domingo, 27 de abril de 2008

MOVIMENTOS SOCIAIS - O linchamento dos movimentos sociais.

Como se sabe, quem discorda do pensamento único, ou seja, não é de direita, faz parte do "lado mal" da sociedade. Ainda mais quem está envolvido ou apoia os movimentos sociais.
Texto abaixo copiado do site Observatório da Imprensa.

LEITURAS DO ESTADÃOO linchamento dos movimentos sociais
Por Carlos Eduardo Gomes Marchetti em 22/4/2008
É a luta de classes, estúpido!
Numa clara intenção de fortalecer o discurso favorável ao agronegócio, os "colonistas", numa cajadada só, promovem o linchamento de toda e qualquer luta dos movimentos sociais no campo e ainda defendem o projeto de desenvolvimento/dominação do agronegócio.
Por trás de tudo isso, buscam estabelecer as bases de um modo de produção específico que atendam a tal projeto. Além da sempre atual luta pela reforma agrária, os movimentos sociais pelejam para impedir a nova jogada do capital: institucionalizar o cultivo de sementes transgênicas.
No texto-base que serviu de incentivo para este artigo, Denis Lerrer Rosenfield reforça o que foi dito no texto "Campo vermelho", publicado no Estado de S.Paulo (18/2/2008).
Rosenfield inicia assim o seu texto:
"O ano de 2008 se revela pródigo, pelo menos em invasões e em iniciativas do MST que procuram pôr em questão a moderna produção agrícola."
Ao longo do artigo, Rosenfield esquece-se que essa mesma moderna produção agrícola brasileira mantém uma postura exploratória em relação aos trabalhadores do campo, apropriando-se da produção de maneira tão rústica que nos lembra as primeiras manifestações do capitalismo em nosso país.
Questionamentos e golpes
Ainda no próprio texto podemos identificar a separação que ainda rege a disputa política no Brasil:
"O processo eleitoral faz, portanto, parte de um contexto mais amplo, o do prosseguimento do governo Lula na perspectiva do fortalecimento desses `movimentos sociais´ e de suas propostas de radical transformação revolucionária da sociedade."
Não é à toa que Rosenfield dedica uma parte de seu texto a explicar os objetivos do governo tucano em equacionar (leia-se: criminalizar) os conflitos.
Seguindo sua cartilha neoliberal, o "colonista" faz o seguinte questionamento:
"Pergunta-se: será que os produtores agrícolas deveriam dar ao Estado e aos ditos movimentos sociais o resultado de seu próprio empreendedorismo, de seu próprio trabalho? Exige-se isso dos setores industriais, financeiros, de serviços e comerciais? Tais índices são aplicados aos assentamentos?"
Primeiro, o empreendedorismo referido não passa de mera exploração do capital, ou será que o autor não conhece a situação dos trabalhadores das grandes propriedades canavieiras, por exemplo?
Segundo, os setores industriais, financeiros, de serviços e comerciais são combatidos constantemente com a mesma envergadura. Afinal, por que discutimos o golpe dado à CPMF, a manutenção do superávit e os altos lucros dos bancos?
"Agronegócio é o responsável"
Como se não bastassem as pontuações de Rosenfield, eis que aparece uma pérola em seu texto:
"O Estadão estampou, há alguns dias, em manchete de sua primeira página, o desmatamento realizado por assentados. As provas são abundantes. O MST, quando desmata, esconde e, no entanto, não deixa de alardear a sua defesa do meio ambiente."
São desconcertantes as afirmações acima. Quer dizer, então, que devemos condenar o MST pelo desmatamento que realiza? E os madeireiros? E os latifundiários? E as empresas de celulose? E os exploradores da mão-de-obra barata e escrava do campo? Nenhuma menção, afinal, para o PIG (Partido da Imprensa Golpista), a culpa é inexoravelmente do governo e seus supostos aliados.
Sem tardar, o "colonista" parte para o ataque ao dirigente do MST Roberto Baggio e cita o trecho abaixo, reproduzido de uma recente entrevista cedida por este (Baggio) à revista Sem-Terra para, em seguida, qualificar o discurso dos movimentos como miopia ideológica:
"O agronegócio brasileiro é o grande responsável pela violência, pela contratação de jagunços, milícias armadas, assassinatos de trabalhadores, ameaças à biodiversidade, pressão sobre o Poder Judiciário, destruição da natureza, pelos níveis de pobreza...."
Sócio-torcedor
Sinceramente, não há razão para o questionamento. Não há nenhuma surpresa na passagem destacada pelo "colonista". Afinal, não se trata de situações evidentes da ação do agronegócio sustentado pelo capital?
No entanto, como é de praxe dos representantes desta mídia que aqui se coloca em xeque, não poderiam faltar ataques a outros líderes da América Latina, como Fidel e Chávez. Porém, aquilo que Rosenfield chamou de "luz chavista", poderia ser entendido (pela esquerda) como representação da luta pela terra e contra a exploração histórica prevalecente.
Se as camadas populares dialogam sob a alcunha de entidades representativas e se articulam sobre os mesmos interesses, culpe a História, Rosenfield. Afinal, o capital não faz o mesmo?
Enquanto filósofo, Rosenfield não passa de um "colonista" com carteirinha de sócio-torcedor do PIG.

Nenhum comentário: