segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

ECONOMIA - A dívida global é três vezes o PIB mundial.

Bomba-relógio da dívida global vai explodir em Davos

A dívida global é três vezes o PIB mundial

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De Assis Moreira, de Zurique, no PiG cheiroso:

Davos alerta para 'bomba- relógio' da dívida global


Com a dívida global perto de US$ 250 trilhões, o mundo nunca esteve tão endividado, e o tema entrou de vez na agenda do Fórum Econômico Mundial. Em Davos, uma discussão desta semana será como os tomadores de empréstimos e os mercados emergentes "irão desarmar suas bombas-relógio".

A dívida global é agora três vezes maior que o tamanho da economia mundial. Cresceu mais de 12% (US$ 27 trilhões) desde 2016, alcançando US$ 244 trilhões no terceiro trimestre de 2018. É equivalente a 318% do PIB, ligeiramente inferior ao pico de 320% no terceiro trimestre de 2016, conforme o Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade que representa as instituições financeiras.

O endividamento de governos e companhias chegou a níveis recordes relativo ao PIB, atraindo a atenção dos bancos centrais ao redor do mundo. Os dois segmentos representam mais de 75% do aumento da dívida global desde 2008.

A dívida total dos governos passou de US$ 65 trilhões em 2018, de US$ 37 trilhões há uma década, concentrado sobretudo entre países desenvolvidos. No mesmo período, a fatura a pagar das companhias não financeiras passou de US$ 27 trilhões a US$ 72 trilhões, sendo 92% do PIB, sobretudo nos mercados emergentes.

A elevação da dívida em outros setores tem sido menor: o crédito para as famílias cresceu mais de 30% para US$ 46 trilhões, e do setor financeiro aumentou 10% para US$ 60 trilhões.

Segundo o IIF, desde 2016 o endividamento cresceu mais rapidamente nas famílias nos mercados emergentes, totalizando US$ 12 trilhões. A China é responsável por 45% ou US$ 6,8 trilhões em termos normais. O crédito também explodiu para famílias na Índia, México, Coreia, Malásia e República Tcheca, além de países desenvolvidos como a França, Bélgica e Finlândia.

De acordo com o IIF, no caso da Brasil a dívida das famílias equivale a 27,2% do PIB, das empresas não financeiras fica em 40,6%, do governo chega a 87,3% e do setor financeiro é de 35,1% do PIB. O grosso dessas dívidas é em real. No caso específico das corporações não financeiras, 16,8% da dívida é em moeda estrangeira.

Uma discussão em Davos será sobre o risco potencial do crescente nível de dívida das empresas para a estabilidade econômica e financeira global. Cerca de US$ 6,5 trilhões da dívida desse segmento vence em cinco anos.

Nos emergentes especificamente, a necessidade de refinanciamento será alta. Cerca de US$ 3,9 bilhões de títulos de dívida e empréstimos sindicalizados vão vencer até o fim de 2020. Uma parte da dívida, US$ 800 bilhões, é de governos e US$ 1,9 trilhões do setor privado não financeiro, por exemplo.

As necessidades de refinanciamento em dólar são elevadas para a Colômbia, Egito, Nigéria, Líbano, Chile e Argentina.

Para o banco UBS, com os melhores níveis de capitalização dos bancos e requisitos de serviço da dívida gerenciáveis de hoje, não parece haver uma ameaça iminente da dívida para os mercados globais. Mas diz que a situação pode se deteriorar fortemente no caso de uma recessão. Nesse caso, o endividamento aumentaria ainda mais rapidamente, bancos centrais seriam obrigados a retomar a compra de ativos e aumentaria a pressão para os bancos comerciais elevarem seu capital próprio.

Coincidindo com o Fórum de Davos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou estudo de dois economistas sobre os passos para se evitar uma crise da dívida. Eles constataram que o peso da dívida pública é um problema crescente em todo o mundo, chegando a níveis não vistos desde a Segunda Guerra Mundial.

Martin Muhleisen e Mark Flanagan propõem três políticas prioritárias: primeiro, são necessários mais esforços para garantir que o endividamento soberano seja financeiramente sustentável. Segundo, é preciso assegurar que todos os países divulguem informações completas e transparentes sobre sua dívida pública. E terceiro, é preciso promover colaboração entre credores oficiais para que se preparem para casos de reestruturação da dívida envolvendo credores não tradicionais. Insistem que é preciso se antecipar aos riscos inerentes ao acúmulo de dívidas.

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