Quão séria é a ameaça terrorista que justifica o monitoramento de americanos por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês)? Edward Snowden, delator do programa de vigilância da NSA, não aborda essa questão; o seu argumento é o de que o povo americano deveria ter a informação que precisa para decidir se a ameaça justifica o monitoramento. Mattey Yglesias, jornalista especializado em economia política, acha que a ameaça não é tão grave e também que os esforços de contraterrorismo, incluindo o monitoramento e os sistemas de segurança dos aeroportos, deveriam estar sujeitos a análises de custo-benefício.
Já Stephen Walt, professor de Relações Internacionais da Universidade de Harvard, concorda que o terrorismo simplesmente não é o tipo de perigo que merece o nível de resposta que os EUA vêm dedicando à questão. A não ser que os terroristas adquiram armas nucleares, ele afirma, eles não podem realmente causar muitos danos aos EUA.
Ambos estão certos: o terrorismo convencional não representa uma ameaça importante aos EUA ou aos seus cidadãos. Embora não seja este realmente o objetivo da tática. O terrorismo é basicamente uma estratégia de comunicação política. A principal ameaça que ele oferece não é contra as vidas de cidadãos americanos, mas sim à direção da política americana e das perspectivas eleitorais dos políticos americanos. Um ataque de grande porte nos EUA perpetrado por um grupo terrorista jihadista em 2012 teria provocado poucos danos aos Estados Unidos, mas poderia ter representado um problema sério para a campanha de reeleição de Barack Obama. Para o presidente a guerra ao terror é o que a Guerra do Vietnã foi para Lyndon Johnson: uma enorme e trágica distração que deve dar às pessoas a impressão de que ele está sendo vitorioso, caso a pauta doméstica que realmente lhe interessa (saúde, reforma financeira, mitigação da mudança climática, reforma da imigração, controle de armas, desigualdade) saia dos trilhos. Não surpreende que ele tenha dado ao aparelho de monitoramento tudo o que este disse que precisava para evitar um ataque terrorista.
Para Obama, este é um jogo impossível de ser vencido. A única coisa pior do que deixar de antecipar um ataque terrorista porque um programa de monitoramento da NSA foi bloqueado seria um vazamento a respeito de um ataque terrorista que não foi evitado devido à suspensão de um programa de monitoramento. Agora, após ter concedido à NSA o que ela disse que precisava para impedir surpresas desagradáveis, ele se vê em uma situação em que tem que lidar com uma surpresa desagradável diferente: vazamentos a respeito dos programas da NSA em si. E essa surpresa fez com que as chances de realizar qualquer coisa nas áreas que realmente importam a Obama – saúde, mudança climática, reforma da imigração, desigualdade – ficassem mais remotas do que nunca.
Texto da revista Economist editado para o Opinião e Notícia
Tradução: Eduardo Sá
Ambos estão certos: o terrorismo convencional não representa uma ameaça importante aos EUA ou aos seus cidadãos. Embora não seja este realmente o objetivo da tática. O terrorismo é basicamente uma estratégia de comunicação política. A principal ameaça que ele oferece não é contra as vidas de cidadãos americanos, mas sim à direção da política americana e das perspectivas eleitorais dos políticos americanos. Um ataque de grande porte nos EUA perpetrado por um grupo terrorista jihadista em 2012 teria provocado poucos danos aos Estados Unidos, mas poderia ter representado um problema sério para a campanha de reeleição de Barack Obama. Para o presidente a guerra ao terror é o que a Guerra do Vietnã foi para Lyndon Johnson: uma enorme e trágica distração que deve dar às pessoas a impressão de que ele está sendo vitorioso, caso a pauta doméstica que realmente lhe interessa (saúde, reforma financeira, mitigação da mudança climática, reforma da imigração, controle de armas, desigualdade) saia dos trilhos. Não surpreende que ele tenha dado ao aparelho de monitoramento tudo o que este disse que precisava para evitar um ataque terrorista.
Para Obama, este é um jogo impossível de ser vencido. A única coisa pior do que deixar de antecipar um ataque terrorista porque um programa de monitoramento da NSA foi bloqueado seria um vazamento a respeito de um ataque terrorista que não foi evitado devido à suspensão de um programa de monitoramento. Agora, após ter concedido à NSA o que ela disse que precisava para impedir surpresas desagradáveis, ele se vê em uma situação em que tem que lidar com uma surpresa desagradável diferente: vazamentos a respeito dos programas da NSA em si. E essa surpresa fez com que as chances de realizar qualquer coisa nas áreas que realmente importam a Obama – saúde, mudança climática, reforma da imigração, desigualdade – ficassem mais remotas do que nunca.
Texto da revista Economist editado para o Opinião e Notícia
Tradução: Eduardo Sá
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