quarta-feira, 15 de agosto de 2018

POLÍTICA - Que medo do Lula, Dr. Moro.

Moro percebeu o risco de polarizar com Lula, diz Helena Chagas

 
Jornal GGN - Ao que tudo indica, a Lava Jato em Curitiba absorveu a ideia de que Lula mantém seu capital político a despeito da condenação e prisão no caso triplex e, para evitar dar mais municação ao petista, Sergio Moro decidiu recuar de um interrogatório sobre o sítio de Atibaia. Com essa estratégia de ordem política, a Lava Jato mostra que entrou de vez na eleição. "(...) Sérgio Moro já percebeu o risco da politização", escreveu Helena Chagas, nesta quarta (15).
 
A jornalista ainda lembrou em artigo que o Ministério Público Federal em Curitiba, em outra frente, decidiu atacar Lula pedindo restrições a visitas de petistas cadastrados como advogados, caso de Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad, entre outros. Com isso, os procuradores tentam podar a "interferência" de Lula na eleição presidencial, usando os mecanismos jurídicos.
 
Leia, abaixo, o artigo completo.
 
Por Helena Chagas
 
Em Os Divergentes
 
 
A Lava Jato entrou de vez na eleição. Desde a semana passada, repercutem no noticiário novos depoimentos sobre assuntos meio requentados, como o de Mônica Moura sobre pagamentos da Odebrecht ao PT, denúncias como a que o Ministério Público fez contra Antônio Palocci e Guido Mantega – aceita pelo juiz Sérgio Moro em relação a este último – e  outros movimentos inequívocos de Curitiba. Se alguém tinha alguma dúvida, surge hoje a petição da força tarefa à juíza de execuções penais contra as visitas a Lula na carceragem da PF.
 
O UOL obteve o documento assinado pelos procuradores da LJ e divulgou há pouco: a força tarefa de Curitiba reclama da “proliferação de advogados” do ex-presidente, que o visitam todos os dias, e diz que o local de sua prisão virou um “comitê de campanha”.  Reclama sobretudo de petistas como Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad que, advogados, tem usado essa prerrogativa para entrar e sair da PF de Curitiba fora do horário das visitas comuns. Pedem à juíza Carolina Lebbos – aquela que não permite nada – restrições a essas visitas.
 
Mais do que atrapalhar a vida de Lula – que, todo mundo sabe, em poucos dias transferirá a candidatura a Fernando Haddad – o gesto expõe a força tarefa e a própria Justiça. Se a petição for aceita, o ex-presidente será vitimizado à máxima potência, num grau que poderá ser facilmente explorado por seu partido na campanha eleitoral. Além de julgado em tempo recorde, preso e proibido de falar, Lula não poderá mais nem receber as visitas de Gleisi e Haddad – e isso reforçará a narrativa da perseguição a ele.
 
Ao que parece, o juiz Sérgio Moro já percebeu o risco da politização e não terá sido outra a razão pela qual decidiu adiar para novembro o depoimento de Lula no caso do sítio de Atibaia, inicialmente marcado para setembro – momento de um confronto esperado entre os dois. Preferiu não arriscar. Com isso, porém, deixa claro que o ex-presidente não será condenado novamente antes das eleições.

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