Não vai ter prisão, mas julgamento e Lula inelegível até 2018, por Helena Chagas
Jornal GGN - Depois da pesquisa Datafolha indicar
que Lula ainda é favorito entre todos os demais presidenciáveis, as
equipes que tocam investigações contra o petista temem uma reação
popular e devem descartar a prisão preventiva do ex-presidente, mesmo
após a ofensiva da Procuradoria da República no Distrito Federal ontem,
reafirmando a denúncia sobre obstrução de Justiça na Lava Jato.
A ideia, segundo Helena Chagas, vai ser deixar a tentativa de prisão preventiva de lado e apostar no julgamento e condenação de Lula até 2018, para que ele se torne inelegível. "O fato é que, em algum momento, Lula será condenado e, possivelmente, terá contra ele um pedido de prisão , ainda que de poucos anos e atenuado por medidas alternativas de cumprimento da pena. O que resta saber é se ele será confirmado em outras instâncias de recurso a tempo de tirar o ex-presidente do páreo de 2018."
Ontem, a defesa do ex-presidente divulgou uma listra de arbitrariedade que Lula tem enfrentando por parte de agentes do Estado que, segundo ele, pratica perseguição contra o petista. A lista inclui as medidas judiciais que Lula está tomando nos processos em curso e contra veículos de comunicação que têm usado vazamentos ilegais para condená-lo em "tribunal popular". Leia o material na íntegra aqui.
Por Helena Chagas
Estratégia de acusadores é tornar Lula inelegível
Em Os Divergentes
São mínimas, a esta altura, as chances de o ex-presidente Lula ser levado à prisão preventiva ou temporária pelos investigadores da Lava Jato – ainda que se veja, claramente, um recrudescimento das ações e acusações contra ele nos últimos dias. Mas tanto juízes como procuradores se sentem desencorajados a tomar tal atitude depois da forte reação provocada pela condução coercitiva do ex-presidente há meses. As últimas pesquisas, nas quais Lula mostrou surpreendente resiliência e um apoio de mais de 20% dos eleitores, só confirmam esses receios.
A estratégia dos acusadores de Lula agora é outra. Querem julgá-lo, condená-lo e torná-lo inelegível antes das eleições de 2018. Se vão conseguir, aí são outros quinhentos.
A denúncia mais avançada que existe hoje contra Lula é a do Ministério Público do DF, por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró e atrapalhar as investigações da Lava Jato. Mas ela ainda não foi aceita pela Justiça e seu julgamento poderá levar algum tempo, sobretudo até chegar à segunda instância, tornar o ex-presidente inelegível e condená-lo, quem sabe, a cumprir pena preso.
A turma de Curitiba, liderada por Sérgio Moro, tem sido muito rápida para julgar e condenar. Mas o que se diz é que, no caso de Lula, precisam ter provas cabais e inequívocas da principal acusação que pretendem formular contra ele: a de ser o comandante do esquema de desvios na Petrobras. Até agora, elementos como o sítio de Atibaia, a cobertura do Guarujá e os guardados de objetos que ele ganhou quando presidente seriam insuficientes para tal condenação, embora possam servir para outras acusações menores.
O fato é que, em algum momento, Lula será condenado e, possivelmente, terá contra ele um pedido de prisão , ainda que de poucos anos e atenuado por medidas alternativas de cumprimento da pena. O que resta saber é se ele será confirmado em outras instâncias de recurso a tempo de tirar o ex-presidente do páreo de 2018.
Apenas uma coisa é certa: nunca antes neste país um sujeito desarmado provocou tanto medo.
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