Estão aí as consequências da política entreguista da era FHC. Já na década de 60, Jango Goulart, no seu programa de governo, "Reformas de Base", estava incluido o controle das remessas de lucro. Por isso e outras medidas nacionalistas que queria implementar, foi derrubado do governo.
O mais grave é que essas elevadas remessas vão começar a corroer o balanço de transações correntes.
Democracia & Política
Terça-feira, 29 de Abril de 2008
POR QUE O ENVIO DE LUCROS PARA O EXTERIOR BATE RECORDES?
Os jornais de hoje estão transmitindo essa notícia deixando no leitor a impressão de que ela é conseqüência da política econômica do governo Lula.Precisamos relembrar quando o problema foi criado no Brasil. Em um certo momento da nossa história, o parque industrial brasileiro foi passado quase integralmente para a propriedade estrangeira. Ao final do governo PSDB/DEM-PFL/FHC, cerca de 70% das empresas “brasileiras” exportadoras já pertencia a estrangeiros. Eles, logicamente, passaram a remeter para suas matrizes os lucros aqui obtidos. Hoje, com a economia brasileira crescendo fortemente, a remessa de lucros para o exterior também cresce.Este blog já abordou esse problema no artigo de 26 de janeiro último de título “A transferência para estrangeiros da propriedade de empresas estratégicas”. Transcrevo a primeira parte daquela postagem: “O câncer de entregar (para estados ou empresas estrangeiras) as empresas brasileiras estratégicas não foi extirpado.Essa doença foi dolosamente inoculada no Brasil e em outros países especialmente na década de 90, disfarçada com eufemismos: "modernidade", nova ordem mundial", "globalização", “Consenso de Washington” etc.Aqui diziam que "deveríamos deixar de se proteger, de querer se industrializar e de se desenvolver tecnologicamente. Deveríamos passar a lutar no mercado liberalizado em igualdade de condições com as potências econômicas mundiais. Porque, assim, encontraríamos os nichos de oportunidade e o progresso que nos fosse possível na nova ordem internacional. A mágica do mercado solucionaria tudo sozinha, sem intervenção dos Estados". Haveria no Brasil, em conseqüência, segundo eles, "o violento e benéfico choque de competição com produtos importados dos países já desenvolvidos, mais competitivos". Omitiam que as grandes potências hoje são competitivas, desenvolvidas e ricas porque melhor protegeram suas indústrias e produtos; e ainda os amparam fortemente. A nossa imprensa nos diz o contrário, mas o Estado naqueles países é forte e intervencionista.A "modernidade" nos foi imposta, inclusive por meio dos diversos acordos com o FMI. Os poucos países que não obedeceram plenamente aquelas diretrizes tornaram-se os bem-sucedidos, especialmente a China, Índia, Coréia do Sul.Por absurdo, os mesmos brasileiros que contribuíram na década de 90 para o nosso distanciamento dessas novas potências emergentes, são os mesmos que hoje debocham e cobram do governo atual não termos os mesmos sucessos da China...O pior é que, apesar da quase falência que causou em muitos países (como Argentina e Brasil), a moléstia ainda persiste no Brasil, nas mentes e corações de muitos brasileiros, especialmente nos que se intitulam "elite conservadora" e na grande mídia que a apóia radicalmente. Em resumo, no nosso caso, qual a maldade que havia por trás daquelas imposições dos EUA, do FMI, do G-7?Ela nunca era explicitada. Contudo, era evidente que, entre os principais motivos, estava o seguinte: não queriam no Brasil o Estado empresário, ou forte e regulador que viesse a nos colocar em condições de competir com os ricos.Por quê? Porque o Estado forte em país pobre é o único com alguma dimensão econômica para fazer empresas brasileiras ao menos fortes o suficiente para competirem com as grandes empresas dos EUA e do Primeiro Mundo no mercado nacional e em nossos setores estratégicos ou altamente lucrativos.Assim, na década de 90, veio a ocorrer no Brasil o ápice da doença. A prioridade era vender, desestatizar e desnacionalizar. Prioritariamente, desnacionalizar as empresas estrategicamente mais importantes para o desenvolvimento nacional e as mais lucrativas, especialmente as que vendem em moeda forte (ex.: EMBRAER, Vale do Rio Doce, EMBRATEL).A muito estimulada e "arrojada" desnacionalização do parque industrial brasileiro e do setor público de serviços foi financiada com dinheiro nacional, em sua maior parte. Foram utilizados recursos públicos como os do BNDES, a serem pagos pelos compradores estrangeiros com juros baixos, suavemente, com fracas ou inócuas exigências de garantias.O pior de tudo até hoje é omitido. Muitas empresas não foram "privatizadas" como dizem. Elas foram REESTATIZADAS para empresas estatais estrangeiras! Os brasileiros não sabem, mas muitas das nossas empresas, a EMBRAER, por exemplo, no governo FHC praticamente passaram para o controle de Estado estrangeiro. Hoje, a propriedade da EMBRAER e de muitas outras, até mesmo a PETROBRAS, a VALE, está em mãos estrangeiras em boa parte!”Assim, como acima exposto no citado artigo deste blog, o parque industrial e exportador brasileiro passou para mãos estrangeiras. Essas mãos, naturalmente, passaram a remeter seus lucros para seus países.Como corrigir isso? É muito difícil em prazo curto. O mal já foi inoculado no Brasil como um câncer. As curas são longas e difíceis. Qualquer arremedo de “nacionalização” é intensamente criticado no exterior e no país pela imprensa defensora de grandes interesses econômicos externos, como ocorre na Venezuela e na Bolívia. O Brasil terá que encontrar suas próprias soluções mais palatáveis para o mundo capitalista.Vejamos a notícia publicada hoje pelo jornal Folha de São Paulo, em texto de Ney Hayashi da Cruz, da sucursal de Brasília:ENVIO DE LUCROS PARA O EXTERIOR ATINGE RECORDE “Com aumento de 39% nas remessas e queda do saldo comercial, contas externas têm pior resultado desde outubro de 98”.“Déficit nas transações correntes soma US$ 10,8 bi até março, próximo do saldo negativo de US$ 12 bi que o BC prevê para o ano todo”.“As remessas de lucros para o exterior voltaram a bater recorde no mês passado, chegando a US$ 4,345 bilhões e superando em 39% a marca anterior, que havia sido alcançada em dezembro do ano passado. Isso fez com que as contas externas do Brasil atingissem seu pior resultado em quase dez anos, segundo o Banco Central.(...) O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a volta do déficit nas contas externas já era esperada. "Os números mostram uma certa deterioração no resultado de transações correntes neste início de ano. É um quadro de menor saldo comercial e remessas de lucros bem mais elevadas", afirma.Para Lopes, o crescimento no envio de dividendos ao exterior não preocupa, pois indica que as empresas que atuam no Brasil estão tendo ganhos também elevados. "Se não estivessem tendo lucro, não iriam remeter [para fora do país]."
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
terça-feira, 29 de abril de 2008
BOLÍVIA - O racismo separatista.
Este artigo do Prof. Emir Sader foi copiado da Agência Carta Maior.
O racismo separatista
Uma das novas modalidades que o racismo assume hoje em dia é o separatismo, forma de tentar delimitar os territórios da raça branca, apropriando-se privadamente de riquezas que pertencem à nação e ao seu povo. Nós já conhecíamos essas tentativas na forma de bairros ricos que procuram constituir-se como prefeituras próprias, para que os impostos que são obrigados a pagar por uma parte —a parte que não podem sonegar— das suas imensas riquezas, fiquem ali, aumentando os benefícios dos seus bairros entrincheirados, dentro dos quais procuram isolar e defender —com segurança privada, é claro— suas formas privilegiadas de vida.Um fenômeno que inicialmente caracterizou cidades como Los Angeles e Miami, que agrupam em territórios comuns ou próximos setores muito ricos da população e outros muito pobres —com freqüência imigrantes—, foi se alastrando pela América Latina, conforme os estilos de vida miamescos e californianos das burguesias e classes médias altas do continente foram se espalhando. São reiteradas as tentativas, por exemplo, de bairros da Barra da Tijuca (que já foi caracterizada como “A Miami da América do Sul”) para conseguir aprovar, por meio de referendos, a separação das suas zonas residenciais da cidade do Rio de Janeiro. Fracassaram sistematicamente, seja porque domingos de sol dificultam o quorum necessário para que a consulta tenha validade legal, seja porque os bairros pobres que estão em volta votam massivamente contra essas tentativas elitistas. Não há dúvida de que os moradores de bairros como Chacao, em Caracas, e outros redutos privilegiados de cidades latino-americanas alimentam sempre esse sonho racista e separatista.É uma postura típica do desenvolvimento desigual das nossas sociedades. Os preconceitos do sul do Brasil com respeito ao nordeste, da cidade de Buenos Aires com respeito aos “cabecitas negras” e “descamisados”, entre tantos outros, também se reproduz na Europa, e o exemplo recente disso é o enorme crescimento da Liga do Norte, partido neofascista italiano. Trata-se de uma nova expressão do preconceito do norte – tendo o progresso de cidades como Milão e outras da região – contra o sul da Itália, que é exatamente de onde vêm os trabalhadores que criam as riquezas dessa região – igual que nos casos citados do Brasil e da Argentina. É um preconceito de raça e de classe.É o mesmo que hoje afeta gravemente a Bolívia. As províncias da chamada Meia-Lua, com seu epicentro em Santa Cruza de la Sierra, tiveram derrotados seus governos, da ditadura de Hugo Banzer a todos os governos neoliberais que vieram depois e que concentraram como nunca a riqueza na Bolívia, acentuaram sua apropriação privada e sua desnacionalização. A queda de seu derradeiro governo, o de Sánchez de Losada – refugiado nos EUA, com demanda de extradição para a Bolívia para responder pelos assassinatos de centenas de bolivianos, na tentativa desesperada de continuar protegendo os interesses das elites de Santa Cruz e das províncias do leste do país – representou uma grande vitória do povo boliviano que, pela primeira vez em sua vida, elegeu um indígena como presidente do país. Um país no qual 62% da população se reivindica como indígena e que somente agora conseguiu eleger um presidente que defende os interesses da maioria do país.Mas a minoria continua dispondo de grande parte das riquezas do país e foi afetada pela nacionalização das riquezas naturais. Eles, que faziam com que a Bolívia pobre vendesse o gás a preço “solidário” para a Argentina e o Brasil, muito mais desenvolvidos, agora querem ficar com a grande fatia dos impostos que o governo de Evo Morales recuperou para o país, com a nacionalização. Querem, além disso, impedir que a reforma agrária se estenda por todo o país, buscando reservar para si o direito de dispor da concentração de terras em suas províncias, para continuar exportando soja transgênica e acumulando riquezas para eles e não para o país e o povo boliviano.Convocaram um referendo que tentava legalizar seu separatismo racista. Racista, porque sua imprensa monopólica não esconde seus preconceitos contra os indígenas, contra Evo Morales, não deixa de contrapor sua raça branca à da grande maioria do povo boliviano, que há séculos discriminam, oprimem, humilham. Mantiveram uma consulta que teve negado qualquer valor legal por parte da Justiça boliviana, que tem sido condenada por todo tipo de organismo internacional, pelos governos da região, pelas forças democráticas.É uma tentativa que, não por acidente, é apoiada pelo governo dos EUA e sua embaixada em La Paz, abertamente envolvida em tentativas de espionagem e financiamento do separatismo racista. Esse bloco de forças do separatismo racista tem que ser derrotado, para que o povo da Bolívia possa seguir adiante, construindo a mais avançada Constituição do continente — de corte plurinacional, pluriétnico, pluricultural. Para que os povos originários do continente possam afirmar sua soberania, para que os recursos naturais da Bolívia sejam explorados a favor do seu povo, para que a terra produza sadiamente os alimentos que a Bolívia precisa, para que o governo democrático e soberano de Evo Morales continue transformando a Bolívia em um país livre, à imagem e semelhança do seu povo.
O racismo separatista
Uma das novas modalidades que o racismo assume hoje em dia é o separatismo, forma de tentar delimitar os territórios da raça branca, apropriando-se privadamente de riquezas que pertencem à nação e ao seu povo. Nós já conhecíamos essas tentativas na forma de bairros ricos que procuram constituir-se como prefeituras próprias, para que os impostos que são obrigados a pagar por uma parte —a parte que não podem sonegar— das suas imensas riquezas, fiquem ali, aumentando os benefícios dos seus bairros entrincheirados, dentro dos quais procuram isolar e defender —com segurança privada, é claro— suas formas privilegiadas de vida.Um fenômeno que inicialmente caracterizou cidades como Los Angeles e Miami, que agrupam em territórios comuns ou próximos setores muito ricos da população e outros muito pobres —com freqüência imigrantes—, foi se alastrando pela América Latina, conforme os estilos de vida miamescos e californianos das burguesias e classes médias altas do continente foram se espalhando. São reiteradas as tentativas, por exemplo, de bairros da Barra da Tijuca (que já foi caracterizada como “A Miami da América do Sul”) para conseguir aprovar, por meio de referendos, a separação das suas zonas residenciais da cidade do Rio de Janeiro. Fracassaram sistematicamente, seja porque domingos de sol dificultam o quorum necessário para que a consulta tenha validade legal, seja porque os bairros pobres que estão em volta votam massivamente contra essas tentativas elitistas. Não há dúvida de que os moradores de bairros como Chacao, em Caracas, e outros redutos privilegiados de cidades latino-americanas alimentam sempre esse sonho racista e separatista.É uma postura típica do desenvolvimento desigual das nossas sociedades. Os preconceitos do sul do Brasil com respeito ao nordeste, da cidade de Buenos Aires com respeito aos “cabecitas negras” e “descamisados”, entre tantos outros, também se reproduz na Europa, e o exemplo recente disso é o enorme crescimento da Liga do Norte, partido neofascista italiano. Trata-se de uma nova expressão do preconceito do norte – tendo o progresso de cidades como Milão e outras da região – contra o sul da Itália, que é exatamente de onde vêm os trabalhadores que criam as riquezas dessa região – igual que nos casos citados do Brasil e da Argentina. É um preconceito de raça e de classe.É o mesmo que hoje afeta gravemente a Bolívia. As províncias da chamada Meia-Lua, com seu epicentro em Santa Cruza de la Sierra, tiveram derrotados seus governos, da ditadura de Hugo Banzer a todos os governos neoliberais que vieram depois e que concentraram como nunca a riqueza na Bolívia, acentuaram sua apropriação privada e sua desnacionalização. A queda de seu derradeiro governo, o de Sánchez de Losada – refugiado nos EUA, com demanda de extradição para a Bolívia para responder pelos assassinatos de centenas de bolivianos, na tentativa desesperada de continuar protegendo os interesses das elites de Santa Cruz e das províncias do leste do país – representou uma grande vitória do povo boliviano que, pela primeira vez em sua vida, elegeu um indígena como presidente do país. Um país no qual 62% da população se reivindica como indígena e que somente agora conseguiu eleger um presidente que defende os interesses da maioria do país.Mas a minoria continua dispondo de grande parte das riquezas do país e foi afetada pela nacionalização das riquezas naturais. Eles, que faziam com que a Bolívia pobre vendesse o gás a preço “solidário” para a Argentina e o Brasil, muito mais desenvolvidos, agora querem ficar com a grande fatia dos impostos que o governo de Evo Morales recuperou para o país, com a nacionalização. Querem, além disso, impedir que a reforma agrária se estenda por todo o país, buscando reservar para si o direito de dispor da concentração de terras em suas províncias, para continuar exportando soja transgênica e acumulando riquezas para eles e não para o país e o povo boliviano.Convocaram um referendo que tentava legalizar seu separatismo racista. Racista, porque sua imprensa monopólica não esconde seus preconceitos contra os indígenas, contra Evo Morales, não deixa de contrapor sua raça branca à da grande maioria do povo boliviano, que há séculos discriminam, oprimem, humilham. Mantiveram uma consulta que teve negado qualquer valor legal por parte da Justiça boliviana, que tem sido condenada por todo tipo de organismo internacional, pelos governos da região, pelas forças democráticas.É uma tentativa que, não por acidente, é apoiada pelo governo dos EUA e sua embaixada em La Paz, abertamente envolvida em tentativas de espionagem e financiamento do separatismo racista. Esse bloco de forças do separatismo racista tem que ser derrotado, para que o povo da Bolívia possa seguir adiante, construindo a mais avançada Constituição do continente — de corte plurinacional, pluriétnico, pluricultural. Para que os povos originários do continente possam afirmar sua soberania, para que os recursos naturais da Bolívia sejam explorados a favor do seu povo, para que a terra produza sadiamente os alimentos que a Bolívia precisa, para que o governo democrático e soberano de Evo Morales continue transformando a Bolívia em um país livre, à imagem e semelhança do seu povo.
MÍDIA - JN omite pesquisa CNT/Sensus.
Copio matéria publicada no site Cidadania, do Eduardo Guimarães, que mostra até que ponto pode chegar a mídia golpista.
JN omite CNT/Sensus
Imagino que ninguém, em seu juízo perfeito, discordará da premissa de que jornalismo existe para informar. Portanto, você, leitor, seja de que ideologia for, tenha a opinião política que tiver, certamente me apoiará na afirmativa de que não cabe a qualquer meio de comunicação escolher o que seu público deve ou não saber.
Se você que me lê, independentemente de concordar comigo, discordar de mim ou não ter opinião formada apóia a premissa que escrevi no parágrafo anterior, seguramente concordará se eu disser que é uma aberração que a edição do Jornal Nacional do primeiro dia desta semana tenha omitido uma notícia que esteve o dia inteiro em destaque em todos os portais de internet - inclusive no G1, da Globo - e em todos os outros telejornais da noite.
A notícia à qual me refiro, como você já deve ter percebido, é a de que a pesquisa de opinião CNT/Sensus detectou que a aprovação popular ao governo Lula e ao titular desse governo acaba de bater novo recorde, e de que a maioria dos brasileiros apóia um terceiro mandato para o presidente da República.
O responsável por essa "belezinha" de jornalismo tem nome: Ali Kamel. Ao menos é assim que esse indivíduo aparece nos créditos que voam pela telinha ao fim de cada edição do Jornal Nacional.
A decisão de um órgão de imprensa de privar seu público de tão importante informação só porque um de seus manda-chuvas não gosta dela, caro leitor concordante, discordante ou indeciso, parece ter alguma lógica para você?
Para mim não tem. Qualquer um que tenha acesso à internet ou que conheça alguém que tem acesso à internet ou que assistiu a algum telejornal na noite da sonegação informativa do JN ficou sabendo não só o que o telejornal omitiu, mas também de sua omissão.
Do lado de fora dos círculos de apoiadores ou detratores convictos do governo Lula, as pessoas têm mentes mais aptas a julgar fatos políticos com isenção, pois não são apaixonadas por nenhum dos lados. O que será, então, que esse tipo de cidadão achou de Ali Kamel surrupiar-lhe a informação?
Mas se fosse só isso, não seria nada. O ensandecido Ali Kamel achou também que seria uma boa oportunidade para reafirmar que o jornalismo da Globo continuará tentando desmoralizar supostos candidatos à sucessão de Lula que, na visão desse maluco - e de outros como ele -, ameaçam o projeto de José Serra de se eleger presidente em 2010 e, assim, mandou suas marionetes atacarem o irmão de Ciro Gomes e, claro, a mesma Dilma Rousseff que a CNT/Sensus mostrou que, ao invés de "encolher", cresceu.
E depois Globo, Folha, Veja e Estadão não entendem por que perderam o poder que tinham de influenciar politicamente a sociedade.
JN omite CNT/Sensus
Imagino que ninguém, em seu juízo perfeito, discordará da premissa de que jornalismo existe para informar. Portanto, você, leitor, seja de que ideologia for, tenha a opinião política que tiver, certamente me apoiará na afirmativa de que não cabe a qualquer meio de comunicação escolher o que seu público deve ou não saber.
Se você que me lê, independentemente de concordar comigo, discordar de mim ou não ter opinião formada apóia a premissa que escrevi no parágrafo anterior, seguramente concordará se eu disser que é uma aberração que a edição do Jornal Nacional do primeiro dia desta semana tenha omitido uma notícia que esteve o dia inteiro em destaque em todos os portais de internet - inclusive no G1, da Globo - e em todos os outros telejornais da noite.
A notícia à qual me refiro, como você já deve ter percebido, é a de que a pesquisa de opinião CNT/Sensus detectou que a aprovação popular ao governo Lula e ao titular desse governo acaba de bater novo recorde, e de que a maioria dos brasileiros apóia um terceiro mandato para o presidente da República.
O responsável por essa "belezinha" de jornalismo tem nome: Ali Kamel. Ao menos é assim que esse indivíduo aparece nos créditos que voam pela telinha ao fim de cada edição do Jornal Nacional.
A decisão de um órgão de imprensa de privar seu público de tão importante informação só porque um de seus manda-chuvas não gosta dela, caro leitor concordante, discordante ou indeciso, parece ter alguma lógica para você?
Para mim não tem. Qualquer um que tenha acesso à internet ou que conheça alguém que tem acesso à internet ou que assistiu a algum telejornal na noite da sonegação informativa do JN ficou sabendo não só o que o telejornal omitiu, mas também de sua omissão.
Do lado de fora dos círculos de apoiadores ou detratores convictos do governo Lula, as pessoas têm mentes mais aptas a julgar fatos políticos com isenção, pois não são apaixonadas por nenhum dos lados. O que será, então, que esse tipo de cidadão achou de Ali Kamel surrupiar-lhe a informação?
Mas se fosse só isso, não seria nada. O ensandecido Ali Kamel achou também que seria uma boa oportunidade para reafirmar que o jornalismo da Globo continuará tentando desmoralizar supostos candidatos à sucessão de Lula que, na visão desse maluco - e de outros como ele -, ameaçam o projeto de José Serra de se eleger presidente em 2010 e, assim, mandou suas marionetes atacarem o irmão de Ciro Gomes e, claro, a mesma Dilma Rousseff que a CNT/Sensus mostrou que, ao invés de "encolher", cresceu.
E depois Globo, Folha, Veja e Estadão não entendem por que perderam o poder que tinham de influenciar politicamente a sociedade.
PETRÓLEO - A mega sena do petróleo.
O Blog do Mello faz menção a um artigo escrito pelo saudoso jornalista Aloysio Biondi, publicado em março de 2000, na revista Caros Amigos. O artigo merece ser lido no momento em que a Petrobrás acaba de descobrir gigantescas reservas de petróleo, que podem fazer o nosso país subir no "ranking" de maiores produtores mundiais. Para quem não sabe, Aloysio Biondi escreveu um livro, "O Brasil Privatizado", através do qual disseca o que foi o processo de privatizações do governo FHC. É um livro indispensável para conhecimento do entreguismo da era tucana. Na época, o Biondi criticou a postura dos sindicatos de petroleiros. Felizmente agora, tanto a AEPET como a FUP e o SINDIPETRO já estão se mobilizando para que o marco regulatório imposto em 1997 pelo FHC, seja modificado. Tenho aqui no meu blog, procurado ser um dos porta-vozes em defesa da nossa soberania na questão do petróleo.
Abaixo o artigo do Biondi.
O Brasil virou trilionário, mas o povo não sabe, o Congresso não sabe, e FHC vai entregar tudo
Nunca é demais repetir: o brasileiro ficou bilionário, ou trilionário, e não sabe. Não é exagero, não. Em fevereiro do ano passado, o campo de Marlim, explorado pela Petrobrás na bacia de Campos, produzia 200.000 barris de petróleo. Por dia. Um único campo. Agora, em janeiro de 2000, o mesmo campo produziu 400.000 barris por dia.
Qual o faturamento da Petrobrás, do governo brasileiro, com esta produção fantástica? É fácil fazer as contas: 400.000 barris por dia significam 12 milhões de barris por mês, ou algo como 150 milhões de barris por ano. Ao preço atual de 30 dólares o barril, são 4,5 bilhões (com a letra “b”) de dólares por ano, ou 9 bilhões de reais por ano. Mesmo que o preço atual, que está exagerado, venha a cair para 25 dólares o barril, o faturamento chegará a 3,75 bilhões de dólares, ou 7,5 bilhões de reais. Cifras fantásticas, e que vão ser duplicadas em poucos meses, pois os estudos da Petrobrás mostraram que as reservas da região permitem dobrar o número de poços perfurados. Serão, portanto, uns 18 bilhões de reais de faturamento por ano – e com uma margem de lucro fantástica. Por quê? Os poços da plataforma brasileira têm uma produção também espantosa, igual à obtida nos campos do Irã, Iraque, Arábia Saudita, com 7.000 a 10.000 barris produzidos por dia. Em cada poço. Assim, mesmo calculando todos os investimentos feitos, o custo de produção de cada barril não passa de 2,50 a 3 dólares, o que significa um lucro de 27 dólares o barril, ou 1.000 por cento, isto é, dez vezes o custo, por barril... Somente nesse campo de Marlim, portanto, o povo brasileiro pode faturar 18 bilhões de reais, o equivalente a um mês e meio da arrecadação federal. E há muitos outros campos de petróleo no litoral brasileiro, já descobertos pela Petrobrás, a serem explorados. Alguma dúvida diante da afirmação? Então, é só relembrar que, em janeiro, o presidente da República fez questão de anunciar pessoalmente (precisava de “marketing otimista”) a descoberta de um megacampo, Roncador, mais ao sul do litoral fluminense, e já situado na bacia de Santos (formação geológica equivalente à da bacia de Campos e que, apesar do nome, estende-se até o litoral do Rio). O que isso significa? Que Marlim e Roncador, juntos, feitos os mesmos cálculos, podem oferecer um faturamento de 36 bilhões (com “b”) por ano, cobrindo, sozinhos, mais de quatro meses de todas as despesas do governo federal (deixando de lado os juros, como o FMI faz). E por quanto tempo esses campos poderão ser explorados, com essa produção e esse faturamento? De quinze a vinte anos, representando portanto, multiplicando-se pelo valor de 36 bilhões de faturamento anual de 540 a 720 bilhões de reais. De meio trilhão a três quartos de trilhão. Uma fortuna. Uma fábula em apenas dois campos do litoral. Uma enxurrada de reais e dólares que poderiam, se usados para tirar o Brasil das mãos do FMI e dos credores internacionais, com recurso para investir, voltar a crescer, resolver problemas sociais, criar empregos. Voltar a ser um país, e não uma colônia-capacho dos países ricos. Não há exagero nenhum, portanto, em gritar aos quatro ventos que o povo brasileiro, com as reservas de petróleo, e mais ainda, com os campos fantásticos descobertos pela Petrobrás, tirou a Mega-Mega Sena. Virou trilionário. Mas não sabe disso. O povo não sabe, o Congresso não sabe. Por isso, o governo FHC prepara-se para nova rodada de leilões destinados a entregar o petróleo brasileiro a multinacionais. Ou, mesmo, já vem entregando indecentemente o petróleo descoberto peta Petrobrás, que pertence efetivamente a cada cidadão brasileiro, a meia dúzia de empresários nacionais e banqueiros nacionais e estrangeiros. Exemplo? O fantástico campo de Marlim, com sua produção de 400.000 barris/dia, por exemplo, foi “repartido” agora com meia dúzia de sócios que se juntaram em uma empresa de fundo de quintal para... fornecer parte do dinheiro necessário para duplicar a produção. Essa operação já seria um assalto contra a sociedade brasileira, mesmo que os “sócios” realmente desembolsassem a cifra de 1,5 bilhão de reais para financiar sua parte no projeto de exploração de Marlim. Nem isso existe. A empresoca de fundo de quintal tem um capital bruto de 200 milhões de reais e foi formada – como narrado em nosso livrinho O Brasil Privatizado – apenas... para tomar 1,2 bilhão de reais emprestados no exterior, que obviamente a própria Petrobrás poderia obter. Um negócio da China, um assalto, uma mina de ouro, capaz de faturar centenas de bilhões de reais, entregue por 200 tostõezinhos fajutos. A Mega-Mega Sena ganha pelo povo brasileiro, e que seria sua redenção, está sendo literalmente tungada pelo governo FHC. O Congresso Nacional não pode continuar impassível diante dessas aberrações. O povo brasileiro tem o direito de partilhar diretamente dos lucros da exploração do seu petróleo, através de vários caminhos, dos quais dois podem ser prontamente lembrados aos congressistas: utilização de 6 bilhões de reais “esquecidos” em contas do FGTS, e que foraqm reunidos em um fundo “congelado” (a Petrobrás teria bilhões para investir e os rendimentos das ações da empresa, no caso, pertenceriam ao FGTS, isto é, a todos os trabalhadores que contribuem para o fundo). A outra alternativa, diferente de proposta já cogitada pelo governo, é a venda de ações “novas”, relativas a um aumento de capital da empresa, para milhões de brasileiros, com um sistema igual ao adotado por Margaret Thatcher na Inglaterra: vendas a prestação, e com garantia de recompra pelo governo.
A esperança, hoje, está no Congresso, pois os sindicatos, como o dos petroleiros, e entidades como a Aepet – Associação dos Engenheiros da Petrobrás –, que tradicionalmente tomavam posição diante dos desmandos do governo, estão estranhamente silenciosos. Muito, muito estranhamente. Mesmo.
Abaixo o artigo do Biondi.
O Brasil virou trilionário, mas o povo não sabe, o Congresso não sabe, e FHC vai entregar tudo
Nunca é demais repetir: o brasileiro ficou bilionário, ou trilionário, e não sabe. Não é exagero, não. Em fevereiro do ano passado, o campo de Marlim, explorado pela Petrobrás na bacia de Campos, produzia 200.000 barris de petróleo. Por dia. Um único campo. Agora, em janeiro de 2000, o mesmo campo produziu 400.000 barris por dia.
Qual o faturamento da Petrobrás, do governo brasileiro, com esta produção fantástica? É fácil fazer as contas: 400.000 barris por dia significam 12 milhões de barris por mês, ou algo como 150 milhões de barris por ano. Ao preço atual de 30 dólares o barril, são 4,5 bilhões (com a letra “b”) de dólares por ano, ou 9 bilhões de reais por ano. Mesmo que o preço atual, que está exagerado, venha a cair para 25 dólares o barril, o faturamento chegará a 3,75 bilhões de dólares, ou 7,5 bilhões de reais. Cifras fantásticas, e que vão ser duplicadas em poucos meses, pois os estudos da Petrobrás mostraram que as reservas da região permitem dobrar o número de poços perfurados. Serão, portanto, uns 18 bilhões de reais de faturamento por ano – e com uma margem de lucro fantástica. Por quê? Os poços da plataforma brasileira têm uma produção também espantosa, igual à obtida nos campos do Irã, Iraque, Arábia Saudita, com 7.000 a 10.000 barris produzidos por dia. Em cada poço. Assim, mesmo calculando todos os investimentos feitos, o custo de produção de cada barril não passa de 2,50 a 3 dólares, o que significa um lucro de 27 dólares o barril, ou 1.000 por cento, isto é, dez vezes o custo, por barril... Somente nesse campo de Marlim, portanto, o povo brasileiro pode faturar 18 bilhões de reais, o equivalente a um mês e meio da arrecadação federal. E há muitos outros campos de petróleo no litoral brasileiro, já descobertos pela Petrobrás, a serem explorados. Alguma dúvida diante da afirmação? Então, é só relembrar que, em janeiro, o presidente da República fez questão de anunciar pessoalmente (precisava de “marketing otimista”) a descoberta de um megacampo, Roncador, mais ao sul do litoral fluminense, e já situado na bacia de Santos (formação geológica equivalente à da bacia de Campos e que, apesar do nome, estende-se até o litoral do Rio). O que isso significa? Que Marlim e Roncador, juntos, feitos os mesmos cálculos, podem oferecer um faturamento de 36 bilhões (com “b”) por ano, cobrindo, sozinhos, mais de quatro meses de todas as despesas do governo federal (deixando de lado os juros, como o FMI faz). E por quanto tempo esses campos poderão ser explorados, com essa produção e esse faturamento? De quinze a vinte anos, representando portanto, multiplicando-se pelo valor de 36 bilhões de faturamento anual de 540 a 720 bilhões de reais. De meio trilhão a três quartos de trilhão. Uma fortuna. Uma fábula em apenas dois campos do litoral. Uma enxurrada de reais e dólares que poderiam, se usados para tirar o Brasil das mãos do FMI e dos credores internacionais, com recurso para investir, voltar a crescer, resolver problemas sociais, criar empregos. Voltar a ser um país, e não uma colônia-capacho dos países ricos. Não há exagero nenhum, portanto, em gritar aos quatro ventos que o povo brasileiro, com as reservas de petróleo, e mais ainda, com os campos fantásticos descobertos pela Petrobrás, tirou a Mega-Mega Sena. Virou trilionário. Mas não sabe disso. O povo não sabe, o Congresso não sabe. Por isso, o governo FHC prepara-se para nova rodada de leilões destinados a entregar o petróleo brasileiro a multinacionais. Ou, mesmo, já vem entregando indecentemente o petróleo descoberto peta Petrobrás, que pertence efetivamente a cada cidadão brasileiro, a meia dúzia de empresários nacionais e banqueiros nacionais e estrangeiros. Exemplo? O fantástico campo de Marlim, com sua produção de 400.000 barris/dia, por exemplo, foi “repartido” agora com meia dúzia de sócios que se juntaram em uma empresa de fundo de quintal para... fornecer parte do dinheiro necessário para duplicar a produção. Essa operação já seria um assalto contra a sociedade brasileira, mesmo que os “sócios” realmente desembolsassem a cifra de 1,5 bilhão de reais para financiar sua parte no projeto de exploração de Marlim. Nem isso existe. A empresoca de fundo de quintal tem um capital bruto de 200 milhões de reais e foi formada – como narrado em nosso livrinho O Brasil Privatizado – apenas... para tomar 1,2 bilhão de reais emprestados no exterior, que obviamente a própria Petrobrás poderia obter. Um negócio da China, um assalto, uma mina de ouro, capaz de faturar centenas de bilhões de reais, entregue por 200 tostõezinhos fajutos. A Mega-Mega Sena ganha pelo povo brasileiro, e que seria sua redenção, está sendo literalmente tungada pelo governo FHC. O Congresso Nacional não pode continuar impassível diante dessas aberrações. O povo brasileiro tem o direito de partilhar diretamente dos lucros da exploração do seu petróleo, através de vários caminhos, dos quais dois podem ser prontamente lembrados aos congressistas: utilização de 6 bilhões de reais “esquecidos” em contas do FGTS, e que foraqm reunidos em um fundo “congelado” (a Petrobrás teria bilhões para investir e os rendimentos das ações da empresa, no caso, pertenceriam ao FGTS, isto é, a todos os trabalhadores que contribuem para o fundo). A outra alternativa, diferente de proposta já cogitada pelo governo, é a venda de ações “novas”, relativas a um aumento de capital da empresa, para milhões de brasileiros, com um sistema igual ao adotado por Margaret Thatcher na Inglaterra: vendas a prestação, e com garantia de recompra pelo governo.
A esperança, hoje, está no Congresso, pois os sindicatos, como o dos petroleiros, e entidades como a Aepet – Associação dos Engenheiros da Petrobrás –, que tradicionalmente tomavam posição diante dos desmandos do governo, estão estranhamente silenciosos. Muito, muito estranhamente. Mesmo.
MEIO AMBIENTE - Entrevista com ambientalista americano.
AMBIENTALISTA DIZ QUE COM ESSE SISTEMA ECONÔMICO O MUNDO ESTÁ A CAMINHO DO ABISMO
Atualizado em 29 de abril de 2008 às 20:37 Publicado em 29 de abril de 2008 às 13:22
WASHINGTON - Podem acrescentar o "ismo" que vocês quiserem. Na Venezuela dizem que é o socialismo do século 21. No Paraguai há tons de "cristianismo comunitário". Idéias díspares que pipocam aqui e ali, a busca de uma saída, a constatação de que do jeito que está não dá. É óbvio que reproduzir o sistema econômico existente - em que a "liberdade individual" foi promovida com o objetivo de tornar uma criança de seis anos uma consumidora integral - não tem futuro. Nem o sistema, nem a criança. Aliás, no Brasil o cãozinho de estimação é um consumidor voraz e mesmo que ele não peça o dono às vezes gasta mais com ele do que com a "criadagem".
É só extrapolar o que vivemos hoje nas grandes cidades brasileiras para o mundo como um todo. É só pensar no "direito" de cada chinês e indiano a ter um automóvel cada. É só casar esse objetivo com a escassez de energia. É só constatar do que é capaz o capitalismo desvairado: o Reino Unido exporta 20 toneladas de água engarrafada por ano para a Austrália e importa outras 20 toneladas. Fonte: New York Times. Quanto custa em termos de energia essa viagem maluca da água "comoditizada", como diz a Amyra?
Gus Speth, um ambientalista americano que é professor de Yale e criou dois grupos importantes de defesa do meio ambiente - o Natural Resources Defense Council e o World Resources Institute - escreveu o livro "The Bridge at the Edge of the World" em que basicamente diz que não tem jeito.
Ele escreve: "Metade das florestas tropicais e temperadas sumiram. Cerca de metade das wetlands também. Estima-se que 90% dos peixes predadores grandes sumiram. Vinte por cento dos corais também. As espécies estão desaparecendo em um ritmo mil vezes mais rápido que o normal. Químicos tóxicos persistentes podem ser encontrados às dúzias em cada um de nós."
Não li o livro, ainda. As resenhas dizem que ele propõe uma "mudança transformadora do próprio sistema." Speth afirma que o pragmatismo e o incrementalismo dos ecologistas não leva a lugar algum. Talvez ele tenha visto uma edição recente da National Geographic. Na capa, o perigo do aquecimento solar. Na contracapa, um anúncio do gigante SUV da Chevrolet que foi escolhido "carro verde do ano", uma banheira que queima 1 litro de gasolina a cada cinco quilômetros na cidade mas, se o dono achar uma bomba, pode ser abastecido com o álcool de milho.
O triste é notar que no Brasil, da extrema-direita à extrema-esquerda, com raríssimas exceções, essas idéias não fazem parte do discurso político. Não são articuladas. O desenvolvimentismo com dinheiro do BNDES é o que temos de mais avançado. É nossa idéia de "progresso". Progresso rumo a quê?
Atualizado em 29 de abril de 2008 às 20:37 Publicado em 29 de abril de 2008 às 13:22
WASHINGTON - Podem acrescentar o "ismo" que vocês quiserem. Na Venezuela dizem que é o socialismo do século 21. No Paraguai há tons de "cristianismo comunitário". Idéias díspares que pipocam aqui e ali, a busca de uma saída, a constatação de que do jeito que está não dá. É óbvio que reproduzir o sistema econômico existente - em que a "liberdade individual" foi promovida com o objetivo de tornar uma criança de seis anos uma consumidora integral - não tem futuro. Nem o sistema, nem a criança. Aliás, no Brasil o cãozinho de estimação é um consumidor voraz e mesmo que ele não peça o dono às vezes gasta mais com ele do que com a "criadagem".
É só extrapolar o que vivemos hoje nas grandes cidades brasileiras para o mundo como um todo. É só pensar no "direito" de cada chinês e indiano a ter um automóvel cada. É só casar esse objetivo com a escassez de energia. É só constatar do que é capaz o capitalismo desvairado: o Reino Unido exporta 20 toneladas de água engarrafada por ano para a Austrália e importa outras 20 toneladas. Fonte: New York Times. Quanto custa em termos de energia essa viagem maluca da água "comoditizada", como diz a Amyra?
Gus Speth, um ambientalista americano que é professor de Yale e criou dois grupos importantes de defesa do meio ambiente - o Natural Resources Defense Council e o World Resources Institute - escreveu o livro "The Bridge at the Edge of the World" em que basicamente diz que não tem jeito.
Ele escreve: "Metade das florestas tropicais e temperadas sumiram. Cerca de metade das wetlands também. Estima-se que 90% dos peixes predadores grandes sumiram. Vinte por cento dos corais também. As espécies estão desaparecendo em um ritmo mil vezes mais rápido que o normal. Químicos tóxicos persistentes podem ser encontrados às dúzias em cada um de nós."
Não li o livro, ainda. As resenhas dizem que ele propõe uma "mudança transformadora do próprio sistema." Speth afirma que o pragmatismo e o incrementalismo dos ecologistas não leva a lugar algum. Talvez ele tenha visto uma edição recente da National Geographic. Na capa, o perigo do aquecimento solar. Na contracapa, um anúncio do gigante SUV da Chevrolet que foi escolhido "carro verde do ano", uma banheira que queima 1 litro de gasolina a cada cinco quilômetros na cidade mas, se o dono achar uma bomba, pode ser abastecido com o álcool de milho.
O triste é notar que no Brasil, da extrema-direita à extrema-esquerda, com raríssimas exceções, essas idéias não fazem parte do discurso político. Não são articuladas. O desenvolvimentismo com dinheiro do BNDES é o que temos de mais avançado. É nossa idéia de "progresso". Progresso rumo a quê?
Fusão Brasil Telecom com a Oi.
Quer dizer que o homem das Organizações Globo no ministério assistiu de camarote. Estava sendo praticada uma ilegalidade e ele não viu nada. Vejam o ele declarou.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse hoje que o governo federal teve uma "participação de espectador" no processo de negociação entre a Oi (ex-Telemar) e Brasil Telecom (BrT). "O governo não fez qualquer intervenção a favor ou contra essa fusão", disse. Ao analisar a proposta, segundo o ministro, o objetivo é verificar como uma grande empresa vai melhorar a oferta de serviços para o usuário."A proposta é que os preços caiam, a partir da redução de custos e do melhor aproveitamento da mão-de-obra", afirmou.
Ele reiterou que o acordo garante competitividade internacional à nova empresa que foi criada. Dessa forma, a nova companhia poderá concorrer no mercado externo, incluindo África e Oriente Médio, acrescentou.
Costa disse ainda que a União é proveitosa do ponto de vista econômico e garantiu que existe uma predisposição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de estudar o acordo e apresentar sugestões de mudanças no Plano Geral de Outorgas (PGO). A análise do negócio vai competir exclusivamente, disse ele, à agência reguladora, com a decisão final a ser tomada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. "A tramitação será tranqüila", afirmou.
Hoje, a fusão entre as duas concessionárias - ou a compra de uma pela outra - não é permitida por lei. O negócio, então, ficará condicionado à mudança do PGO que já está em curso no órgão regulador.
Ele disse ainda que não se surpreendeu com o valor fechado na operação. "Em telecomunicações, nada mais surpreende. Costa participou hoje em Belo Horizonte do lançamento do sinal da TV digital da Rede Globo Minas.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse hoje que o governo federal teve uma "participação de espectador" no processo de negociação entre a Oi (ex-Telemar) e Brasil Telecom (BrT). "O governo não fez qualquer intervenção a favor ou contra essa fusão", disse. Ao analisar a proposta, segundo o ministro, o objetivo é verificar como uma grande empresa vai melhorar a oferta de serviços para o usuário."A proposta é que os preços caiam, a partir da redução de custos e do melhor aproveitamento da mão-de-obra", afirmou.
Ele reiterou que o acordo garante competitividade internacional à nova empresa que foi criada. Dessa forma, a nova companhia poderá concorrer no mercado externo, incluindo África e Oriente Médio, acrescentou.
Costa disse ainda que a União é proveitosa do ponto de vista econômico e garantiu que existe uma predisposição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de estudar o acordo e apresentar sugestões de mudanças no Plano Geral de Outorgas (PGO). A análise do negócio vai competir exclusivamente, disse ele, à agência reguladora, com a decisão final a ser tomada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. "A tramitação será tranqüila", afirmou.
Hoje, a fusão entre as duas concessionárias - ou a compra de uma pela outra - não é permitida por lei. O negócio, então, ficará condicionado à mudança do PGO que já está em curso no órgão regulador.
Ele disse ainda que não se surpreendeu com o valor fechado na operação. "Em telecomunicações, nada mais surpreende. Costa participou hoje em Belo Horizonte do lançamento do sinal da TV digital da Rede Globo Minas.
Compra da Brasil Telecom pela OI.
O mais incrível é que todos, governo e oposição estão aceitando esta fusão como uma coisa normal e legal. Parece que só o PHA percebeu o que está acontecendo. O Luis Nassif no seu dossiê Veja, demonstrou que o Dantas usa o Mainardi e outros para atacar o governo Lula.
Texto abaixo publicado na Carta Capital.
