Mário Augusto Jacobskind.
O foco agora é a Líbia, governada por quase 42 anos por Muammar Khadafi, o dirigente árabe que passou a ser aceito pelo Ocidente a partir de 2003, quando decidiu fazer uma série de concessões, inclusive deixando de lado o programa nuclear. O ditador, homem forte, ou seja lá que denominação tenha, caiu nas graças dos Estados Unidos e da Europa. Afinal, o general petróleo pesa muito na balança.
De concessão em concessão, Kadhafi em 2006 abriu as portas da Líbia ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial adotando programas econômicos de austeridade em que o povo é sempre a principal vítima. As vozes roucas das ruas já se faziam sentir, mas o homem forte líbio/ditador se lixava.
Khadafi, hoje amigão do italiano Silvio Berlusconi, com quem firmou acordos petrolíferos de milhões de euros em 2008, chegou até a receber a visita da então Secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice. O dirigente líbio abriu o tapete vermelho para saudá-la. Esta, lépida e faceira, disse sorrindo que as relações estadunidenses-líbias entravam em uma nova etapa.
A questão dos direitos humanos então não passava de um mero detalhe. O cachorrinho de George W. Bush e o agora membro da Casa dos Lordes, Tony Blair, também começaram a relacionar-se com Khadafi as mil maravilhas. Cessaram as acusações raivosas segundo as quais o Coronel líbio ordenara o atentado nos céus da Escócia que derrubou um avião provocando várias mortes. Khadafi mandou até pagar indenizações aos familiares das vítimas. Agora, o tema voltou à tona.
Vão longe os tempos em que quando tomou o poder derrubando um rei subserviente aos europeus e estadunidenses, um tal de Idris, Kadhafi parecia seguir os passos de Gamal Abdel Nasser, o líder egípcio que nacionalizou o canal de Suez e trouxe grandes benefícios ao seu povo, que conheceu um tempo de estabilidade e melhoria de qualidade de vida.
Nos anos 70, Khadafi era uma espécie do que viria a ser no Terceiro Milênio o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad para os Estados Unidos e Israel. Eram sanções atrás de sanções contra o então integrante do “eixo do mal”.
Para ser ter uma ideia do tom de Khadafi, em uma entrevista para Marília Gabriela, claro, antes de 2003, ao ser perguntado o que faria se encontrasse Bush (pai), respondeu, deixando a entrevistadora desconcertada: “cuspiria na cara dele”.
Khadafi nos últimos tempos andava meio no ostracismo. Especulava-se que estaria muito doente e preparava o filho para sucedê-lo na missão de manter unidas as tribos que formam a Líbia. De fato, um dos filhos apareceu muito nos últimos dias com discursos inflamados de ameaça aos rebelados.
Uma parte da Líbia, segundo o noticiário das agências, já estaria sob controle dos rebelados e Khadafi só tinha consigo uma área da capital, Trípoli, podendo perdê-la a qualquer momento. Mas na verdade, todo esse noticiário é passível de dúvidas, porque em outros episódios históricos as agências internacionais no frigir dos ovos acabaram errando e na prática desinformando.
Os mortos pela repressão já chegariam a mil, mas não dá para confirmar o número exato de vítimas. Há informações segundo as quais a Força Aérea bombardeou a população civil, o que é desmentido pelos khadafistas. O embaixador brasileiro em Tripoli não confirmou bombardeios, mas a notícia se espalhou pelo mundo.
O líder líbio, que segundo a maioria dos analistas, estaria em seus estertores, sendo abandonado por colaboradores próximos e ministros, voltou à retórica de antes de 2003. Culpa drogados, adeptos de Bin Laden, que desmentiram em um site, o imperialismo e grupos religiosos de serem os responsáveis pela rebelião.
Como não poderia de ser, numa linguagem como sempre hipócrita, o Departamento de Estado, na palavra de Hillary Clinton condenou a violência contra o povo cometida pelo Exército líbio obediente a Khadafi. Quando o Presidente iraniano Ahmadinejad condenou a repressão ao povo, Clinton esbravejou dizendo que ele não tinha moral para falar o que falou. Como se o governo estadunidense, que sempre apoiou ditaduras sangrentas na região, tivesse. Até porque, quem apoia sem restrições a monarquia na Arábia Saudita não tem moral para coisa alguma, ainda mais falar em democracia na região ou em qualquer parte do mundo.
