estamos produzindo. Algodão plantado em Burkina Faso, tecido em Burkina Faso, modelado e costurado em Burkina Faso, para vestir os burkinabeses. Minha delegação e eu aqui estamos, vestidos por nossos tecelões camponeses. Não há aqui um único fio importado da Europa ou dos EUA. Mas não estou aqui para apresentar desfile de modas. Queria dizer apenas que temos de aprender a viver à africana, porque não há outro meio para vivermos livres e com dignidade.
Agradeço a atenção, senhor presidente. Pátria ou morte! Venceremos!
_______________________
Nota dos tradutores
[1] Thomas Sankara [1949-1987] foi assassinado três meses depois desse discurso. Lê-se sobre ele, em “Who killed the lion king?”: “Thomas Sankara liderou, entre 1983 e 1987, uma das revoluções mais radicais e criativas que a África produziu em décadas. Sankara inaugurou uma trilha que outros países africanos poderiam seguir, genuína alternativa à modernização conservadora do continente. Como outros líderes africanos radicais, Sankara foi assassinado. O homem que o matou continua no poder, há 24 anos, sempre apoiado pelo ocidente”.tado por Castor Filho às 2/18/2012
O QUE É SAGRADO.
Luís Fernando Veríssimo
Verissimo - O Estado de S.Paulo
Recomendo a quem não leu o artigo publicado na Folha de S. Paulo do último dia 9 de fevereiro, intitulado Ainda o Pinheirinho, do desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e professor de direito civil José Osório de Azevedo Jr. O artigo trata da violenta ação de reintegração de posse da área chamada de "Pinheirinho", próximo a São José dos Campos, SP, quando 1.500 famílias faveladas foram despejadas e seus precários barracos arrasados num dia. Uma ação que só não teve mortos porque os favelados não tinham como se defender dos tratores e da truculência da polícia, que cumpria ordem da justiça e do executivo estadual.
Escreveu o professor Azevedo Jr.: "O grande e imperdoável erro do Judiciário e do Executivo foi prestigiar um direito menor do que aqueles que foram atropelados no cumprimento da ordem. Os direitos dos credores da massa falida proprietária são meros direitos patrimoniais. Eles têm fundamento em uma lei também menor, uma lei ordinária, cuja aplicação não pode contrariar preceitos expressos na Constituição".
E quais são os preceitos expressos na Constituição que contrariam e se sobrepõem à autorização legal para a terra arrasada, como no caso "Pinheirinho"? O principal deles está logo no primeiro artigo da Constituição: a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República. Um valor, segundo Azevedo Jr., "que permeia toda a ordem jurídica e obriga todos os cidadãos, inclusive os chefes de Poderes". Mas que não deteve a violência em "Pinheirinho". Outro princípio constitucional afrontado foi o da função social da propriedade. Que se saiba, a única função social da área em questão, até ser ocupada por gente à procura de um teto, era como garantia para empréstimos bancários do Nagi Nahas.
É comum ouvir-se falar no "sagrado"direito à propriedade. É um direito inquestionável, mas raramente se ouve o mesmo adjetivo aplicado ao direito do cidadão à sua dignidade. Prestigiam-se os direitos menores e esquecem-se os fundamentais. O maior valor de artigos como o do professor Azevedo Jr. talvez seja o de nos lembrar a espiar a Constituição de vez em quando, e aprender o que merece ser chamado de sagrado.
Verissimo - O Estado de S.Paulo
Recomendo a quem não leu o artigo publicado na Folha de S. Paulo do último dia 9 de fevereiro, intitulado Ainda o Pinheirinho, do desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e professor de direito civil José Osório de Azevedo Jr. O artigo trata da violenta ação de reintegração de posse da área chamada de "Pinheirinho", próximo a São José dos Campos, SP, quando 1.500 famílias faveladas foram despejadas e seus precários barracos arrasados num dia. Uma ação que só não teve mortos porque os favelados não tinham como se defender dos tratores e da truculência da polícia, que cumpria ordem da justiça e do executivo estadual.
Escreveu o professor Azevedo Jr.: "O grande e imperdoável erro do Judiciário e do Executivo foi prestigiar um direito menor do que aqueles que foram atropelados no cumprimento da ordem. Os direitos dos credores da massa falida proprietária são meros direitos patrimoniais. Eles têm fundamento em uma lei também menor, uma lei ordinária, cuja aplicação não pode contrariar preceitos expressos na Constituição".
E quais são os preceitos expressos na Constituição que contrariam e se sobrepõem à autorização legal para a terra arrasada, como no caso "Pinheirinho"? O principal deles está logo no primeiro artigo da Constituição: a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República. Um valor, segundo Azevedo Jr., "que permeia toda a ordem jurídica e obriga todos os cidadãos, inclusive os chefes de Poderes". Mas que não deteve a violência em "Pinheirinho". Outro princípio constitucional afrontado foi o da função social da propriedade. Que se saiba, a única função social da área em questão, até ser ocupada por gente à procura de um teto, era como garantia para empréstimos bancários do Nagi Nahas.
É comum ouvir-se falar no "sagrado"direito à propriedade. É um direito inquestionável, mas raramente se ouve o mesmo adjetivo aplicado ao direito do cidadão à sua dignidade. Prestigiam-se os direitos menores e esquecem-se os fundamentais. O maior valor de artigos como o do professor Azevedo Jr. talvez seja o de nos lembrar a espiar a Constituição de vez em quando, e aprender o que merece ser chamado de sagrado.
POLÍTICA - A biruta de aeroporto de Serra contamina Kassab.
De O Estado de S. Paulo
Kassab confunde até o PSD
JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo
As marchas e contramarchas do prefeito Gilberto Kassab não desorientaram só adversários, mas seu próprio partido, o PSD. De início críticos ao passo dado em direção ao PT, os integrantes do partido acabaram desenhando um cenário estratégico para o resto do atual mandato da presidente Dilma Rousseff, que passa pelo apoio à sua reeleição em 2014.
Até a noite de quinta-feira, o PSD não acreditava na hipótese de Kassab recuar do acordo com Lula para apoiar a candidatura de José Serra. Respaldava essa convicção a garantia já dada por Serra ao prefeito de que não seria candidato na eleição municipal, liberando-o do compromisso com o PSDB.
ça com o PT, o PSD passou a raciocinar com participação num futuro governo Dilma, a partir de 2014. O partido considera que apoiando sua reeleição estaria legitimado a ocupar ministérios, mantendo no atual mandato da presidente apenas o apoio parlamentar.
O cenário mais interessante para o PSD seria, então, em 2018, quando já estará com sete anos de fundação e consolidado em todo o País. Estimam seus estrategistas que Dilma não teria a mesma condição de Lula para fazer seu sucessor e que o quadro de alianças estará aberto e não poderá desconsiderar sua parceria.
Diante da surpresa com a decisão de Kassab de voltar atrás no acordo com o PT, a exigência ao prefeito passou a ser a de deixar claro com o governo e o partido que o acordo com o PSDB na eleição municipal não se estenderá a 2014.
Do contrário, como disse um pessedista, "só nos resta torcer para que isso dê errado".
Inquietação
Mesmo limitada a São Paulo, a aliança com o PSDB não desfaz a inquietação no PSD. Alguns temem pela credibilidade do partido, exposto a ficar fora dos planos do governo e refém da candidatura Aécio Neves em 2014. Também ainda não cicatrizaram as feridas da campanha presidencial de 2010 quando, no DEM, reclamavam do tratamento do PSDB. "Éramos aquela amante maltratada", diz um parlamentar, contrário à parceria com os tucanos.
Duelo de CPIs
Os tucanos estão em pé-de-guerra com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que prometera arquivar a CPI da Privataria, mas não o fez. Ele autorizou o funcionamento de três outras e adiou a decisão sobre a das privatizações. Os tucanos ameaçam dar o troco com uma CPI na Assembleia paulista sobre o caso Santo André, aproveitando a volta ao Brasil de Bruno Daniel, o irmão do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002. Bruno ficou seis anos exilado na França, temendo ser mais uma vítima da máfia daquele município.
Aliado "de fé"
Por trás da promessa de retorno do PR ao ministério está a tentativa do governo de usar o partido para neutralizar a campanha evangélica contra Fernando Haddad. Além da bancada de 43 parlamentares, o PR tem influência sobre lideranças evangélicas que ameaçam o candidato petista com o tema do aborto e o kit gay. A "Marcha para Jesus em São Paulo", que reúne todo ano 2 milhões de evangélicos, está marcada para julho.
Terceirização
O governo e o PT atuam para retardar a votação do projeto que regulamenta a terceirização da prestação de serviços. O PT quer proibi-la na área fim das empresas. Outro ponto polêmico é a anistia para sanções, impostas por lei anterior, a condenados por trabalho escravo. A proposta seria votada em caráter terminativo na CCJ, mas o PT ainda quer levá-la para a comissão de Agricultura.
Kassab confunde até o PSD
JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo
As marchas e contramarchas do prefeito Gilberto Kassab não desorientaram só adversários, mas seu próprio partido, o PSD. De início críticos ao passo dado em direção ao PT, os integrantes do partido acabaram desenhando um cenário estratégico para o resto do atual mandato da presidente Dilma Rousseff, que passa pelo apoio à sua reeleição em 2014.
Até a noite de quinta-feira, o PSD não acreditava na hipótese de Kassab recuar do acordo com Lula para apoiar a candidatura de José Serra. Respaldava essa convicção a garantia já dada por Serra ao prefeito de que não seria candidato na eleição municipal, liberando-o do compromisso com o PSDB.
ça com o PT, o PSD passou a raciocinar com participação num futuro governo Dilma, a partir de 2014. O partido considera que apoiando sua reeleição estaria legitimado a ocupar ministérios, mantendo no atual mandato da presidente apenas o apoio parlamentar.