Talvez ainda chegue o dia em que um prócer do Partido dos Trabalhadores proponha a inauguração de um busto do banqueiro Daniel Dantas em alguma praça importante do País. Não seria surpresa. Em nome dos “interesses nacionais”, que costuma justificar as maiores barbáries e falcatruas, o governo Lula prossegue incólume no propósito de patrocinar a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi. É possível apontar muitos ganhadores nesta operação. Além de Dantas, os principais acionistas da Oi, Carlos Jereissati e Sérgio Andrade. Quanto aos interesses nacionais e os consumidores, restam dúvidas sobre quais vantagens levariam nesta.
Até a noite da quinta-feira 24, estavam praticamente acertados os termos do acordo e a assinatura do negócio, que depende ainda de mudanças na Lei Geral de Telecomunicações (a legislação não permite a união de empresas concorrentes), deve sair antes de abril acabar.
No fim, os fundos de pensão e o Citibank, principais acionistas da BrT, aceitaram cessar todas as disputas judiciais que moviam contra o Opportunity de Dantas. Ao longo dos últimos anos, as fundações e o Citi reuniram provas suficientes para ingressar com ações diversas contra o banqueiro. A BrT cobra na Justiça brasileira. Seiscentos milhões de reais por danos administrativos e má gestão. Nos Estados Unidos, o Citi pede, no mínimo, 300 milhões de dólares por motivos semelhantes.
O acordo, ressalte-se, não interrompe processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nem o caso Kroll, em andamento na 5ª Vara Federal de São Paulo, onde Dantas é acusado de comandar uma quadrilha de espionagem armada para bisbilhotar a vida de desafetos e concorrentes do Opportunity. Não cessam, mas, principalmente o que tramita na CVM, ficam bastante enfraquecidos.
O mais surpreendente é que Dantas não só não terá de desembolsar nenhum tostão pelo fim das pendências judiciais, como ainda receberá uma boa quantia por conta do acerto. Os acionistas da Oi aceitaram pagar 200 milhões de reais à BrT e 150 milhões de reais ao Opportunity pelo acordo de paz, conforme noticiou a revista eletrônica Teletime News. Uma assembléia de acionistas da Brasil Telecom ainda precisa aprovar a proposta.
Ninguém deve se iludir quanto à natureza dessa negociata. Ela não é simplesmente um acerto entre agentes privados em busca de eficiência e rentabilidade em seus negócios. Quem moveu a roda da fortuna nesse caso foi o BNDES, por ordens do Palácio do Planalto. O banco estatal vai financiar uma boa parte da criação da “supertele”, como vem sendo chamada a empresa resultante da união da Oi com a BrT. Deduz-se, portanto, que a parcela a ser paga a Dantas será deduzida da quantia repassada a juros camaradas por uma instituição oficial. Como o governo tem relacionado todo e qualquer projeto federal à idéia do Programa de Aceleração do Crescimento, nada mais justo que chamar essa triangulação de PAC do Dantas. Fica a pergunta: quem assumirá a paternidade ou a maternidade do pacote?
O governo Lula está, assim, prestes a repetir o modelo equivocado dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. No período que precedeu o vexame do apagão, o BNDES desembolsou 21 bilhões de reais para o setor elétrico. Desse total, apenas 7 bilhões foram injetados em projetos de expansão da oferta de energia, tão necessários naquele momento. O resultado, catastrófico, todo mundo viu em 2001.
Agora estamos diante de uma tremenda perspectiva de crescimento sustentado e a demanda por financiamento industrial não pára de crescer. Mesmo assim, o BNDES prefere bancar um processo de fusão de vantagens duvidosas e bastidores nebulosos.
Além do mais, não é que o banco de fomento esteja nadando em dinheiro. Na terça 22, a Câmara dos Deputados teve de aprovar um aporte do Tesouro de 12,5 bilhões de reais ao BNDES para que a demanda por empréstimo seja atendida neste ano. Qualquer cidadão razoavelmente informado poderá listar ao menos uma centena de projetos muito mais prioritários e fundamentais ao desenvolvimento do que a criação da BrOi.
Lula, em sua popularidade inabalável, e seus principais assessores deveriam atentar para um fato grave dessa situação, já mencionado por CartaCapital diversas vezes. Há um claro conflito de interesses que deveria manter o Palácio do Planalto longe dessa negociação: a Oi é sócia do filho do presidente da República, Fábio da Silva, em uma produtora de conteúdo para a tevê.
Nada justifica que qualquer nesga de pudor e de postura republicana seja simplesmente atropelada. Nem supostos “interesses nacionais” nem a aparente certeza de que altos índices de aprovação são uma licença para se praticar qualquer ato.
Texto abaixo publicado na Carta Capital.
Talvez ainda chegue o dia em que um prócer do Partido dos Trabalhadores proponha a inauguração de um busto do banqueiro Daniel Dantas em alguma praça importante do País. Não seria surpresa. Em nome dos “interesses nacionais”, que costuma justificar as maiores barbáries e falcatruas, o governo Lula prossegue incólume no propósito de patrocinar a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi. É possível apontar muitos ganhadores nesta operação. Além de Dantas, os principais acionistas da Oi, Carlos Jereissati e Sérgio Andrade. Quanto aos interesses nacionais e os consumidores, restam dúvidas sobre quais vantagens levariam nesta.
Até a noite da quinta-feira 24, estavam praticamente acertados os termos do acordo e a assinatura do negócio, que depende ainda de mudanças na Lei Geral de Telecomunicações (a legislação não permite a união de empresas concorrentes), deve sair antes de abril acabar.
No fim, os fundos de pensão e o Citibank, principais acionistas da BrT, aceitaram cessar todas as disputas judiciais que moviam contra o Opportunity de Dantas. Ao longo dos últimos anos, as fundações e o Citi reuniram provas suficientes para ingressar com ações diversas contra o banqueiro. A BrT cobra na Justiça brasileira. Seiscentos milhões de reais por danos administrativos e má gestão. Nos Estados Unidos, o Citi pede, no mínimo, 300 milhões de dólares por motivos semelhantes.
O acordo, ressalte-se, não interrompe processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nem o caso Kroll, em andamento na 5ª Vara Federal de São Paulo, onde Dantas é acusado de comandar uma quadrilha de espionagem armada para bisbilhotar a vida de desafetos e concorrentes do Opportunity. Não cessam, mas, principalmente o que tramita na CVM, ficam bastante enfraquecidos.
O mais surpreendente é que Dantas não só não terá de desembolsar nenhum tostão pelo fim das pendências judiciais, como ainda receberá uma boa quantia por conta do acerto. Os acionistas da Oi aceitaram pagar 200 milhões de reais à BrT e 150 milhões de reais ao Opportunity pelo acordo de paz, conforme noticiou a revista eletrônica Teletime News. Uma assembléia de acionistas da Brasil Telecom ainda precisa aprovar a proposta.
Ninguém deve se iludir quanto à natureza dessa negociata. Ela não é simplesmente um acerto entre agentes privados em busca de eficiência e rentabilidade em seus negócios. Quem moveu a roda da fortuna nesse caso foi o BNDES, por ordens do Palácio do Planalto. O banco estatal vai financiar uma boa parte da criação da “supertele”, como vem sendo chamada a empresa resultante da união da Oi com a BrT. Deduz-se, portanto, que a parcela a ser paga a Dantas será deduzida da quantia repassada a juros camaradas por uma instituição oficial. Como o governo tem relacionado todo e qualquer projeto federal à idéia do Programa de Aceleração do Crescimento, nada mais justo que chamar essa triangulação de PAC do Dantas. Fica a pergunta: quem assumirá a paternidade ou a maternidade do pacote?
O governo Lula está, assim, prestes a repetir o modelo equivocado dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. No período que precedeu o vexame do apagão, o BNDES desembolsou 21 bilhões de reais para o setor elétrico. Desse total, apenas 7 bilhões foram injetados em projetos de expansão da oferta de energia, tão necessários naquele momento. O resultado, catastrófico, todo mundo viu em 2001.
Agora estamos diante de uma tremenda perspectiva de crescimento sustentado e a demanda por financiamento industrial não pára de crescer. Mesmo assim, o BNDES prefere bancar um processo de fusão de vantagens duvidosas e bastidores nebulosos.
Além do mais, não é que o banco de fomento esteja nadando em dinheiro. Na terça 22, a Câmara dos Deputados teve de aprovar um aporte do Tesouro de 12,5 bilhões de reais ao BNDES para que a demanda por empréstimo seja atendida neste ano. Qualquer cidadão razoavelmente informado poderá listar ao menos uma centena de projetos muito mais prioritários e fundamentais ao desenvolvimento do que a criação da BrOi.
Lula, em sua popularidade inabalável, e seus principais assessores deveriam atentar para um fato grave dessa situação, já mencionado por CartaCapital diversas vezes. Há um claro conflito de interesses que deveria manter o Palácio do Planalto longe dessa negociação: a Oi é sócia do filho do presidente da República, Fábio da Silva, em uma produtora de conteúdo para a tevê.
Nada justifica que qualquer nesga de pudor e de postura republicana seja simplesmente atropelada. Nem supostos “interesses nacionais” nem a aparente certeza de que altos índices de aprovação são uma licença para se praticar qualquer ato.
Palavrinha Maldita.
Eu como sou da geração de 40 estou bem familiarizado com esta palavrinha. O imperialismo mudou a cara mas permanece o mesmo.
Texto abaixo copiado do Blog Fazendo Média.
Há uma palavrinha maldita pelas corporações de mídia e por isso mesmo abolida de seu repertório: imperialismo. O sociólogo Gilberto Felisberto Vasconcellos, colunista de Caros Amigos, sempre chama a atenção para este “pequeno” detalhe. A estratégia é tão simples quanto eficiente. Ao se apagar a palavra da memória coletiva inibem-se as possibilidades de compreensão de seu significado histórico – bem como seus impactos na atualidade. Claro está que o imperialismo hoje assume faces diversas, mas sua essência permanece inalterada: a busca pelo controle das riquezas naturais onde quer que estejam. Os Estados Unidos são a potência imperialista hegemônica e para manter seu domínio investem em armamentos o mesmo valor investido por todas as outras nações juntas – são 750 bases e missões militares em nada menos que 128 países. Mas não só. Essa potente máquina de guerra é sustentada pelo controle do sistema financeiro e da produção imagética. É o que Vasconcellos chama de “capital videofinanceiro”. Como registra o cientista social Atílio Boron, em artigo publicado no livro A teoria marxista hoje: “O outro novo instrumento de dominação imperialista é o quase absoluto predomínio que os Estados Unidos adquiriram no crucial terreno da circulação das idéias e da produção de imagens audiovisuais. O imperialismo hoje se reforça com um imperialismo cultural, que através do enorme desenvolvimento dos meios de comunicação de massas torna possível a imposição das idéias e dos valores da sociedade norte-americana de forma tal que nenhuma das experiências imperiais anteriores pôde sequer sonhar. Cerca de três quartos das imagens audiovisuais que circulam pelo planeta são produzidas nos Estados Unidos, projetando deste modo uma imagem propagandística, e falta até a medula, do sistema e de suas supostamente ilimitadas capacidades para satisfazer todas as aspirações materiais e espirituais da humanidade. As conseqüências políticas desta realidade são profundas e de longa vida”. Seria o caso de perguntar aos militares onde nossa soberania começa a ser ameaçada: na Amazônia ou no Jardim Botânico?
Texto abaixo copiado do Blog Fazendo Média.
Há uma palavrinha maldita pelas corporações de mídia e por isso mesmo abolida de seu repertório: imperialismo. O sociólogo Gilberto Felisberto Vasconcellos, colunista de Caros Amigos, sempre chama a atenção para este “pequeno” detalhe. A estratégia é tão simples quanto eficiente. Ao se apagar a palavra da memória coletiva inibem-se as possibilidades de compreensão de seu significado histórico – bem como seus impactos na atualidade. Claro está que o imperialismo hoje assume faces diversas, mas sua essência permanece inalterada: a busca pelo controle das riquezas naturais onde quer que estejam. Os Estados Unidos são a potência imperialista hegemônica e para manter seu domínio investem em armamentos o mesmo valor investido por todas as outras nações juntas – são 750 bases e missões militares em nada menos que 128 países. Mas não só. Essa potente máquina de guerra é sustentada pelo controle do sistema financeiro e da produção imagética. É o que Vasconcellos chama de “capital videofinanceiro”. Como registra o cientista social Atílio Boron, em artigo publicado no livro A teoria marxista hoje: “O outro novo instrumento de dominação imperialista é o quase absoluto predomínio que os Estados Unidos adquiriram no crucial terreno da circulação das idéias e da produção de imagens audiovisuais. O imperialismo hoje se reforça com um imperialismo cultural, que através do enorme desenvolvimento dos meios de comunicação de massas torna possível a imposição das idéias e dos valores da sociedade norte-americana de forma tal que nenhuma das experiências imperiais anteriores pôde sequer sonhar. Cerca de três quartos das imagens audiovisuais que circulam pelo planeta são produzidas nos Estados Unidos, projetando deste modo uma imagem propagandística, e falta até a medula, do sistema e de suas supostamente ilimitadas capacidades para satisfazer todas as aspirações materiais e espirituais da humanidade. As conseqüências políticas desta realidade são profundas e de longa vida”. Seria o caso de perguntar aos militares onde nossa soberania começa a ser ameaçada: na Amazônia ou no Jardim Botânico?
UTILIDADE PÚBLICA - Beba água com o estômago vazio.
> BEBA água com estômago vazio.>> Hoje é muito popular no Japão beber água imediatamente após > levantar, na> parte da manhã. Além disso, a evidência científica tem demonstrado > estes> valores.>> Abaixo divulgamos uma descrição da utilização da água para os > nossos> leitores.>> Para idosos com doenças graves e doenças em tratamento médico, a > água tem> sido muito bem sucedida. Para a sociedade médica japonesa, uma > cura de até> 100% para as seguintes doenças:>> Dores de cabeça, corpo ferido, problemas cardíacos, artrite, > taquicardia,> epilepsia, excesso de gordura, bronquite, asma, tuberculose, > meningite,> aparelho urinário e doenças renais, vomitos, gastrite, diarréia, > diabetes,> hemorróidas, todas as doenças oculares, obstipação, útero, câncer e> distúrbios menstruais, doenças de ouvido, nariz e garganta.>> Método de tratamento:>> 1. Na parte da manhã e antes de escovar os dentes, beber 4 x 160ml > copos de> água.> 2. Lavar e limpar a boca, mas não comer ou beber nada durante 45 > minutos.> 3. Após 45 minutos, você pode comer e beber normalmente.> 4. Após os 15 minutos do lanche, almoço e jantar não se deve comer > ou beber> nada durante 2 horas.> 5. Pessoas idosas ou doentes que não podem beber 4 copos de água, > no início> podem começar por tomar um copo de água e aumentar gradualmente a> quantidade para 4 copos por dia.> 6. O método de tratamento cura doenças e outros podem desfrutar de > uma vida> mais saudável.>> A lista que se segue apresenta o número de dias que requer > tratamento para> curar / controle / reduzir as principais doenças:> 1. Pressão Alta - 30 dias> 2. Gastrite - 10 dias> 3. Diabetes - 30 dias> 4. Obstipação - 10 dias> 5. Câncer - 180 dias> 6. TB - 90 dias> 7. Os doentes com artrite devem continuar o tratamento para > apenas 3> dias na primeira semana e, desde a segunda semana, diáriamente.>> Este método de tratamento não tem efeitos secundários.. No entanto, > no> início do tratamento terá de urinar frequentemente. É melhor, se> continuarmos com o tratamento, porque este procedimento funciona > como uma> rotina de nossas vidas. Beber água é saudável e dá energia.>> Isto faz sentido: o chinês e o japonês bebem líquido quente com as> refeições, e não água fria. Talvez tenha chegado o momento de mudar > seus> hábitos de água potável para água quente, enquanto se come. Nada a > perder,> tudo a ganhar ....!>> Para quem gosta de beber água fria, esta secção aplica-se a eles.>> É bom beber um copo de água fria ou uma bebida fria após a > refeição, porém,> a água fria ou bebida fria solidifica o alimento gorduroso que você > acabou> de comer. Isso retarda a digestão.>> Uma vez que essa 'mistura' reage com o ácido digestivo, ela > reparte-se e é> absorvida mais rapidamente do que o alimento sólido para o trato> gastrointestinal. Isto danificada o intestino. Muito em breve, isso > vai se> transformar em gordura e pode nos levar ao câncer. É melhor tomar > uma sopa> quente ou água quente após cada refeição.>> Nota muito grave - perigoso para o coração:>> As mulheres devem saber que nem todos os sintomas de ataques > cardíacos vão> ser uma dor no braço esquerdo. Esteja atento para uma intensa dor > na linha> da mandíbula. Você pode nunca ter primeiro uma dor no peito durante > um> ataque cardíaco. Náuseas e sudorese intensa são sintomas muito > comuns.> 60% das pessoas têm ataques cardíacos enquanto dormem é não > conseguem> despertar. Uma dor no maxilar pode despertar de um sono profundo. > Sejamos> cuidadosos e estamos vigilantes. Quanto mais se sabe, maior chance > de> sobrevivência ....>> Um cardiologista diz que se todos que receberem esta mensagem, > enviá-la a> pelo menos uma das pessoas que conhece, pode ter a certeza de que, > pelo> menos, poderá salvar uma vida.>>> ** Ser um verdadeiro amigo é enviar este artigo para todos os > seus> amigos e conhecidos.> Acabei de fazer isso! **>> sites interessantes:->> www.vifiber.com.br> www.wwpotenza.com.br> www.localdafesta.com.br>
OI & BRASILTELECOM
É incrível como isso possa acontecer. A Lei de Outorgas está em vigência e o negócio foi feito envolvendo também o BNDS, e tudo mundo acha isso normal. No governo passado foram feitas as privatizações e só depois é que foram criadas as agências reguladoras. As justificativas para a fusão fazem crer que os consumidores serão beneficiados. Pensam que somos idiotas.
Vejam o que escreveu o Carlos Brickman no Observatório da Imprensa.
Alguns atribuem a frase ao ex-presidente Getúlio Vargas; mas parece mais provável que seja de outro presidente da República Velha, Arthur Bernardes, nas primeiras décadas do século passado. "Para os amigos, tudo; aos inimigos, a lei".
O Brasil mudou, como mostra o escândalo da compra da Brasil Telecom pela Oi: agora, para os amigos, também se oferece a lei. A gigantesca transação, que acaba de ser fechada, é integralmente ilegal: a Lei de Outorgas, em pleno vigor, proíbe uma operadora de telefonia fixa de comprar outra empresa do mesmo ramo que opere em outra praça. Mas ninguém se importou com isso (e a imprensa tratou a ilegalidade como uma side-story, uma curiosidade, mais vinculada aos amores e ódios de alguns jornalistas pelo banqueiro Daniel Dantas do que à manutenção da integridade legal). O BNDES, parte do governo, se dispôs a financiar boa parte da operação, mesmo sabendo que a lei a proíbe. E não é pouca coisa, não: são quase 2,6 bilhões de reais.
Nossa imprensa (e nossa sociedade) aceitou a tese de que, já que o governo se propõe a mudar a lei, desrespeitá-la não chega a ser grave. Afinal de contas, a lei vai ficar bonitinha, certinha, para regularizar o fato consumado.
E, se alguém perguntar por que a lei não foi mudada antes, para que a operação já se realizasse de maneira correta, dentro do novo quadro jurídico, a resposta é simples: os amigos merecem mais do que uma lei genérica, à qual possam adaptar-se. Para os amigos, a lei deve ser sob medida, tailor-made. Primeiro se faz o negócio, depois se muda a lei, de maneira a que cada detalhe sirva perfeitamente à transação que já foi feita, e permitindo que se torne legal o uso maciço de dinheiro público em benefício de grupos particulares – particulares, sim, mas amigos de quem vale a pena ser amigo.
O golpe dos preços
A Lei de Outorgas, que proíbe a compra de uma operadora de telefonia fixa por outra, de outra praça, tem um objetivo claro: estimular a concorrência. E é duro ver nos meios de comunicação, sem qualquer crítica, aquela velha história de que uma empresa de porte, operando em escala, terá condições de oferecer preços menores. Afinal de contas, qualquer jornalista que trabalhe na área econômica sabe com perfeição que o que rebaixa preços é a concorrência. Sem concorrência, por que o conglomerado Oi-Brasil Telecom iria baixar seus preços?
História velha
Aliás, mesmo que o pessoal não soubesse que a concorrência é importante na redução de preços, um caso bem recente deveria no mínimo acionar-lhes a memória. Lembra quando a Brahma comprou a Antarctica? Os objetivos eram dois: primeiro, garantir que uma grande empresa brasileira ganhasse porte para resistir às multinacionais; segundo, baixar os preços.
A grande empresa brasileira ganhou porte e se tornou um alvo muito mais desejável pelas multinacionais. Hoje, sua sede é na Bélgica. E alguém se lembra de alguma redução no preço de algum de seus produtos?
Vejam o que escreveu o Carlos Brickman no Observatório da Imprensa.
Alguns atribuem a frase ao ex-presidente Getúlio Vargas; mas parece mais provável que seja de outro presidente da República Velha, Arthur Bernardes, nas primeiras décadas do século passado. "Para os amigos, tudo; aos inimigos, a lei".
O Brasil mudou, como mostra o escândalo da compra da Brasil Telecom pela Oi: agora, para os amigos, também se oferece a lei. A gigantesca transação, que acaba de ser fechada, é integralmente ilegal: a Lei de Outorgas, em pleno vigor, proíbe uma operadora de telefonia fixa de comprar outra empresa do mesmo ramo que opere em outra praça. Mas ninguém se importou com isso (e a imprensa tratou a ilegalidade como uma side-story, uma curiosidade, mais vinculada aos amores e ódios de alguns jornalistas pelo banqueiro Daniel Dantas do que à manutenção da integridade legal). O BNDES, parte do governo, se dispôs a financiar boa parte da operação, mesmo sabendo que a lei a proíbe. E não é pouca coisa, não: são quase 2,6 bilhões de reais.
Nossa imprensa (e nossa sociedade) aceitou a tese de que, já que o governo se propõe a mudar a lei, desrespeitá-la não chega a ser grave. Afinal de contas, a lei vai ficar bonitinha, certinha, para regularizar o fato consumado.
