"A história
registrará essa farsa (do impeachment) como um golpe contra a soberania
popular. A história é implacável ao julgar conspiradores, golpistas e
traidores do povo", afirma a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP);
de acordo com a parlamentar, "o povo brasileiro está de luto pelo
atentado à democracia"; leia a carta na íntegra
31 de Agosto de 2016 às 16:38 // Receba o 247 no Telegram
SP 247 -
"A história registrará essa farsa (do impeachment) como um golpe contra a
soberania popular. A história é implacável ao julgar conspiradores,
golpistas e traidores do povo", afirma a deputada federal Luiza Erundina
(Psol-SP), em uma carta em apoio a Dilma Rousseff e contra o processo
de impeachment. "O povo brasileiro está de luto pelo atentado à
democracia", diz a deputada.
Na carta, Erundina afirmou
que o impeachment foi consequência "de chantagem do deputado afastado da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, (PMDB-RJ) e acordos com setores
conservadores, políticos preocupados com os avanços das investigações de
corrupção, o processo de impeachment revelou o que há de pior na
política brasileira".
"Ausência de preocupação
com a democracia, apropriação da coisa pública em prol de interesses
privados e desrespeito pelas instituições são alguns dos exemplos",
disse.
De acordo com a
parlamentar, "um pacote neoliberal em benefício da elite política e
econômica do país será colocado em prática. Os direitos de trabalhadores
já estão sob risco". "Mulheres, LGBTs, negros, indígenas estão sob
ataques e assistem a tentativas de impor retrocessos em poucas
conquistas alcançadas. A democracia precisa ser defendida com mais e
mais afinco. Os golpistas não merecem trégua. Que o nosso luto se
transforme em luta!"
Leia o texto na íntegra:
O povo brasileiro está de
luto pelo atentado à democracia e inominável injustiça contra a primeira
mulher presidenta da República, Dilma Rousseff, eleita democraticamente
pelo povo brasileiro nas eleições presidenciais de 2014. A história
registrará essa farsa como um golpe contra a soberania popular. A
história é implacável ao julgar conspiradores, golpistas e traidores do
povo.
Neste
31 de agosto de 2016, o Brasil está diante de um golpe de Estado. Neste
dia, 61 senadores votaram pelo afastamento da presidenta Dilma
Rousseff, escolhida por 54 milhões de brasileiros, consolidando um
processo articulado há meses, com facetas parlamentar, jurídica,
midiática.
O
país assistiu a um julgamento cuja sentença estava dada antes do seu
início. A sessão deixou ainda mais clara a fragilidade das acusações,
com evocações a Deus e ao “conjunto da obra” do governo Dilma. A defesa
apresentou e repetiu exaustivamente explicações. Por mais críticas que a
gestão de Dilma Rousseff merecesse, não vimos comprovação de crime de
responsabilidade que justificasse o afastamento.
Fruto
de chantagem do deputado afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha, (PMDB-RJ) e acordos com setores conservadores, políticos
preocupados com os avanços das investigações de corrupção, o processo de
impeachment revelou o que há de pior na política brasileira. Ausência
de preocupação com a democracia, apropriação da coisa pública em prol de
interesses privados e desrespeito pelas instituições são alguns dos
exemplos.
Os
resultados já são sentidos desde que Michel Temer assumiu interinamente
a presidência da República, há 110 dias. Temer nomeou um ministério
completamente masculino, branco, com várias denúncias de corrupção. O
SUS não tem a defesa do ministro da Saúde, que é ligado aos planos de
saúde. O ministro da Justiça disse que precisamos de menos pesquisas em
segurança pública e de mais equipamentos bélicos. Houve intervenção na
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), desmonte do Ministério da Cultura,
corte de verbas das universidades federais, descontinuidade do programa
de erradicação do analfabetismo.
É
apenas o início de um ciclo que nos exige resistência, força,
resiliência. Um pacote neoliberal em benefício da elite política e
econômica do país será colocado em prática. Os direitos de trabalhadores
já estão sob risco. Mulheres, LGBTs, negros, indígenas estão sob
ataques e assistem a tentativas de impor retrocessos em poucas
conquistas alcançadas. A democracia precisa ser defendida com mais e
mais afinco. Os golpistas não merecem trégua. Que o nosso luto se
transforme em luta!
E Dilma, nós, mulheres,
somos solidárias a você, renovando nosso compromisso de luta pelos
nossos direitos e pelo pleno exercício da cidadania política e pela
democracia no Brasil.
Luiza Erundina de Sousa
Deputada federal (PSOL-SP)
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