Ricardo Kotscho
Da Folha:
Da Folha:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reviveu nesta sexta-feira (6), no dia da prisão que não aconteceu no local e horário marcados pelo juiz Sérgio Moro, os momentos mais dramáticos das greves nos seus tempos de Sindicato dos Metalúrgicos e das assembleias no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.
O dilema naquela época era continuar ou suspender a greve, calculando perdas e ganhos, com o sindicato ocupado dia e noite para esperar a invasão da polícia, anunciada a todo momento.
Agora, com o sindicato novamente ocupado e cercado por milhares de apoiadores, Lula tinha que decidir entre a rendição simples ou negociar os termos em que se daria a prisão pela Polícia Federal.
Decidiu dormir no sindicato de quinta para sexta e ficou até as 2h conversando com dirigentes partidários, advogados e velhos amigos, a “companheirada”.
(…)
Alternando reuniões com os advogados da sua defesa e dirigentes partidários, em salas separadas, o ex-presidente foi formando sua convicção, exatamente como fazia nos tempos de Vila Euclides, antes da f
Queria ouvir a opinião de todos sobre o que fazer, exatamente como agia na Vila Euclides antes de uma assembleia.
No estádio, em vez de subir direto no palanque armado nos fundos, entrava pela frente e, no caminho, atravessando um mar de gente, ia ouvindo o que a “peãozada” lhe pedia. Assim montava o discurso que iria fazer.
(…)
Entre os que ouviu na sala dos amigos, estavam duas freiras bem velhinhas equilibrando as bengalas, em seus hábitos impecáveis, com quem cochichou depois de longos e emocionados abraços.
Nunca se saberá quem teve mais peso na decisão final de permanecer em São Paulo –se as duas religiosas, os políticos, os amigos que vieram de várias partes do Brasil, os intelectuais ou os juristas consultados.
(…)
O que não podia faltar nas caravanas e comícios, que mais pareciam uma festa, era muita música, números de dança e alguma celebração religiosa –sempre atos cheios de simbolismo.
E foi com uma missa campal para dona Marisa, que faria 68 anos neste sábado (7), que se encerrou a vigília diante do sindicato, antes de Lula se apresentar à polícia nos termos acordados por seus advogados.
Assim, Lula foi mais uma vez protagonista até da sua própria prisão. Deixou a noiva esperando no altar da cadeia em Curitiba.
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