E, se alguém perguntar por que a lei não foi mudada antes, para que a operação já se realizasse de maneira correta, dentro do novo quadro jurídico, a resposta é simples: os amigos merecem mais do que uma lei genérica, à qual possam adaptar-se. Para os amigos, a lei deve ser sob medida, tailor-made. Primeiro se faz o negócio, depois se muda a lei, de maneira a que cada detalhe sirva perfeitamente à transação que já foi feita, e permitindo que se torne legal o uso maciço de dinheiro público em benefício de grupos particulares – particulares, sim, mas amigos de quem vale a pena ser amigo.
O golpe dos preços
A Lei de Outorgas, que proíbe a compra de uma operadora de telefonia fixa por outra, de outra praça, tem um objetivo claro: estimular a concorrência. E é duro ver nos meios de comunicação, sem qualquer crítica, aquela velha história de que uma empresa de porte, operando em escala, terá condições de oferecer preços menores. Afinal de contas, qualquer jornalista que trabalhe na área econômica sabe com perfeição que o que rebaixa preços é a concorrência. Sem concorrência, por que o conglomerado Oi-Brasil Telecom iria baixar seus preços?
História velha
Aliás, mesmo que o pessoal não soubesse que a concorrência é importante na redução de preços, um caso bem recente deveria no mínimo acionar-lhes a memória. Lembra quando a Brahma comprou a Antarctica? Os objetivos eram dois: primeiro, garantir que uma grande empresa brasileira ganhasse porte para resistir às multinacionais; segundo, baixar os preços.
A grande empresa brasileira ganhou porte e se tornou um alvo muito mais desejável pelas multinacionais. Hoje, sua sede é na Bélgica. E alguém se lembra de alguma redução no preço de algum de seus produtos?
PETRÓLEO - O fim da economia do petróleo barato.
Copiado do Blog Brasil de Fato.
Raymundo de Oliveira
O petróleo começou a ser economicamente explorado a partir da segunda metade do século XIX. Iniciando pelos EUA, a produção foi crescendo sistematicamente. Da destilação daquela massa preta, se tirava de tudo: querosene, gasolina, diesel, óleo combustível, gás, plásticos...
Os derivados de petróleo se tornaram indispensáveis e ficamos inteiramente presos a eles na energia que usamos, em nossas vestimentas, na produção de alimentos, nos multiusos dos plásticos, nos transportes, nas tintas, em tudo.
É olhar para os lados e o que vemos é extraído do petróleo, direta ou indiretamente. E mais, sua extração e uso eram a baixo custo. Daí nossa crescente dependência do petróleo. Fomos abandonando nossos costumes antigos e não sabemos mais viver sem ele. A produção foi crescendo e nossa dependência se acentuando!
Os EUA eram os maiores produtores e nas primeiras décadas do século XX se tornaram os maiores exportadores de petróleo, com a produção crescendo em ritmo acelerado. O petróleo foi o combustível da grande revolução industrial da virada do século XX, sendo a indústria automobilística o grande indicador da industrialização. Ela é filha do petróleo barato, de fácil extração.
Embora inicialmente concentradas nos EUA, o maior exportador, as descobertas de novas regiões petrolíferas foram se espalhando no mundo.
Entretanto, o petróleo é finito, não oferece duas safras: usou, está usado. Não se planta, não se reproduz. Hoje se estima que, no total, a humanidade recebeu dos “deuses” cerca de dois trilhões de barris de petróleo utilizável, somando-se o que já se descobriu com o que ainda deve ser descoberto.
Em meados do século XX, década de cinqüenta, um geólogo norte-americano, King Hubbert, analisando as descobertas de petróleo nos EUA e o histórico das produções dos diversos campos, propôs um modelo matemático e dele concluiu que a produção americana passaria por um máximo no início da década de 70, após o que, passaria a decair paulatinamente. É a chamada Curva de Hubbert, semelhante à Curva Normal (Curva de Gauss).
Seu modelo foi recebido com incredulidade, diante da crescente produção americana. Infelizmente, ele estava certo. De fato, nos primeiros anos da década de setenta, a produção dos EUA se estabiliza e, logo depois, começa a cair. Isso os forçou a reduzir a produção e importar maciçamente.
Como o uso dos derivados de petróleo continuou a crescer, eles não são mais os maiores exportadores e sim os maiores importadores de petróleo do mundo. A produção americana é uma parcela pequena de seu consumo. Se dependessem exclusivamente de suas reservas, elas seriam zeradas em menos de quatro anos. Os EUA possuem 3% das reservas e consomem 25% da produção mundial de petróleo. Daí a necessidade de importar, e importar cada vez mais.
A partir de seu acerto, as teorias do Hubbert passaram a ser levadas a sério. Seu modelo foi reproduzido nas reservas do Mar do Norte e se confirmou.
Hoje, seus seguidores modelam as reservas do mundo e as conclusões são preocupantes: estima-se que o pico da produção deverá se dar entre 2005 e 2010, após o que ela irá caindo aos poucos. Alguns otimistas acham que o máximo da produção só vai se dar em 2015. Devido às oscilações de produção, demora-se a se perceber a passagem do pico.
Esse máximo representa o momento em que já foi consumida metade das reservas disponíveis. Assim, estando passando pelo pico, é sinal de que já consumimos o primeiro trilhão de barris e entramos na produção da segunda metade.
Claro está que a primeira metade foi a de produção mais fácil, mais acessível, mais barata. O que nos resta é a parte mais difícil, mais cara.
O ser humano já conhece razoavelmente o subsolo da Terra. Não são grandes as esperanças de enormes descobertas, a exemplo do que houve na primeira metade do século XX. Há novos campos, porém não se espera descobrir um novo Oriente Médio. O máximo das descobertas se deu em 1964. De lá para cá, as grandes descobertas são cada vez menores.
Imaginemos o que acontecerá com o preço do petróleo quando sua produção começar a cair sistematicamente, ano a ano. O preço tende a disparar.
Porém, o consumo de petróleo é bastante inelástico e, inicialmente, deve responder lentamente ao aumento do preço. Em decorrência crescerá o preço de tudo que usa petróleo, isto é, de quase tudo que nos acostumamos a usar. Vamos ter saudade da época em que o petróleo custava 100 dólares o barril!
Algumas conseqüências da disparada do preço do petróleo podem ser estimadas: o custo dos transportes vai às alturas e o preço dos alimentos também, diante da dependência de derivados de petróleo, na produção de fertilizantes. Em síntese, fica abalada nossa maneira atual de viver, profundamente dependente do petróleo barato.
Vejamos a vida de um americano classe média alta. Ele mora há cem km de seu local de trabalho, nos “subúrbios”. Lá ele vive em sua casinha, com cachorro e piscina, mulher e dois filhos. Vai para o emprego com seu automóvel que pesa três toneladas, consome um litro a cada seis km e faz duzentos km/h, numa auto-estrada de quatro pistas para cada lado. Isso só é possível pela existência do petróleo barato. Disparando o preço, esse padrão de vida ficará abalado. Porém, Dick Cheney, atual vice do presidente George W. Bush, já afirmou: “nosso padrão de vida é inegociável”.
Por muito menos os EUA invadiram o Iraque e estão se apossando de suas reservas de petróleo, a terceira maior do planeta, sob a falsa justificativa de que o presidente Sadan Hussein teria armas de destruição maciça. Porém, o Oriente Médio é região profundamente instável.
Enquanto isso, a Venezuela está ali do lado e são grandes as importações de seu petróleo pelos EUA. Seu presidente Hugo Chaves não tem demonstrado grandes simpatias pelos atuais governantes norte-americanos.
Diante da inevitável crise do petróleo e do inegociável padrão de vida do americano, temos crise à vista, em especial na fronteira Colômbia-Venezuela. Aos EUA não interessa paz na região. O conflito é a porta de entrada da guerra, acesso mais garantido ao petróleo venezuelano.
Esta crise é só uma das que estão sendo potencializadas pelo início do fim do petróleo barato.
É fundamental ter em vista que, antigamente, cada povo desenvolvia sua produção de alimentos próxima aos locais em que vivia. Hoje, graças ao petróleo barato, planta-se soja no Brasil, ou nos EUA, e se consome na China. Isso só é possível pelo transporte barato, petróleo barato.
E o que é pior, perdeu-se a cultura da antiga produção de alimentos distribuída. A produção concentrada, mais eficiente, tende a ser mais homogênea. Dentre as opções, planta-se a que oferece melhor rendimento, abandonando-se as outras, perdendo-se diversidade, reduzindo-se as opções que havia anteriormente. Algumas dessas opções, abandonadas em nome do aumento da eficiência, eram opções adequadas a outras regiões, quando a produção não estava concentrada, como hoje. O ser humano vai ficando com menos grau de liberdade, com menos opções. Com o fim do transporte barato, vai haver necessidade de se voltar a produzir alimentos perto de casa: crise à vista por falta de alimentos, pois foi perdida a cultura da produção distribuída.
O petróleo barato nos empurrou para uma realidade de profunda dependência. Ficamos viciados em seus produtos.
A sociedade de consumo é reflexo desse petróleo barato. Produzimos o supérfluo, consumimos esse supérfluo e precisamos produzir mais dele, para manter a economia funcionando. O petróleo barato tem sido o combustível dessa lógica.
Usamos pouco e mal cada novo produto que chega ao mercado, induzido pela eficientíssima propaganda. Antes de esgotar seu uso, quando ainda tem muito a oferecer, jogamos fora esse produto e adquirimos a nova mercadoria que chega. Frequentemente, o “novo” é o antigo com alguns enfeites supérfluos, apoiado em competente campanha de marketing.
Esse permanente “use e jogue fora” só tem sido possível pela abundância de energia barata: a queda dos custos de produção alimenta a sociedade de consumo e de desperdício.
O fim da economia do petróleo barato vai abalar essa lógica em que temos sobrevivido. É nossa maneira de viver que fica ameaçada.
Diante da visão da crise do petróleo, recurso reconhecidamente finito e com consumo crescente, tem-se buscado desesperadamente alternativas a ele. Da energia solar à eólica, da nuclear ao carvão, do agro-combustível à economia do hidrogênio.
As energias solar e eólica têm grande potencial de crescimento e serão, seguramente, utilíssimas em pequenas comunidades ou para situações localizadas. Entretanto, não têm qualquer condição de responder às necessidades da sociedade do automóvel e do desperdício.
A nuclear, com questões de segurança ainda pendentes, tem limitação quanto às reservas existentes.
O carvão, com reservas enormes, se usado para substituir as necessidades decorrentes da queda da produção de petróleo, levará a poluição a níveis insuportáveis.
A esponja de hidrogênio é muito mais uma transportadora de energia, de baixo rendimento, que uma geradora, em especial para as necessidades decorrentes da previsível queda na produção de petróleo.
No agro-combustível, o exemplo do pro-alcool tem tido indiscutível sucesso na substituição da gasolina. Tentar mundializar essa solução traz o risco de ameaçar a produção de alimentos, num mundo faminto. Entre produzir alimento para pobre ou “gasolina” para carro de rico, a lógica do Capital será implacável e veremos grandes extensões de terra desviadas da agricultura alimentícia. Os preços dos alimentos iriam disparar, a exemplo do ocorrido com o preço do milho nos EUA e no México, pelo seu uso na produção de etanol para a indústria automobilística. E, ainda assim, não há terra suficiente para as centenas de milhões de carros.
De fato, o presente que nos deram os deuses, dois trilhões de barris de petróleo, nos viciou. Com essa energia barata, ficamos escravos da lógica da sociedade de consumo.
É fundamental entender que o Capital só respeita uma lógica, a lógica da reprodução expandida. O dono do Capital compra máquinas, matéria prima e paga salário ao operário. Utilizando energia barata, os operários operam as máquinas que consomem a matéria prima e produzem mercadorias. Essas mercadorias são vendidas no Mercado e o dono do Capital precisa receber, com elas, mais do que investiu em matéria primas, na depreciação de suas máquinas e nos salários pagos. É a lógica da reprodução expandida, com a qual reproduz seu Capital e o amplia.
Quando o mundo era suposto infinito, sempre com novas fronteiras a conquistar, a lógica da reprodução expandida trouxe enorme desenvolvimento. O progresso, com todos os seus defeitos, foi fantástico. É olhar e ver o crescimento da produção, a queda da mortalidade infantil, o aumento da vida média do ser humano, onde o próprio crescimento da população é um indicador claro.
Hoje, o “mundo é finito”. Não há mais fronteiras a conquistar. Tivéssemos ido a Marte, Júpiter, Vênus, e a lógica da reprodução expandida poderia permanecer. Num mundo finito, essa lógica se transforma numa metástase da sociedade humana, ameaçando o corpo de que ela própria se alimenta. Poluição, efeito estufa, aquecimento global, derretimento de geleiras, tufões são efeitos da atuação descontrolada do Capital. Em risco a vida humana, nossa sobrevivência no planeta.
É fundamental ter uma sociedade menos exigente em energia, no lugar de depender de maior produção. Esse caminho nos está levando a um beco sem saída.
Construir outra lógica na relação com a natureza e com os outros seres humanos é necessidade imperiosa de nossa própria sobrevivência. Não sei se há tempo para essa construção. A barbárie é uma possibilidade não desprezível.
Entretanto, enquanto há esperança, mãos à obra.
Raymundo de Oliveira é engenheiro e professor do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Raymundo de Oliveira
O petróleo começou a ser economicamente explorado a partir da segunda metade do século XIX. Iniciando pelos EUA, a produção foi crescendo sistematicamente. Da destilação daquela massa preta, se tirava de tudo: querosene, gasolina, diesel, óleo combustível, gás, plásticos...
Os derivados de petróleo se tornaram indispensáveis e ficamos inteiramente presos a eles na energia que usamos, em nossas vestimentas, na produção de alimentos, nos multiusos dos plásticos, nos transportes, nas tintas, em tudo.
É olhar para os lados e o que vemos é extraído do petróleo, direta ou indiretamente. E mais, sua extração e uso eram a baixo custo. Daí nossa crescente dependência do petróleo. Fomos abandonando nossos costumes antigos e não sabemos mais viver sem ele. A produção foi crescendo e nossa dependência se acentuando!
Os EUA eram os maiores produtores e nas primeiras décadas do século XX se tornaram os maiores exportadores de petróleo, com a produção crescendo em ritmo acelerado. O petróleo foi o combustível da grande revolução industrial da virada do século XX, sendo a indústria automobilística o grande indicador da industrialização. Ela é filha do petróleo barato, de fácil extração.
Embora inicialmente concentradas nos EUA, o maior exportador, as descobertas de novas regiões petrolíferas foram se espalhando no mundo.
Entretanto, o petróleo é finito, não oferece duas safras: usou, está usado. Não se planta, não se reproduz. Hoje se estima que, no total, a humanidade recebeu dos “deuses” cerca de dois trilhões de barris de petróleo utilizável, somando-se o que já se descobriu com o que ainda deve ser descoberto.
Em meados do século XX, década de cinqüenta, um geólogo norte-americano, King Hubbert, analisando as descobertas de petróleo nos EUA e o histórico das produções dos diversos campos, propôs um modelo matemático e dele concluiu que a produção americana passaria por um máximo no início da década de 70, após o que, passaria a decair paulatinamente. É a chamada Curva de Hubbert, semelhante à Curva Normal (Curva de Gauss).
Seu modelo foi recebido com incredulidade, diante da crescente produção americana. Infelizmente, ele estava certo. De fato, nos primeiros anos da década de setenta, a produção dos EUA se estabiliza e, logo depois, começa a cair. Isso os forçou a reduzir a produção e importar maciçamente.
Como o uso dos derivados de petróleo continuou a crescer, eles não são mais os maiores exportadores e sim os maiores importadores de petróleo do mundo. A produção americana é uma parcela pequena de seu consumo. Se dependessem exclusivamente de suas reservas, elas seriam zeradas em menos de quatro anos. Os EUA possuem 3% das reservas e consomem 25% da produção mundial de petróleo. Daí a necessidade de importar, e importar cada vez mais.
A partir de seu acerto, as teorias do Hubbert passaram a ser levadas a sério. Seu modelo foi reproduzido nas reservas do Mar do Norte e se confirmou.
Hoje, seus seguidores modelam as reservas do mundo e as conclusões são preocupantes: estima-se que o pico da produção deverá se dar entre 2005 e 2010, após o que ela irá caindo aos poucos. Alguns otimistas acham que o máximo da produção só vai se dar em 2015. Devido às oscilações de produção, demora-se a se perceber a passagem do pico.
Esse máximo representa o momento em que já foi consumida metade das reservas disponíveis. Assim, estando passando pelo pico, é sinal de que já consumimos o primeiro trilhão de barris e entramos na produção da segunda metade.
Claro está que a primeira metade foi a de produção mais fácil, mais acessível, mais barata. O que nos resta é a parte mais difícil, mais cara.
O ser humano já conhece razoavelmente o subsolo da Terra. Não são grandes as esperanças de enormes descobertas, a exemplo do que houve na primeira metade do século XX. Há novos campos, porém não se espera descobrir um novo Oriente Médio. O máximo das descobertas se deu em 1964. De lá para cá, as grandes descobertas são cada vez menores.
Imaginemos o que acontecerá com o preço do petróleo quando sua produção começar a cair sistematicamente, ano a ano. O preço tende a disparar.
Porém, o consumo de petróleo é bastante inelástico e, inicialmente, deve responder lentamente ao aumento do preço. Em decorrência crescerá o preço de tudo que usa petróleo, isto é, de quase tudo que nos acostumamos a usar. Vamos ter saudade da época em que o petróleo custava 100 dólares o barril!
Algumas conseqüências da disparada do preço do petróleo podem ser estimadas: o custo dos transportes vai às alturas e o preço dos alimentos também, diante da dependência de derivados de petróleo, na produção de fertilizantes. Em síntese, fica abalada nossa maneira atual de viver, profundamente dependente do petróleo barato.
Vejamos a vida de um americano classe média alta. Ele mora há cem km de seu local de trabalho, nos “subúrbios”. Lá ele vive em sua casinha, com cachorro e piscina, mulher e dois filhos. Vai para o emprego com seu automóvel que pesa três toneladas, consome um litro a cada seis km e faz duzentos km/h, numa auto-estrada de quatro pistas para cada lado. Isso só é possível pela existência do petróleo barato. Disparando o preço, esse padrão de vida ficará abalado. Porém, Dick Cheney, atual vice do presidente George W. Bush, já afirmou: “nosso padrão de vida é inegociável”.
Por muito menos os EUA invadiram o Iraque e estão se apossando de suas reservas de petróleo, a terceira maior do planeta, sob a falsa justificativa de que o presidente Sadan Hussein teria armas de destruição maciça. Porém, o Oriente Médio é região profundamente instável.
Enquanto isso, a Venezuela está ali do lado e são grandes as importações de seu petróleo pelos EUA. Seu presidente Hugo Chaves não tem demonstrado grandes simpatias pelos atuais governantes norte-americanos.
Diante da inevitável crise do petróleo e do inegociável padrão de vida do americano, temos crise à vista, em especial na fronteira Colômbia-Venezuela. Aos EUA não interessa paz na região. O conflito é a porta de entrada da guerra, acesso mais garantido ao petróleo venezuelano.
Esta crise é só uma das que estão sendo potencializadas pelo início do fim do petróleo barato.
É fundamental ter em vista que, antigamente, cada povo desenvolvia sua produção de alimentos próxima aos locais em que vivia. Hoje, graças ao petróleo barato, planta-se soja no Brasil, ou nos EUA, e se consome na China. Isso só é possível pelo transporte barato, petróleo barato.
E o que é pior, perdeu-se a cultura da antiga produção de alimentos distribuída. A produção concentrada, mais eficiente, tende a ser mais homogênea. Dentre as opções, planta-se a que oferece melhor rendimento, abandonando-se as outras, perdendo-se diversidade, reduzindo-se as opções que havia anteriormente. Algumas dessas opções, abandonadas em nome do aumento da eficiência, eram opções adequadas a outras regiões, quando a produção não estava concentrada, como hoje. O ser humano vai ficando com menos grau de liberdade, com menos opções. Com o fim do transporte barato, vai haver necessidade de se voltar a produzir alimentos perto de casa: crise à vista por falta de alimentos, pois foi perdida a cultura da produção distribuída.
O petróleo barato nos empurrou para uma realidade de profunda dependência. Ficamos viciados em seus produtos.
A sociedade de consumo é reflexo desse petróleo barato. Produzimos o supérfluo, consumimos esse supérfluo e precisamos produzir mais dele, para manter a economia funcionando. O petróleo barato tem sido o combustível dessa lógica.
Usamos pouco e mal cada novo produto que chega ao mercado, induzido pela eficientíssima propaganda. Antes de esgotar seu uso, quando ainda tem muito a oferecer, jogamos fora esse produto e adquirimos a nova mercadoria que chega. Frequentemente, o “novo” é o antigo com alguns enfeites supérfluos, apoiado em competente campanha de marketing.
Esse permanente “use e jogue fora” só tem sido possível pela abundância de energia barata: a queda dos custos de produção alimenta a sociedade de consumo e de desperdício.
O fim da economia do petróleo barato vai abalar essa lógica em que temos sobrevivido. É nossa maneira de viver que fica ameaçada.
Diante da visão da crise do petróleo, recurso reconhecidamente finito e com consumo crescente, tem-se buscado desesperadamente alternativas a ele. Da energia solar à eólica, da nuclear ao carvão, do agro-combustível à economia do hidrogênio.
As energias solar e eólica têm grande potencial de crescimento e serão, seguramente, utilíssimas em pequenas comunidades ou para situações localizadas. Entretanto, não têm qualquer condição de responder às necessidades da sociedade do automóvel e do desperdício.
A nuclear, com questões de segurança ainda pendentes, tem limitação quanto às reservas existentes.
O carvão, com reservas enormes, se usado para substituir as necessidades decorrentes da queda da produção de petróleo, levará a poluição a níveis insuportáveis.
A esponja de hidrogênio é muito mais uma transportadora de energia, de baixo rendimento, que uma geradora, em especial para as necessidades decorrentes da previsível queda na produção de petróleo.
No agro-combustível, o exemplo do pro-alcool tem tido indiscutível sucesso na substituição da gasolina. Tentar mundializar essa solução traz o risco de ameaçar a produção de alimentos, num mundo faminto. Entre produzir alimento para pobre ou “gasolina” para carro de rico, a lógica do Capital será implacável e veremos grandes extensões de terra desviadas da agricultura alimentícia. Os preços dos alimentos iriam disparar, a exemplo do ocorrido com o preço do milho nos EUA e no México, pelo seu uso na produção de etanol para a indústria automobilística. E, ainda assim, não há terra suficiente para as centenas de milhões de carros.
