O petróleo e o sonho de Marina
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O desempenho da ex-ministra Marina Silva como candidata do PSB à
Presidência da República, na mais recente pesquisa do Ibope, provoca uma quebra
na polarização que tem marcado o debate político e econômico nos últimos anos.
Pelo menos na imprensa, pelo que se pode ler nos principais jornais de
circulação nacional na sexta-feira (29/8), seu discurso produz uma diversidade
maior de opiniões, como que obrigando os analistas a procurar mais sutileza em
alguns temas. Por exemplo, o esforço da candidata para superar divergências com
os produtores de etanol coloca em debate a política do petróleo, mas não nos
termos propostos tradicionalmente pelo PSDB, que se resume basicamente à disputa
entre estatistas e privatistas.
A declaração de Marina, de que, se eleita, vai reduzir os esforços para a exploração do pré-sal, pode ter agradado aos usineiros, mas cria problemas com os estados que mais se beneficiam com os royalties do petróleo. Não por acaso, o carioca O Globo é o único entre os grandes diários a citar especialistas para contradizer a proposta.
Dedicada a aproveitar ao máximo a exposição proporcionada pelo debate na TV Bandeirantes, associada ao resultado da pesquisa Ibope que a posiciona como segunda colocada, a candidata do PSB precisa garantir rapidamente apoios consistentes entre as forças mais poderosas da economia e da mídia, para evitar que sua ascensão seja apenas uma onda passageira. Como se sabe, a escolha emocional de boa parte do eleitorado exige alguma ancoragem em argumentos objetivos para se transformar em decisão madura, capaz de chegar às urnas.
Ao buscar o apoio de usineiros e outros protagonistas que manteve sempre à distância, quando não os declarava explicitamente inimigos dos princípios da sustentabilidade, Marina Silva procura garantir os indecisos que aderiram à sua candidatura e convencer eleitores de Aécio Neves de que seu projeto é mais que um sonho. No entanto, essa necessidade a coloca numa posição vulnerável diante dos adversários, que não precisam lidar com essa contradição potencialmente perigosa.
Um terreno perigoso
O resultado dessas manifestações da candidata do PSB já deve aparecer no próximo debate entre os presidenciáveis, organizado pelo grupo Folha-UOL, SBT e rádio Jovem Pan, a partir das 17h45 da segunda-feira, 1º de setembro. Muito provavelmente, Marina Silva terá que dividir com a presidente Dilma Rousseff, que foi atacada intensamente pelos demais candidatos no primeiro debate, o papel de alvo preferencial dos contendores.
Ao candidato do PSDB não restará alternativa, a não ser dividir suas baterias entre a presidente que busca a reeleição e a nova protagonista, que ameaça deixá-lo fora de um eventual segundo turno. Aécio Neves já é considerado, por alguns comentaristas da imprensa, como carta fora do baralho. No Globo e no Estado de S. Paulo, colunistas de política dão como certa a derrota do tucano, enquanto a Folha cita um comunicado de uma consultoria que dá a Marina Silva 60% de probabilidade de ser eleita.
Nas entrevistas que são publicadas pelos jornais, Marina Silva tenta conciliar seu perfil de idealista com o pragmatismo que o debate eleitoral exige. Colocou em circulação a expressão “amadores de sonhos”, para atender às expectativas emocionais dos eleitores, e ao mesmo tempo se esforçou para convencer o poderoso setor da cana de que não é a mesma que, no Ministério do Meio Ambiente, semeou conflitos com o agronegócio.
A candidata resolveu se empenhar pessoalmente em buscar o apoio do mercado provavelmente porque seu emissário oficial, o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, é considerado pelo mercado mais filósofo que economista, embora tenha um doutorado em economia pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. No entanto, esse protagonismo de Marina pode dar munição a seus adversários, porque, se abordar equivocadamente um tema sensível, será envolvida em debates de alto risco.
O caso do petróleo é um bom exemplo. Sua declaração diante de usineiros paulistas virou manchete do Globo: “Programa de Marina deve tirar prioridade do pré-sal”, alardeia o jornal carioca. No rastro dessa afirmação, ela pode perder votos no território que vai do Espírito Santo a Santa Catarina, em cujo litoral se estendem as reservas de óleo de alta profundidade.
A declaração de Marina, de que, se eleita, vai reduzir os esforços para a exploração do pré-sal, pode ter agradado aos usineiros, mas cria problemas com os estados que mais se beneficiam com os royalties do petróleo. Não por acaso, o carioca O Globo é o único entre os grandes diários a citar especialistas para contradizer a proposta.
Dedicada a aproveitar ao máximo a exposição proporcionada pelo debate na TV Bandeirantes, associada ao resultado da pesquisa Ibope que a posiciona como segunda colocada, a candidata do PSB precisa garantir rapidamente apoios consistentes entre as forças mais poderosas da economia e da mídia, para evitar que sua ascensão seja apenas uma onda passageira. Como se sabe, a escolha emocional de boa parte do eleitorado exige alguma ancoragem em argumentos objetivos para se transformar em decisão madura, capaz de chegar às urnas.
Ao buscar o apoio de usineiros e outros protagonistas que manteve sempre à distância, quando não os declarava explicitamente inimigos dos princípios da sustentabilidade, Marina Silva procura garantir os indecisos que aderiram à sua candidatura e convencer eleitores de Aécio Neves de que seu projeto é mais que um sonho. No entanto, essa necessidade a coloca numa posição vulnerável diante dos adversários, que não precisam lidar com essa contradição potencialmente perigosa.
Um terreno perigoso
O resultado dessas manifestações da candidata do PSB já deve aparecer no próximo debate entre os presidenciáveis, organizado pelo grupo Folha-UOL, SBT e rádio Jovem Pan, a partir das 17h45 da segunda-feira, 1º de setembro. Muito provavelmente, Marina Silva terá que dividir com a presidente Dilma Rousseff, que foi atacada intensamente pelos demais candidatos no primeiro debate, o papel de alvo preferencial dos contendores.
Ao candidato do PSDB não restará alternativa, a não ser dividir suas baterias entre a presidente que busca a reeleição e a nova protagonista, que ameaça deixá-lo fora de um eventual segundo turno. Aécio Neves já é considerado, por alguns comentaristas da imprensa, como carta fora do baralho. No Globo e no Estado de S. Paulo, colunistas de política dão como certa a derrota do tucano, enquanto a Folha cita um comunicado de uma consultoria que dá a Marina Silva 60% de probabilidade de ser eleita.
Nas entrevistas que são publicadas pelos jornais, Marina Silva tenta conciliar seu perfil de idealista com o pragmatismo que o debate eleitoral exige. Colocou em circulação a expressão “amadores de sonhos”, para atender às expectativas emocionais dos eleitores, e ao mesmo tempo se esforçou para convencer o poderoso setor da cana de que não é a mesma que, no Ministério do Meio Ambiente, semeou conflitos com o agronegócio.
A candidata resolveu se empenhar pessoalmente em buscar o apoio do mercado provavelmente porque seu emissário oficial, o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, é considerado pelo mercado mais filósofo que economista, embora tenha um doutorado em economia pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. No entanto, esse protagonismo de Marina pode dar munição a seus adversários, porque, se abordar equivocadamente um tema sensível, será envolvida em debates de alto risco.
O caso do petróleo é um bom exemplo. Sua declaração diante de usineiros paulistas virou manchete do Globo: “Programa de Marina deve tirar prioridade do pré-sal”, alardeia o jornal carioca. No rastro dessa afirmação, ela pode perder votos no território que vai do Espírito Santo a Santa Catarina, em cujo litoral se estendem as reservas de óleo de alta profundidade.
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