O que está acontecendo nos países árabes é, sem dúvida, uma grande mexida no tabuleiro internacional. Mubarak já ocupa seu lugar no lixo da história depois de 30 anos com o apoio incondicional dos governos estadunidenses. Agora, como o ventou mudou, a dupla Obama & Clinton se manifesta efusivamente em favor da democracia no Egito. Brincadeira. Ninguém perguntou aos manifestantes, que nestes anos todos foram reprimidos por armas da indústria da morte estadunidense, se aceitavam de bom grado a democracia propugnada pela potência que não quer perder o controle da região.
É complicado saber com precisão quem são os rebeldes que não querem mais Khadafi. Foi só o povo? Há notícias que em Benghazi, a segunda cidade líbia, os manifestantes que agora controlam a área, teriam hasteado a bandeira da monarquia derrubada por Khadafi e o povo, em 1969.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) lançou um comunicado dizendo que não pretende intervir na Líbia. Aí que mora o perigo. Basta consultar os jornais para ver que sempre em graves crises, como a de agora, inicialmente os dirigentes da Otan dizem que não pretendem intervir. Horas ou dias depois surgem os contingentes bombardeando ou ocupando cidades.
Como a Líbia, ou melhor, o petróleo líbio é estratégico e mesmo nos EUA o ouro negro é cada vez mais escasso, não será surpresa alguma se no país conflagrado desembarcarem tropas da Otan com parceria estadunidense sob o pretexto de estabelecer a paz.
PS. Quase 24 horas depois da elaboração deste artigo, o Pentágono já admite intervir militarmente na Líbia. Na verdade, não será propriamente nenhuma surpresa se tal fato acontecer. É possível que, nos bastidores, Washington já esteja mobilizando países da Otan para darem o bote na rica região petrolífera. As mais recentes informações indicam que os EUA já estão deslocando força naval para as proximidades da Líbia.
O petróleo fala mais alto. Agora, sob o pretexto de evitar mais repressão de Khadafi, os "justiceiros" do Ocidente podem entrar no país. Khadafi. ditador/homem forte etc pode ter aprendido a lição um pouco tarde: de que adianta costear o alambrado, como diria Brizola, se o outro lado numa primeira oportunidade entra de sola e vai direto no petróleo.
Podem dar o empurrão final em Khadafi, mas o que vem depois é um esquema para manter o país sob controle do Ocidente.Como isso pode ficar difícil sem intervenão estrangeira, a Otan está aí para isso mesmo. Como Barak Obama não quer repetir Bush, é bem possível que aguarde mais um pouco até que os países da Otan decidam na base do quero o meu (dote petrolífero) também...
Fonte: Direto da Redação.
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
MÌDIA - A mídia e a ocultação da verdade.
Reproduzo artigo de Vito Giannotti, publicado no sítio do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC):
Mídia, na cabeça de todo mundo, são meios de informação. Para Pascual Serrano, é exatamente o contrário. Desinformação é o título do seu livro que já vai para a sexta edição. Sim, a partir de exemplos do mundo todo, o jovem escritor catalão prova com mil fatos e dados que a mídia são meios de desinformação e não de informação. Meios de ocultação da verdade. De omissão de fatos, de dissimulação. Muitas vezes, de total e absoluta mentira.
Ignácio Ramonet, parceiro e mestre de Serranom, sempre cita o caso mais gritante do começo do século XXI, no qual a mídia criou, manteve e reafirmou milhares de vezes uma tremenda farsa. O caso da invasão do Iraque pelos EUA, em março de 2003. Todas as famosas e renomadas agências internacionais de informação se esmeraram em desinformar o mundo para fazer acreditar que os EUA bombardeariam Bagdá por puríssimo amor à democracia contra o ditador Saddam Hussein.
Depois deste bombardeio midiático mundial de desinformação, 51% dos estadunidenses acreditavam piamente que o tal ditador Saddam tinha participado pessoalmente do atentado às Torres Gêmeas.
Serrano passeia da sua Espanha à África grande e esquecida; da Ásia, com seu Oriente Médio e a “ameaçadora” China à Europa dos Berlusconi e dos Post; da efervescente América Latina bolivariana à Rússia com sua nova Guerra Fria. Em cada caso, ele desnuda os mecanismos de produção de uma visão única e necessária para a manutenção da ideologia e da hegemonia dominante. Isto é, da ideologia do capitalismo neoliberal.
