terça-feira, 29 de dezembro de 2009

POLÍTICA - A mídia não gosta de Lula, mas o povo gosta.

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A mídia não gosta de Lula, mas o povo gosta

O cineasta Fabio Barreto, que foi vítima de um acidente de trânsito e se encontra hospitalizado em estado grave, dirigiu o filme “Lula, o Filho do Brasil”, que estreia em janeiro nos cinemas. Dias antes do acidente, numa coletiva sobre o filme, Barreto disse a jornalistas que não entendia por que o presidente Lula era incensado em todo o mundo e, no Brasil, recebia diariamente uma saraivada de críticas da imprensa. O cineasta nem sabia que jornais importantes como o francês Le Monde e o espanhol El País, escolheriam Lula como “o homem do ano”. Nem poderia adivinhar que o britânico Financial Times selecionaria o presidente brasileiro entre os personagens da década. Mas já sabia que a bíblia da imprensa liberal, a revista inglesa The Economist, havia feito uma edição recheada de elogios ao bom desempenho do Brasil nos dois governos do operário Lula.

E, provavelmente, Barreto também sabia de alguns índices que a mídia ou sonega ou trata com desdém em notinhas de canto de página, mas que significam muito para quem é alvo das políticas desenvolvidas pelo governo federal e que fazem lógica com a estupenda popularidade do presidente.

A síntese é mais ou menos esta: sob o comando de Lula, a renda dos brasileiros aumentou, o número de trabalhadores formais cresceu, a mortalidade infantil caiu e mais pessoas tem acesso à água potável, esgoto tratado e energia elétrica.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíios (PNAD), divulgada em setembro de 2009 e que tem como termo de comparação o ano de 2003:

- a taxa de mortalidade infantil caiu para 15,3%
- a esperança média de vida ao nascer aumentou 2,1% (passou a 78 anos)
- o trabalhou infantil caiu 12,8%
- os anos de estudo aumentaram 9,2%
- o nível de escolarização cresceu 0,8%
- 24,1 milhões saíram da pobreza
- o analfabetismo atinge menos 9,8% da população
- o desemprego despencou 7,2%
- o rendimento salarial médio subiu 17,2%
- o lixo coletado é 3,3% maior
- a iluminação elétrica chegou a 98,9% da população
- o número de pessoas com telefone aumentou 33,4%
- o número de pessoas com televisão aumentou 6%
- o aumento no percentual de proprietários de computadores foi de 107,2%
- a produção industrial subiu 14,6%
- vendeu-se 23% mais automóveis
- as vendas no comério varejista aumentaram 0,3%
- o saldo comercial deu um salto de 7,5%
- as reservas internacionais subiram para 232,9 bilhões
- o volume de crédito atingiu o valor recorde de R$ 1.347,4 bilhões.

Barreto ainda está hospitalizado. Ele não viu as duas últimas edições de 2009 da revista Veja. Com elas, fica bem fácil entender as razões das críticas constantes da imprensa a Lula. A começar pela coluna de Diogo Mainardi que sugere Marina Silva para vice de José Serra na eleição presidencial do ano que vem. Ele diz com todas as letras que, com Marina, Serra tiraria de Lula o que ele tem de mais precioso, justamente a inflexão de seu governo para as camadas mais pobres do país. “Ninguém representa melhor a pobreza do que Marina Silva”, escreve. O filme de Barreto não fala muito de política, mas prova que Lula conhece sim, e muito bem, o drama dos brasileiros que nascem sem qualquer oportunidade.

Não se trata de comparar quem sabe mais de miséria, se Lula ou Marina, mas de identificar na crônica rasteira de Mainardi, uma tentantiva evidente de ajudar a fortalecer a candidatura tucana. Ou seja, nada de jornalismo, tudo de campanha eleitoral. E como se fosse o outro lado do mesmo panfleto, Veja traz ainda uma matéria sobre a saída de Aécio Neves da disputa presidencial. O texto é celebrativo, acrítico, mega elogioso. Nenhuma linha sobre os problemas graves de São Paulo ou Minas Gerais. Um oba-oba que nem as assessorias de Serra e Aécio fariam melhor.

A continuar nesta linha, as famílias que dominam o mercado jornalístico do país, como já aconteceu em 2006, correm o sério risco de ver a sua já débil credibilidade, jogada mais uma vez no lixo. Se fosse minimamente honesta, a crítica daria menos peso ao sentimentalismo exagerado do filme de Barreto e apontaria uma certa dissociação entre a propaganda da obra e realidade. Não porque a história do retirante Lula não esteja bem contada, mas porque no cartaz do filme - “…você sabe quem é este homem, mas não conhece a sua história…” – Barreto parece não se dar conta de que os índices de popularidade de Lula, tão bons quanto os indicadores sociais e econômicos de seu governo, estão aí a provar que os brasileiros sabem sim quem é, e de onde veio o seu presidente. (Maneco)

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