Marina e suas palestras milionárias
Por Paulo Nogueira, no blog Diário
do Centro do Mundo:
Marina parece Pepe Mujica, pela aparente simplicidade e despojamento, mas
não é.
Isso fica claro com a revelação hoje, pela Folha, de que ela ganhou 1,6 milhão de reais com palestras apenas nos três últimos anos.
Alguém imagina Mujica fazendo isso?
Não há nada de ilegal nisso. Mas as palestras milionárias como as de Marina ficam a um passo do limite da indecência.
Ganhar 30 000, 40 000, 50 000 numa hora para palestras pagas por empresas interessadas em agradar o palestrante?
É uma questão ética de extrema complexidade.
Marina não está inovando nisso. Recentemente, Joaquim Barbosa anunciou que sua próxima atividade serão palestras.
Alguns degraus acima, FHC e Lula, tão diferentes em tantas coisas, se igualaram na celeridade com que, deixada a presidência, começaram a fazer palestras.
FHC e Lula são estrelas do circuito internacional de palestras, que paga supercachês em dólares.
Uma hora pode valer 100 mil dólares ou mais.
É um mercado para ex-presidentes. Nos Estados Unidos, Reagan levou essa atividade aos céus. Clinton e Bush seguiram o mesmo caminho.
Na Inglaterra, Tony Blair fez o mesmo depois que deixou de ser premiê. Com frequência a mídia inglesa publica matérias em que “denuncia” a fortuna levantada por Blair com suas palestras.
Antes de Blair, Thatcher se lançou no circuito, mas não teve muito tempo para ganhar quanto pretendia porque um problema mental logo se manifestou nela quando foi apeada do poder.
FHC aprendeu tanto sobre viagens, quando virou palestrante profissional, que comprou uma vistosa mala vermelha para não se confundir na esteira nos desembarques.
Uma palestra internacional rende, para um ex-presidente, mais que ele ganhou por um ano de trabalho.
Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco a presidência vai ser uma escala para o mundo das palestras internacionais.
A ganância, mais que a vaidade, é o pecado favorito do diabo.
Necessidade, a rigor, você não tem ao sair do poder.
Ex-presidentes têm boas pensões.
Nos Estados Unidos, as pensões presidenciais foram estabelecidas na década de 1950 por razões práticas.
O ex-presidente Harry Truman, ao deixar a Casa Branca, não tinha dinheiro. Estava quebrado.
Hoje, ex-presidentes americanos recebem cerca de 200 000 dólares por ano de pensão, fora outros benefícios como um bom sistema de saúde.
A imprensa brasileira jamais fez uma investigação aprofundada sobre o mundo das palestras por uma razão: muitos jornalistas são palestrantes.
Na Globo, colunistas como Merval, Míriam Leitão e Jabor estão entre os palestrantes mais bem pagos do país.
A Folha proíbe seus jornalistas de fazer isso, e está correta, mas a Globo não.
A Globo tira proveito disso para pagar salários baixos. Fica subentendido que a empresa fornece a vitrine de que seus jornalistas precisam para fazer palestras.
Na dramaturgia, há uma situação parecida. Fernanda Montenegro certa vez disse que a Globo pagava pouco para seus atores porque sabia que eles precisavam dela para receber cachês milionários em publicidade.
Marina, repito, não é Mujica.
Mas quem é no Brasil?
Isso fica claro com a revelação hoje, pela Folha, de que ela ganhou 1,6 milhão de reais com palestras apenas nos três últimos anos.
Alguém imagina Mujica fazendo isso?
Não há nada de ilegal nisso. Mas as palestras milionárias como as de Marina ficam a um passo do limite da indecência.
Ganhar 30 000, 40 000, 50 000 numa hora para palestras pagas por empresas interessadas em agradar o palestrante?
É uma questão ética de extrema complexidade.
Marina não está inovando nisso. Recentemente, Joaquim Barbosa anunciou que sua próxima atividade serão palestras.
Alguns degraus acima, FHC e Lula, tão diferentes em tantas coisas, se igualaram na celeridade com que, deixada a presidência, começaram a fazer palestras.
FHC e Lula são estrelas do circuito internacional de palestras, que paga supercachês em dólares.
Uma hora pode valer 100 mil dólares ou mais.
É um mercado para ex-presidentes. Nos Estados Unidos, Reagan levou essa atividade aos céus. Clinton e Bush seguiram o mesmo caminho.
Na Inglaterra, Tony Blair fez o mesmo depois que deixou de ser premiê. Com frequência a mídia inglesa publica matérias em que “denuncia” a fortuna levantada por Blair com suas palestras.
Antes de Blair, Thatcher se lançou no circuito, mas não teve muito tempo para ganhar quanto pretendia porque um problema mental logo se manifestou nela quando foi apeada do poder.
FHC aprendeu tanto sobre viagens, quando virou palestrante profissional, que comprou uma vistosa mala vermelha para não se confundir na esteira nos desembarques.
Uma palestra internacional rende, para um ex-presidente, mais que ele ganhou por um ano de trabalho.
Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco a presidência vai ser uma escala para o mundo das palestras internacionais.
A ganância, mais que a vaidade, é o pecado favorito do diabo.
Necessidade, a rigor, você não tem ao sair do poder.
Ex-presidentes têm boas pensões.
Nos Estados Unidos, as pensões presidenciais foram estabelecidas na década de 1950 por razões práticas.
O ex-presidente Harry Truman, ao deixar a Casa Branca, não tinha dinheiro. Estava quebrado.
Hoje, ex-presidentes americanos recebem cerca de 200 000 dólares por ano de pensão, fora outros benefícios como um bom sistema de saúde.
A imprensa brasileira jamais fez uma investigação aprofundada sobre o mundo das palestras por uma razão: muitos jornalistas são palestrantes.
Na Globo, colunistas como Merval, Míriam Leitão e Jabor estão entre os palestrantes mais bem pagos do país.
A Folha proíbe seus jornalistas de fazer isso, e está correta, mas a Globo não.
A Globo tira proveito disso para pagar salários baixos. Fica subentendido que a empresa fornece a vitrine de que seus jornalistas precisam para fazer palestras.
Na dramaturgia, há uma situação parecida. Fernanda Montenegro certa vez disse que a Globo pagava pouco para seus atores porque sabia que eles precisavam dela para receber cachês milionários em publicidade.
Marina, repito, não é Mujica.
Mas quem é no Brasil?
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