segunda-feira, 20 de agosto de 2012

POLÍTICA - Eleições RJ: A rejeição aos Maia.



A pesquisa eleitoral do Rio e a alta rejeição aos Maias



A segunda pesquisa do Ibope para a Prefeitura do Rio mostrou uma forte tendência do eleitorado, e não falo da provável vitória do prefeito Eduardo Paes ou da subida de Freixo, mas da alta rejeição ao candidato Rodrigo Maia, do DEM. 32% dos entrevistados dizem que não votariam nele de jeito algum. 

Por Marcos Pereira*


Os 32% dão ao candidato Rodrigo Maia o título de campeão de rejeição entre todos os candidatos à Prefeitura do Rio. Na primeira pesquisa, Maia tinha 26% de rejeição. Esse crescimento, se bem analisado, não é de todo surpreendente. Rodrigo Maia sempre esteve à sombra do pai – e essa ligação de sangue terá outras consequências que veremos mais à frente – e se tornou deputado federal com a ajuda do ex-prefeito. 

Maia, o filho, se elegeu com 86.162 votos em 2010, aliás, votação muito menor do que recebeu em 2006, quando ficou com 235.111 votos. Mesmo assim se tornou um dos líderes da oposição ao governo Lula, que com alta popularidade jogou para o escanteio as vozes ferozes dos oposicionistas. Em 2007, foi eleito presidente do DEM, partido criado para dar lugar ao PFL. O objetivo era descolar a imagem da nova legenda do passado ligado à ditadura militar e ao conservadorismo, alavancando jovens lideranças políticas, como Rodrigo Maia. Entretanto, o barco continuou afundando, o DEM se manteve na crise e Rodrigo teve que deixar a presidência do partido diante das pressões de outras lideranças políticas que ameaçavam debandar. O DEM hoje cogita até se fundir com outra legenda.

Rodrigo Maia amarga, atualmente, a terceira colocação na eleição, com apenas 5% das intenções de voto, o mesmo índice registrado na primeira pesquisa do Ibope. Seu partido conseguiu apenas a aliança com o PR de Garotinho, que indicou a filha para ser vice na chapa. Pior para ela que, com muito mais carisma e mais articulada, poderia fazer um papel melhor nesta eleição. Rodrigo, típico jovem da Zona Sul, não passa confiança na hora de falar das propostas para a cidade, parece que nunca saiu das areias do Leblon e mal deve saber onde ficam os bairros mais distantes, como Bangu ou Campo Grande. 

Herança maldita
Mas o que mais parece atrapalhar Rodrigo é justamente o sobrenome Maia. O ex-prefeito Cesar Maia, seu pai, depois de dominar a cena política carioca durante anos, teve o último mandato carregado por fortes críticas. A cidade do Rio não acompanhou o vento das mudanças que se espalharam pelo Brasil a partir de 2002, com a eleição de Lula. Com Cesar na prefeitura e a família Garotinho no governo do estado, as esferas municipal, estadual e federal não se falavam e isso só prejudicou a população do Rio de Janeiro. Até mesmo o Pan-Americano acabou sofrendo com essa rixa.

As críticas a Cesar Maia cresceram ainda mais depois das descobertas sobre os gastos da Cidade da Música, menina dos olhos do então prefeito. Duas CPIs foram feitas para investigar os valores empregados na obra, que estava orçada inicialmente em 84 milhões, mas que já consumiu mais de meio bilhão de reais, sem que esteja concluída. 

Parte deste desgaste do ex-prefeito, que viu sua fama de bom administrador ruir, se deve ao que foi apurado pelas CPIs. O vereador do PCdoB-Rio, Roberto Monteiro, foi escolhido para presidir a segunda CPI e, em seu relatório final, mostrou o envolvimento de Cesar Maia e outras autoridades municipais em diversas irregularidades administrativas. O Ministério Público acatou a denúncia e está processando o ex-prefeito com base no relatório da CPI. (A primeira CPI, proposta por Roberto, não teve relatório final aprovado por conta da pressão da base apoio a Cesar Maia, que dominava a Câmara na época).

Em 2012, Cesar Maia, após as últimas derrotas eleitorais, principalmente na eleição para o Senado Federal em 2010, quando perdeu para os dois candidatos apoiados por Lula, tenta se eleger para a Câmara Municipal. A expectativa é de que receba uma grande votação, afinal foi por três vezes prefeito da cidade, já concorreu ao cargo de governador e ao Senado. Porém, após tanto prestígio, os votos que deve conquistar podem ficar muito aquém de quem outrora dominou a cena política carioca. Seu slogan desse ano é “Esse cara é bom”. O problema para Cesar Maia é que cada vez menos cariocas concordam com isso.

*Jornalista e membro do Comitê Estadual do PCdoB-RJ

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