De fato, o presente que nos deram os deuses, dois trilhões de barris de petróleo, nos viciou. Com essa energia barata, ficamos escravos da lógica da sociedade de consumo.
É fundamental entender que o Capital só respeita uma lógica, a lógica da reprodução expandida. O dono do Capital compra máquinas, matéria prima e paga salário ao operário. Utilizando energia barata, os operários operam as máquinas que consomem a matéria prima e produzem mercadorias. Essas mercadorias são vendidas no Mercado e o dono do Capital precisa receber, com elas, mais do que investiu em matéria primas, na depreciação de suas máquinas e nos salários pagos. É a lógica da reprodução expandida, com a qual reproduz seu Capital e o amplia.
Quando o mundo era suposto infinito, sempre com novas fronteiras a conquistar, a lógica da reprodução expandida trouxe enorme desenvolvimento. O progresso, com todos os seus defeitos, foi fantástico. É olhar e ver o crescimento da produção, a queda da mortalidade infantil, o aumento da vida média do ser humano, onde o próprio crescimento da população é um indicador claro.
Hoje, o “mundo é finito”. Não há mais fronteiras a conquistar. Tivéssemos ido a Marte, Júpiter, Vênus, e a lógica da reprodução expandida poderia permanecer. Num mundo finito, essa lógica se transforma numa metástase da sociedade humana, ameaçando o corpo de que ela própria se alimenta. Poluição, efeito estufa, aquecimento global, derretimento de geleiras, tufões são efeitos da atuação descontrolada do Capital. Em risco a vida humana, nossa sobrevivência no planeta.
É fundamental ter uma sociedade menos exigente em energia, no lugar de depender de maior produção. Esse caminho nos está levando a um beco sem saída.
Construir outra lógica na relação com a natureza e com os outros seres humanos é necessidade imperiosa de nossa própria sobrevivência. Não sei se há tempo para essa construção. A barbárie é uma possibilidade não desprezível.
Entretanto, enquanto há esperança, mãos à obra.
Raymundo de Oliveira é engenheiro e professor do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
BOLÍVIA - "Guerreros del Arco Iris".
Como já disse num texto anterior, a Bolívia é a "bola da vez" na tentativa dos Estados Unidos em desestabilizar os novos governos que estão adotando políticas nacionalistas na América Latina.
No Blog do Mello é possível assistir um vídeo da maior importância sobre um movimento separatista em andamento. Os americanos conseguiram na Sérvia a independência de Kosovo e agora querem dividir a Bolívia, criando uma nova província independente que eles serão os primeiros a reconhecer.
Assista ‘Guerreros del Arcoiris’: Documentário mostra preparação de golpe de Estado na Bolívia
Não deixe de assistir a este documentário, Guerreros del Arcoiris, que foi exibido pela primeira vez na noite de ontem, sábado, 26 de abril, às 22h30 de Brasília, pelo canal Vive TV, da Venezuela.
Assistindo-o, você vai ter um panorama geral do que está acontecendo neste momento na Bolívia, onde um grupo separatista, racista e violento, patrocinado pelos Estados Unidos, quer declarar sua independência da Bolívia, dividindo o país para não ter que compartilhá-lo com os demais povos que formam a nação boliviana.
Logo após a eleição de Evo Morales, os Estados Unidos deslocaram para a Bolívia seu embaixador que estava na Sérvia, portanto, um especialista em fomentar ambições separatistas.
O documentário mostra como os EUA investem milhões de dólares patrocinando movimentos separatistas da chamada Media Luna, que reúne quatro departamentos da Bolívia, entre eles o de Santa Cruz, que agora, no próximo dia 4 de maio, vai votar um referendo ilegal, convocado à margem do Estado Boliviano, pela aprovação de sua autonomia.
Já falei dos “cruceños” aqui. Nos links abaixo você pai poder ver, ou rever, a agressão covarde que praticam contra um homem desarmado e indefeso e como não se deram nem ao trabalho de criar um estatuto próprio, copiando o da Catalunha.
Ao referendo do próximo dia 4, nem a OEA, nem a Comunidade Européia, nem a ONU enviarão representantes, porque reconhecem sua ilegalidade. Apenas um país vai apoiar e respaldar o referendo, os Estados Unidos.
Há um golpe em marcha na Bolívia, com data marcada. É isso o que mostra Guerreros del Arcoiris.
No Blog do Mello é possível assistir um vídeo da maior importância sobre um movimento separatista em andamento. Os americanos conseguiram na Sérvia a independência de Kosovo e agora querem dividir a Bolívia, criando uma nova província independente que eles serão os primeiros a reconhecer.
Assista ‘Guerreros del Arcoiris’: Documentário mostra preparação de golpe de Estado na Bolívia
Não deixe de assistir a este documentário, Guerreros del Arcoiris, que foi exibido pela primeira vez na noite de ontem, sábado, 26 de abril, às 22h30 de Brasília, pelo canal Vive TV, da Venezuela.
Assistindo-o, você vai ter um panorama geral do que está acontecendo neste momento na Bolívia, onde um grupo separatista, racista e violento, patrocinado pelos Estados Unidos, quer declarar sua independência da Bolívia, dividindo o país para não ter que compartilhá-lo com os demais povos que formam a nação boliviana.
Logo após a eleição de Evo Morales, os Estados Unidos deslocaram para a Bolívia seu embaixador que estava na Sérvia, portanto, um especialista em fomentar ambições separatistas.
O documentário mostra como os EUA investem milhões de dólares patrocinando movimentos separatistas da chamada Media Luna, que reúne quatro departamentos da Bolívia, entre eles o de Santa Cruz, que agora, no próximo dia 4 de maio, vai votar um referendo ilegal, convocado à margem do Estado Boliviano, pela aprovação de sua autonomia.
Já falei dos “cruceños” aqui. Nos links abaixo você pai poder ver, ou rever, a agressão covarde que praticam contra um homem desarmado e indefeso e como não se deram nem ao trabalho de criar um estatuto próprio, copiando o da Catalunha.
Ao referendo do próximo dia 4, nem a OEA, nem a Comunidade Européia, nem a ONU enviarão representantes, porque reconhecem sua ilegalidade. Apenas um país vai apoiar e respaldar o referendo, os Estados Unidos.
Há um golpe em marcha na Bolívia, com data marcada. É isso o que mostra Guerreros del Arcoiris.
PETRÓLEO - Novas descobertas de petróleo,se confirmadas,enriquecerão concessionárias externas.
Está mais do que claro que o marco regulatório imposto pelo governo do FHC em 1997, tem que ser modificado. O artigo abaixo do Siqueira apresenta as razões pelas quais tal modificação tem que ser feita.
Copiado do site www.correiocidadania.com.br
Para comentar as especulações sobre a descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, conversamos com o diretor da Aepet (Associação Engenheiros da Petrobrás), Fernando Siqueira.
A partir do alerta de que os valores informados são, além de meramente especulativos, fruto de declarações oportunistas e irresponsáveis, Siqueira afirma que a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração para avaliar o tamanho da província do pré-sal - que engloba os campos de Carioca, Tupi e Júpiter.
No entanto, a se confirmarem verdadeiras as projeções para o total de petróleo dessa província, uma revisão da Lei 9478/97sancionada por FHC – e a partir da qual a União deixou de ter o monopólio do petróleo – tornar-se-á imprescindível. Caso o lobby internacional ganhe e impeça essa revisão, as concessionárias externas ganharão de "mão beijada" uma enorme riqueza, em detrimento de toda a nação, ressalta Siqueira.
Confira abaixo.
Correio da Cidadania: As notícias que correm a respeito da descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, têm alguma credibilidade?
Fernando Siqueira: Os técnicos da Petrobrás têm expectativas de que a nova província do pré-sal, que tem uma área de 800 km por 200 km, possa ter uma reserva total da ordem de 90 bilhões de barris. Os campos de Carioca, Tupi e Júpiter são partes integrantes dessa província. Acho que a reserva do Carioca foi superestimada, pois esse bloco tem menos de 10% da área total do pré-sal. Pode ter um pouco mais do que a reserva de Tupi, mas nunca quatro vezes mais.
CC: Ouve-se falar em 33 bilhões de barris de petróleo, significando uma riqueza da ordem de US$ 3,3 trilhões, considerando o barril a US$ 100. Esse potencial estimado de petróleo nesse campo estaria, assim, superestimado?
FS: Acho que qualquer valor informado seria mera especulação, pois a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração. Quando ela atingir esse objetivo é que vai ser possível avaliar o tamanho da estrutura do campo e fazer uma avaliação mais segura do potencial produtor dele. Mas isto só deverá ocorrer daqui a cerca de três meses.
CC: A se configurar essa situação como verdadeira, o Brasil daria um salto enorme, aparecendo entre os 3 maiores produtores mundiais. O que significaria isso, a seu ver, para uma nação emergente como o Brasil?
FS: Se a expectativa dos técnicos se confirmar e o pré-sal contiver mesmo os 90 bilhões de barris de reserva, o Brasil passa a ser, em termos de petróleo, a quarta reserva do planeta, atrás apenas da Arábia Saudita, do Irã e do Iraque. Isto eleva em muito o potencial do Brasil como grande potência mundial. Ele já tinha, a nosso ver, a condição de ser essa grande potência – temos demonstrado isto nas palestras que temos feito pelo Brasil, inclusive nas Universidades - por seus recursos naturais; por sua localização geográfica, que é muito favorável; por suas imensas riquezas naturais; por serem também imensas suas reservas de água doce; por ter ainda uma grande incidência solar, que nos fornece abundante energia renovável aproveitável através de energia dos ventos, biomassa ou solar direta.
No entanto, o Brasil tem sido muito tolhido no seu desenvolvimento pelos governantes de plantão. Uma das formas é o achatamento salarial imposto no governo FHC e a venda de empresas estatais, principais geradoras de tecnologia dos países em desenvolvimento. Os juros mais altos do mundo também fazem parte dessa estratégia. Aliás, das 5 estratégias que constam no documento do Departamento de Defesa norte- americano, uma delas diz: "impedir que países potencialmente hegemônicos se desenvolvam". O Brasil é o alvo principal dela.
Assim, surge um novo problema: os EUA, que são os maiores consumidores de petróleo do planeta (consomem mais de 10 bilhões de barris por ano), têm reservas de apenas 29 bilhões de barris e sua economia é profundamente dependente de petróleo. O petróleo do Oriente Médio custa aos EUA mais de US$ 300 por barril (sendo US$ 200 por barril o custo de manutenção do aparato bélico que mantém nos países da região sob controle). Assim, o Brasil passa a ser o alvo principal daquele país em mais esse recurso não renovável. Os EUA têm menos de 10% do total de recursos naturais não renováveis que precisa. A América Latina, o Brasil, em especial, tem sido o seu celeiro mais fácil e mais acessível.
CC: Em que medida a nova lei do Petróleo, aprovada já no primeiro mandato do governo FHC e que eliminou o monopólio da União nas atividades petrolíferas, impactaria a riqueza nacional, caso confirmada essa descoberta? Em outras palavras, quanto do lucro auferido seria abocanhado por empresas estrangeiras?
FS: A descoberta desta nova província nos deu chance de mostrar o absurdo da Lei 9478/97, imposta ao Congresso Nacional pelo governo FHC. Embora os seus artigos 3º e 21º digam que a propriedade das jazidas e o produto da lavra do petróleo são da União Federal (portanto, do povo brasileiro), em total acordo com o artigo 177 da Constituição Federal, existe um artigo, o 26º, que, como fruto do lobby internacional sobre o Congresso, dá a propriedade do petróleo a quem o produzir. A mesma lei manda que o concessionário pague à União uma Participação Especial, que varia de 10 a 45% apenas do produto da lavra. Enquanto isto, a média mundial da participação dos países produtores é de 84%. Quando o presidente Evo Morales elevou a participação do governo de 18 para 82%, nenhuma empresa estrangeira foi embora. É um percentual normal. O contrato de concessão brasileiro é que é absurdo, como era na Bolívia.
Se confirmados os 90 bilhões de barris previstos, em termos econômicos seriam mais de 10 trilhões, com um agravante: estamos chegando ao pico da oferta mundial de petróleo, ou seja, o terceiro choque mundial, agora irreversível. Isso porque, enquanto a oferta atinge o pico e passa a cair de forma inexorável, a demanda, hoje empatada com ela em 87 milhões de barris diários, segue crescendo indefinidamente. A conseqüência natural é que os preços do barril crescerão drasticamente. Os mesmos especialistas que previram os preços de US$ 100 o barril antes de 2010, prevêem que eles chegarão a US$ 180 em 2015 e US$ 300 em 2020. Isto mostra o lucro absurdo que as concessionárias terão, em detrimento do povo brasileiro, se os leilões não forem suspensos e o marco regulatório não for mudado.
A Petrobrás pesquisou o pré-sal durante 30 anos tendo investido ali mais de US$ 2 bilhões, correndo todos os riscos. Enquanto isso, as concessionárias estrangeiras não investiram, não correram riscos, mas se associaram à Petrobrás (por não terem a tecnologia) para comprar blocos por preços irrisórios, ganhando mais de 50% de lucro sobre a lavra, em detrimento do povo brasileiro. É um absurdo inaceitável.
CC: Em função dessas novas e grandes possibilidades de petróleo, há, a seu ver, alguma chance de se mexer nessa lei do petróleo? Você acredita que o presidente Lula endossaria uma medida do gênero?
FS: O presidente Lula, quando soube da descoberta e do volume de reservas possível, retirou do nono leilão, corretamente, 41 blocos que circundavam o campo de Tupi e eram dessa nova província. Certamente ele está sofrendo pressões fortíssimas para recolocar esses blocos em leilão. Acho que o povo, junto com as entidades representativas da sociedade, deve apoiar e ao mesmo tempo pressionar o governo para suspender os leilões e propor mudanças na Lei 9478/97, até porque ela é cheia de incoerências.
CC: Não se mexendo na lei do petróleo, haveria como impedir a participação de empresas privadas, estrangeiras ou nacionais, em um leilão específico para exploração dos novos campos? Você defenderia uma medida como essa?
FS: Caso o lobby internacional ganhe e impeça as mudanças imprescindíveis na Lei 9478/97, há, mesmo assim, meios e justificativas para impedir que empresas estrangeiras participem de leilões. A descoberta da província do pré-sal elimina os riscos e estará provado que ali existe muito petróleo, que a União Federal tem um patrimônio elevado e incontestável, que são as reservas, e que estas pertencem ao povo brasileiro. Não há justificativa em entregar de mão beijada essa província para gerar tamanho lucro para fora do país, tendo uma participação pífia para a nação. O próprio artigo 177 da Constituição brasileira diz, em seu parágrafo 1º, que a União poderá contratar as atividades do monopólio (não a obriga a fazê-lo).
CC: Como você avalia a forma pela qual vazou essa informação, a partir do diretor da ANP, a Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima? Há algum tipo de interesse obscuro por trás dessa situação?
FS: Ficou uma suspeita muito grande. O diretor da ANP tem um discurso muito afinado com o do presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, que por coincidência é o presidente da Repsol. Esta empresa deu um prejuízo de mais de US$ 2 bilhões à Petrobrás numa troca de ativos envolvendo a Refap, no Rio Grande do Sul. Ganhamos uma liminar na justiça que depois foi cassada pelo presidente do STJ de forma estranha.
As declarações do diretor da ANP geraram uma elevação brutal nas ações da Repsol nas bolsas do mundo inteiro. Em Nova Iorque, elas chegaram a valorizar cerca de 17% num só dia. A Repsol tem atuações agressivas em toda a América Latina. Ela é suspeita de ser o braço anglo-holandês da Shell, pelo fato de esta última estar muito desgastada por suas atuações predatórias no mundo todo. A Repsol comprou as reservas da YPF argentina por US$ 0.60 o barril, quando o preço no mercado era de US$ 25/barril. Agora, faz um lobby fortíssimo para comprar a Pemex.
Outro ponto intrigante nas declarações do diretor da ANP é que, pelo artigo 22 da lei do petróleo, ele recebe todos os dados de exploração da Petrobrás e deve manter confidencialidade dos mesmos por 5 anos. Ao invés disto, o diretor, no nono leilão, publicou os dados de Tupi na página da ANP. Agora, faz essas declarações irresponsáveis, indevidas e desastrosas. Ora, ele sabia que corria altos riscos ao fazer isto. Lembremos que o diretor, quando era parlamentar, era um emérito defensor da Petrobrás, da soberania nacional e do monopólio estatal de petróleo. A guinada de 180 graus que o transformou num dos maiores entreguistas desse país tem algo bem mais profundo do que o salário de R$ 8.000,00 por mês. Não se queima uma biografia tão boa por um preço tão irrisório.
Copiado do site www.correiocidadania.com.br
Para comentar as especulações sobre a descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, conversamos com o diretor da Aepet (Associação Engenheiros da Petrobrás), Fernando Siqueira.
A partir do alerta de que os valores informados são, além de meramente especulativos, fruto de declarações oportunistas e irresponsáveis, Siqueira afirma que a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração para avaliar o tamanho da província do pré-sal - que engloba os campos de Carioca, Tupi e Júpiter.
No entanto, a se confirmarem verdadeiras as projeções para o total de petróleo dessa província, uma revisão da Lei 9478/97sancionada por FHC – e a partir da qual a União deixou de ter o monopólio do petróleo – tornar-se-á imprescindível. Caso o lobby internacional ganhe e impeça essa revisão, as concessionárias externas ganharão de "mão beijada" uma enorme riqueza, em detrimento de toda a nação, ressalta Siqueira.
Confira abaixo.
Correio da Cidadania: As notícias que correm a respeito da descoberta de mais um mega-campo de petróleo na Bacia de Campos, o Carioca, têm alguma credibilidade?
Fernando Siqueira: Os técnicos da Petrobrás têm expectativas de que a nova província do pré-sal, que tem uma área de 800 km por 200 km, possa ter uma reserva total da ordem de 90 bilhões de barris. Os campos de Carioca, Tupi e Júpiter são partes integrantes dessa província. Acho que a reserva do Carioca foi superestimada, pois esse bloco tem menos de 10% da área total do pré-sal. Pode ter um pouco mais do que a reserva de Tupi, mas nunca quatro vezes mais.
CC: Ouve-se falar em 33 bilhões de barris de petróleo, significando uma riqueza da ordem de US$ 3,3 trilhões, considerando o barril a US$ 100. Esse potencial estimado de petróleo nesse campo estaria, assim, superestimado?
FS: Acho que qualquer valor informado seria mera especulação, pois a Petrobrás ainda não chegou ao objetivo final de um poço em perfuração. Quando ela atingir esse objetivo é que vai ser possível avaliar o tamanho da estrutura do campo e fazer uma avaliação mais segura do potencial produtor dele. Mas isto só deverá ocorrer daqui a cerca de três meses.
CC: A se configurar essa situação como verdadeira, o Brasil daria um salto enorme, aparecendo entre os 3 maiores produtores mundiais. O que significaria isso, a seu ver, para uma nação emergente como o Brasil?
FS: Se a expectativa dos técnicos se confirmar e o pré-sal contiver mesmo os 90 bilhões de barris de reserva, o Brasil passa a ser, em termos de petróleo, a quarta reserva do planeta, atrás apenas da Arábia Saudita, do Irã e do Iraque. Isto eleva em muito o potencial do Brasil como grande potência mundial. Ele já tinha, a nosso ver, a condição de ser essa grande potência – temos demonstrado isto nas palestras que temos feito pelo Brasil, inclusive nas Universidades - por seus recursos naturais; por sua localização geográfica, que é muito favorável; por suas imensas riquezas naturais; por serem também imensas suas reservas de água doce; por ter ainda uma grande incidência solar, que nos fornece abundante energia renovável aproveitável através de energia dos ventos, biomassa ou solar direta.
No entanto, o Brasil tem sido muito tolhido no seu desenvolvimento pelos governantes de plantão. Uma das formas é o achatamento salarial imposto no governo FHC e a venda de empresas estatais, principais geradoras de tecnologia dos países em desenvolvimento. Os juros mais altos do mundo também fazem parte dessa estratégia. Aliás, das 5 estratégias que constam no documento do Departamento de Defesa norte- americano, uma delas diz: "impedir que países potencialmente hegemônicos se desenvolvam". O Brasil é o alvo principal dela.
Assim, surge um novo problema: os EUA, que são os maiores consumidores de petróleo do planeta (consomem mais de 10 bilhões de barris por ano), têm reservas de apenas 29 bilhões de barris e sua economia é profundamente dependente de petróleo. O petróleo do Oriente Médio custa aos EUA mais de US$ 300 por barril (sendo US$ 200 por barril o custo de manutenção do aparato bélico que mantém nos países da região sob controle). Assim, o Brasil passa a ser o alvo principal daquele país em mais esse recurso não renovável. Os EUA têm menos de 10% do total de recursos naturais não renováveis que precisa. A América Latina, o Brasil, em especial, tem sido o seu celeiro mais fácil e mais acessível.
CC: Em que medida a nova lei do Petróleo, aprovada já no primeiro mandato do governo FHC e que eliminou o monopólio da União nas atividades petrolíferas, impactaria a riqueza nacional, caso confirmada essa descoberta? Em outras palavras, quanto do lucro auferido seria abocanhado por empresas estrangeiras?
FS: A descoberta desta nova província nos deu chance de mostrar o absurdo da Lei 9478/97, imposta ao Congresso Nacional pelo governo FHC. Embora os seus artigos 3º e 21º digam que a propriedade das jazidas e o produto da lavra do petróleo são da União Federal (portanto, do povo brasileiro), em total acordo com o artigo 177 da Constituição Federal, existe um artigo, o 26º, que, como fruto do lobby internacional sobre o Congresso, dá a propriedade do petróleo a quem o produzir. A mesma lei manda que o concessionário pague à União uma Participação Especial, que varia de 10 a 45% apenas do produto da lavra. Enquanto isto, a média mundial da participação dos países produtores é de 84%. Quando o presidente Evo Morales elevou a participação do governo de 18 para 82%, nenhuma empresa estrangeira foi embora. É um percentual normal. O contrato de concessão brasileiro é que é absurdo, como era na Bolívia.
