domingo, 23 de dezembro de 2012

POLÍTICA - "Ele não vai fazer, ia rasgar a Constituição"


Zé Dirceu
José Dirceu

"Ele não vai fazer, ia rasgar a Constituição"


O ex-ministro José Dirceu intuiu que não seria preso por determinação de Joaquim Barbosa, mas se levantou às 5h30 para aguardar a chegada da polícia. Saiba como foram as horas mais tensas de sua vida, em que ele disse ter perdido seus melhores anos na luta contra o processo, quando, "mais maduro", poderia estar servindo ao País.


Eram 5h30 da madrugada da sexta-feira (21), quando o ex-ministro José Dirceu permitiu que a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, subisse em seu apartamento, na Vila Mariana, em São Paulo. Não concedeu uma entrevista, mas não impediu que ela relatasse o que viu e ouviu nas horas mais tensas de sua vida. O relato foi publicado no jornalão paulistano este sábado (22).

Dirceu se aprontou para o pior, na companhia dos advogados José Luiz de Oliveira Lima e Rodrigo Dall'acqua, mas intuiu que não seria preso por Joaquim Barbosa – o que de fato ocorreu. "Ele não vai fazer. Estaria rasgando a Constituição". De todo modo, achou uma mochila para que, depois da eventual prisão, Oliveira Lima levasse suas roupas ao presídio. "Ele vai ser minha babá", brincou.

Dirceu deixou escapar o presídio onde gostaria – se é que é possível usar esta palavra – ser preso. Digamos, preferiria. "Se eu for para Tremembé 2, dá para trabalhar". A penitenciária, na região de Taubaté, é uma das melhores do País. Ele também deixou escapar que melhorar o sistema penitenciário nunca foi prioridade de nenhum governo – nem mesmo do PT.

Sobre eventual abatimento, ele não descartou a possibilidade de se deprimir. "Eu não sou uma pessoa de me abater. Eu não costumo ter depressão. Mas a gente nunca sabe o que vai acontecer. Uma coisa é falar daqui de fora, né? A outra é quando eu estiver lá dentro. Eu posso ter algum tipo de abatimento, sim, de desânimo. Tudo vai depender das condições da prisão. Às vezes elas são muito ruins, isso pode te abater muito", afirmou. "Eu perdi os melhores anos da minha vida nesses últimos sete anos [em que teve que se defender das acusações de chefiar a quadrilha do mensalão]. Os anos em que eu estava mais maduro, em que eu poderia servir ao país", disse.

Sua pena, de dez anos e dez meses de prisão, pode acarretar 33 meses de detenção em regime fechado e semi-aberto. Enquanto Dirceu desabafava, seus advogados navegavam vários sites na internet, à procura de notícias sobre a decisão de Joaquim Barbosa. E Dirceu continuava fazendo planos políticos. Falava numa grande manifestação em fevereiro, que organizaria com o ex-presidente Lula e com o presidente do PT, Rui Falcão. "Nem todos se dão conta da disputa política em curso", afirmou. "É preciso dar uma demonstração de força".

Um dos erros do PT, na sua avaliação, foi não forjar a criação de uma cultura de esquerda no País. Ele afirma que muitos ingressaram na classe média, as condições de vida melhoraram, mas estão sendo cooptados por valores conservadores.

Às 13h30, quando soube que não seria preso, fez as malas e foi para Passa Quatro, no interior de Minas Gerais, passar o Natal com sua mãe.

Com informações do portal 247

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