domingo, 20 de janeiro de 2019

POLÍTICA - Queiroz é o de menos.

Por que esperar a família do ex-assessor de Flávio Bolsonaro comparecer à justiça, podendo colher depoimentos das oito pessoas que entregaram parte de seus salários para Queiroz? 
 
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução
 
Jornal GGN - A velha sabedoria já dizia: o que não é capaz de livrar, complica mais, lembra Janio de Freitas na coluna deste domingo (20), na Folha de S.Paulo, destacando que o caso Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) "não foge à regra":
 
"Se o caso tem evidência e pode ser acompanhado, a constatação de alguma coisa esquisita não tardará. O que pode se dar tanto na ação da polícia como do Ministério Público, quando não de um juiz", pontua. O que chama a atenção, entretanto, são as respostas de membros do governo sobre as investigações como do general Augusto Heleno que disse que "para Bolsonaro, o assunto é de Flávio, não seu". 
 
"Há uma inovação comprometedora no dito pelo general. Todos no circuito dos Bolsonaros diziam que o assunto era de Queiroz e por ele seria esclarecido. Passou a ser de Flávio. É em nome do próprio pai, e por meio de um general palaciano, que sua implicação vai a nível mais fundo", pondera o colunista, completando:
 
"E não é tudo. Bolsonaro e o general que o invoca enganam-se: Michelle Bolsonaro e recebimentos, com explicação não comprovada, figuram nas suspeitas de que Flávio é agora declarado parte. Isto diz respeito a Jair Bolsonaro, sim".
 
O caso foi levantado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou movimentações financeiras estranhas na conta do amigo dos Bolsonaros como um lote de seis cheques que Queiroz entregou à esposa do presidente, Michelle Bolsonaro, totalizando R$ 24 mil. 
 
Jair Bolsonaro explicou, depois de três dias, se tratarem da restituição de um empréstimo de R$ 40 mil não declarado no Imposto de Renda. Queiroz, sua esposa e as duas filhas foram chamadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para depor, mas não compareceram.
 
"Depois da demorado sumiço, reapareceu [Queiroz] em quarto de hospital, como paciente acamado e dançarino em atividade", destaca Janio sobre um vídeo gravado junto com a mulher e uma das filhas dançando em um quarto do no Hospital Albert Einstein. 
 
O Coaf também identificou que Queiroz recebeu sistematicamente transferências bancárias e depósitos feitos por oito funcionários que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Por fim, foi constatada que sua filha, Nathalia Melo Queiroz, foi ex-assessora do gabinete do presidente Bolsonaro, quando deputado na Câmara. 
 
Ela atuou na função entre dezembro de 2016 e outubro de 2018, no mesmo período em que trabalhava como personal trainer, inclusive prestando serviço para famosos, como Bruna Marquezine. O Coaf encontrou, ainda, uma movimentação total de R$ 1,2 milhão na conta de Nathalia por parte do pai. 
 
Todos esses pontos são suficientes para chegar a resolução do caso, pontua Janio de Freitas, como, por exemplo, colher os depoimentos das oito pessoas que entregaram parte de seus salários para Queiroz. 
 
"Seus depoimentos mostrariam que, entre elas, também sabem para que ou para quem o fazem —o fim da linha. Ficar à espera de Fabrício Queiroz, da possível montagem de ardis, das liminares de um Luiz Fux, e tanto mais, é típico das estranhezas que, nas formas mais variadas, não faltam nos inquéritos com interesses notórios", conclui. Para ler seu artigo na íntegra, clique aqui.

Nenhum comentário: