Malafaia esqueceu de enquadrar Marina sobre regulamentação do aborto no SUS


Jornal GGN – O pastor Silas Malafaia – e toda a comunidade conservadora favorável à proibição do aborto no Brasil – esqueceu de enquadrar a candidata Marina Silva (PSB) sobre sua proposta de consolidar o procedimento de interrupção da gravidez no SUS (Sistema Único de Saúde), em atendimento à legislação vigente.
Em maio, o Ministério da Saúde, capitaneado por Arthur Chioro, tentou tirar a iniciativa do papel, mas foi influenciado pela movimentação da bancada evangélica no Congresso, que classificou a medida como um crime a ser praticado por médicos da rede pública de saúde.
A portaria 415/2014 acabou sendo revogada por Chioro sob a justificativa de que passaria por uma revisão. Ela regulamentava a realização do aborto em hospitais do SUS em casos de estupro, má formação do feto ou riscos à vida da gestante, reembolsando os hospitais em R$ 443,30 por cada procedimento.
Para os parlamentares conversadores contrários à Portaria, o texto abria “brechas para a interrupção da gravidez em qualquer situação, pois não requeria documentos que compravassem o direito ao aborto”. A proposta agora está no capítulo de políticas para mulheres do PSB.
O debate sobre o aborto gerou polêmicas nas eleições de 2010, quando Marina angariou quase 20 milhões de votos. Na época, a presidente Dilma Rousseff (PT) teve de dar diversas explicações sobre o tema, inclusive com apoio da Igreja Católica, para não passar por “defensora” da interrupção da gravidez.
Esse ano, os candidatos continuam evitando debater a descriminalização do aborto. Apenas Eduardo Jorge, postulante do PV, defende claramente que dogmas religiosos sejam deixados de lado em benefício de centenas de milhares de mulheres que morrem anualmente em hospitais clandestinos.