quarta-feira, 2 de junho de 2010

ECONOMIA - Reunião da CEPAL.

Lula ridiculariza FHC e Menem durante seminário em Brasília

No encerramento do Seminário de Alto Nível da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), na noite da última terça (1), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou os efeitos danosos provocados à economia da região pelos governos neoliberais e propôs a superação dos “paradigmas que ruíram”.

“Nossa região reagiu. Tomou consciência de sua força e da necessidade de forjar um projeto de desenvolvimento próprio. Afinal de contas, nós tivemos o privilégio de receber esse legado deixado por Raúl Prebisch e Celso Furtado”, disse o presidente, diante de delegações de mais de 50 países.

Lula foi irônico ao se referir aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Carlos Menem (Argentina), que foram os principais expoentes do neoliberalismo na região na década de 90. Ele disse que houve um momento em que a grande briga na América do Sul era saber qual era o presidente mais amigo dos Estados Unidos.

“Se um presidente, então, dos Estados Unidos convidasse alguém para passar uma tarde em Camp David, era o máximo, era o máximo! Eu lembro da briga do Menem... da Argentina e do Brasil, dos economistas, quem era mais disso, quem era mais amigo daquilo, ou seja, era um comportamento pequeno de pessoas que não sentiam orgulho ou não tinham autoestima de representar os seus países com a soberania que precisariam representar.”

Democracia e desenvolvimento

Sobre os novos tempos, o presidente ressaltou a fase democrática e de crescimento econômico da América Latina. “Nem imaginávamos que a gente pudesse ver um chefe maia governando a Guatemala, um jornalista governando El Salvador, um metalúrgico governando o Brasil, um índio governando a Bolívia, e vai daí, adentrando as vitórias do movimento social no nosso continente, que nós poderíamos definir como o momento histórico de mais forte democracia”, afirmou.

Segundo ele, o motor dessas democracias são classes historicamente excluídas e deserdadas, que hoje encontram seu lugar e sua voz em sociedades que não mais ignoram suas justas reivindicações.

“Nunca tantos governos tiveram o desenvolvimento econômico e a justiça social como preocupação central. Isso tem permitido avançarmos numa agenda de integração de novo tipo, alicerçada na superação de assimetrias e no desenvolvimento da infraestrutura viária e energética. Nossas políticas se guiam pelo respeito à diversidade e estamos corrigindo assimetrias que prejudicam os parceiros menores”, argumentou.

Neoliberalismo

Numa crítica ácida ao modelo neoliberal, Lula lembrou que a partir da crise dos anos 80, a América Latina passou a viver sob a influência das teses do Consenso de Washington. “Elas preconizavam o Estado mínimo, com a perda de sua função mais importante, que era a função indutora e reguladora; defendiam privatizações desenfreadas de empresas públicas; propugnavam a desregulamentação das relações trabalhistas. O planejamento foi relegado ao museu da história”, afirmou.

Segundo ele, interesse nacional foi relativizado, o que tornava relativa a soberania popular em cada país. “O crescimento só seria possível para uma parcela pequena da população. Os demais ficariam à margem do mercado e do processo produtivo e seriam tratados com medidas eminentemente compensatórias.”

No caso brasileiro, Lula lembrou que o governo só trabalhava com ideia da economia atender a 60 milhões de pessoas, ou seja, dois terços da população. “Essa situação foi mudando nos últimos anos, e a crise financeira atual colocou uma lápide nesse ciclo de quase três décadas de equívocos cometidos em nome dos fundamentalistas do mercado”, considerou.

De Brasília,
Iram Alfaia

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