O cenário mais interessante para o PSD seria, então, em 2018, quando já estará com sete anos de fundação e consolidado em todo o País. Estimam seus estrategistas que Dilma não teria a mesma condição de Lula para fazer seu sucessor e que o quadro de alianças estará aberto e não poderá desconsiderar sua parceria.
Diante da surpresa com a decisão de Kassab de voltar atrás no acordo com o PT, a exigência ao prefeito passou a ser a de deixar claro com o governo e o partido que o acordo com o PSDB na eleição municipal não se estenderá a 2014.
Do contrário, como disse um pessedista, "só nos resta torcer para que isso dê errado".
Inquietação
Mesmo limitada a São Paulo, a aliança com o PSDB não desfaz a inquietação no PSD. Alguns temem pela credibilidade do partido, exposto a ficar fora dos planos do governo e refém da candidatura Aécio Neves em 2014. Também ainda não cicatrizaram as feridas da campanha presidencial de 2010 quando, no DEM, reclamavam do tratamento do PSDB. "Éramos aquela amante maltratada", diz um parlamentar, contrário à parceria com os tucanos.
Duelo de CPIs
Os tucanos estão em pé-de-guerra com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que prometera arquivar a CPI da Privataria, mas não o fez. Ele autorizou o funcionamento de três outras e adiou a decisão sobre a das privatizações. Os tucanos ameaçam dar o troco com uma CPI na Assembleia paulista sobre o caso Santo André, aproveitando a volta ao Brasil de Bruno Daniel, o irmão do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002. Bruno ficou seis anos exilado na França, temendo ser mais uma vítima da máfia daquele município.
Aliado "de fé"
Por trás da promessa de retorno do PR ao ministério está a tentativa do governo de usar o partido para neutralizar a campanha evangélica contra Fernando Haddad. Além da bancada de 43 parlamentares, o PR tem influência sobre lideranças evangélicas que ameaçam o candidato petista com o tema do aborto e o kit gay. A "Marcha para Jesus em São Paulo", que reúne todo ano 2 milhões de evangélicos, está marcada para julho.
Terceirização
O governo e o PT atuam para retardar a votação do projeto que regulamenta a terceirização da prestação de serviços. O PT quer proibi-la na área fim das empresas. Outro ponto polêmico é a anistia para sanções, impostas por lei anterior, a condenados por trabalho escravo. A proposta seria votada em caráter terminativo na CCJ, mas o PT ainda quer levá-la para a comissão de Agricultura.
A ESPANHA E O PRINCÍPIO DA RECIPROCIDADE.
Mauro Santayana.
Se, conforme o personagem de Guimarães Rosa, cada um de nós tem os seus seis meses, com as sociedades nacionais ocorre a mesma coisa. Em tempos recentes, e as causas são conhecidas, o Brasil passou por momentos amargos, e centenas de milhares de brasileiros se dispersaram pelo mundo – do Japão à Irlanda, de Portugal ao Canadá. Era a diáspora econômica, depois da diáspora política dos anos de chumbo.
Uma onda de xenofobia nos atingiu, principalmente na Península Ibérica. Em Portugal, país de que jamais poderíamos esperar uma atitude dessas, fomos rechaçados como leprosos morais. Foi necessária uma combinação diplomática hábil, entre firmeza e paciência, conduzida, nos momentos mais agudos, pelo Embaixador José Aparecido de Oliveira, que contou com as personalidades políticas mais responsáveis daquele país – entre elas e, em primeiro lugar, Mário Soares – a fim de que o repúdio aos brasileiros se amenizasse.
Dos espanhóis, a quem não nos ligavam os mesmos sentimentos afetivos, recebemos tratamento igual, mas que não nos doeu, naquele momento, tanto quanto o daqueles de quem herdamos a língua e a nossa forma de sentir o mundo.
Na época, muitos brasileiros lembraram, menos como cobrança histórica, mas com perplexidade, da acolhida que o nosso país sempre deu aos europeus, nas épocas de crise, principalmente aos portugueses, mesmo tendo sofrido, como havíamos sofrido, a brutalidade do colonialismo. Em toda a Europa, a situação foi semelhante.
Registremos, com justiça, que – mesmo com o rigor de suas leis a respeito do assunto – nos Estados Unidos, no Japão, e no Canadá, os brasileiros não foram vistos com o mesmo desprezo que sofríamos na Europa.
Os ventos históricos movem as nossas velas, neste momento. As circunstâncias internas e externas, aproveitadas com inteligência pelo governo e pela sociedade brasileira, nos permitiram, até agora, fazer frente à crise internacional, e assegurar relativo crescimento ao país. Os que têm bom senso se esquivam de considerar essa situação como adquirida para sempre. Também contraria a nossa índole transformar os êxitos atuais em manifestações grosseiras de desforra. As lições da História não podem ser desprezadas.
Todos os povos são iguais. O sentimento de patriotismo é positivo, mas não pode ser exercido na xenofobia, no chauvinismo, no preconceito étnico. A nossa diplomacia sempre tratou com cautela o problema dos brasileiros no Exterior. Por um lado, em alguns governos, como os de Fernando Collor e Fernando Henrique, fomos conduzidos pelo complexo de inferioridade, e tentávamos entrar no convívio dos países maiores – como fazem os servidores contratados para as festas – pelas portas dos fundos.
Pelo outro, temíamos, ao tratar de tema tão delicado, que o nosso endurecimento pudesse provocar situações ainda mais difíceis aos nossos compatriotas no exterior. Depois que o Tratado de Schengen foi alterado pelos acordos de Lisboa, de 2007, a situação dos chamados extracomunitários na Europa se tornou ainda mais dramática. A Espanha, Portugal e a Itália exacerbaram o controle da entrada, em suas fronteiras, dos visitantes latino-americanos em geral – e dos brasileiros, em particular. E, convém registrar: o Aeroporto de Barajas, em Madri, destacou-se na brutalidade em reter os turistas brasileiros em suas instalações, principalmente os mais jovens, antes de devolvê-los, sob o látego da humilhação. Muitos eram algemados, e assim mantidos nas dependências policiais, sem comer, nem beber. Ao mesmo jejum eram submetidas as crianças retidas.
Em 2007, mais de 3.000 brasileiros já haviam sido repatriados dos aeroportos espanhóis, com um prejuízo, só em passagens, de mais de 6 milhões de dólares. Em 2008, foram 2.196. Em 2009, 1.714. Em setembro de 2010, ocorreu a segunda Reunião Consular de Alto Nível entre os dois países, mas nada mudou. Naquele ano foram expulsos mais 1.695 brasileiros.
O governo atual, que procura solucionar problemas antigos, entre eles, os da corrupção no Estado, decidiu reexaminar a questão. O Itamaraty vinha tentando, com a paciência tradicional da Casa, resolver o problema com as autoridades espanholas, sem qualquer êxito. Reuniões se fizeram em Madri e foram feitas promessas, nunca cumpridas.
Diante de tudo isso, a Chancelaria decidiu exercer, na defesa de nossos compatriotas, o direito e o dever da reciprocidade. A partir de dois de abril, os espanhóis que vierem ao Brasil deverão cumprir as mesmas exigências que as autoridades espanholas exigem dos visitantes brasileiros. Nenhuma a mais, nenhuma a menos.
Em conseqüência, um movimento de ódio, insuflado pela extrema-direita espanhola, ocupou a internet, com insultos chulos contra o povo brasileiro. Voltaram aos estereótipos: todo jovem brasileiro que chega a Madri é um travesti; toda jovem, uma prostituta. Travestis e prostitutas existem em todas as sociedades, e se essas pessoas mudam de país é porque encontram em seu destino mercado para as suas atividades. E há mais: as organizações internacionais humanitárias denunciam essa mobilização como tráfico internacional da escravidão branca. Moças e rapazes são seduzidos com falsos contratos de trabalho, ou sob enganosas promessas de casamento, para serem submetidos ao cárcere privado, em prostíbulos.
Em princípio, qualquer estado soberano tem o direito de fechar suas fronteiras a qualquer estrangeiro, negando-lhe a entrada, sem explicar sua atitude. Mas é da boa norma, nas relações internacionais, que trate com dignidade o recusado, favorecendo seu contato com as autoridades consulares de seu país, se as houver, e de prestar-lhe a assistência recomendada nas circunstâncias, como alimentá-lo e dar-lhe alojamento decente, enquanto durar a custódia. Não era o que ocorria aos brasileiros em Madri.
Temos sido muito complacentes – em nome dos interesses dos negócios do turismo – com os estrangeiros. Em certo momento, e já no governo Lula, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, propôs que revogássemos, unilateralmente, a exigência de vistos de turismo para os cidadãos norte-americanos. Felizmente, prevaleceu, na ocasião, o bom senso e a ponderação do Itamaraty de que não devíamos fazê-lo. Agora, o mesmo complexo de inferioridade se manifesta. Em programa de televisão, certa senhora de São Paulo, apresentada como analista de não sabemos bem o quê, criticou a posição brasileira. Somos humilhados e ofendidos pelos espanhóis e devemos, conforme essa senhora, tratá-los com o pão, o sal e as flores da velha hospitalidade. Não só devemos oferecer a outra face aos que nos estapeiam, mas, também, beijar as mãos agressoras.
Vamos receber, com o devido respeito, a partir do segundo dia de abril, todos os espanhóis que chegarem às nossas fronteiras, marítimas, aéreas e terrestres, munidos da mesma documentação que nos exigem em seu país, e submetê-los aos mesmos trâmites imigratórios, mas sem nenhum arranhão aos direitos humanos.
O povo de Cervantes e de Picasso, de Goya e de Lorca, é muito maior do que a facção dos Torquemadas e Francos, e merece o nosso respeito. Mas, até mesmo para que dêem valor à nossa acolhida, os espanhóis honrados sabem que devem cumprir as mesmas normas que cumprimos quando visitamos o seu país. Não merece respeito o povo que não respeita os outros povos, nem lhes exige, em troca, o mesmo comportamento.
Se, conforme o personagem de Guimarães Rosa, cada um de nós tem os seus seis meses, com as sociedades nacionais ocorre a mesma coisa. Em tempos recentes, e as causas são conhecidas, o Brasil passou por momentos amargos, e centenas de milhares de brasileiros se dispersaram pelo mundo – do Japão à Irlanda, de Portugal ao Canadá. Era a diáspora econômica, depois da diáspora política dos anos de chumbo.
Uma onda de xenofobia nos atingiu, principalmente na Península Ibérica. Em Portugal, país de que jamais poderíamos esperar uma atitude dessas, fomos rechaçados como leprosos morais. Foi necessária uma combinação diplomática hábil, entre firmeza e paciência, conduzida, nos momentos mais agudos, pelo Embaixador José Aparecido de Oliveira, que contou com as personalidades políticas mais responsáveis daquele país – entre elas e, em primeiro lugar, Mário Soares – a fim de que o repúdio aos brasileiros se amenizasse.
Dos espanhóis, a quem não nos ligavam os mesmos sentimentos afetivos, recebemos tratamento igual, mas que não nos doeu, naquele momento, tanto quanto o daqueles de quem herdamos a língua e a nossa forma de sentir o mundo.
Na época, muitos brasileiros lembraram, menos como cobrança histórica, mas com perplexidade, da acolhida que o nosso país sempre deu aos europeus, nas épocas de crise, principalmente aos portugueses, mesmo tendo sofrido, como havíamos sofrido, a brutalidade do colonialismo. Em toda a Europa, a situação foi semelhante.
Registremos, com justiça, que – mesmo com o rigor de suas leis a respeito do assunto – nos Estados Unidos, no Japão, e no Canadá, os brasileiros não foram vistos com o mesmo desprezo que sofríamos na Europa.
Os ventos históricos movem as nossas velas, neste momento. As circunstâncias internas e externas, aproveitadas com inteligência pelo governo e pela sociedade brasileira, nos permitiram, até agora, fazer frente à crise internacional, e assegurar relativo crescimento ao país. Os que têm bom senso se esquivam de considerar essa situação como adquirida para sempre. Também contraria a nossa índole transformar os êxitos atuais em manifestações grosseiras de desforra. As lições da História não podem ser desprezadas.
Todos os povos são iguais. O sentimento de patriotismo é positivo, mas não pode ser exercido na xenofobia, no chauvinismo, no preconceito étnico. A nossa diplomacia sempre tratou com cautela o problema dos brasileiros no Exterior. Por um lado, em alguns governos, como os de Fernando Collor e Fernando Henrique, fomos conduzidos pelo complexo de inferioridade, e tentávamos entrar no convívio dos países maiores – como fazem os servidores contratados para as festas – pelas portas dos fundos.
Pelo outro, temíamos, ao tratar de tema tão delicado, que o nosso endurecimento pudesse provocar situações ainda mais difíceis aos nossos compatriotas no exterior. Depois que o Tratado de Schengen foi alterado pelos acordos de Lisboa, de 2007, a situação dos chamados extracomunitários na Europa se tornou ainda mais dramática. A Espanha, Portugal e a Itália exacerbaram o controle da entrada, em suas fronteiras, dos visitantes latino-americanos em geral – e dos brasileiros, em particular. E, convém registrar: o Aeroporto de Barajas, em Madri, destacou-se na brutalidade em reter os turistas brasileiros em suas instalações, principalmente os mais jovens, antes de devolvê-los, sob o látego da humilhação. Muitos eram algemados, e assim mantidos nas dependências policiais, sem comer, nem beber. Ao mesmo jejum eram submetidas as crianças retidas.
Em 2007, mais de 3.000 brasileiros já haviam sido repatriados dos aeroportos espanhóis, com um prejuízo, só em passagens, de mais de 6 milhões de dólares. Em 2008, foram 2.196. Em 2009, 1.714. Em setembro de 2010, ocorreu a segunda Reunião Consular de Alto Nível entre os dois países, mas nada mudou. Naquele ano foram expulsos mais 1.695 brasileiros.
O governo atual, que procura solucionar problemas antigos, entre eles, os da corrupção no Estado, decidiu reexaminar a questão. O Itamaraty vinha tentando, com a paciência tradicional da Casa, resolver o problema com as autoridades espanholas, sem qualquer êxito. Reuniões se fizeram em Madri e foram feitas promessas, nunca cumpridas.
Diante de tudo isso, a Chancelaria decidiu exercer, na defesa de nossos compatriotas, o direito e o dever da reciprocidade. A partir de dois de abril, os espanhóis que vierem ao Brasil deverão cumprir as mesmas exigências que as autoridades espanholas exigem dos visitantes brasileiros. Nenhuma a mais, nenhuma a menos.
Em conseqüência, um movimento de ódio, insuflado pela extrema-direita espanhola, ocupou a internet, com insultos chulos contra o povo brasileiro. Voltaram aos estereótipos: todo jovem brasileiro que chega a Madri é um travesti; toda jovem, uma prostituta. Travestis e prostitutas existem em todas as sociedades, e se essas pessoas mudam de país é porque encontram em seu destino mercado para as suas atividades. E há mais: as organizações internacionais humanitárias denunciam essa mobilização como tráfico internacional da escravidão branca. Moças e rapazes são seduzidos com falsos contratos de trabalho, ou sob enganosas promessas de casamento, para serem submetidos ao cárcere privado, em prostíbulos.
Em princípio, qualquer estado soberano tem o direito de fechar suas fronteiras a qualquer estrangeiro, negando-lhe a entrada, sem explicar sua atitude. Mas é da boa norma, nas relações internacionais, que trate com dignidade o recusado, favorecendo seu contato com as autoridades consulares de seu país, se as houver, e de prestar-lhe a assistência recomendada nas circunstâncias, como alimentá-lo e dar-lhe alojamento decente, enquanto durar a custódia. Não era o que ocorria aos brasileiros em Madri.
Temos sido muito complacentes – em nome dos interesses dos negócios do turismo – com os estrangeiros. Em certo momento, e já no governo Lula, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, propôs que revogássemos, unilateralmente, a exigência de vistos de turismo para os cidadãos norte-americanos. Felizmente, prevaleceu, na ocasião, o bom senso e a ponderação do Itamaraty de que não devíamos fazê-lo. Agora, o mesmo complexo de inferioridade se manifesta. Em programa de televisão, certa senhora de São Paulo, apresentada como analista de não sabemos bem o quê, criticou a posição brasileira. Somos humilhados e ofendidos pelos espanhóis e devemos, conforme essa senhora, tratá-los com o pão, o sal e as flores da velha hospitalidade. Não só devemos oferecer a outra face aos que nos estapeiam, mas, também, beijar as mãos agressoras.
Vamos receber, com o devido respeito, a partir do segundo dia de abril, todos os espanhóis que chegarem às nossas fronteiras, marítimas, aéreas e terrestres, munidos da mesma documentação que nos exigem em seu país, e submetê-los aos mesmos trâmites imigratórios, mas sem nenhum arranhão aos direitos humanos.
O povo de Cervantes e de Picasso, de Goya e de Lorca, é muito maior do que a facção dos Torquemadas e Francos, e merece o nosso respeito. Mas, até mesmo para que dêem valor à nossa acolhida, os espanhóis honrados sabem que devem cumprir as mesmas normas que cumprimos quando visitamos o seu país. Não merece respeito o povo que não respeita os outros povos, nem lhes exige, em troca, o mesmo comportamento.
POLÍTICA - Covinhas e a eleição paulista.
Covinhas, que sonhava em ser prefeito, diz que candidatura Serra é "boato"
“Bruno Covas ainda acredita que poderá derrotar o trator José Serra, que se impõe, à força, como o nome do PSDB em São Paulo
Brasil 247 / AE
O deputado Bruno Covas (PSDB) classificou como boato a eventual candidatura do ex-governador José Serra à prefeitura de São Paulo. De acordo com ele, não há nenhuma definição sobre quem será candidato e as prévias serão mantidas para decidir o nome do partido que disputará a sucessão de Gilberto Kassab (PSD). "Serra é candidato? Isso é história, até agora é um boato", afirmou no camarote da Prefeitura, no sambódromo do Parque Anhembi.
Bruno Covas foi o único dos pré-candidatos do PSDB a comparecer à primeira noite do carnaval paulistano. Preferiu não comentar a legalidade de uma eventual inscrição de Jose Serra, a essa altura, nas prévias do partido. "Se o Serra ou o Fernando Henrique ou qualquer outro quiser concorrer, vamos ver o que acontece, mas nesse momento não existe nada concreto", explicou.”
“Bruno Covas ainda acredita que poderá derrotar o trator José Serra, que se impõe, à força, como o nome do PSDB em São Paulo
Brasil 247 / AE
O deputado Bruno Covas (PSDB) classificou como boato a eventual candidatura do ex-governador José Serra à prefeitura de São Paulo. De acordo com ele, não há nenhuma definição sobre quem será candidato e as prévias serão mantidas para decidir o nome do partido que disputará a sucessão de Gilberto Kassab (PSD). "Serra é candidato? Isso é história, até agora é um boato", afirmou no camarote da Prefeitura, no sambódromo do Parque Anhembi.
Bruno Covas foi o único dos pré-candidatos do PSDB a comparecer à primeira noite do carnaval paulistano. Preferiu não comentar a legalidade de uma eventual inscrição de Jose Serra, a essa altura, nas prévias do partido. "Se o Serra ou o Fernando Henrique ou qualquer outro quiser concorrer, vamos ver o que acontece, mas nesse momento não existe nada concreto", explicou.”
ECONOMIA - O neoliberalismo e o sequestro do direito.
O neoliberalismo e o sequestro do direito. Para Boaventura de Sousa Santos, “a legalidade caminha lado a lado com a ilegalidade”
Enquanto o sistema imperante no mundo não tem respostas às demandas sociais, como consequência da crueldade do neoliberalismo, as lutas e os protestos de movimentos como os “Indignados” e os “Ocupa”, convidam para o “otimismo trágico”, afirma o cientista social português Boaventura de Sousa Santos, explicando que em meio às múltiplas dificuldades estão surgindo alternativas sustentadas pelo que denomina sociologia das emergências e por novos processos de produção e de valorização de conhecimentos válidos, científicos e não científicos, que reconhece em sua teoria da Epistemologia do Sul.
A entrevista é de Fernando Arellano Ortiz, publicada no sítio Cronicón, 02-2012. A tradução é do Cepat.
Os pressupostos da Epistemologia do Sul são a ecologia dos saberes e a tradução intercultural, que projetam um pensamento alternativo baseando-se nas experiências práticas, nas lutas sociais e em trabalhos de campo, nos diversos cantos do mundo.
Santos explica, tanto em seus textos como em suas conferências, que a ecologia dos saberes é “o diálogo horizontal entre conhecimentos diversos, incluindo o científico, como também o camponês, o artístico, o indígena, o popular e outros tantos que são descartados pela quadrícula acadêmica tradicional”. De tal maneira que a tradução intercultural é o procedimento que possibilita criar entendimento recíproco entre as diversas experiências de mundo.
Dessa forma, ele assinala, pode-se assimilar outras concepções de vida produtiva distintas daquelas do capitalismo reproduzidas pela ciência econômica convencional, como, por exemplo, o “swadeshi” - estratégia formulada por Mahatma Gandhi - que propõe a autossuficiência econômica e o autogoverno; ou o “sumak kawsay” - conceito indígena do bem viver - incorporado nas constituições do Equador e da Bolívia, que significa reconhecer e aprender das sabedorias dos povos tradicionais que na América Latina estão ligados com a natureza e seu bom aproveitamento. Estas experiências produtivas assentam-se na sustentabilidade, solidariedade e reciprocidade.
Ao mesmo tempo, o sociólogo andarilho e intelectual militante, como ele se define, considera que boa parte do mundo, sobretudo o Ocidente, está entrando num processo pós-institucional, na medida em que a política esqueceu-se do cidadão, o que se evidencia na sua ativa presença em ruas e praças que “ainda não foram colonizadas pelas transnacionais”.
Por isso, ele propõe a refundação do Estado e também dos partidos políticos, sobretudo de esquerda, para que mude não somente o criminoso modelo econômico que está acabando com o planeta, como também para organizar a vida em condição mais humana, elevando os níveis de participação democrática e respondendo de maneira satisfatória às demandas e necessidades sociais. Atualmente, o que agrega “os conceitos jurídicos e sociológicos tradicionais ou eurocêntricos, é muito débil para enfrentar a realidade social”.
A consequência funesta gerada pelo neoliberalismo e seu afã de lucro desenfreado é um caso patético, ao superar o âmbito jurídico até o ponto em que não esteja mais claro definir o legal do ilegal. “Segundo os critérios de poder é que se determina a ilegalidade ou legalidade”, sustenta.
Para aprofundar a esse respeito e sobre outros temas dos conflitos sociais no mundo, o Observatório Sociopolítico Latino-americano - Cronicon entrevistou Boaventura de Sousa Santos durante sua última visita a Bogotá, convidado pela Faculdade de Direito da Universidade dos Andes, em que recebeu a distinção Sócrates por sua contribuição à sociologia jurídica, aos direitos humanos e para a transformação social.
Durante o evento acadêmico, o professor português proferiu a conferência: “Para uma teoria jurídica dos indignados”.
Santos, doutor em sociologia do Direito da Universidade de Yale e catedrático da Universidade de Coimbra, também é professor do Centro de Estudos Sociais desta instituição, assim como professor da Universidade de Wisconsin-Madison e de diversos estabelecimentos acadêmicos do mundo. É um dos cientistas sociais e pesquisadores mais importantes na área da sociologia jurídica e cumpre o papel de ativista do Fórum Social Mundial. Seus diversos livros, ensaios e artigos jornalísticos são referentes ao pensamento alternativo, na medida em que ele analisa com visão aguda, e mesmo autocrítica, temas como a globalização, a sociologia do direito e do Estado, os movimentos sociais, a epistemologia e a geopolítica.
A irrupção dos indignados: ponto de partida da mudança social
Como você bem destacou, apesar dos movimentos espontâneos dos “Indignados” e do “Ocupa” não terem uma articulação política, estaria sendo gestado neles um sujeito político que pressione as mudanças socioeconômicas que o mundo requer?
Eu estou certo que sim. Considero que isto é um começo, um ponto de partida, e por isso as várias as análises que enfocam os “Indignados” como algo que já está consolidado são equivocadas, pois ao contrário, parece-me que este é um sintoma das coisas ruins que estão ocorrendo em nossas democracias e é um início de algo que não sabemos como continuará. Esses movimentos, que são de jovens, não tem vinculação com os partidos políticos porque muitos dos partidos progressistas perderam a juventude, não de agora, mas há muito tempo. Agora mesmo, venho do Brasil e uma das discussões que tive com os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) foi como renovar o partido com a participação dos jovens. Também tive um encontro de hip hop com os jovens das periferias, que me acolheram e com quem trabalhei e escrevi coisas que depois eles transformarão em músicas. A revolta e a raiva da juventude se expressa na cultura hip hop dos subúrbios das cidades e o PT não sabe quem são eles, não conhecem o que é hip hop, não sabem o que é a cultura urbana de nossos tempos, então existe uma distância entre os partidos políticos, sobretudo de esquerda, com os jovens.
O segundo elemento, que me parece muito importante, é que nós, na política de esquerda e na teoria crítica, sempre nos preocupamos com a sociedade civil organizada, nos centramos muito na relação partidos-movimentos, porque a esquerda eurocêntrica nasce como um movimento que logo se transforma em partido. Depois, os partidos se desligaram, assumiram que tinham o monopólio da representação dos interesses de classe ou de grupos sociais e não atenderam os interesses dos movimentos, no entanto, tudo mudou nos últimos trinta anos, sobretudo quando os novos movimentos sociais que defendem os direitos humanos e cidadãs, das mulheres, dos indígenas, dos camponeses, o direito à moradia, etc., começaram a ter uma presença muito forte frente aos velhos, como o movimento trabalhista e os sindicatos. Além disso, os movimentos acabaram competindo com os partidos e é esse o caminho percorrido até agora. O Fórum Social Mundial, de alguma maneira, é um sintoma de que os partidos já não tinham o monopólio da representação e, ao contrário disso, dava-se uma grande prioridade aos movimentos sociais, assim passamos a última década.
O fracasso da socialdemocracia
E por conta disso a irrupção tão forte do “Ocupa” e dos “Indignados”...
Os movimentos dos “Indignados” e do “Ocupa” representam algo novo, no sentido de que nós, na teoria crítica e na política de esquerda, esquecemos por muito tempo que a grande maioria das pessoas não são militantes de nenhum partido e nem se mobilizam em movimentos sociais, consideramos que estas pessoas não são atores políticos porque não se organizam para isso. Estes jovens mostraram que existem momentos de definição e então surgem e se mobilizam por coisas e causas que merecem respeito, saindo à rua, arriscando o emprego, amigos e comodidades. Na esquerda não havíamos conhecido como é esta dinâmica e por isso estamos desarmados. A esquerda está totalmente desarmada porque estes movimentos, em sua grande maioria, estão contra a política institucional e rejeitam os partidos sem haver distinção entre os da esquerda e os da direita. E isto acima de tudo é muito perigoso para a esquerda, porque quando não se faz a distinção, a direita que é quem domina nossas sociedades, a política, a economia, os meios de comunicação, etc., sai favorecida.
Realmente, esta crítica em não reconhecer a distinção vem de muitos erros institucionais da esquerda nas últimas duas décadas, especificamente da socialdemocracia que na Europa e em outros países adotou o que na Inglaterra se chamou de Terceira Via. Ela foi impulsionada pelo Partido Trabalhista inglês e logo se propagou para outros continentes, não sendo outra coisa que a aceitação do dogma do neoliberalismo. Com isto, a esquerda socialdemocrata considerou que o neoliberalismo tinha uma fase humana mediante a aplicação de algumas políticas sociais, porém mais sustentadas no mercado e na economia do que no Estado.
Um modus vivendi dentro do capitalismo que permitia minimizar os custos sociais, como você escreveu num de seus livros...
Exatamente. O que aconteceu é que a esquerda socialdemocrata, que pensava que havia uma alternativa dentro do marco neoliberal, fracassou. Porque, de fato, como vemos claramente na Europa, não existe alternativa alguma dentro do neoliberalismo e a esquerda que aceitou as receitas e as condições do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e das agências que comandam este modelo financeiro, acabou desarmada. É o que temos visto em Portugal, na Espanha, na Grécia, com a queda dos partidos socialistas, e na Inglaterra com o Partido Trabalhista do primeiro ministro Gordon Brown, ou seja, houve um colapso da esquerda socialdemocrata, na Europa, que nos faz refletir. Ao contrário disso, os partidos progressistas que estão governando alguns países latino-americanos como Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai e Venezuela não aceitaram as receitas neoliberais e estão fazendo o que poderíamos denominar como capitalismo de Estado, ou seja, um controle muito maior dos recursos econômicos por parte do Estado.
O enfoque econômico dos governos progressistas da América Latina
Você a definiu como uma socialdemocracia de um novo tipo...
Sim. Porque eles pensavam que podiam seguir com o estilo da socialdemocracia europeia, que foi um processo de compatibilização da democracia com o capitalismo por meio das grandes redistribuições de riquezas universais, o que se denominou direitos econômicos e sociais, ou Estado de bem-estar, que se desenvolveu mais na Europa do que em outro continente. Os países latino-americanos sabiam que provavelmente não seria possível impulsionar esses tipos de direitos sociais e econômicos universais e por isso foram para outros tipos de políticas sociais. Elas se concretizaram na política de bônus, não muito distantes do que propunha o Banco Mundial, mas dirigidas e enfocadas nos setores vulneráveis da população e que são distribuídas, nos diversos países, com diferentes nomes. No Brasil: bolsa família; na Bolívia: Juancito Pinto; na Argentina: atribuição universal por filho, etc.
São políticas seletivas que não se apresentam como direito social. Podem ser eliminadas se não houver condições, mas, sobretudo não mudam o modelo econômico, não fazem uma regulação do capitalismo e não permitem, por exemplo, que as pessoas em situação de vulnerabilidade saiam por si mesmas da pobreza. Exceto o Brasil, elas não contam com uma política para desenvolver formas de economia solidária, ou cooperativa, que possam organizar as pessoas para que tenham capacidade de gerar renda, criar microempresas e deixar de necessitar dos bônus. Então, este é o modelo de socialdemocracia que até agora deu resultado porque coincidiu com um período de valorização das matérias-primas, desse continente, devido ao grande avanço da China, que permitiu que países que tinham déficits comerciais agora tenham superávit, como são os casos de Brasil e Argentina.
Ao colocar em andamento políticas neoliberais a socialdemocracia europeia traiu sua identidade ideológica e, como disse o sociólogo argentino Atilio Borón, é melhor o original do que a cópia, por isso é possível que voltem os governos de direita no velho continente, que sabem executar de maneira mais drástica e sem nenhum pudor o receituário do livre mercado, você não acha?
Sim, sim. Essa é nossa leitura há algum tempo. Nós criticamos este desvio da socialdemocracia há mais de vinte anos, quando tudo isso começou.
E a Terceira Via formulada pelo sociólogo inglês Anthony Giddens é uma concepção de direita?
Sim, claro. A Terceira Via foi iniciada na Austrália e Giddens, como assessor de Tony Blair, a sistematizou para desenvolvê-la na Inglaterra, embora tenha sido aplicada em outros países por partidos trabalhistas e socialdemocratas. Defende porque é necessário aceitar todos os critérios de competência que o mercado determina para as agências públicas. Concebe, por exemplo, um mercado interno para os serviços de saúde e educação, fomentando a competência sob o pretexto de reduzir os custos desses serviços, abrindo espaço para que o setor público não se distinga do setor privado. Seu objetivo é o rendimento mediante o sistema contributivo das pessoas, por isso inventaram taxas moderadoras e os planos que os cidadãos devem fazer para ter acesso a uma cirurgia ou consulta médica. Dessa maneira, legitimou a entrada do capital privado nos serviços públicos, sobretudo na saúde, na seguridade social, na educação e no sistema de pensões. Em minha opinião, isto foi o que destruiu toda a socialdemocracia na Europa e é por isso que eu considero que ela necessita de uma refundação. Vamos ver o que acontecerá com o candidato presidencial socialista François Hollande, na França. Pode ser que as pessoas que estão descontentes com as políticas de austeridade de Sarkozy deem a Hollande a vitória, entretanto, ele não possui nenhum programa alternativo que avance além das condições dadas pelo Fundo Monetário Internacional e pela ortodoxia dos capitais financeiros não regulados.
O neoliberalismo que produziu a crise está tentando “resolvê-la”
Embora seja evidente que o sistema capitalista esteja numa grave crise, entretanto, o retorno de governos de direita nos países europeus e a ortodoxia econômica aplicada nos Estados Unidos, e em outros países da América Latina, demonstram que há um robustecimento do neoliberalismo que segue favorecendo o capital financeiro e as transnacionais. Você não vê assim?
Eu penso que a crise do capitalismo é de outro tipo. Em curto prazo, não há nenhum sinal de crise, ao contrário, o surpreendente é que poderíamos dizer que o neoliberalismo que produziu a crise, entre aspas, está tentando “resolvê-la”. São os mesmos banqueiros culpados por essa crise econômica os que buscam resolvê-la.
Analisemos o caso do português Antonio Borges, diretor do Fundo Monetário Internacional para a Europa e vice-presidente da Goldman Sachs, foi ele que organizou a armadilha de investimento bancário que se estendeu para a Grécia. Este mesmo senhor agora está ditando as receitas do Fundo à Europa. Imagine a promiscuidade entre o capital financeiro e a democracia europeia que, em minha opinião, está em suspenso porque o primeiro ministro grego Lucas Papademos; Mário Monti na Itália, Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu, semelhante ao próprio Borges, vem da Goldman Sachs. Eles não somente representam o capital financeiro, como também são da mesma empresa, o que é trágico. Penso que a socialdemocracia contribuiu por sua omissão para um colapso da União Europeia, que eu vejo muito próximo, se não houver realmente um ato de desobediência que precisa ser muito forte para conquistar seu relançamento.
Isso caminha para o que você chama “democradura” na Europa?
Sim, é isso o que temos. Constituições muito progressistas, mas práticas muito reacionárias e oligárquicas. Constituições, como a portuguesa e a espanhola, garantem todos os direitos, porém todos os dias esses direitos são excluídos, suspendidos e as autoridades não interferem, ou seja, existe uma suspensão da democracia que pode ser chamada de “democradura” ou “ditabranda”. Estes processos não apresentam futuro algum para a democracia europeia e os partidos políticos devem analisar muito bem o que está acontecendo para não caírem nos mesmos erros.
O neoliberalismo está fazendo com que a legalidade caminhe lado a lado com a ilegalidade. Essa crise do capitalismo tem aberto brechas para o que você fez referência em sua conferência, na Universidade dos Andes de Bogotá, a uma confusão das categoriais de ilegalidade, legalidade e o sem lei, em boa medida pelo fenômeno da acumulação por expropriação. Como explicar esta situação gerada pela voracidade capitalista?
A questão é muito complexa porque a democracia no século XX iludiu o imaginário popular. Como sabemos, no início a democracia liberal não era muito democrática porque em sua origem somente os proprietários podiam votar, a grande maioria da população não sabia o que era a democracia. Ela conquistou credibilidade e alcançou o imaginário popular, como se verifica, atualmente, os “Indignados” que pedem democracia verdadeira e real, em boa medida devido à institucionalização dos conflitos sociais. Aceitou-se que haja divergências na sociedade entre o capital e o trabalho, por exemplo, e que as mesmas devem ser solucionadas de forma pacífica, cuja solução se traduz na lei, por isso acreditou-se na legalidade, pois antes as classes populares só conheciam a legalidade repressiva, não conheciam nenhum direito. Acreditou-se, portanto, num direito facilitador, protetor dos direitos sociais, econômicos, do auxílio desemprego, e começou-se a notar que a legalidade era algo mais amplo e favorável às classes populares. Isto tem sido um grande engano da democracia representativa e liberal porque nas constituições, tanto da Europa e da América Latina, consagra-se uma série de lutas sociais como direitos, por exemplo, os direitos indígenas que antes eram desconhecidos inclusive pela mesma esquerda que os consideravam invisíveis, o qual mudou nos últimos vinte anos precisamente devido ao neoliberalismo, à repressão aos movimentos sociais e a criminalização dos protestos.
O que aconteceu é que as transnacionais aprenderam a lição segundo a qual é possível pressionar os governos, influenciar congressos legislativos para produzir leis a seu favor, e por isso elas mesmas produziram uma legislação que é tão legal como a outra: a que protege as classes populares, entretanto, agora é uma legalidade que permite com que façam coisas que antes não podiam fazer. E, por isso, pode-se dizer que o fazem legalmente, não é totalmente legal porque se for observado muitas dessas leis que foram criadas para concessões da mineração e dos recursos naturais, e tudo o que se refere ao extrativismo, existe uma série de condições que eles esquecem depois como, por exemplo, a proteção ambiental, ou as violações massivas às consultas indígenas dispostas na Convenção 169 da OIT. A legalidade caminha lado a lado com a ilegalidade, isto é um grande engano e vamos vê-lo, logo mais, na Rio +20, em junho de 2011, com toda esta discussão sobre o capitalismo verde, a economia verde, de desenvolvimento sustentável, que é o grande conceito dos últimos trinta anos. Tudo o que vamos observar neste momento, no Rio, não é mais que o resultado de um sequestro do direito pelas transnacionais e por isso falam do capitalismo verde. Para mim, o capitalismo só é verde nas cédulas do dólar, não é verde em nenhum outro sentido.
Dessa maneira, a legalidade é pouco apropriada, mas também porque aumenta a desigualdade social, inventam ameaças de luta social em que a seguridade em termos de seguridade militar e policial tem uma força tão grande que se criam formas de estados de emergência não declarados em muitos países. Não é o caso da Colômbia porque este país teve um passado de estados de sítios ou estados de exceção muito fortes. Quando estava aqui, realizando meus estudos, os estados de exceção eram normais, por isso que a Colômbia não teve ditaduras como outros países da América Latina. Isso nós analisávamos em seguida, mas atualmente existem formas que vão além da legalidade, por exemplo, quando os Estados Unidos matam os cidadãos norte-americanos no Yemen por meio dos drones, isto é legalidade, ou ilegalidade, isto já não tem normas. Porque a legalidade exige uma norma, digamos assim, e isto é algo completamente novo.
Estrangeirização de terras, novo colonialismo
Como o caso do centro de concentração de Guantánamo?
Guantánamo é o mesmo. É uma ausência total de critérios de legalidade, é mais que ilegal, é sem lei. Para entender isso, é preciso voltar aos séculos XVI e XVII, quando neste continente americano produziu-se o extermínio dos indígenas, o que não era propriamente ilegal, era sim sem lei. Como existia a ideia de que os indígenas não eram humanos, então os conquistadores não aplicavam os critérios da legalidade ou da ilegalidade, eram coisas, escravos.
Hoje, o mundo possui características pelas quais já não se pode falar em intervenção política e social porque às vezes são tão cruéis e agressivas contra certas populações, que sendo consideradas inferiores não se aplicam a elas os critérios de legalidade e por isso se apresenta a arbitrariedade. Podem-se notar casos, por exemplo, na África, neste momento em que está acontecendo com muita ênfase a acumulação pela expropriação, bem como na Índia e na América Latina com a mineração e o extrativismo. No caso africano, apresenta-se por meio do monopólio a forte compra de terras por países como Brasil, China, Coréia do Sul, que estão buscando possuir reservas de terra fora de seus respectivos Estados. Este é um novo colonialismo que não temos pensado. A concessão é legal, porém o que acontece com os camponeses deslocados de suas terras e que de um dia para o outro são convertidos em ocupantes ou invasores? Isto é legalidade? É uma acumulação primitiva violenta que atua de maneira pela qual não existe, politicamente, nenhuma forma de resgate. Isto não é ilegalidade, é mais grave do que isso, é sem lei. Isso ocorre dentro de Estados de direito e de democracias; outro grande desafio para as esquerdas, sobretudo de raiz socialdemocrata, que crê na institucionalidade.
Dentro desse obscuro panorama da crise civilizatória, originada pelo capitalismo, você que se confessa otimista trágico formulou uma teoria jurídica de emancipação social, assim como um novo conceito de cidadania e de direitos humanos que paulatinamente não obtém somente o apoio popular como também segue abrindo passagem. Esse não é um motivo para ser moderadamente otimista?
Sim. O pessimismo é sempre conservador, porque eu posso ser pessimista se tenho meu salário, tenho minha casa, minha moradia, eu posso ser niilista, até cínico, porque minha vida cotidiana está garantida. No entanto, o que acontece com as pessoas que têm comida para sua família hoje, mas não sabe se terá amanhã; o que acontece com as pessoas que estão vivas hoje, mas podem ser vítimas de uma violência em que não estão diretamente envolvidas; a maior parte da população do mundo encontra-se em condição em que sua sobrevivência não está minimamente garantida; estas pessoas não podem ser pessimistas. Estas pessoas têm que sair à rua e lutar, encontrar formas de garantir sua sobrevivência e de sua família, não podem ficar paralisadas, são ativistas. O problema é que não são ativistas políticos em nosso sentido, são ativistas da vida. O que necessitamos é transformar esse ativismo da vida em ativismo político, por isso trabalho muito com os movimentos sociais e com as pessoas que estão nessas situações difíceis.
Graças à minha atividade acadêmica e à minha trajetória eu as conheço bem, por compartilhar muitas lutas com elas.
Por essa razão, eu posso dizer que me anima o fato de que estes setores sociais não podem ser passivos, eles têm que ter esperança. Temos que construir cotidianamente a possibilidade de uma nova sociedade, é isso que me dá a ideia do otimismo trágico; ou seja, a ideia de que existe uma alternativa, mas também muitas dificuldades. A tragédia é essa, que há muitas dificuldades que não podemos minimizar, porém temos que saber que nem tudo está perdido, como dizia a grande cantora argentina Mercedes Sosa. Quando pensamos que estamos no fim da política, que não existe ativismo e que o neoliberalismo dominou tudo, surgem os “Indignados”, os “Ocupa”, a Primavera Árabe que derruba os ditadores, então na sociedade sempre existem as emergências, o que chamo de sociologia das emergências.
O novo projeto de pesquisa que estou iniciando busca analisar as emergências para torná-las conhecidas, porque o problema é que muitas maravilhosas lutas não são conhecidas, de pessoas que resolveram o problema da água, da propriedade, da cidadania, na comunidade da Índia, da África do Sul e de outros países. No mundo as pessoas seguem com esperança, buscando soluções, porque não possuem alternativas, vivem uma situação demasiadamente cruel e vergonhosa, por isso não podem cruzar os braços. Um intelectual militante como eu me considero, não um teórico de vanguarda porque não sou e nem quero ser, mas sim de retaguarda, no sentido de apoiar estes movimentos, tem que teorizar a esperança em condições difíceis, é claro, gerando um respeito pelas pessoas.
Nós temos uma cultura nos partidos de esquerda segundo a qual a massa que não está organizada é massa de manobra, portanto pensamos por ela e por isso vamos com frases e slogans para comandá-la. Não, isso não é assim, hoje as pessoas que se mobilizam é porque possuem suas razões, estão mais preparadas. Pode-se observar isto em países muito controversos como a Venezuela, em que as pessoas adquiriram uma cultura política muito interessante, que podem estar com Chávez ou contra Chávez, mas estão muito mais conscientes das condições, do que deveria ser e o que é, e muito mais exigentes, não podem ser manipuladas por ideias abstratas que não lhes dizem nada sobre suas vidas cotidianas. Esse é o respeito pelas pessoas que a esquerda deve ter no futuro imediato.
Enquanto o sistema imperante no mundo não tem respostas às demandas sociais, como consequência da crueldade do neoliberalismo, as lutas e os protestos de movimentos como os “Indignados” e os “Ocupa”, convidam para o “otimismo trágico”, afirma o cientista social português Boaventura de Sousa Santos, explicando que em meio às múltiplas dificuldades estão surgindo alternativas sustentadas pelo que denomina sociologia das emergências e por novos processos de produção e de valorização de conhecimentos válidos, científicos e não científicos, que reconhece em sua teoria da Epistemologia do Sul.
A entrevista é de Fernando Arellano Ortiz, publicada no sítio Cronicón, 02-2012. A tradução é do Cepat.
Os pressupostos da Epistemologia do Sul são a ecologia dos saberes e a tradução intercultural, que projetam um pensamento alternativo baseando-se nas experiências práticas, nas lutas sociais e em trabalhos de campo, nos diversos cantos do mundo.
Santos explica, tanto em seus textos como em suas conferências, que a ecologia dos saberes é “o diálogo horizontal entre conhecimentos diversos, incluindo o científico, como também o camponês, o artístico, o indígena, o popular e outros tantos que são descartados pela quadrícula acadêmica tradicional”. De tal maneira que a tradução intercultural é o procedimento que possibilita criar entendimento recíproco entre as diversas experiências de mundo.
Dessa forma, ele assinala, pode-se assimilar outras concepções de vida produtiva distintas daquelas do capitalismo reproduzidas pela ciência econômica convencional, como, por exemplo, o “swadeshi” - estratégia formulada por Mahatma Gandhi - que propõe a autossuficiência econômica e o autogoverno; ou o “sumak kawsay” - conceito indígena do bem viver - incorporado nas constituições do Equador e da Bolívia, que significa reconhecer e aprender das sabedorias dos povos tradicionais que na América Latina estão ligados com a natureza e seu bom aproveitamento. Estas experiências produtivas assentam-se na sustentabilidade, solidariedade e reciprocidade.
Ao mesmo tempo, o sociólogo andarilho e intelectual militante, como ele se define, considera que boa parte do mundo, sobretudo o Ocidente, está entrando num processo pós-institucional, na medida em que a política esqueceu-se do cidadão, o que se evidencia na sua ativa presença em ruas e praças que “ainda não foram colonizadas pelas transnacionais”.
Por isso, ele propõe a refundação do Estado e também dos partidos políticos, sobretudo de esquerda, para que mude não somente o criminoso modelo econômico que está acabando com o planeta, como também para organizar a vida em condição mais humana, elevando os níveis de participação democrática e respondendo de maneira satisfatória às demandas e necessidades sociais. Atualmente, o que agrega “os conceitos jurídicos e sociológicos tradicionais ou eurocêntricos, é muito débil para enfrentar a realidade social”.
A consequência funesta gerada pelo neoliberalismo e seu afã de lucro desenfreado é um caso patético, ao superar o âmbito jurídico até o ponto em que não esteja mais claro definir o legal do ilegal. “Segundo os critérios de poder é que se determina a ilegalidade ou legalidade”, sustenta.
Para aprofundar a esse respeito e sobre outros temas dos conflitos sociais no mundo, o Observatório Sociopolítico Latino-americano - Cronicon entrevistou Boaventura de Sousa Santos durante sua última visita a Bogotá, convidado pela Faculdade de Direito da Universidade dos Andes, em que recebeu a distinção Sócrates por sua contribuição à sociologia jurídica, aos direitos humanos e para a transformação social.
Durante o evento acadêmico, o professor português proferiu a conferência: “Para uma teoria jurídica dos indignados”.
Santos, doutor em sociologia do Direito da Universidade de Yale e catedrático da Universidade de Coimbra, também é professor do Centro de Estudos Sociais desta instituição, assim como professor da Universidade de Wisconsin-Madison e de diversos estabelecimentos acadêmicos do mundo. É um dos cientistas sociais e pesquisadores mais importantes na área da sociologia jurídica e cumpre o papel de ativista do Fórum Social Mundial. Seus diversos livros, ensaios e artigos jornalísticos são referentes ao pensamento alternativo, na medida em que ele analisa com visão aguda, e mesmo autocrítica, temas como a globalização, a sociologia do direito e do Estado, os movimentos sociais, a epistemologia e a geopolítica.
A irrupção dos indignados: ponto de partida da mudança social
Como você bem destacou, apesar dos movimentos espontâneos dos “Indignados” e do “Ocupa” não terem uma articulação política, estaria sendo gestado neles um sujeito político que pressione as mudanças socioeconômicas que o mundo requer?
Eu estou certo que sim. Considero que isto é um começo, um ponto de partida, e por isso as várias as análises que enfocam os “Indignados” como algo que já está consolidado são equivocadas, pois ao contrário, parece-me que este é um sintoma das coisas ruins que estão ocorrendo em nossas democracias e é um início de algo que não sabemos como continuará. Esses movimentos, que são de jovens, não tem vinculação com os partidos políticos porque muitos dos partidos progressistas perderam a juventude, não de agora, mas há muito tempo. Agora mesmo, venho do Brasil e uma das discussões que tive com os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) foi como renovar o partido com a participação dos jovens. Também tive um encontro de hip hop com os jovens das periferias, que me acolheram e com quem trabalhei e escrevi coisas que depois eles transformarão em músicas. A revolta e a raiva da juventude se expressa na cultura hip hop dos subúrbios das cidades e o PT não sabe quem são eles, não conhecem o que é hip hop, não sabem o que é a cultura urbana de nossos tempos, então existe uma distância entre os partidos políticos, sobretudo de esquerda, com os jovens.
O segundo elemento, que me parece muito importante, é que nós, na política de esquerda e na teoria crítica, sempre nos preocupamos com a sociedade civil organizada, nos centramos muito na relação partidos-movimentos, porque a esquerda eurocêntrica nasce como um movimento que logo se transforma em partido. Depois, os partidos se desligaram, assumiram que tinham o monopólio da representação dos interesses de classe ou de grupos sociais e não atenderam os interesses dos movimentos, no entanto, tudo mudou nos últimos trinta anos, sobretudo quando os novos movimentos sociais que defendem os direitos humanos e cidadãs, das mulheres, dos indígenas, dos camponeses, o direito à moradia, etc., começaram a ter uma presença muito forte frente aos velhos, como o movimento trabalhista e os sindicatos. Além disso, os movimentos acabaram competindo com os partidos e é esse o caminho percorrido até agora. O Fórum Social Mundial, de alguma maneira, é um sintoma de que os partidos já não tinham o monopólio da representação e, ao contrário disso, dava-se uma grande prioridade aos movimentos sociais, assim passamos a última década.
O fracasso da socialdemocracia
E por conta disso a irrupção tão forte do “Ocupa” e dos “Indignados”...
Os movimentos dos “Indignados” e do “Ocupa” representam algo novo, no sentido de que nós, na teoria crítica e na política de esquerda, esquecemos por muito tempo que a grande maioria das pessoas não são militantes de nenhum partido e nem se mobilizam em movimentos sociais, consideramos que estas pessoas não são atores políticos porque não se organizam para isso. Estes jovens mostraram que existem momentos de definição e então surgem e se mobilizam por coisas e causas que merecem respeito, saindo à rua, arriscando o emprego, amigos e comodidades. Na esquerda não havíamos conhecido como é esta dinâmica e por isso estamos desarmados. A esquerda está totalmente desarmada porque estes movimentos, em sua grande maioria, estão contra a política institucional e rejeitam os partidos sem haver distinção entre os da esquerda e os da direita. E isto acima de tudo é muito perigoso para a esquerda, porque quando não se faz a distinção, a direita que é quem domina nossas sociedades, a política, a economia, os meios de comunicação, etc., sai favorecida.
Realmente, esta crítica em não reconhecer a distinção vem de muitos erros institucionais da esquerda nas últimas duas décadas, especificamente da socialdemocracia que na Europa e em outros países adotou o que na Inglaterra se chamou de Terceira Via. Ela foi impulsionada pelo Partido Trabalhista inglês e logo se propagou para outros continentes, não sendo outra coisa que a aceitação do dogma do neoliberalismo. Com isto, a esquerda socialdemocrata considerou que o neoliberalismo tinha uma fase humana mediante a aplicação de algumas políticas sociais, porém mais sustentadas no mercado e na economia do que no Estado.
Um modus vivendi dentro do capitalismo que permitia minimizar os custos sociais, como você escreveu num de seus livros...
Exatamente. O que aconteceu é que a esquerda socialdemocrata, que pensava que havia uma alternativa dentro do marco neoliberal, fracassou. Porque, de fato, como vemos claramente na Europa, não existe alternativa alguma dentro do neoliberalismo e a esquerda que aceitou as receitas e as condições do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e das agências que comandam este modelo financeiro, acabou desarmada. É o que temos visto em Portugal, na Espanha, na Grécia, com a queda dos partidos socialistas, e na Inglaterra com o Partido Trabalhista do primeiro ministro Gordon Brown, ou seja, houve um colapso da esquerda socialdemocrata, na Europa, que nos faz refletir. Ao contrário disso, os partidos progressistas que estão governando alguns países latino-americanos como Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai e Venezuela não aceitaram as receitas neoliberais e estão fazendo o que poderíamos denominar como capitalismo de Estado, ou seja, um controle muito maior dos recursos econômicos por parte do Estado.
O enfoque econômico dos governos progressistas da América Latina
Você a definiu como uma socialdemocracia de um novo tipo...
Sim. Porque eles pensavam que podiam seguir com o estilo da socialdemocracia europeia, que foi um processo de compatibilização da democracia com o capitalismo por meio das grandes redistribuições de riquezas universais, o que se denominou direitos econômicos e sociais, ou Estado de bem-estar, que se desenvolveu mais na Europa do que em outro continente. Os países latino-americanos sabiam que provavelmente não seria possível impulsionar esses tipos de direitos sociais e econômicos universais e por isso foram para outros tipos de políticas sociais. Elas se concretizaram na política de bônus, não muito distantes do que propunha o Banco Mundial, mas dirigidas e enfocadas nos setores vulneráveis da população e que são distribuídas, nos diversos países, com diferentes nomes. No Brasil: bolsa família; na Bolívia: Juancito Pinto; na Argentina: atribuição universal por filho, etc.
São políticas seletivas que não se apresentam como direito social. Podem ser eliminadas se não houver condições, mas, sobretudo não mudam o modelo econômico, não fazem uma regulação do capitalismo e não permitem, por exemplo, que as pessoas em situação de vulnerabilidade saiam por si mesmas da pobreza. Exceto o Brasil, elas não contam com uma política para desenvolver formas de economia solidária, ou cooperativa, que possam organizar as pessoas para que tenham capacidade de gerar renda, criar microempresas e deixar de necessitar dos bônus. Então, este é o modelo de socialdemocracia que até agora deu resultado porque coincidiu com um período de valorização das matérias-primas, desse continente, devido ao grande avanço da China, que permitiu que países que tinham déficits comerciais agora tenham superávit, como são os casos de Brasil e Argentina.
Ao colocar em andamento políticas neoliberais a socialdemocracia europeia traiu sua identidade ideológica e, como disse o sociólogo argentino Atilio Borón, é melhor o original do que a cópia, por isso é possível que voltem os governos de direita no velho continente, que sabem executar de maneira mais drástica e sem nenhum pudor o receituário do livre mercado, você não acha?
Sim, sim. Essa é nossa leitura há algum tempo. Nós criticamos este desvio da socialdemocracia há mais de vinte anos, quando tudo isso começou.
E a Terceira Via formulada pelo sociólogo inglês Anthony Giddens é uma concepção de direita?
Sim, claro. A Terceira Via foi iniciada na Austrália e Giddens, como assessor de Tony Blair, a sistematizou para desenvolvê-la na Inglaterra, embora tenha sido aplicada em outros países por partidos trabalhistas e socialdemocratas. Defende porque é necessário aceitar todos os critérios de competência que o mercado determina para as agências públicas. Concebe, por exemplo, um mercado interno para os serviços de saúde e educação, fomentando a competência sob o pretexto de reduzir os custos desses serviços, abrindo espaço para que o setor público não se distinga do setor privado. Seu objetivo é o rendimento mediante o sistema contributivo das pessoas, por isso inventaram taxas moderadoras e os planos que os cidadãos devem fazer para ter acesso a uma cirurgia ou consulta médica. Dessa maneira, legitimou a entrada do capital privado nos serviços públicos, sobretudo na saúde, na seguridade social, na educação e no sistema de pensões. Em minha opinião, isto foi o que destruiu toda a socialdemocracia na Europa e é por isso que eu considero que ela necessita de uma refundação. Vamos ver o que acontecerá com o candidato presidencial socialista François Hollande, na França. Pode ser que as pessoas que estão descontentes com as políticas de austeridade de Sarkozy deem a Hollande a vitória, entretanto, ele não possui nenhum programa alternativo que avance além das condições dadas pelo Fundo Monetário Internacional e pela ortodoxia dos capitais financeiros não regulados.
O neoliberalismo que produziu a crise está tentando “resolvê-la”
Embora seja evidente que o sistema capitalista esteja numa grave crise, entretanto, o retorno de governos de direita nos países europeus e a ortodoxia econômica aplicada nos Estados Unidos, e em outros países da América Latina, demonstram que há um robustecimento do neoliberalismo que segue favorecendo o capital financeiro e as transnacionais. Você não vê assim?
Eu penso que a crise do capitalismo é de outro tipo. Em curto prazo, não há nenhum sinal de crise, ao contrário, o surpreendente é que poderíamos dizer que o neoliberalismo que produziu a crise, entre aspas, está tentando “resolvê-la”. São os mesmos banqueiros culpados por essa crise econômica os que buscam resolvê-la.
Analisemos o caso do português Antonio Borges, diretor do Fundo Monetário Internacional para a Europa e vice-presidente da Goldman Sachs, foi ele que organizou a armadilha de investimento bancário que se estendeu para a Grécia. Este mesmo senhor agora está ditando as receitas do Fundo à Europa. Imagine a promiscuidade entre o capital financeiro e a democracia europeia que, em minha opinião, está em suspenso porque o primeiro ministro grego Lucas Papademos; Mário Monti na Itália, Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu, semelhante ao próprio Borges, vem da Goldman Sachs. Eles não somente representam o capital financeiro, como também são da mesma empresa, o que é trágico. Penso que a socialdemocracia contribuiu por sua omissão para um colapso da União Europeia, que eu vejo muito próximo, se não houver realmente um ato de desobediência que precisa ser muito forte para conquistar seu relançamento.
