Fitoterapia Racional foi um termo introduzido, creio, na Alemanha; para definir o uso de plantas medicinais de forma científica. O uso de plantas medicinais foi sem dúvidas o primeiro tipo de terapia criado pelo homem. Aliás, aprendi com o professor Pagani, que mesmo os chimpanzés fazem um tipo de fitoterapia. Pesquisas, que acompanharam esses macacos, mostraram que eles usam várias plantas, que não têm nenhum valor nutricional e devem portanto, ser usadas unica e exclusivamente por suas finalidades terapêuticas. Espécies antiparasitárias, antimaláricas inclusive, foram encontradas entre aquelas que os chimpanzés ingerem de forma intermitente. Mesmo o uso dos chamados fitoestrógenos, plantas que se assemelham aos hormônios femininos, e se tornaram a coqueluche dos tratamentos naturais, também fazem parte dessa "dieta terapêutica" dos nossos primos símios.
Bom, se os macacos fazem isso, imaginem os homens. Toda e qualquer cultura sobre a Terra possui o seu conhecimento sobre plantas medicinais. Este é o famoso conhecimento etnofarmacológico, isto é, aquele conhecimento tradicional, que as populações autóctones dominam. Pesquisas já determinaram que a chance de se encontrar remédios importantes é 300 vezes maior ao se partir de conhecimentos tradicionais do que ao começar a pesquisa em laboratório, partindo de uma outra molécula conhecida, por exemplo.
Agora isso não significa que todo o conhecimento popular é correto. Erros podem ser cometidos, e aos montes. Uma coisa é alguém deter um certo tipo de conhecimento. Outra totalmente diferente é esse conhecimento ser repassado com qualidade e mesmo ser popularizado.
O primeiro empecilho é a identificação da planta. Nomes populares são bons, ótimos até, para uma pequena comunidade. Conhecemos perfeitamente a grande variedade de denominações para as mesmas plantas, no Brasil a fora. Aliás, mesmo em pequenas regiões as plantas recebem nomes diferentes. O que nós conhecemos aqui no sudeste como Erva de Santa Maria, na Amazônia é Mastruz. Aliás para eles, Erva de Santa Maria é Maconha. Já viram a confusão. Para evitar esse problema lança-se mão da nomenclatura oficial, em Latim. A erva da qual falamos acima é a Chenopodium ambrosioides (Assim mesmo em itálico). Isso não é frescura, mas apenas uma maneira correta de identificação. Uma vez identificada por seu nome científico, uma planta é assim reconhecida em São Paulo, Roraima, no México ou nas montanhas do Tibete.
Outro problema é o perfeito domínio da parte da planta usada. As flores da Camomila têm função medicinal e não o caule ou raiz. As folhas do Confrei costumam ser muito tóxicas no uso prolongado, mas não as suas raízes. O melhor efeito sonífero do Maracujá vem das suas folhas e não do fruto, que é muito melhor para suco.
Uma terceira dificuldade é a época de coleta da planta. A Artemisia annua de ação antimalárica, tem a melhor concentração de princípios ativos antes da floração. Após, a planta perde muito da sua atividade terapêutica.
Outro problema ainda é o diagnóstico. Na medicina popular os diagnósticos são imprecisos e a indicação das plantas se torna confusa.
A Fitoterapia Racional diferencia-se portanto da fitoterapia popular - embora beba, sem dúvidas, na sua sabedoria - por tentar explicar cientificamente o seu uso, dando ênfase principalmente:
-Na identificação botânica precisa.
-No conhecimento da parte da planta usada.
-Na determinação da sua composição química.
-Na escolha do seu melhor modo de uso.
-No reconhecimento dos seus efeitos farmacológicos.
-Na elaboração de fitomedicamentos seguros, que possam ser usados com confiança pelos médicos e pelos pacientes.
-Na prescrição seguida de um diagnóstico moderno e rigoroso.
Fonte:Blog Reviver Saudável.
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