Do blog Pragmatismo Político.
Pai pede desculpas à filha por não saber escrever e recebe resposta comovente
A publicação de uma estudante da UFRJ viralizou após a jovem desabafar sobre um tema bastante presente na sociedade brasileira, porém pouco discutido: o preconceito linguístico
A
universitária Micarla Lins, que mora no Rio de Janeiro, publicou uma
conversa que teve com o pai, Pedro Rodrigues Lins, por meio de um chat e
causou comoção e reflexão na internet.
No trecho em destaque, o pai pede desculpas à filha
por não saber escrever e diz que a ama verdadeiramente: “Nuca eu vo
juga voce pro que eu te amo vedaderaneti voce sadi. Decupa pro nao sabe
esr”. Ao que ela responde: “Eu amo você. E você não precisa saber
escrever pra eu te amar”.
No texto, a estudante da UFRJ compartilhou a sua
emoção de ter recebido a primeira demonstração de carinho por escrito do
seu pai, que não tem o domínio completo da escrita. Ela acredita que
“saber escrever não é direito, mas privilégio.”
“Eu realmente não fazia ideia da repercussão que
isso ia tomar. Foi um desabafo que no final das contas virou uma linda
troca. Uma troca de histórias, de conhecimentos e de coisas incríveis
que estou recebendo por mensagem de pessoas do Brasil inteiro. Muita
gente contando como o meu texto fez mudar de opinião ou se policiar e
até mesmo pedir desculpas por já ter cometido esse preconceito
linguístico. Para mim está sendo recompensador estar fazendo tão bem a
tanta gente”, disse a jovem ao HuffPost Brasil.
Ao portal da RedeTV!, Micarla acrescentou:
“Meu pai está muito feliz, disse que ganhou muitos novos amigos no
Facebook, e está especialmente feliz também por todo carinho que está
recebendo”.
Trajetória
A trajetória de Micarla e sua família começa no
Recife, onde ela nasceu, e seguiu até o Rio de Janeiro, onde a estudante
morou até completar 14 anos. De lá, a família viu-se obrigada a
mudar-se para São Paulo, a fim de conseguir tratamento para um grave
problema de saúde do pai. “Meus pais andaram bastante o mundo”, comenta
ela.
Enquanto os pais ficaram em Jundiaí, Micarla voltou
ao Rio para estudar e, por consequência, acabar narrando em um post
simples uma parte da história da família da qual ela diz ter muito
orgulho. “Sempre me orgulhei muito da criação que tive. Mesmo meus pais
não tendo muita instrução, sempre prezaram muito que eu estudasse, porém
eles jamais almejaram que eu cursasse uma universidade, [pois] pra eles
era essencial que eu apenas me formasse. Sou a única das três filhas
que tô tendo o privilégio de cursar uma universidade federal”.
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