Se confirmados os 90 bilhões de barris previstos, em termos econômicos seriam mais de 10 trilhões, com um agravante: estamos chegando ao pico da oferta mundial de petróleo, ou seja, o terceiro choque mundial, agora irreversível. Isso porque, enquanto a oferta atinge o pico e passa a cair de forma inexorável, a demanda, hoje empatada com ela em 87 milhões de barris diários, segue crescendo indefinidamente. A conseqüência natural é que os preços do barril crescerão drasticamente. Os mesmos especialistas que previram os preços de US$ 100 o barril antes de 2010, prevêem que eles chegarão a US$ 180 em 2015 e US$ 300 em 2020. Isto mostra o lucro absurdo que as concessionárias terão, em detrimento do povo brasileiro, se os leilões não forem suspensos e o marco regulatório não for mudado.
A Petrobrás pesquisou o pré-sal durante 30 anos tendo investido ali mais de US$ 2 bilhões, correndo todos os riscos. Enquanto isso, as concessionárias estrangeiras não investiram, não correram riscos, mas se associaram à Petrobrás (por não terem a tecnologia) para comprar blocos por preços irrisórios, ganhando mais de 50% de lucro sobre a lavra, em detrimento do povo brasileiro. É um absurdo inaceitável.
CC: Em função dessas novas e grandes possibilidades de petróleo, há, a seu ver, alguma chance de se mexer nessa lei do petróleo? Você acredita que o presidente Lula endossaria uma medida do gênero?
FS: O presidente Lula, quando soube da descoberta e do volume de reservas possível, retirou do nono leilão, corretamente, 41 blocos que circundavam o campo de Tupi e eram dessa nova província. Certamente ele está sofrendo pressões fortíssimas para recolocar esses blocos em leilão. Acho que o povo, junto com as entidades representativas da sociedade, deve apoiar e ao mesmo tempo pressionar o governo para suspender os leilões e propor mudanças na Lei 9478/97, até porque ela é cheia de incoerências.
CC: Não se mexendo na lei do petróleo, haveria como impedir a participação de empresas privadas, estrangeiras ou nacionais, em um leilão específico para exploração dos novos campos? Você defenderia uma medida como essa?
FS: Caso o lobby internacional ganhe e impeça as mudanças imprescindíveis na Lei 9478/97, há, mesmo assim, meios e justificativas para impedir que empresas estrangeiras participem de leilões. A descoberta da província do pré-sal elimina os riscos e estará provado que ali existe muito petróleo, que a União Federal tem um patrimônio elevado e incontestável, que são as reservas, e que estas pertencem ao povo brasileiro. Não há justificativa em entregar de mão beijada essa província para gerar tamanho lucro para fora do país, tendo uma participação pífia para a nação. O próprio artigo 177 da Constituição brasileira diz, em seu parágrafo 1º, que a União poderá contratar as atividades do monopólio (não a obriga a fazê-lo).
CC: Como você avalia a forma pela qual vazou essa informação, a partir do diretor da ANP, a Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima? Há algum tipo de interesse obscuro por trás dessa situação?
FS: Ficou uma suspeita muito grande. O diretor da ANP tem um discurso muito afinado com o do presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, que por coincidência é o presidente da Repsol. Esta empresa deu um prejuízo de mais de US$ 2 bilhões à Petrobrás numa troca de ativos envolvendo a Refap, no Rio Grande do Sul. Ganhamos uma liminar na justiça que depois foi cassada pelo presidente do STJ de forma estranha.
As declarações do diretor da ANP geraram uma elevação brutal nas ações da Repsol nas bolsas do mundo inteiro. Em Nova Iorque, elas chegaram a valorizar cerca de 17% num só dia. A Repsol tem atuações agressivas em toda a América Latina. Ela é suspeita de ser o braço anglo-holandês da Shell, pelo fato de esta última estar muito desgastada por suas atuações predatórias no mundo todo. A Repsol comprou as reservas da YPF argentina por US$ 0.60 o barril, quando o preço no mercado era de US$ 25/barril. Agora, faz um lobby fortíssimo para comprar a Pemex.
Outro ponto intrigante nas declarações do diretor da ANP é que, pelo artigo 22 da lei do petróleo, ele recebe todos os dados de exploração da Petrobrás e deve manter confidencialidade dos mesmos por 5 anos. Ao invés disto, o diretor, no nono leilão, publicou os dados de Tupi na página da ANP. Agora, faz essas declarações irresponsáveis, indevidas e desastrosas. Ora, ele sabia que corria altos riscos ao fazer isto. Lembremos que o diretor, quando era parlamentar, era um emérito defensor da Petrobrás, da soberania nacional e do monopólio estatal de petróleo. A guinada de 180 graus que o transformou num dos maiores entreguistas desse país tem algo bem mais profundo do que o salário de R$ 8.000,00 por mês. Não se queima uma biografia tão boa por um preço tão irrisório.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
BOLÍVIA - Referendos Nacionais.
Vamos ficar de olho na Bolívia já que este país é "bola da vez" no processo de combate ao neoliberalismo.
Convocação de referendo acirra tensão política na Bolívia
Deu na ALAInet:Igor OjedaO clima de crise política e de polarização na Bolivia se aprofundou ainda mais a partir do dia 28 de fevereiro, quando o Congresso Nacional, em meio a um cerco do edifício por parte dos principais movimentos sociais do país, aprovou a lei de convocatória de dois referendos nacionais, marcados para o dia 4 de maio: o aprobatório da nova Constituição e um dirimidor, através do qual a população irá decidir sobre o artigo do texto que trata o latifúndio.
[ . . . ]Durante a plenária, o legislativo aprovou também uma lei interpretativa sobre um parágrafo da Lei de Referendos, ficando determinado que a faculdade de convocar consultas departamentais é exclusiva do Congresso. As autonomias estão previstas na nova Constituição. No entanto, para o governo, os estatutos autonômicos propostos pela meia-lua são ilegais.
EnfrentamentosA consulta de Santa Cruz seria realizada exatamente no dia 4 de maio. Como resposta à estratégia do governo, a oposição cogita antecipar seus referendos. Ao mesmo tempo, alguns setores de estudantes, e de classe média e classe média alta preparam atos “pela democracia”, inclusive em La Paz, forte reduto de Evo Morales.
[ . . . ]Para César Navarro, chefe da bancada de deputados do MAS na Câmara dos Deputados, o aprofundamento da polarização se dará principalmente porque a oposição está ganhando força regionalmente, “com um discurso excessivamente autonômico, democrático, e que conseguiu posicionar idéias negativas em relação ao nosso governo, como de que ele seria ditador, antidemocrático, fascista, totalitário, indigenista etc”.
Crescimento da direitaSegundo Rada, há um claro crescimento da direita e um correspondente enfraquecimento do MAS desde a vitória eleitoral de Evo Morales, em dezembro de 2005, que, para ele, se deu pela incapacidade do partido em empregar tal força social para impor seu projeto ao país.
[ . . . ]Diante da aprovação dos referendos pelo Congresso, a oposição passou a denunciar internacionalmente o “atropelo à democracia” supostamente levado a cabo pelo MAS. Já o Executivo denunciou ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas a existência de setores políticos e regionais que estariam conspirando contra a gestão de Evo Morales e que teriam desejos separatistas.
SeparatismoCalcula-se que, caso os referendo constitucional seja realizado, mesmo que o “sim” seja vitorioso, o “não” deverá ganhar nos departamentos da meia-lua. “Isso gerará uma polarização fortemente regional. Aí, novamente, voltará à mesa a possibilidade do separatismo, do autonomismo, que serão acelerados”, prevê o sociólogo Eduardo Paz Rada.
[ . . . ]Nesse contexto, Rada chama a atenção para um grave risco que poderá vir das forças de segurança do Estado. “As instâncias que têm a possibilidade de evitar qualquer excesso de separatismo são as Forças Armadas e a polícia. E tenho a impressão que, dentro delas, estão começando a surgir tendências divisionistas, que podem levar a uma situação muito mais caótica e instável na Bolívia”.
Aprovação foi a “única decisão possível”, afirma deputado do MASA decisão do Movimiento Al Socialismo (MAS, partido no governo) de aprovar os referendos constitucionais em meio ao um cerco do Congresso por parte das organizações sociais era a única possível no contexto político atual em que vive a Bolívia, de acordo com César Navarro, chefe da bancada do partido na Câmara dos Deputados.Em 15 de fevereiro, governo e oposição haviam iniciado, no âmbito do Congresso, uma discussão sobre a compatibilização da nova Carta Magna com os estatutos autonômicos – lançados em dezembro pela meia-lua em resposta à aprovação da Constituição.
[ . . . ]Nesse contexto, segundo o deputado, o governo decidiu, em conjunto com os movimentos, pôr o texto constitucional em consulta popular. “Mais que uma decisão de impor algo, a opção que tomamos vai no sentido de proporcionar um novo mecanismo democrático de consulta. É uma medida de caráter fundamentalmente político-estatal, que delega a responsabilidade da solução da crise à sociedade boliviana”, explica.
EquilíbrioNa opinião do sociólogo Eduardo Paz Rada, docente da Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), de La Paz, a aprovação dos referendos foi uma medida estratégica para o MAS e o presidente Evo Morales. “Os referendos autonômicos estavam posicionados como tema central e mais importante e, além disso, avançavam muito rapidamente, sem que existisse uma contraposição por parte do governo. Então, foi uma tentativa do executivo de equilibrar a iniciativa com os setores da meia-lua. Era imprescindível que o MAS tomasse decisões para que o tema da Constituição se posicionasse acima ou, pelo menos, no mesmo nível que os estatutos autonômicos”, analisa.
[ . . . ]Em relação ao cerco dos movimentos sociais ao Congresso, Isaac Ávalos, secretário-executivo da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), explica que, sem pressão, o Parlamento não funciona. “Fomos obrigados a tomar essa medida. Não fizemos cerco ao Congresso o ano inteiro. Bloqueamos quando eles não trabalharam”.
Igor Ojeda é correspondente do Brasil de Fato em La Paz.
Convocação de referendo acirra tensão política na Bolívia
Deu na ALAInet:Igor OjedaO clima de crise política e de polarização na Bolivia se aprofundou ainda mais a partir do dia 28 de fevereiro, quando o Congresso Nacional, em meio a um cerco do edifício por parte dos principais movimentos sociais do país, aprovou a lei de convocatória de dois referendos nacionais, marcados para o dia 4 de maio: o aprobatório da nova Constituição e um dirimidor, através do qual a população irá decidir sobre o artigo do texto que trata o latifúndio.
[ . . . ]Durante a plenária, o legislativo aprovou também uma lei interpretativa sobre um parágrafo da Lei de Referendos, ficando determinado que a faculdade de convocar consultas departamentais é exclusiva do Congresso. As autonomias estão previstas na nova Constituição. No entanto, para o governo, os estatutos autonômicos propostos pela meia-lua são ilegais.
EnfrentamentosA consulta de Santa Cruz seria realizada exatamente no dia 4 de maio. Como resposta à estratégia do governo, a oposição cogita antecipar seus referendos. Ao mesmo tempo, alguns setores de estudantes, e de classe média e classe média alta preparam atos “pela democracia”, inclusive em La Paz, forte reduto de Evo Morales.
[ . . . ]Para César Navarro, chefe da bancada de deputados do MAS na Câmara dos Deputados, o aprofundamento da polarização se dará principalmente porque a oposição está ganhando força regionalmente, “com um discurso excessivamente autonômico, democrático, e que conseguiu posicionar idéias negativas em relação ao nosso governo, como de que ele seria ditador, antidemocrático, fascista, totalitário, indigenista etc”.
Crescimento da direitaSegundo Rada, há um claro crescimento da direita e um correspondente enfraquecimento do MAS desde a vitória eleitoral de Evo Morales, em dezembro de 2005, que, para ele, se deu pela incapacidade do partido em empregar tal força social para impor seu projeto ao país.
[ . . . ]Diante da aprovação dos referendos pelo Congresso, a oposição passou a denunciar internacionalmente o “atropelo à democracia” supostamente levado a cabo pelo MAS. Já o Executivo denunciou ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas a existência de setores políticos e regionais que estariam conspirando contra a gestão de Evo Morales e que teriam desejos separatistas.
SeparatismoCalcula-se que, caso os referendo constitucional seja realizado, mesmo que o “sim” seja vitorioso, o “não” deverá ganhar nos departamentos da meia-lua. “Isso gerará uma polarização fortemente regional. Aí, novamente, voltará à mesa a possibilidade do separatismo, do autonomismo, que serão acelerados”, prevê o sociólogo Eduardo Paz Rada.
[ . . . ]Nesse contexto, Rada chama a atenção para um grave risco que poderá vir das forças de segurança do Estado. “As instâncias que têm a possibilidade de evitar qualquer excesso de separatismo são as Forças Armadas e a polícia. E tenho a impressão que, dentro delas, estão começando a surgir tendências divisionistas, que podem levar a uma situação muito mais caótica e instável na Bolívia”.
Aprovação foi a “única decisão possível”, afirma deputado do MASA decisão do Movimiento Al Socialismo (MAS, partido no governo) de aprovar os referendos constitucionais em meio ao um cerco do Congresso por parte das organizações sociais era a única possível no contexto político atual em que vive a Bolívia, de acordo com César Navarro, chefe da bancada do partido na Câmara dos Deputados.Em 15 de fevereiro, governo e oposição haviam iniciado, no âmbito do Congresso, uma discussão sobre a compatibilização da nova Carta Magna com os estatutos autonômicos – lançados em dezembro pela meia-lua em resposta à aprovação da Constituição.
[ . . . ]Nesse contexto, segundo o deputado, o governo decidiu, em conjunto com os movimentos, pôr o texto constitucional em consulta popular. “Mais que uma decisão de impor algo, a opção que tomamos vai no sentido de proporcionar um novo mecanismo democrático de consulta. É uma medida de caráter fundamentalmente político-estatal, que delega a responsabilidade da solução da crise à sociedade boliviana”, explica.
EquilíbrioNa opinião do sociólogo Eduardo Paz Rada, docente da Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), de La Paz, a aprovação dos referendos foi uma medida estratégica para o MAS e o presidente Evo Morales. “Os referendos autonômicos estavam posicionados como tema central e mais importante e, além disso, avançavam muito rapidamente, sem que existisse uma contraposição por parte do governo. Então, foi uma tentativa do executivo de equilibrar a iniciativa com os setores da meia-lua. Era imprescindível que o MAS tomasse decisões para que o tema da Constituição se posicionasse acima ou, pelo menos, no mesmo nível que os estatutos autonômicos”, analisa.
[ . . . ]Em relação ao cerco dos movimentos sociais ao Congresso, Isaac Ávalos, secretário-executivo da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), explica que, sem pressão, o Parlamento não funciona. “Fomos obrigados a tomar essa medida. Não fizemos cerco ao Congresso o ano inteiro. Bloqueamos quando eles não trabalharam”.
Igor Ojeda é correspondente do Brasil de Fato em La Paz.
MÍDIA - A Internet e os novos "formadores de opinião".
Os "formadores de opinião" que atuam na grande imprensa foram , como já escrevi várias vezes, os grandes perdedores com a reeleição do Presidente Lula. E continuam perdendo neste segundo mandato, como atestam as últimas pesquisas. Por mais que sejam porta-vozes da oposição, têm sido desmoralizados pelos blogueiros que divulgam o que o JN e outros deixam de publicar e o que é pior, mostram o outro lado da notícia.
Abaixo, texto do Prof. Venício publicado no site Observatório da Imprensa.
São muitas as explicações que tentam dar conta das mudanças importantes que estamos assistindo na capacidade de influência direta da grande mídia na percepção política e no comportamento eleitoral da população brasileira. Depois da primeira eleição presidencial após o período autoritário, realizada em 1989, pesquisas de opinião vêm registrando um lento – às vezes contraditório, mas sempre progressivo – descolamento da opinião dominante na grande mídia da opinião da maioria da população. Esse fato coloca em questão, por exemplo, o poder dos "formadores de opinião" tradicionais e tem obrigado analistas e ideólogos a verdadeiros malabarismos teórico-explicativos.
Em tempos de tantas inovações tecnológicas, um dos fatores que certamente tem contribuído para essas mudanças é o crescimento avassalador do acesso de nossa população à internet, um meio de comunicação com características radicalmente distintas da velha comunicação de massa: interatividade versus unidirecionalidade.
Registre-se que o aumento da renda e avanços importantes na escolaridade de camadas significativas da população são pressupostos para que cresça o acesso à internet. E esses pressupostos estão, de fato, ocorrendo (ver, neste Observatório, "TSE & Escolaridade do eleitor: Obra-prima do jornalismo apressado").
Há de se considerar também que a inclusão digital é uma área onde as políticas públicas têm sido efetivas e têm provocado resultados positivos. Exemplos conhecidos são o programa "Computador para Todos" e os telecentros dos "Pontos de Cultura". Em 2007, pela primeira vez, a venda de computadores (10,5 milhões de unidades) ultrapassou o total de aparelhos de televisão comercializados no país.
Classe C plugada
Os últimos dados conhecidos sobre o avanço da internet no conjunto da população brasileira são realmente impressionantes.
Em dezembro de 2006, o Ibope/NetRatings divulgou informações referentes ao terceiro trimestre de 2007 que davam conta de que 39 milhões de brasileiros, acima de 15 anos, tinham acesso permanente à internet em diferentes ambientes – residência, trabalho, escola, cybercafé, bibliotecas, telecentros etc. Esse número significava um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2006.
Há poucos dias, a Associação de Mídia Interativa (IAB Brasil) revelou que 40 milhões de brasileiros já tinham acesso à internet e que a estimativa para dezembro de 2008 é de que o número chegará a 45 milhões – o que representa um crescimento de 15% em relação ao ano de 2007. Segundo Paulo Castro, presidente do IAB Brasil, "esse crescimento (...) consolida a internet como a segunda maior mídia de massa do país". A primeira é a televisão (ver aqui).
Há, no entanto, um dado ainda mais interessante: quem são os brasileiros que acessam a internet? De acordo com o IAB Brasil, 37% dos internautas no ano passado eram da classe C. Cinqüenta por cento eram das classes A e B e 13% das classes D e E. Em 2008, a expectativa é que o segmento da classe C alcance 40%.
Multiplicação capilar
Para muitos observadores e analistas de mídia, a penetração impressionante da internet na população brasileira é um dado da realidade que ainda não foi totalmente "digerido" e compreendido em todas as suas dimensões. Esse crescimento, por exemplo, ocorre simultaneamente a uma relativa estagnação da mídia impressa (à exceção de algumas revistas populares) e, sobretudo, dos principais jornalões da grande mídia.
Isso significa que, do ponto de vista do poder de influência da grande mídia e, sobretudo, dos seus "formadores de opinião", os dados recentes indicam que algumas hipóteses já avançadas por ocasião da análise dos resultados das eleições de 2006 parecem se confirmar.
Parcela importante de nossa população (inclusive da classe C), historicamente excluída do acesso à mídia impressa, estaria hoje em condições de multiplicar as mediações das mensagens recebidas diretamente da internet e por intermédio de suas lideranças (que se utilizam intensamente da internet).
Na medida em que aumenta o acesso a fontes diferentes de informação e também o feixe de relações sociais ao qual o cidadão comum está interligado, diminui o poder de influência que a grande mídia tem de agir diretamente sobre a sua audiência (ouvintes, telespectadores e leitores) e se fortalece a mediação exercida pelas lideranças intermediárias.
Os "formadores de opinião" tradicionais parecem estar sendo paulatinamente substituídos por "líderes de opinião" locais que se utilizam cada vez mais da internet onde, inegavelmente, existe mais diversidade e pluralidade na informação.
O atual sucesso de alguns blogs em amplas camadas da população – e a capacidade incrível de multiplicação capilar de informações e análises – certamente é uma das conseqüências mais visíveis desse auspicioso processo.
Que assim seja!
Abaixo, texto do Prof. Venício publicado no site Observatório da Imprensa.
São muitas as explicações que tentam dar conta das mudanças importantes que estamos assistindo na capacidade de influência direta da grande mídia na percepção política e no comportamento eleitoral da população brasileira. Depois da primeira eleição presidencial após o período autoritário, realizada em 1989, pesquisas de opinião vêm registrando um lento – às vezes contraditório, mas sempre progressivo – descolamento da opinião dominante na grande mídia da opinião da maioria da população. Esse fato coloca em questão, por exemplo, o poder dos "formadores de opinião" tradicionais e tem obrigado analistas e ideólogos a verdadeiros malabarismos teórico-explicativos.
Em tempos de tantas inovações tecnológicas, um dos fatores que certamente tem contribuído para essas mudanças é o crescimento avassalador do acesso de nossa população à internet, um meio de comunicação com características radicalmente distintas da velha comunicação de massa: interatividade versus unidirecionalidade.
Registre-se que o aumento da renda e avanços importantes na escolaridade de camadas significativas da população são pressupostos para que cresça o acesso à internet. E esses pressupostos estão, de fato, ocorrendo (ver, neste Observatório, "TSE & Escolaridade do eleitor: Obra-prima do jornalismo apressado").
Há de se considerar também que a inclusão digital é uma área onde as políticas públicas têm sido efetivas e têm provocado resultados positivos. Exemplos conhecidos são o programa "Computador para Todos" e os telecentros dos "Pontos de Cultura". Em 2007, pela primeira vez, a venda de computadores (10,5 milhões de unidades) ultrapassou o total de aparelhos de televisão comercializados no país.
Classe C plugada
Os últimos dados conhecidos sobre o avanço da internet no conjunto da população brasileira são realmente impressionantes.
Em dezembro de 2006, o Ibope/NetRatings divulgou informações referentes ao terceiro trimestre de 2007 que davam conta de que 39 milhões de brasileiros, acima de 15 anos, tinham acesso permanente à internet em diferentes ambientes – residência, trabalho, escola, cybercafé, bibliotecas, telecentros etc. Esse número significava um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2006.
Há poucos dias, a Associação de Mídia Interativa (IAB Brasil) revelou que 40 milhões de brasileiros já tinham acesso à internet e que a estimativa para dezembro de 2008 é de que o número chegará a 45 milhões – o que representa um crescimento de 15% em relação ao ano de 2007. Segundo Paulo Castro, presidente do IAB Brasil, "esse crescimento (...) consolida a internet como a segunda maior mídia de massa do país". A primeira é a televisão (ver aqui).
