Derrota nas eleições é continuidade de roteiro golpista, mas
Eduardo Maretti - Rede Brasil Atual
São Paulo – “A realidade mostra que ou a esquerda brasileira faz uma política de frente ou ela se suicidará.” A opinião é do cientista político Roberto Amaral, ex-presidente histórico do PSB, diante da clara percepção de que a derrota da esquerda nas eleições municipais foi considerável. O resultado de São Paulo, onde João Doria (PSDB) venceu sem precisar de segundo turno, é emblemático.
“A esquerda precisa se sentar e fazer uma avaliação desse pleito. Por exemplo, o papel de Luciana Genro (Psol) em Porto Alegre. Não se elegeu, não foi ao segundo turno, não fez grande campanha, mas (com seus votos) tirou Raul Pont (PT) do segundo turno”, avalia. Essa avaliação não se aplica a São Paulo, onde alguns setores progressistas defenderam uma aliança entre o prefeito Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (Psol) ainda no primeiro turno.
“A Erundina teve 4% dos votos em São Paulo. A Luciana Genro teve 12% em Porto Alegre”, lembra Amaral, coordenador da Frente Brasil Popular (FBP). Pont (com 117.225 votos) e Luciana (86.352) tiveram juntos mais de 203 mil votos, enquanto o segundo colocado na eleição, Sebastião Melo (PMDB), obteve pouco mais de 185 mil.
A derrota de Haddad, sobretudo, foi a mais emblemática. “Houve um refluxo, uma queda, uma inflexão eleitoral do PT no plano nacional, mas, especialmente, em São Paulo. Além da derrota ser dura numericamente, ela é acachapante na cidade. É um fato inédito, sem precedentes.”
Amaral soma a São Paulo “o péssimo desempenho (da esquerda) em Minas Gerais”, onde o candidato do senador Aécio Neves, João Leite (PSDB), foi ao segundo turno liderando a disputa. "Trocando em miúdos, tivemos dois vencedores. Alckmin, o grande vencedor nacionalmente, dentro do PSDB, onde ele derrota (José) Serra, e Aécio, em Belo Horizonte.”
Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares e também da FBP, concorda com Roberto Amaral sobre a necessidade de uma atuação da esquerda em frente. “Temos que fazer uma política de frente não só no sentido partidário, mas envolvendo os movimentos sociais. O desafio é que, para além da disputa eleitoral, temos que fazer a disputa de hegemonia na sociedade. A esquerda, e o PT especialmente, têm que fazer um balanço muito real de uma política de alianças dos últimos 13 anos. Vimos por exemplo que os partidos que estavam coligados com o PT, quando viram que a mídia e a direita desencadearam um processo de ataque, saíram fora. O PT ficou quase sem alianças nas capitais e cidades médias. Precisamos fazer um balanço profundo, para iniciar um novo ciclo de construção da esquerda”, diz Raimundo.
Mas essa autocrítica, destaca o dirigente, não pode ocultar o fato de que o resultado das eleições municipais deste domingo (2) é também “uma continuidade do roteiro traçado pela direita: golpe midiático, jurídico empresarial e também eleitoral”. Para Raimundo, o desgaste da esquerda e do PT vinha sendo preparado, em relação ao país inteiro, desde 2005, com o “mensalão” e passando pelo processo de impeachment Dilma Rousseff.
Mas é fato que a esquerda precisa avaliar os erros que cometeu no processo. “Afastar-se das bases, dos movimentos sociais, não ter feito as reformas necessárias, como a política, foram alguns”, afirma Raimundo. “Ter acreditado só na figura de Lula também, embora ele seja o maior líder popular do país e da América Latina. Mas é muito mais fácil você descaracterizar e fazer o linchamento de uma figura do ponto de vista individual do que desmontar um processo coletivo e enraizamento social.”
Apesar de tudo, Roberto Amaral cita pontos positivos nas eleições. A ida de Marcelo Freixo (Psol) contra Marcelo Crivella (PRB) ao segundo turno no Rio de Janeiro. “No Rio, houve uma frente que não conseguimos fazer em termos de partido, mas o eleitorado fez. Foi a política de frente que levou Freixo ao segundo turno.”
Amaral destaca ainda a eleição em Recife, onde João Paulo (PT) disputa o segundo turno com Geraldo Julio (PSB), e Aracaju, capital onde a disputa será entre Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Valadares Filho (PSB).
Raimundo Bonfim lembra outros resultados positivos: a ida de Edmilson Rodrigues (Psol) em Belém ao segundo turno, contra Zenaldo Coutinho, do PSDB, e a vitória de Marcus Alexandre (PT) em Rio Branco, capital do Acre.
“A esquerda precisa se sentar e fazer uma avaliação desse pleito. Por exemplo, o papel de Luciana Genro (Psol) em Porto Alegre. Não se elegeu, não foi ao segundo turno, não fez grande campanha, mas (com seus votos) tirou Raul Pont (PT) do segundo turno”, avalia. Essa avaliação não se aplica a São Paulo, onde alguns setores progressistas defenderam uma aliança entre o prefeito Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (Psol) ainda no primeiro turno.
“A Erundina teve 4% dos votos em São Paulo. A Luciana Genro teve 12% em Porto Alegre”, lembra Amaral, coordenador da Frente Brasil Popular (FBP). Pont (com 117.225 votos) e Luciana (86.352) tiveram juntos mais de 203 mil votos, enquanto o segundo colocado na eleição, Sebastião Melo (PMDB), obteve pouco mais de 185 mil.
A derrota de Haddad, sobretudo, foi a mais emblemática. “Houve um refluxo, uma queda, uma inflexão eleitoral do PT no plano nacional, mas, especialmente, em São Paulo. Além da derrota ser dura numericamente, ela é acachapante na cidade. É um fato inédito, sem precedentes.”
Amaral soma a São Paulo “o péssimo desempenho (da esquerda) em Minas Gerais”, onde o candidato do senador Aécio Neves, João Leite (PSDB), foi ao segundo turno liderando a disputa. "Trocando em miúdos, tivemos dois vencedores. Alckmin, o grande vencedor nacionalmente, dentro do PSDB, onde ele derrota (José) Serra, e Aécio, em Belo Horizonte.”
Autocrítica
Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares e também da FBP, concorda com Roberto Amaral sobre a necessidade de uma atuação da esquerda em frente. “Temos que fazer uma política de frente não só no sentido partidário, mas envolvendo os movimentos sociais. O desafio é que, para além da disputa eleitoral, temos que fazer a disputa de hegemonia na sociedade. A esquerda, e o PT especialmente, têm que fazer um balanço muito real de uma política de alianças dos últimos 13 anos. Vimos por exemplo que os partidos que estavam coligados com o PT, quando viram que a mídia e a direita desencadearam um processo de ataque, saíram fora. O PT ficou quase sem alianças nas capitais e cidades médias. Precisamos fazer um balanço profundo, para iniciar um novo ciclo de construção da esquerda”, diz Raimundo.
Mas essa autocrítica, destaca o dirigente, não pode ocultar o fato de que o resultado das eleições municipais deste domingo (2) é também “uma continuidade do roteiro traçado pela direita: golpe midiático, jurídico empresarial e também eleitoral”. Para Raimundo, o desgaste da esquerda e do PT vinha sendo preparado, em relação ao país inteiro, desde 2005, com o “mensalão” e passando pelo processo de impeachment Dilma Rousseff.
Mas é fato que a esquerda precisa avaliar os erros que cometeu no processo. “Afastar-se das bases, dos movimentos sociais, não ter feito as reformas necessárias, como a política, foram alguns”, afirma Raimundo. “Ter acreditado só na figura de Lula também, embora ele seja o maior líder popular do país e da América Latina. Mas é muito mais fácil você descaracterizar e fazer o linchamento de uma figura do ponto de vista individual do que desmontar um processo coletivo e enraizamento social.”
Pontos positivos
Apesar de tudo, Roberto Amaral cita pontos positivos nas eleições. A ida de Marcelo Freixo (Psol) contra Marcelo Crivella (PRB) ao segundo turno no Rio de Janeiro. “No Rio, houve uma frente que não conseguimos fazer em termos de partido, mas o eleitorado fez. Foi a política de frente que levou Freixo ao segundo turno.”
Amaral destaca ainda a eleição em Recife, onde João Paulo (PT) disputa o segundo turno com Geraldo Julio (PSB), e Aracaju, capital onde a disputa será entre Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Valadares Filho (PSB).
Raimundo Bonfim lembra outros resultados positivos: a ida de Edmilson Rodrigues (Psol) em Belém ao segundo turno, contra Zenaldo Coutinho, do PSDB, e a vitória de Marcus Alexandre (PT) em Rio Branco, capital do Acre.
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