Tunísia despede-se do líder opositor assassinado
Multidão reunida no funeral é só comparável à que compareceu ao de Bourguiba, o “pai da Nação”, em 2000. “Repousa em paz, vamos continuar a tua luta”, disse um dirigente da Frente Popular. Greve geral convocada pela central UGTT paralisou o país.
Enterro de Chokri Belaïd: multidão jura proseeguir a sua luta.
Uma multidão calculada pelo Ministério do Interior em 1,4 milhão de pessoas foi prestar a última homenagem ao líder da oposição de esquerda tunisina, Chokri Belaïd, assassinado a tiros na última quarta-feira.
Hamma Hammami, dirigente da Frente Popular, coligação de partidos de esquerda que Chokri Belaïd liderava, prestou a última homenagem, garantindo a continuidade da sua luta. A multidão gritou “Adeus Chokri, mártir da liberdade”. Nenhum membro do governo compareceu à cerimónia. A viúva do líder opositor, Besma Belaïd, acusara na véspera o partido islamista Ennahda, no poder, de ser o responsável pelo crime.
“O meu filho foi um homem que viveu com coragem e dignidade. Nunca teve medo. Partiu como um mártir do seu país”, disse a mãe.
“Camarada mártir”
A organização Raid Attac divulgou um comunicado de despedida do “camarada mártir”, secretário-geral do Partido Patriota Democrata Unificado e dirigente da Frente Popular, lamentando que ele tenha sido “forçado a partir, quando jamais teria aceitado abandonar a luta”. O comunicado sublinha que Belaïd sabia que “o inimigo visava os dirigentes revolucionários” e que “nunca deixou de chamar a atenção para as intenções daqueles que queriam empurrar a Tunísia para uma espiral de violência política”, para impedir a realização das “aspirações de de soberania, de progresso e de bem-estar”.
Primeira greve geral após a revolução
O país permaneceu praticamente paralisado na primeira greve geral realizada desde a revolução de janeiro de 2011, que derrubou a ditadura de Ben Ali. Todos os voos de e para a Tunísia foram cancelados. As ruas de Túnis ficaram desertas e o elétrico da capital circulou, mas vazio. A avenida Bourguiba, epicentro habitual das manifestações, foi ocupada por um grande dispositivo policial, e houve escaramuças com manifestantes mais exaltados.
Recorde-se que o primeiro-ministro Hamadi Jebali anunciou quarta-feira a formação de um governo de tecnocratas, mas o seu próprio partido, o islamista Ennhada, rejeitou a ideia. Desde então, Jebali não mais foi visto em público.
Fonte: Esquerda.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário