domingo, 28 de fevereiro de 2021

A MILICADA OCUPOU OS CARGOS CHAVE DO GOVERNO.

 Jânio nota a óbvia fusão entre bolsonarismo e Forças Armadas, que ocupam 342 cargos-chave no governo

Bolsonaro e os generais-chave: Villas Bôas nos bastidores, Augusto Heleno na espionagem e Luiz Eduardo Ramos, articulador político. Marcos Corrêa/Agência Brasil
OPINIÃO DO BLOG

Jânio nota a óbvia fusão entre bolsonarismo e Forças Armadas, que ocupam 342 cargos-chave no governo


28/02/2021 - 14h35

 O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar e nublaram o discernimento e induziram a um pensamento único e nefasto como assinala o jornalista americano Walter Lippmann: “Quando todos pensam da mesma maneira é porque ninguém está pensando”. Eduardo Villas Bôas, ao deixar o comando do Exército, sobre Bolsonaro

Da Redação

O veterano colunista Jânio de Freitas, uma luz no fim do túnel que é a locomotiva do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, disparou petardo certeiro em sua coluna de 27/02/2020.

Estapafúrdio produzido por Bolsonaro e apoiado por generais tem a ver com intenções definidas, diz o título.

A opinião de Jânio combina com a deste blog.

Hoje o diário conservador carioca O Globo informou que dobrou a presença de militares no alto escalão do governo Bolsonaro, de 188 em janeiro de 2020 para 342 em setembro do mesmo ano.

Embora se mantenham na surdina, os militares manejam as principais ferramentas práticas do governo, inclusive o Ministério da Saúde.

Agora, porão a mão na jóia da coroa, a Petrobras.

“Dado que estão explicitados os indícios de golpismo e a incompetência espetaculosa dos militares no governo, o que fará o Exército na possível transformação da pandemia em tragédia de massa, um país sufocado pela peste, carente de tudo menos de morte?”, pergunta o colunista.

Este blog gosta de traçar paralelos históricos.

Os militares sempre tutelaram a República brasileira, mais ou menos.

O primeiro ditador pós-golpe de 64, Castello Branco, teve a cabeça feita durante a Segunda Guerra Mundial, quando atuou sob o comando de militares norte-americanos na Itália — o elo entre os dois exércitos era o coronel Vernon Walters, um homem da inteligência militar, que “por acaso” era embaixador dos Estados Unidos no Brasil quando a quartelada de 64 aconteceu.

Subsequentemente, Walters foi embaixador dos EUA na Alemanha Ocidental e nas Nações Unidas. Era, portanto, um espião de altíssimo escalão.

O golpe de 64 foi dado com a promessa de que haveria eleições presidenciais em 1965, mas elas só aconteceram em 1989.

Quando os militares ocupam formalmente o poder,  jamais assumem qualquer responsabilidade por seus próprios atos, exatamente como aconteceu ao longo da ditadura e se repete agora, no governo Bolsonaro.

A culpa é sempre alheia, o que justifica atos autoritários para “remover” aqueles que supostamente atrapalham — não foi outra a motivação de bolsonaristas ao fazer campanha de rua contra o Congresso e o STF.

“Já é bem difundida a impressão, ou a convicção, de que todo o estapafúrdio produzido por Bolsonaro e apoiado pelos generais tem a ver com intenções definidas. Há bastante coerência nos atos amalucados, que são bem aceitos pelos generais também por uma comunhão não declarada nem gratuita”, escreveu Jânio de Freitas em sua coluna.

“Por trás disso houve e há algo. Esse desatino não resistiria, para chegar à dimensão que alcançou, sem um propósito a sustentá-lo”, escreveu.

Ele faz uma ressalva: a posição atipicamente ativa do STF nos últimos meses, duelando inclusive com militares, como o general Villas Bôas, ex-comandante do Exército.

“O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse Jair Bolsonaro a Villas Bôas depois de sua eleição.

Jânio de Freitas deixa no ar a resposta, mas este blog acredita que os militares não aceitarão uma derrota de Jair Bolsonaro para o PT em 2022 — preventivamente, depois de terem articulado a base parlamentar do presidente com o Centrão, no Congresso, o que anula a chance de impeachment, agora os fardados vão trabalhar na agenda popular do preço do diesel, gasolina e botijão de gás.

Neste jogo de xadrez, quem move as peças do outro lado são os militares, enquanto Bolsonaro joga para sua base dura de até 30% dos eleitores, com visitas cada vez mais frequentes ao Nordeste, onde tem o potencial de tirar oxigênio do ex-presidente Lula e do PT.

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