Para “rebater” a notícia dada pelo colunista do jornal O Globo, Ancelmo Góis, de que o Instituto Nacional de Educação de Surdos está tirando do ar vídeos sobre personagens como Karl Marx, Friedrich Engels, Marilena Chauí, Antonio Gramsci e Friedrich Nietzsche, o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrigues está usando o perfil oficial da pasta no facebook para atacar o jornalista. Em nota publicada na página do MEC, Ancelmo, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, é chamado, em um perfil do governo federal e cujos administradores são portanto pagos pelo contribuinte, de “agente da KGB”, a polícia da extinta União Soviética.
A nota do MEC cita uma entrevista dada ao site da ABI em 2009 em que o jornalista contou como, na juventude, aos 20 anos, tinha sido militante do Partido Comunista Brasileiro e ido para a União Soviética estudar. Hoje Ancelmo tem 70 anos. Ou seja, 50 anos se passaram, mas não para o ministro da Educação de um governo que vive nos tempos da guerra fria e do macartismo, quando pessoas eram perseguidas apenas por se situar ideologicamente à esquerda. A paranoia anticomunista está tomando conta dos órgãos públicos. E com nosso dinheiro.
Além disso, usuários do twitter estão desmentindo a afirmação do MEC de que alguns vídeos foram tirados do ar antes de Vélez assumir o ministério. Um vídeo, por exemplo, sobre Feminismo, foi censurado há poucos dias.
O perfil de Vélez no twitter também reproduziu a nota utilizando o perfil da assessoria de comunicação social do ministério, também paga pelos cidadãos.
Em 2017, Bolsonaro já havia acusado Ancelmo de ser “agente da KGB”, mas em sua página pessoal do youtube.
Atacar um jornalista por meio de um perfil oficial do governo federal nas redes sociais é um grave atentado à liberdade de expressão e de imprensa, garantida na Constituição, utilizando a estrutura do Estado. Este fato torna absolutamente necessário que o neomacartismo de Bolsonaro e seus auxiliares seja investigado. Cadê o MP?