O presidente argentino Alberto Fernández decretou ontem o congelamento de preços dos serviços de telefonia fixa, celular, acesso à internet e TV a cabo até o final do ano e declarou estas atividades essenciais, colocando futuros reajustes condicionados à autorização pública através do Ente Nacional de Comunicaciones do país. Antes, por iniciativa do governo de Maurício Macri, a política de preços era responsabilidade exclusiva das empresas.
A medida foi uma reação aos aumentos – em torno de 10% – anunciados no início do mês pelas operadoras Claro, Movistar e Personal, em plena escalada da pandemia na Argentina.
A oposição macrista saltou em defesa da “liberdade de mercado” e acusou Fernández de estar “estatizando” a telefonia e seguindo um “modelo venezuelano”; Maryleana Méndez, secretária-geral da Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações disse “a medida afeta os investimentos realizados por todas as operadoras” e prejudica as futuras expansões dos serviços.
Claro, não faltarão acusações de “comunismo”, mesmo que seja de uma completa insanidade, num quadro de isolamento social, encarecer serviços de comunicação que são a única forma de relacionamento entre pessoas e os meios possíveis para atividades essenciais, como a educação remota.
Aqui, foi preciso que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, falasse grosso com o governo Bolsonaro para deter o alucinado reajuste dos planos de saúde em 25%, que levaria a uma saída ainda maior – já está sendo grande – de usuários destes serviços, sobrecarregando uma rede pública já estressada não só pelo atendimento a centenas de milhares de pessoas infectadas pelo coronavírus mas também pelos meses de restrição de acesso que acumularam consultas, exames e cirurgias suspensas e que, na prática, aumentam o volume de atendimentos nos próximos meses de forma muito expressiva.
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