quarta-feira, 26 de agosto de 2015

ECONOMIA - Perdas com a redução dos preços das commodities.

Commodities causam perdas de US$ 12 bilhões

Diminuição da demanda chinesa fez com que as cotações atingissem o nível mais baixo desde agosto de 1999
O Brasil acumula neste ano perdas de US$ 12 bilhões em receitas de exportação com a queda dos preços das commodities. Os preços atingiram o menor nível no século 21, afetados pela crise na China e pelos temores de que o maior importador do mundo passe por dificuldades financeiras e registre um crescimento econômico moderado. Segundo o Índice Bloomberg, os valores estão no nível mais baixo desde agosto de 1999. O principal motivo é a queda na demanda chinesa, que, por mais de uma década, garantiu a expansão dos preços.

O cálculo foi anunciado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto. Segundo ele, os prejuízos tendem a se acentuar se as turbulências na China se agravarem. Os preços das commodities passaram a cair nos últimos três anos, após um longo ciclo de alta, como resultado, principalmente, da desaceleração do crescimento da China. "O mundo inteiro, nesta hora, tem os olhos voltados para a China, está acompanhando o desenrolar dessa crise e desse momento de instabilidade", disse o ministro, após participar de seminário sobre política industrial. "O Brasil já sente os efeitos dessa desaceleração. Se houver um agravamento da situação, é evidente que teremos um efeito maior." As exportações brasileiras somaram US$ 113 bilhões de janeiro a julho, queda de 15,5% em relação ao mesmo período de 2014. Nas últimas semanas, as bolsas chinesas sofreram fortes quedas, que se acentuaram na última segunda-feira (24), gerando turbulência nos mercados mundiais.

Apesar de dizer que o momento gera preocupação, Monteiro ponderou que o fato de a economia brasileira ser relativamente fechada minimiza o impacto da queda das exportações sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Ele também disse esperar que a instabilidade leve o Banco Central americano a postergar uma elevação na taxa de juros, o que pode contribuir para uma estabilização do cenário.

O secretário executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que ainda é cedo para avaliar o impacto da crise na China sobre a economia global e brasileira, mas frisou que as notícias são graves e que "estamos suscetíveis a uma grande mudança no cenário econômico mundial".

Depois de apresentar em seminário projeções do governo apontando para uma recuperação da atividade no Brasil a partir do último trimestre de 2015, ele reconheceu que as estimativas poderão ter de ser revistas a depender de o que ocorrer na China. Oliveira afirmou ainda que, no ano que vem, o País tem de estar preparado para fazer um "esforço adicional" em sua política fiscal. "Toda essa perspectiva de retomada de crescimento depende de que a gente tenha uma estabilidade fiscal e de que o governo demonstre uma capacidade de recuperação."

A perda de valor das ações segue sinais de desaceleração da economia chinesa, cujo PIB aumentou 7% no segundo trimestre de 2015 - o crescimento de 7,4% em 2014 já havia sido o menor desde 1989. A desconfiança sobre o país aumentou após o Banco Central chinês ter flexibilizado a cotação da moeda no dia 11 de agosto de forma que o yuan se tornasse mais suscetível às variações de mercado. Desde então, a instabilidade gerada fez com que os mercados de ações globais perdessem mais de US$ 5 trilhões em valor.

Naquele dia, a taxa de referência para a variação do preço da moeda foi desvalorizada em 2%, o que significou uma desvalorização de fato de 1,81% do yuan. Foi a maior depreciação da moeda desde o fim do câmbio fixo, em 2005. Ela foi seguida por mais dois dias de quedas. Apesar de o governo chinês classificar a desvalorização como pontual, o mercado levantou a suspeita de que ela duraria mais tempo e indicava uma forte preocupação com a desaceleração da economia do país - um yuan mais fraco tende a tornar os produtos do país mais baratos para o resto do mundo e, consequentemente, a aumentar as exportações.

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