Há, no entanto, um dado ainda mais interessante: quem são os brasileiros que acessam a internet? De acordo com o IAB Brasil, 37% dos internautas no ano passado eram da classe C. Cinqüenta por cento eram das classes A e B e 13% das classes D e E. Em 2008, a expectativa é que o segmento da classe C alcance 40%.
Multiplicação capilar
Para muitos observadores e analistas de mídia, a penetração impressionante da internet na população brasileira é um dado da realidade que ainda não foi totalmente "digerido" e compreendido em todas as suas dimensões. Esse crescimento, por exemplo, ocorre simultaneamente a uma relativa estagnação da mídia impressa (à exceção de algumas revistas populares) e, sobretudo, dos principais jornalões da grande mídia.
Isso significa que, do ponto de vista do poder de influência da grande mídia e, sobretudo, dos seus "formadores de opinião", os dados recentes indicam que algumas hipóteses já avançadas por ocasião da análise dos resultados das eleições de 2006 parecem se confirmar.
Parcela importante de nossa população (inclusive da classe C), historicamente excluída do acesso à mídia impressa, estaria hoje em condições de multiplicar as mediações das mensagens recebidas diretamente da internet e por intermédio de suas lideranças (que se utilizam intensamente da internet).
Na medida em que aumenta o acesso a fontes diferentes de informação e também o feixe de relações sociais ao qual o cidadão comum está interligado, diminui o poder de influência que a grande mídia tem de agir diretamente sobre a sua audiência (ouvintes, telespectadores e leitores) e se fortalece a mediação exercida pelas lideranças intermediárias.
Os "formadores de opinião" tradicionais parecem estar sendo paulatinamente substituídos por "líderes de opinião" locais que se utilizam cada vez mais da internet onde, inegavelmente, existe mais diversidade e pluralidade na informação.
O atual sucesso de alguns blogs em amplas camadas da população – e a capacidade incrível de multiplicação capilar de informações e análises – certamente é uma das conseqüências mais visíveis desse auspicioso processo.
Que assim seja!
domingo, 27 de abril de 2008
BOLÍVIA - A batalha da "´Media Luna".
A declaração de independência de Kosovo, província da Sérvia, foi apoiada pelos Estados Unidos e pela União Européia e o Conselho da ONU nada fez para impedí-la. Tal reconhecimento tem um motivo especial, já que abre um precedente perigoso que fortalece movimentos separatistas como o que está agora ocorrendo na Bolívia. Os Estados Unidos e a União Européia tiveram bens nacionalizados pelo novo governo boliviano e estão torcendo pela secessão dos ricos departamentos petrolíferos da Bolívia. Existem informações a respeito da existência de um exército de mercenários (fala-se em 10.000 homens), financiados, armados e treinados pela CIA.
O site Cidadania, do Eduardo Guimarães, apresenta uma matéria sobre a Bolívia que copiamos para o nosso blog.
A batalha da "Media Luna"
No próximo dia 17, farei nova viagem ao exterior, depois da impressionante experiência que tive em Angola durante o mês de fevereiro deste ano, quando conheci uma realidade que chega a parecer fictícia em pleno século XXI. Meu próximo destino é a Bolívia, país que, apesar da omissão da mídia brasileira, que pouco ou nada vem noticiando sobre ele, está atravessando uma crise política e institucional extremamente grave. No próximo domingo, dia 4 de maio, será realizado um plebiscito convocado pelo governo de Santa Cruz de la Sierra. A consulta popular será realizada à revelia do governo central da Bolívia, presidido pelo índio Evo Morales, e constitui, a rigor, uma proposta separatista engendrada pela oposição boliviana. Especula-se que pode haver violência, pois a convocação do plebiscito e seu teor são inconstitucionais, constituindo um verdadeiro ato de sedição. É como se Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pretendessem se separar do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste do Brasil. No entanto, a mídia brasileira praticamente ignora a possibilidade de um grave confronto no país vizinho, a possibilidade de haver uma guerra civil na região boliviana conhecida como "Media Luna". Como conhecedor da realidade boliviana, cumpre-me suprir a carência do noticiário nacional escrevendo este texto. O que você lerá a seguir sobre a realidade política, social e institucional da Bolívia, não me foi contado por ninguém, é fruto de constatações que fiz nas viagens de negócios que venho empreendendo àquele país - pelo menos duas por ano - desde 1996. A elite, a mídia e o grande empresariado bolivianos estão tentando reproduzir o que seus congêneres venezuelanos vêm fazendo há anos na Venezuela, ou seja, estão tentando derrubar ou, na melhor das hipóteses, paralisar um governo democraticamente eleito e que apenas tenta pôr fim à miséria de dar dó em que vivem índios que constituem a quase totalidade da população boliviana. Eis, a seguir, os fatos sobre a Bolívia que é preciso conhecer para bem entender sua realidade política, social, econômica e institucional. A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul. Os índios quéchuas, aymarás e outros, mais uma boa parcela de mestiços, constituem cerca de 90% da população. Destes, outros 90% vivem, em grande parte, na pobreza, e a maior parte, na miséria. Um contingente expressivo dos índios bolivianos ganha cerca de um dólar por dia. A maior parte dos índios não tem rede de esgoto, educação minimamente aceitável e padece de doenças que desapareceram na maioria dos países de civilização média. A maioria indígena está concentrada em regiões contíguas à Cordilheira dos Andes, ou seja, La Paz, Sucre, Cochabamba, Oruro, Potosi. Os habitantes indígenas das cidades do Altiplano (da Cordilheira) são conhecidos como “collas”, e os da planície, da região conhecida como “Media Luna” (constituída por Santa Cruz de la Sierra, Pando, Tarija e Beni), são conhecidos como “cambas”. Há uma rivalidade crescente e explosiva entre “collas” e “cambas”. Eles se odeiam, ainda que muitos indígenas vivam na região da “Media Luna” segregados, sem direitos, oprimidos e odiados. Os “cambas” dividem-se entre uma minoria branca e rica, majoritariamente descendente dos conquistadores espanhóis que não se miscigenaram com os quéchuas, aymarás e outros, e os índios (“collas”) submissos, que formam um enorme exército de serviçais dos ricos da região de Santa Cruz. Os “cambas” índios e mestiços, em grande parte, votam e emulam os discursos de seus patrões, mas, muitas vezes, da boca para fora, como mostram os resultados das eleições mais recentes, nas quais os “cambas” índios e pobres dividiram-se no apoio a Evo Morales, perdendo por pouco para a elite. A grande mídia boliviana da "Media Luna" é formada pelos grandes canais de TV e pelo principal jornal da direita branca e rica. São as TVs Unitel, do grupo agropecuário Monastérios, Red Uno, do grupo de supermercados Kuljis, Sitel, da cervejaria dos Fernandez, Pat, do grupo dos Daher (distribuidores Sony na Bolívia) e o jornal El Dia. O fato é que a América Latina está submetida toda ao mesmo processo, no qual as elites dos países da região - todos transbordando de pobreza e desigualdade - tentam, valendo-se do controle que exercem sobre os meios de comunicação, impedir que as grandes massas mestiças, negras e índias, mantidas na ignorância, na pobreza extrema e vivendo em condições indignas, votem em causa própria, elegendo governos comprometidos com a promoção de distribuição de renda e de oportunidades. O que vemos fazer a mídia brasileira não chega a um décimo do que fazem as mídias de países nos quais foram eleitos governos dispostos a enfrentar as elites e suas mídias com maior decisão. São países como Bolívia, Venezuela, Equador etc, os quais venho visitando há mais de uma década. Porém, assim mesmo, posso garantir que o Brasil está trilhando o mesmo caminho que eles. Só que, devido a ser um país muito mais complexo e devido ao fato de que Lula parece ter optado por uma transformação mais lenta e contemporizadora, a mídia brasileira, por incrível que possa parecer, porta-se com maior comedimento do que suas congêneres de outros países latino-americanos. De volta à Bolívia. Quem chega a Santa Cruz e começa a assistir as grandes TVs locais, chega a ficar com medo. Nos programas em que os brancos ricos vertem sua baba reacionária contra Evo Morales, só se fala em “guerra civil”, “desobediência civil” e “autonomia”. O discurso que predomina na mídia dos “cambas” brancos e ricos dá a impressão de que o que ocorreu na Venezuela, por exemplo, ocorrerá na Bolívia em pouco tempo. O ódio da elite “cruceña”, no entanto, não nasceu com a chegada do índio Evo Morales ao poder. Os “cambas” brancos e ricos – que não passam de um punhado que não dá dez por cento dos bolivianos – odeiam os “collas” desde sempre. Horrorizam-se com seus trajes típicos – por exemplo, das mulheres gordinhas, baixinhas, de pele escura, que usam xales com motivos indígenas, saias compridas e rodadas e chapéus-coco -, com suas bocas desdentadas, com seus narizes aduncos... Enfim, gente “feia”, para os brancos ricos da região da rica “Media Luna”. Os "cambas" horrorizam-se ao ver o ministério de Evo Morales, majoritariamente composto por “collas despreparados”, no dizer da elite. O ódio deles tem raízes racistas. A chegada de um dos objetos de sua execração ao poder apenas exacerbou um ódio que já existia, porém embebido em mero desprezo. Mas há outros fatores para o ódio dos “cambas” brancos e ricos. Como alguns já devem ter adivinhado, é o dinheiro.
Evo seguiu o exemplo de Hugo Chávez, que passou a canalizar o dinheiro do petróleo que abunda em seu país para lograr feitos como extinguir o analfabetismo na Venezuela depois de décadas em que a elite branca de lá chegava a usar esse dinheiro até para importar água mineral de Miami, ou o exemplo de Lula, que despertou o ódio da elite brasileira ao adotar medidas que estão levando negros e índios às universidades e permitindo que famílias pobres se alimentem, vistam-se e vivam melhor graças a programas como o Bolsa Família. A elite boliviana já fez um plebiscito em dezembro de 2006 tentando uma certa “autonomia departamental”, que pedia autonomia econômica e administrativa de cada um dos nove Estados do país. Esse referendo foi proposto pelo presidente anterior a Morales, Carlos Mesa. A tal “autonomia” visava manter em Santa Cruz os recursos que Evo vem “torrando” com os “collas” em programas sociais. Os "collas" que, diga-se de passagem, somam, "apenas", três quartos da população da Bolívia. O resultado do primeiro plebiscito sobre "autonomia departamental", que foi realizado em toda Bolívia em dezembro de 2006, foi o de que a “autonomia” perdeu no cômputo geral dos votos da maioria dos bolivianos, mas venceu nas regiões da “Media Luna”.
No ano passado, a Bolívia instituiu uma Assembléia Nacional Constituinte na capital do país, que, ao contrário do que se pensa, não é La Paz e, sim, Sucre. La Paz é apenas a sede do governo boliviano. Essa assembléia tratou da questão da autonomia derrotada em plebiscito no ano anterior, coibindo absurdos como o de permitir que cada departamento (estado) tivesse uma espécie de “ministério de relações exteriores”.
Os “cambas” brancos e ricos da região da "Media Luna" não aceitaram o resultado do plebiscito de dezembro de 2006 nem a regulamentação da "autonomia departamental" pela assembléia constituinte.. Começaram a falar, ensandecidos, em “guerra civil” e em “desobediência civil”, o que seja, os governos da “Media Luna” não repassarem impostos ao governo central e desobedecerem suas determinações.
Para que se tenha uma idéia do surto alucinado que tomou conta dessa gente, os insurrectos da "Media Luna" chegaram a ir aos EUA para tentar falar com George Bush. Obviamente que não foram recebidos, pois não representavam o estado boliviano. Depois, foram à ONU, e também deram com a cara na porta. Contudo, o governo de Evo Morales diz que o embaixador americano na Bolívia tem se envolvido em conversas com os golpistas "cruceños" e que dinheiro americano tem aportado nos cofres da oposição.
A tal “guerra civil” que pretendem os “cambas” brancos e ricos, no entanto, não passa de balela. A elite da "Media Luna" é amplamente minoritária.
Aliás, se conseguissem provocar a tal guerra civil, seriam trucidados. As forças armadas bolivianas são compostas, obviamente, pelos odiados “collas” e não estão nem aí para os chiliques das madames “cambas”, como as que se congregaram em grupos parecidos com o do natimorto movimento "Cansei", no Brasil. O "Cansei" boliviano se intitulou com nomes heróicos como “Mujeres de Septiembre”, que, a exemplo de seu congênere brasileiro, realizou manifestações de meia dúzia de gatos pingados contra o governo. Quando eu chegar à conflagrada região da "Media Luna" no próximo dia 17, o plebiscito do próximo domingo já terá ocorrido e a Bolívia estará vivendo seus efeitos. Existe até a possibilidade de ter que adiar essa viagem, caso a situação política se agrave por lá.
Espero, no entanto, que o bom senso prevaleça, apesar de que conheço muito bem a realidade daquele país e sei que a elite boliviana, tal como a venezuelana, a argentina ou a brasileira, entre outras, não conhece limites em sua irracionalidade egoísta e golpista.
O site Cidadania, do Eduardo Guimarães, apresenta uma matéria sobre a Bolívia que copiamos para o nosso blog.
A batalha da "Media Luna"
No próximo dia 17, farei nova viagem ao exterior, depois da impressionante experiência que tive em Angola durante o mês de fevereiro deste ano, quando conheci uma realidade que chega a parecer fictícia em pleno século XXI. Meu próximo destino é a Bolívia, país que, apesar da omissão da mídia brasileira, que pouco ou nada vem noticiando sobre ele, está atravessando uma crise política e institucional extremamente grave. No próximo domingo, dia 4 de maio, será realizado um plebiscito convocado pelo governo de Santa Cruz de la Sierra. A consulta popular será realizada à revelia do governo central da Bolívia, presidido pelo índio Evo Morales, e constitui, a rigor, uma proposta separatista engendrada pela oposição boliviana. Especula-se que pode haver violência, pois a convocação do plebiscito e seu teor são inconstitucionais, constituindo um verdadeiro ato de sedição. É como se Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pretendessem se separar do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste do Brasil. No entanto, a mídia brasileira praticamente ignora a possibilidade de um grave confronto no país vizinho, a possibilidade de haver uma guerra civil na região boliviana conhecida como "Media Luna". Como conhecedor da realidade boliviana, cumpre-me suprir a carência do noticiário nacional escrevendo este texto. O que você lerá a seguir sobre a realidade política, social e institucional da Bolívia, não me foi contado por ninguém, é fruto de constatações que fiz nas viagens de negócios que venho empreendendo àquele país - pelo menos duas por ano - desde 1996. A elite, a mídia e o grande empresariado bolivianos estão tentando reproduzir o que seus congêneres venezuelanos vêm fazendo há anos na Venezuela, ou seja, estão tentando derrubar ou, na melhor das hipóteses, paralisar um governo democraticamente eleito e que apenas tenta pôr fim à miséria de dar dó em que vivem índios que constituem a quase totalidade da população boliviana. Eis, a seguir, os fatos sobre a Bolívia que é preciso conhecer para bem entender sua realidade política, social, econômica e institucional. A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul. Os índios quéchuas, aymarás e outros, mais uma boa parcela de mestiços, constituem cerca de 90% da população. Destes, outros 90% vivem, em grande parte, na pobreza, e a maior parte, na miséria. Um contingente expressivo dos índios bolivianos ganha cerca de um dólar por dia. A maior parte dos índios não tem rede de esgoto, educação minimamente aceitável e padece de doenças que desapareceram na maioria dos países de civilização média. A maioria indígena está concentrada em regiões contíguas à Cordilheira dos Andes, ou seja, La Paz, Sucre, Cochabamba, Oruro, Potosi. Os habitantes indígenas das cidades do Altiplano (da Cordilheira) são conhecidos como “collas”, e os da planície, da região conhecida como “Media Luna” (constituída por Santa Cruz de la Sierra, Pando, Tarija e Beni), são conhecidos como “cambas”. Há uma rivalidade crescente e explosiva entre “collas” e “cambas”. Eles se odeiam, ainda que muitos indígenas vivam na região da “Media Luna” segregados, sem direitos, oprimidos e odiados. Os “cambas” dividem-se entre uma minoria branca e rica, majoritariamente descendente dos conquistadores espanhóis que não se miscigenaram com os quéchuas, aymarás e outros, e os índios (“collas”) submissos, que formam um enorme exército de serviçais dos ricos da região de Santa Cruz. Os “cambas” índios e mestiços, em grande parte, votam e emulam os discursos de seus patrões, mas, muitas vezes, da boca para fora, como mostram os resultados das eleições mais recentes, nas quais os “cambas” índios e pobres dividiram-se no apoio a Evo Morales, perdendo por pouco para a elite. A grande mídia boliviana da "Media Luna" é formada pelos grandes canais de TV e pelo principal jornal da direita branca e rica. São as TVs Unitel, do grupo agropecuário Monastérios, Red Uno, do grupo de supermercados Kuljis, Sitel, da cervejaria dos Fernandez, Pat, do grupo dos Daher (distribuidores Sony na Bolívia) e o jornal El Dia. O fato é que a América Latina está submetida toda ao mesmo processo, no qual as elites dos países da região - todos transbordando de pobreza e desigualdade - tentam, valendo-se do controle que exercem sobre os meios de comunicação, impedir que as grandes massas mestiças, negras e índias, mantidas na ignorância, na pobreza extrema e vivendo em condições indignas, votem em causa própria, elegendo governos comprometidos com a promoção de distribuição de renda e de oportunidades. O que vemos fazer a mídia brasileira não chega a um décimo do que fazem as mídias de países nos quais foram eleitos governos dispostos a enfrentar as elites e suas mídias com maior decisão. São países como Bolívia, Venezuela, Equador etc, os quais venho visitando há mais de uma década. Porém, assim mesmo, posso garantir que o Brasil está trilhando o mesmo caminho que eles. Só que, devido a ser um país muito mais complexo e devido ao fato de que Lula parece ter optado por uma transformação mais lenta e contemporizadora, a mídia brasileira, por incrível que possa parecer, porta-se com maior comedimento do que suas congêneres de outros países latino-americanos. De volta à Bolívia. Quem chega a Santa Cruz e começa a assistir as grandes TVs locais, chega a ficar com medo. Nos programas em que os brancos ricos vertem sua baba reacionária contra Evo Morales, só se fala em “guerra civil”, “desobediência civil” e “autonomia”. O discurso que predomina na mídia dos “cambas” brancos e ricos dá a impressão de que o que ocorreu na Venezuela, por exemplo, ocorrerá na Bolívia em pouco tempo. O ódio da elite “cruceña”, no entanto, não nasceu com a chegada do índio Evo Morales ao poder. Os “cambas” brancos e ricos – que não passam de um punhado que não dá dez por cento dos bolivianos – odeiam os “collas” desde sempre. Horrorizam-se com seus trajes típicos – por exemplo, das mulheres gordinhas, baixinhas, de pele escura, que usam xales com motivos indígenas, saias compridas e rodadas e chapéus-coco -, com suas bocas desdentadas, com seus narizes aduncos... Enfim, gente “feia”, para os brancos ricos da região da rica “Media Luna”. Os "cambas" horrorizam-se ao ver o ministério de Evo Morales, majoritariamente composto por “collas despreparados”, no dizer da elite. O ódio deles tem raízes racistas. A chegada de um dos objetos de sua execração ao poder apenas exacerbou um ódio que já existia, porém embebido em mero desprezo. Mas há outros fatores para o ódio dos “cambas” brancos e ricos. Como alguns já devem ter adivinhado, é o dinheiro.
Evo seguiu o exemplo de Hugo Chávez, que passou a canalizar o dinheiro do petróleo que abunda em seu país para lograr feitos como extinguir o analfabetismo na Venezuela depois de décadas em que a elite branca de lá chegava a usar esse dinheiro até para importar água mineral de Miami, ou o exemplo de Lula, que despertou o ódio da elite brasileira ao adotar medidas que estão levando negros e índios às universidades e permitindo que famílias pobres se alimentem, vistam-se e vivam melhor graças a programas como o Bolsa Família. A elite boliviana já fez um plebiscito em dezembro de 2006 tentando uma certa “autonomia departamental”, que pedia autonomia econômica e administrativa de cada um dos nove Estados do país. Esse referendo foi proposto pelo presidente anterior a Morales, Carlos Mesa. A tal “autonomia” visava manter em Santa Cruz os recursos que Evo vem “torrando” com os “collas” em programas sociais. Os "collas" que, diga-se de passagem, somam, "apenas", três quartos da população da Bolívia. O resultado do primeiro plebiscito sobre "autonomia departamental", que foi realizado em toda Bolívia em dezembro de 2006, foi o de que a “autonomia” perdeu no cômputo geral dos votos da maioria dos bolivianos, mas venceu nas regiões da “Media Luna”.
No ano passado, a Bolívia instituiu uma Assembléia Nacional Constituinte na capital do país, que, ao contrário do que se pensa, não é La Paz e, sim, Sucre. La Paz é apenas a sede do governo boliviano. Essa assembléia tratou da questão da autonomia derrotada em plebiscito no ano anterior, coibindo absurdos como o de permitir que cada departamento (estado) tivesse uma espécie de “ministério de relações exteriores”.
Os “cambas” brancos e ricos da região da "Media Luna" não aceitaram o resultado do plebiscito de dezembro de 2006 nem a regulamentação da "autonomia departamental" pela assembléia constituinte.. Começaram a falar, ensandecidos, em “guerra civil” e em “desobediência civil”, o que seja, os governos da “Media Luna” não repassarem impostos ao governo central e desobedecerem suas determinações.
Para que se tenha uma idéia do surto alucinado que tomou conta dessa gente, os insurrectos da "Media Luna" chegaram a ir aos EUA para tentar falar com George Bush. Obviamente que não foram recebidos, pois não representavam o estado boliviano. Depois, foram à ONU, e também deram com a cara na porta. Contudo, o governo de Evo Morales diz que o embaixador americano na Bolívia tem se envolvido em conversas com os golpistas "cruceños" e que dinheiro americano tem aportado nos cofres da oposição.
A tal “guerra civil” que pretendem os “cambas” brancos e ricos, no entanto, não passa de balela. A elite da "Media Luna" é amplamente minoritária.
Aliás, se conseguissem provocar a tal guerra civil, seriam trucidados. As forças armadas bolivianas são compostas, obviamente, pelos odiados “collas” e não estão nem aí para os chiliques das madames “cambas”, como as que se congregaram em grupos parecidos com o do natimorto movimento "Cansei", no Brasil. O "Cansei" boliviano se intitulou com nomes heróicos como “Mujeres de Septiembre”, que, a exemplo de seu congênere brasileiro, realizou manifestações de meia dúzia de gatos pingados contra o governo. Quando eu chegar à conflagrada região da "Media Luna" no próximo dia 17, o plebiscito do próximo domingo já terá ocorrido e a Bolívia estará vivendo seus efeitos. Existe até a possibilidade de ter que adiar essa viagem, caso a situação política se agrave por lá.
Espero, no entanto, que o bom senso prevaleça, apesar de que conheço muito bem a realidade daquele país e sei que a elite boliviana, tal como a venezuelana, a argentina ou a brasileira, entre outras, não conhece limites em sua irracionalidade egoísta e golpista.
PETRÓLEO - Artigo do José Dirceu no JB.
Com as recentes descobertas da Petrobrás , o marco regulatório estabelecido pelo governo FHC tem que ser modificado, para evitar que as multinacionais do setor tomem posse das nossas enormes reservas.
O Petróleo é mesmo nosso?
Postado em: Abril 27th, 2008
Por José Dirceu(artigo publicado no Jornal do Brasil, em 24 de abril de 2008)
As recentes descobertas de reservas petrolíferas no litoral santista vieram confirmar o óbvio – já somos auto-suficientes e estamos nos transformando em um país exportador de petróleo. Nos próximos anos, poderemos exportar 500 mil, 1 milhão de barris ao dia, fora o fato de que seremos um país com a quarta ou quinta reserva de petróleo do mundo, nos equiparando ao Iraque, por exemplo.As conseqüências dessas descobertas na chamada camada pré-sal são de longo alcance. E vão exigir uma reavaliação de nossas políticas para o petróleo, gás e energia; da legislação, aprovada em 1977, que permitiu a exploração por licitação e concessão privada de nossas reservas; da política de distribuição de royalties para os estados e municípios, da política tributária e do próprio papel da Petrobras.
O Petróleo é mesmo nosso?
Postado em: Abril 27th, 2008
Por José Dirceu(artigo publicado no Jornal do Brasil, em 24 de abril de 2008)
As recentes descobertas de reservas petrolíferas no litoral santista vieram confirmar o óbvio – já somos auto-suficientes e estamos nos transformando em um país exportador de petróleo. Nos próximos anos, poderemos exportar 500 mil, 1 milhão de barris ao dia, fora o fato de que seremos um país com a quarta ou quinta reserva de petróleo do mundo, nos equiparando ao Iraque, por exemplo.As conseqüências dessas descobertas na chamada camada pré-sal são de longo alcance. E vão exigir uma reavaliação de nossas políticas para o petróleo, gás e energia; da legislação, aprovada em 1977, que permitiu a exploração por licitação e concessão privada de nossas reservas; da política de distribuição de royalties para os estados e municípios, da política tributária e do próprio papel da Petrobras.
MÍDIA - Os poderes da televisão.
Artigo do Mauro Santayana no JB.
Extensa investigação do New York Times, divulgada domingo passado, mostrou como a televisão pode ser usada para mentir, enganar a opinião pública e fazê-la aceitar o crime como virtude, a serviço dos grandes interesses econômicos. O Pentágono alugou generais da reserva das Forças Armadas dos Estados Unidos para analisar, nas emissoras de TV, a situação militar no Oriente Médio, depois dos ataques de 11 de Setembro e, principalmente, depois da invasão do Iraque.
Esses analistas fazem parte de um grupo de cerca de 150 militares, consultores, lobistas e ex-diretores executivos das empresas ligadas ao famoso complexo industrial-militar, já denunciado pelo presidente Eisenhower em sua despedida do governo, em 17 de janeiro de 1961. No histórico discurso, que provavelmente Bush jamais tenha lido, o comandante supremo das forças ocidentais contra os nazistas faz advertências proféticas ao povo norte-americano. Depois de lembrar que, diante da necessidade da guerra, seu país criado poderosa indústria bélica, constata que, sem o controle da sociedade, ela poderia tornar-se gigantesca e perigosa. "The potential for disastrous of misplaced power exists and will persists". Em seguida, o grande presidente também previne contra a perspectiva de controle da intelectualidade (scholars, no original) pelos empregos federais e pelo poder do dinheiro que está sempre presente "and is gravely to be regard".
O complexo industrial-militar esteve por detrás da Guerra do Vietnã e de todas as outras aventuras bélicas que se seguiram, e que chegam hoje à exacerbação no Oriente Médio. Em todo esse processo foi evidente a atuação dos mercadores da morte junto aos scholars. Todos nos lembramos de Kissinger e de Hermann Khan, entre outros, predecessores de Richard Perle e Paul Wolfowitz, na formulação da guerra sem fim de Bush.
Ao controlar a parcela da intelligentsia americana, insensível aos princípios universais da ética, os produtores e mercadores de armamentos influem poderosamente nos meios de comunicação, sobretudo no mais vulnerável deles, que é a televisão. Assim, não há que surpreender o aluguel, indireto, dos analistas militares, a pedido do Pentágono, para a lavagem cerebral do povo norte-americano. Antes da invasão, eles demonstravam, por a+b, que a capitulação total do Iraque não levaria mais do que algumas semanas. Ao mesmo tempo explicavam como, e por que, o Iraque dispunha de potencial bélico para arrasar todos os seus vizinhos, mediante armas de destruição em massa – o que se provou ser cínica mentira.
Aqui mesmo, no Brasil, foi possível assistir, mediante os canais a cabo, à arenga desses especialistas, retransmitida pelas cadeias americanas. A extensa reportagem do mais importante jornal americano nos deve servir de aviso, quando o Congresso discute o projeto escandalosamente antinacional do senhor Paulo Bornhausen, que praticamente proíbe aos produtores nacionais de audiovisual acesso aos canais pagos em nosso país – em nome da liberdade de mercado. Liberdade de mercado é aquela em que os muito ricos se utilizam para dominar os mercados.
Um conhecido empresário do setor, interessado, como é natural, nos resultados econômicos da atividade, o senhor João Saad, da TV Bandeirantes, propôs que fosse obrigatória a cota de 50% para os conteúdos produzidos no Brasil e por brasileiros, em lugar dos 10%, cogitados ainda anteontem.
Outro aspecto importante é o da propriedade dos meios de comunicação. A xenofilia do senhor Bornhausen vai ao ponto de permitir às empresas telefônicas a exploração da televisão a cabo, sem restrições. Essa liberalidade é francamente anticonstitucional. Se for aprovada, cabe ao presidente Lula vetá-la e, se for o caso, aos produtores nacionais baterem à porta do STF para impedir o desrespeito à Constituição.
Em todos os grandes países há uma politica de defesa da identidade cultural de seus povos. Não podemos admitir que a população brasileira se transforme em rebanho mudo e atento aos gritos do pastor – senhor das reses – e ao ladrar dos cães de guarda do mundo. Não se preserva a cultura de um povo sem propagá-la, sem reproduzi-la. Em nome da liberdade individual, não podemos alienar a soberania nacional. Já é demais (e temos que coibi-la) a cultura da violência da indústria de entretenimento dos Estados Unidos, que produzem também entre nós rambos e adolescentes assassinos.
Extensa investigação do New York Times, divulgada domingo passado, mostrou como a televisão pode ser usada para mentir, enganar a opinião pública e fazê-la aceitar o crime como virtude, a serviço dos grandes interesses econômicos. O Pentágono alugou generais da reserva das Forças Armadas dos Estados Unidos para analisar, nas emissoras de TV, a situação militar no Oriente Médio, depois dos ataques de 11 de Setembro e, principalmente, depois da invasão do Iraque.
Esses analistas fazem parte de um grupo de cerca de 150 militares, consultores, lobistas e ex-diretores executivos das empresas ligadas ao famoso complexo industrial-militar, já denunciado pelo presidente Eisenhower em sua despedida do governo, em 17 de janeiro de 1961. No histórico discurso, que provavelmente Bush jamais tenha lido, o comandante supremo das forças ocidentais contra os nazistas faz advertências proféticas ao povo norte-americano. Depois de lembrar que, diante da necessidade da guerra, seu país criado poderosa indústria bélica, constata que, sem o controle da sociedade, ela poderia tornar-se gigantesca e perigosa. "The potential for disastrous of misplaced power exists and will persists". Em seguida, o grande presidente também previne contra a perspectiva de controle da intelectualidade (scholars, no original) pelos empregos federais e pelo poder do dinheiro que está sempre presente "and is gravely to be regard".
O complexo industrial-militar esteve por detrás da Guerra do Vietnã e de todas as outras aventuras bélicas que se seguiram, e que chegam hoje à exacerbação no Oriente Médio. Em todo esse processo foi evidente a atuação dos mercadores da morte junto aos scholars. Todos nos lembramos de Kissinger e de Hermann Khan, entre outros, predecessores de Richard Perle e Paul Wolfowitz, na formulação da guerra sem fim de Bush.
Ao controlar a parcela da intelligentsia americana, insensível aos princípios universais da ética, os produtores e mercadores de armamentos influem poderosamente nos meios de comunicação, sobretudo no mais vulnerável deles, que é a televisão. Assim, não há que surpreender o aluguel, indireto, dos analistas militares, a pedido do Pentágono, para a lavagem cerebral do povo norte-americano. Antes da invasão, eles demonstravam, por a+b, que a capitulação total do Iraque não levaria mais do que algumas semanas. Ao mesmo tempo explicavam como, e por que, o Iraque dispunha de potencial bélico para arrasar todos os seus vizinhos, mediante armas de destruição em massa – o que se provou ser cínica mentira.
Aqui mesmo, no Brasil, foi possível assistir, mediante os canais a cabo, à arenga desses especialistas, retransmitida pelas cadeias americanas. A extensa reportagem do mais importante jornal americano nos deve servir de aviso, quando o Congresso discute o projeto escandalosamente antinacional do senhor Paulo Bornhausen, que praticamente proíbe aos produtores nacionais de audiovisual acesso aos canais pagos em nosso país – em nome da liberdade de mercado. Liberdade de mercado é aquela em que os muito ricos se utilizam para dominar os mercados.
Um conhecido empresário do setor, interessado, como é natural, nos resultados econômicos da atividade, o senhor João Saad, da TV Bandeirantes, propôs que fosse obrigatória a cota de 50% para os conteúdos produzidos no Brasil e por brasileiros, em lugar dos 10%, cogitados ainda anteontem.
Outro aspecto importante é o da propriedade dos meios de comunicação. A xenofilia do senhor Bornhausen vai ao ponto de permitir às empresas telefônicas a exploração da televisão a cabo, sem restrições. Essa liberalidade é francamente anticonstitucional. Se for aprovada, cabe ao presidente Lula vetá-la e, se for o caso, aos produtores nacionais baterem à porta do STF para impedir o desrespeito à Constituição.
Em todos os grandes países há uma politica de defesa da identidade cultural de seus povos. Não podemos admitir que a população brasileira se transforme em rebanho mudo e atento aos gritos do pastor – senhor das reses – e ao ladrar dos cães de guarda do mundo. Não se preserva a cultura de um povo sem propagá-la, sem reproduzi-la. Em nome da liberdade individual, não podemos alienar a soberania nacional. Já é demais (e temos que coibi-la) a cultura da violência da indústria de entretenimento dos Estados Unidos, que produzem também entre nós rambos e adolescentes assassinos.
Raposa do Sol - Uma elite sem argumentos.
Copiado do Blog Brasil de Fato.
Francisco Loebens, indigenista.
Que tal se os comentaristas e articulistas da grande imprensa deixassem de ser tão óbvios em respaldar ideologicamente os grandes interesses econômicos?
A utilização de bombas de fabricação caseira, a queima de pontes, atentados e ameaças a lideranças e comunidades indígenas pelos fazendeiros para se manterem ilegalmente na Raposa Serra do Sol, numa clara afronta ao estado democrático de direito, curiosamente não mereceu a condenação de muitos comentaristas e articulistas da grande imprensa. Pelo contrário, passaram a justificar esses atos de insubordinação, repetindo a exaustão os argumentos, completamente vazios e eivados de preconceito, de uma pequena elite de privilegiados contra a demarcação dessa terra indígena. De forma tendenciosa e através da insistência, tentaram conseguir a adesão da opinião pública para a causa mesquinha daqueles que a custa da exploração, da intimidação e da violência querem continuar se locupletando e exercendo a dominação econômica e política em Roraima.Um desses argumentos é de que a demarcação de terras indígenas nas regiões de fronteira significaria um risco à soberania, porque os índios aliando-se a interesses externos poderiam dar um golpe no país, declarando a independência sobre esses territórios. Quem repete esse argumento, se não estiver usando de má fé, certamente está mal informado, porque essa hipótese não passa pelo imaginário de nenhum povo indígena, mesmo daqueles mais abandonados, onde a presença do estado é tímida ou inexistente. Também os generais sabem disso. Trata-se por isso de uma estratégia ardilosa de condenação dos índios, para confiscar-lhes suas terras. Não difere muito da forma utilizada durante o período colonial, quando, para justificar a chamada “guerra justa”, se acusava os índios de praticarem delitos, toda vez que existia o interesse de avançar sobre suas terras e de buscar mão-de-obra escrava.Outro argumento é de que as terras indígenas inviabilizariam o desenvolvimento do estado de Roraima. Associada a esse argumento afirma-se que o estado perderia 50% de suas terras. A pergunta óbvia que deve se fazer é de que desenvolvimento estão falando e quem se beneficia dele. É o desenvolvimento em função de seis fazendeiros que se instalaram de má fé na Raposa Serra do Sol, a partir de 1994, quando os limites dessa terra indígena já haviam sido publicados e que tem como base o monocultivo do arroz produzido a custa do envenenamento dos rios por agrotóxicos, ou do desenvolvimento que assegura o direito originário da terra e a perspectiva de futuro de 09 povos indígenas que constituem mais da metade da população rural do estado de Roraima?Que tal se os comentaristas e articulistas da grande imprensa deixassem de ser tão óbvios nas suas tentativas de respaldar ideologicamente os grandes interesses econômicos apátridas e começassem a afirmar em relação a Raposa Serra do Sol que:
- os povos indígenas, como sua presença é anterior à criação do Estado Brasileiro, têm o direito originário às suas terras e que esse direito é reconhecido pela Constituição Federal, estando essas terras localizadas no centro ou nas fronteiras do país;
- as terras dos povos Macuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang, Patamona da Raposa Serra do Sol foram invadidas e os índios submetidos a situação de escravos nas fazendas de gado, alvos de toda sorte de violência e discriminação.
- os povos indígenas de Roraima, a partir da década de 1970, iniciaram um movimento legítimo de retomada de suas terras com o apoio da Igreja Católica, somando-se a ele o apoio de outros setores da sociedade brasileira e da comunidade internacional.
- as autoridades do estado de Roraima sistematicamente tentaram inviabilizar a demarcação das terras indígenas e não fizeram isso somente através de discursos inflamados nas tribunas do Congresso Nacional e da Assembléia Legislativa do estado. Foram mais longe. Apoiaram a invasão dos arrozeiros, que a partir de 1994 se instalaram na área, premiando-os com a isenção de impostos e buscando respaldar seu lucrativo negócio com ações na justiça contra os direitos indígenas, como fazem até hoje. Em 1995, criaram artificialmente o município de Uiramutã totalmente situado dentro da Raposa Serra do Sol, com sede na aldeia Uiramutã, invadida por uma currutela de garimpo. Na tentativa de consolidar esse município, os militares construíram um quartel inaugurado em 2002. Uma vez instalado o município começaram a espalhar a notícia mentirosa de que a demarcação da Raposa Serra do Sol criaria um grave problema social, pois milhares de pessoas seriam desalojadas da sede municipal quando não passavam de 115 não-índios, na maioria funcionários municipais.
- 53,07% da população rural de Roraima é indígena. Segundo a contagem do IBGE de 2007 a população total de Roraima é de 395.725 pessoas, sendo que destas 88.736 (22,42%) vivem na área rural. Considerando que a população indígena no interior é de 47.091 pessoas, de acordo com os dados dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI Leste/RR e DSEI Yanomami) e do Programa Waimiri Atroari1, chega-se a conclusão que ela soma mais da metade da população rural de Roraima.
- com base nos mesmos dados pode-se afirmar também que a terra indígena Raposa Serra do Sol, que abrange 7,79% de Roraima e onde vivem 18.992 índios em 194 comunidades, além de assegurar as condições de existência futura a 05 povos indígenas, garante terra a 21,4% população de Roraima que nela vive e trabalha.Está nas mãos do STF o poder de decidir a favor ou contra os povos indígenas; a favor da maioria da população que vive da terra em Roraima ou para beneficiar 06 fazendeiros; pela manutenção de relações de dominação colonialista que persistem ao longo do tempo ou por um novo Brasil, justo e plural, onde o Estado assegura o cumprimento das leis também quando estas beneficiam os indígenas e limitam o alcance do latifúndio.
Francisco Loebens, indigenista.
Que tal se os comentaristas e articulistas da grande imprensa deixassem de ser tão óbvios em respaldar ideologicamente os grandes interesses econômicos?
A utilização de bombas de fabricação caseira, a queima de pontes, atentados e ameaças a lideranças e comunidades indígenas pelos fazendeiros para se manterem ilegalmente na Raposa Serra do Sol, numa clara afronta ao estado democrático de direito, curiosamente não mereceu a condenação de muitos comentaristas e articulistas da grande imprensa. Pelo contrário, passaram a justificar esses atos de insubordinação, repetindo a exaustão os argumentos, completamente vazios e eivados de preconceito, de uma pequena elite de privilegiados contra a demarcação dessa terra indígena. De forma tendenciosa e através da insistência, tentaram conseguir a adesão da opinião pública para a causa mesquinha daqueles que a custa da exploração, da intimidação e da violência querem continuar se locupletando e exercendo a dominação econômica e política em Roraima.Um desses argumentos é de que a demarcação de terras indígenas nas regiões de fronteira significaria um risco à soberania, porque os índios aliando-se a interesses externos poderiam dar um golpe no país, declarando a independência sobre esses territórios. Quem repete esse argumento, se não estiver usando de má fé, certamente está mal informado, porque essa hipótese não passa pelo imaginário de nenhum povo indígena, mesmo daqueles mais abandonados, onde a presença do estado é tímida ou inexistente. Também os generais sabem disso. Trata-se por isso de uma estratégia ardilosa de condenação dos índios, para confiscar-lhes suas terras. Não difere muito da forma utilizada durante o período colonial, quando, para justificar a chamada “guerra justa”, se acusava os índios de praticarem delitos, toda vez que existia o interesse de avançar sobre suas terras e de buscar mão-de-obra escrava.Outro argumento é de que as terras indígenas inviabilizariam o desenvolvimento do estado de Roraima. Associada a esse argumento afirma-se que o estado perderia 50% de suas terras. A pergunta óbvia que deve se fazer é de que desenvolvimento estão falando e quem se beneficia dele. É o desenvolvimento em função de seis fazendeiros que se instalaram de má fé na Raposa Serra do Sol, a partir de 1994, quando os limites dessa terra indígena já haviam sido publicados e que tem como base o monocultivo do arroz produzido a custa do envenenamento dos rios por agrotóxicos, ou do desenvolvimento que assegura o direito originário da terra e a perspectiva de futuro de 09 povos indígenas que constituem mais da metade da população rural do estado de Roraima?Que tal se os comentaristas e articulistas da grande imprensa deixassem de ser tão óbvios nas suas tentativas de respaldar ideologicamente os grandes interesses econômicos apátridas e começassem a afirmar em relação a Raposa Serra do Sol que:
- os povos indígenas, como sua presença é anterior à criação do Estado Brasileiro, têm o direito originário às suas terras e que esse direito é reconhecido pela Constituição Federal, estando essas terras localizadas no centro ou nas fronteiras do país;
- as terras dos povos Macuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang, Patamona da Raposa Serra do Sol foram invadidas e os índios submetidos a situação de escravos nas fazendas de gado, alvos de toda sorte de violência e discriminação.
- os povos indígenas de Roraima, a partir da década de 1970, iniciaram um movimento legítimo de retomada de suas terras com o apoio da Igreja Católica, somando-se a ele o apoio de outros setores da sociedade brasileira e da comunidade internacional.
- as autoridades do estado de Roraima sistematicamente tentaram inviabilizar a demarcação das terras indígenas e não fizeram isso somente através de discursos inflamados nas tribunas do Congresso Nacional e da Assembléia Legislativa do estado. Foram mais longe. Apoiaram a invasão dos arrozeiros, que a partir de 1994 se instalaram na área, premiando-os com a isenção de impostos e buscando respaldar seu lucrativo negócio com ações na justiça contra os direitos indígenas, como fazem até hoje. Em 1995, criaram artificialmente o município de Uiramutã totalmente situado dentro da Raposa Serra do Sol, com sede na aldeia Uiramutã, invadida por uma currutela de garimpo. Na tentativa de consolidar esse município, os militares construíram um quartel inaugurado em 2002. Uma vez instalado o município começaram a espalhar a notícia mentirosa de que a demarcação da Raposa Serra do Sol criaria um grave problema social, pois milhares de pessoas seriam desalojadas da sede municipal quando não passavam de 115 não-índios, na maioria funcionários municipais.
- 53,07% da população rural de Roraima é indígena. Segundo a contagem do IBGE de 2007 a população total de Roraima é de 395.725 pessoas, sendo que destas 88.736 (22,42%) vivem na área rural. Considerando que a população indígena no interior é de 47.091 pessoas, de acordo com os dados dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI Leste/RR e DSEI Yanomami) e do Programa Waimiri Atroari1, chega-se a conclusão que ela soma mais da metade da população rural de Roraima.
- com base nos mesmos dados pode-se afirmar também que a terra indígena Raposa Serra do Sol, que abrange 7,79% de Roraima e onde vivem 18.992 índios em 194 comunidades, além de assegurar as condições de existência futura a 05 povos indígenas, garante terra a 21,4% população de Roraima que nela vive e trabalha.Está nas mãos do STF o poder de decidir a favor ou contra os povos indígenas; a favor da maioria da população que vive da terra em Roraima ou para beneficiar 06 fazendeiros; pela manutenção de relações de dominação colonialista que persistem ao longo do tempo ou por um novo Brasil, justo e plural, onde o Estado assegura o cumprimento das leis também quando estas beneficiam os indígenas e limitam o alcance do latifúndio.
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