Isso caminha para o que você chama “democradura” na Europa?
Sim, é isso o que temos. Constituições muito progressistas, mas práticas muito reacionárias e oligárquicas. Constituições, como a portuguesa e a espanhola, garantem todos os direitos, porém todos os dias esses direitos são excluídos, suspendidos e as autoridades não interferem, ou seja, existe uma suspensão da democracia que pode ser chamada de “democradura” ou “ditabranda”. Estes processos não apresentam futuro algum para a democracia europeia e os partidos políticos devem analisar muito bem o que está acontecendo para não caírem nos mesmos erros.
O neoliberalismo está fazendo com que a legalidade caminhe lado a lado com a ilegalidade. Essa crise do capitalismo tem aberto brechas para o que você fez referência em sua conferência, na Universidade dos Andes de Bogotá, a uma confusão das categoriais de ilegalidade, legalidade e o sem lei, em boa medida pelo fenômeno da acumulação por expropriação. Como explicar esta situação gerada pela voracidade capitalista?
A questão é muito complexa porque a democracia no século XX iludiu o imaginário popular. Como sabemos, no início a democracia liberal não era muito democrática porque em sua origem somente os proprietários podiam votar, a grande maioria da população não sabia o que era a democracia. Ela conquistou credibilidade e alcançou o imaginário popular, como se verifica, atualmente, os “Indignados” que pedem democracia verdadeira e real, em boa medida devido à institucionalização dos conflitos sociais. Aceitou-se que haja divergências na sociedade entre o capital e o trabalho, por exemplo, e que as mesmas devem ser solucionadas de forma pacífica, cuja solução se traduz na lei, por isso acreditou-se na legalidade, pois antes as classes populares só conheciam a legalidade repressiva, não conheciam nenhum direito. Acreditou-se, portanto, num direito facilitador, protetor dos direitos sociais, econômicos, do auxílio desemprego, e começou-se a notar que a legalidade era algo mais amplo e favorável às classes populares. Isto tem sido um grande engano da democracia representativa e liberal porque nas constituições, tanto da Europa e da América Latina, consagra-se uma série de lutas sociais como direitos, por exemplo, os direitos indígenas que antes eram desconhecidos inclusive pela mesma esquerda que os consideravam invisíveis, o qual mudou nos últimos vinte anos precisamente devido ao neoliberalismo, à repressão aos movimentos sociais e a criminalização dos protestos.
O que aconteceu é que as transnacionais aprenderam a lição segundo a qual é possível pressionar os governos, influenciar congressos legislativos para produzir leis a seu favor, e por isso elas mesmas produziram uma legislação que é tão legal como a outra: a que protege as classes populares, entretanto, agora é uma legalidade que permite com que façam coisas que antes não podiam fazer. E, por isso, pode-se dizer que o fazem legalmente, não é totalmente legal porque se for observado muitas dessas leis que foram criadas para concessões da mineração e dos recursos naturais, e tudo o que se refere ao extrativismo, existe uma série de condições que eles esquecem depois como, por exemplo, a proteção ambiental, ou as violações massivas às consultas indígenas dispostas na Convenção 169 da OIT. A legalidade caminha lado a lado com a ilegalidade, isto é um grande engano e vamos vê-lo, logo mais, na Rio +20, em junho de 2011, com toda esta discussão sobre o capitalismo verde, a economia verde, de desenvolvimento sustentável, que é o grande conceito dos últimos trinta anos. Tudo o que vamos observar neste momento, no Rio, não é mais que o resultado de um sequestro do direito pelas transnacionais e por isso falam do capitalismo verde. Para mim, o capitalismo só é verde nas cédulas do dólar, não é verde em nenhum outro sentido.
Dessa maneira, a legalidade é pouco apropriada, mas também porque aumenta a desigualdade social, inventam ameaças de luta social em que a seguridade em termos de seguridade militar e policial tem uma força tão grande que se criam formas de estados de emergência não declarados em muitos países. Não é o caso da Colômbia porque este país teve um passado de estados de sítios ou estados de exceção muito fortes. Quando estava aqui, realizando meus estudos, os estados de exceção eram normais, por isso que a Colômbia não teve ditaduras como outros países da América Latina. Isso nós analisávamos em seguida, mas atualmente existem formas que vão além da legalidade, por exemplo, quando os Estados Unidos matam os cidadãos norte-americanos no Yemen por meio dos drones, isto é legalidade, ou ilegalidade, isto já não tem normas. Porque a legalidade exige uma norma, digamos assim, e isto é algo completamente novo.
Estrangeirização de terras, novo colonialismo
Como o caso do centro de concentração de Guantánamo?
Guantánamo é o mesmo. É uma ausência total de critérios de legalidade, é mais que ilegal, é sem lei. Para entender isso, é preciso voltar aos séculos XVI e XVII, quando neste continente americano produziu-se o extermínio dos indígenas, o que não era propriamente ilegal, era sim sem lei. Como existia a ideia de que os indígenas não eram humanos, então os conquistadores não aplicavam os critérios da legalidade ou da ilegalidade, eram coisas, escravos.
Hoje, o mundo possui características pelas quais já não se pode falar em intervenção política e social porque às vezes são tão cruéis e agressivas contra certas populações, que sendo consideradas inferiores não se aplicam a elas os critérios de legalidade e por isso se apresenta a arbitrariedade. Podem-se notar casos, por exemplo, na África, neste momento em que está acontecendo com muita ênfase a acumulação pela expropriação, bem como na Índia e na América Latina com a mineração e o extrativismo. No caso africano, apresenta-se por meio do monopólio a forte compra de terras por países como Brasil, China, Coréia do Sul, que estão buscando possuir reservas de terra fora de seus respectivos Estados. Este é um novo colonialismo que não temos pensado. A concessão é legal, porém o que acontece com os camponeses deslocados de suas terras e que de um dia para o outro são convertidos em ocupantes ou invasores? Isto é legalidade? É uma acumulação primitiva violenta que atua de maneira pela qual não existe, politicamente, nenhuma forma de resgate. Isto não é ilegalidade, é mais grave do que isso, é sem lei. Isso ocorre dentro de Estados de direito e de democracias; outro grande desafio para as esquerdas, sobretudo de raiz socialdemocrata, que crê na institucionalidade.
Dentro desse obscuro panorama da crise civilizatória, originada pelo capitalismo, você que se confessa otimista trágico formulou uma teoria jurídica de emancipação social, assim como um novo conceito de cidadania e de direitos humanos que paulatinamente não obtém somente o apoio popular como também segue abrindo passagem. Esse não é um motivo para ser moderadamente otimista?
Sim. O pessimismo é sempre conservador, porque eu posso ser pessimista se tenho meu salário, tenho minha casa, minha moradia, eu posso ser niilista, até cínico, porque minha vida cotidiana está garantida. No entanto, o que acontece com as pessoas que têm comida para sua família hoje, mas não sabe se terá amanhã; o que acontece com as pessoas que estão vivas hoje, mas podem ser vítimas de uma violência em que não estão diretamente envolvidas; a maior parte da população do mundo encontra-se em condição em que sua sobrevivência não está minimamente garantida; estas pessoas não podem ser pessimistas. Estas pessoas têm que sair à rua e lutar, encontrar formas de garantir sua sobrevivência e de sua família, não podem ficar paralisadas, são ativistas. O problema é que não são ativistas políticos em nosso sentido, são ativistas da vida. O que necessitamos é transformar esse ativismo da vida em ativismo político, por isso trabalho muito com os movimentos sociais e com as pessoas que estão nessas situações difíceis.
Graças à minha atividade acadêmica e à minha trajetória eu as conheço bem, por compartilhar muitas lutas com elas.
Por essa razão, eu posso dizer que me anima o fato de que estes setores sociais não podem ser passivos, eles têm que ter esperança. Temos que construir cotidianamente a possibilidade de uma nova sociedade, é isso que me dá a ideia do otimismo trágico; ou seja, a ideia de que existe uma alternativa, mas também muitas dificuldades. A tragédia é essa, que há muitas dificuldades que não podemos minimizar, porém temos que saber que nem tudo está perdido, como dizia a grande cantora argentina Mercedes Sosa. Quando pensamos que estamos no fim da política, que não existe ativismo e que o neoliberalismo dominou tudo, surgem os “Indignados”, os “Ocupa”, a Primavera Árabe que derruba os ditadores, então na sociedade sempre existem as emergências, o que chamo de sociologia das emergências.
O novo projeto de pesquisa que estou iniciando busca analisar as emergências para torná-las conhecidas, porque o problema é que muitas maravilhosas lutas não são conhecidas, de pessoas que resolveram o problema da água, da propriedade, da cidadania, na comunidade da Índia, da África do Sul e de outros países. No mundo as pessoas seguem com esperança, buscando soluções, porque não possuem alternativas, vivem uma situação demasiadamente cruel e vergonhosa, por isso não podem cruzar os braços. Um intelectual militante como eu me considero, não um teórico de vanguarda porque não sou e nem quero ser, mas sim de retaguarda, no sentido de apoiar estes movimentos, tem que teorizar a esperança em condições difíceis, é claro, gerando um respeito pelas pessoas.
Nós temos uma cultura nos partidos de esquerda segundo a qual a massa que não está organizada é massa de manobra, portanto pensamos por ela e por isso vamos com frases e slogans para comandá-la. Não, isso não é assim, hoje as pessoas que se mobilizam é porque possuem suas razões, estão mais preparadas. Pode-se observar isto em países muito controversos como a Venezuela, em que as pessoas adquiriram uma cultura política muito interessante, que podem estar com Chávez ou contra Chávez, mas estão muito mais conscientes das condições, do que deveria ser e o que é, e muito mais exigentes, não podem ser manipuladas por ideias abstratas que não lhes dizem nada sobre suas vidas cotidianas. Esse é o respeito pelas pessoas que a esquerda deve ter no futuro imediato.
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