Mas Serrano não deixa nenhuma visão pessimista. Com o realismo de quem não tem medo de ser pessimista na análise, mas otimista no sonho, Serrano ao longo do seu envolvente livro se coloca a clássica pergunta: O que Fazer? Propõe formar e educar as massas vítimas da intoxicação da mídia empresarial, isto é, da classe patronal, a resistir. Tarefa para todo tipo de comunicador é reafirmar que “Outra comunicação é possível”.
Reafirmar e agir para tornar este sonho realidade. Sonho? Sim, mas pode-se pensar em torná-lo realidade. Parafraseando Lênin, após a derrota da primeira revolução russa, em 1905, podemos dizer “Sonhos é preciso tê-los. Mas na condição de confrontá-los constantemente com a realidade e de lutar incessantemente para torná-los realidade”. Pascual, com seu site Rebelión, seus artigos em inúmeros jornais europeus e latinoamericanos, suas palestras pelo mundo afora e seu livro-alerta “Desinformacion. Como los médios ocultam el mundo” está entre os que cultivam sonhos. O sonho de outra hegemonia que a do capital.
Fonte: Blog do Miro.
Mídia, na cabeça de todo mundo, são meios de informação. Para Pascual Serrano, é exatamente o contrário. Desinformação é o título do seu livro que já vai para a sexta edição. Sim, a partir de exemplos do mundo todo, o jovem escritor catalão prova com mil fatos e dados que a mídia são meios de desinformação e não de informação. Meios de ocultação da verdade. De omissão de fatos, de dissimulação. Muitas vezes, de total e absoluta mentira.
Ignácio Ramonet, parceiro e mestre de Serranom, sempre cita o caso mais gritante do começo do século XXI, no qual a mídia criou, manteve e reafirmou milhares de vezes uma tremenda farsa. O caso da invasão do Iraque pelos EUA, em março de 2003. Todas as famosas e renomadas agências internacionais de informação se esmeraram em desinformar o mundo para fazer acreditar que os EUA bombardeariam Bagdá por puríssimo amor à democracia contra o ditador Saddam Hussein.
Depois deste bombardeio midiático mundial de desinformação, 51% dos estadunidenses acreditavam piamente que o tal ditador Saddam tinha participado pessoalmente do atentado às Torres Gêmeas.
Serrano passeia da sua Espanha à África grande e esquecida; da Ásia, com seu Oriente Médio e a “ameaçadora” China à Europa dos Berlusconi e dos Post; da efervescente América Latina bolivariana à Rússia com sua nova Guerra Fria. Em cada caso, ele desnuda os mecanismos de produção de uma visão única e necessária para a manutenção da ideologia e da hegemonia dominante. Isto é, da ideologia do capitalismo neoliberal.
Mas Serrano não deixa nenhuma visão pessimista. Com o realismo de quem não tem medo de ser pessimista na análise, mas otimista no sonho, Serrano ao longo do seu envolvente livro se coloca a clássica pergunta: O que Fazer? Propõe formar e educar as massas vítimas da intoxicação da mídia empresarial, isto é, da classe patronal, a resistir. Tarefa para todo tipo de comunicador é reafirmar que “Outra comunicação é possível”.
Reafirmar e agir para tornar este sonho realidade. Sonho? Sim, mas pode-se pensar em torná-lo realidade. Parafraseando Lênin, após a derrota da primeira revolução russa, em 1905, podemos dizer “Sonhos é preciso tê-los. Mas na condição de confrontá-los constantemente com a realidade e de lutar incessantemente para torná-los realidade”. Pascual, com seu site Rebelión, seus artigos em inúmeros jornais europeus e latinoamericanos, suas palestras pelo mundo afora e seu livro-alerta “Desinformacion. Como los médios ocultam el mundo” está entre os que cultivam sonhos. O sonho de outra hegemonia que a do capital.
Fonte: Blog do Miro.
JUDICIÁRIO - Super salário vai a R$ 93 mil no STJ.
Ricardo Kotscho.
viajo bem cedo nesta segunda-feira para Macaíba, no Rio Grande do Norte, onde farei, para a revista Brasileiros, uma reportagem sobre o belo trabalho desenvolvido pelo cientista Miguel Nicolelis no “campus do cérebro”, o Instituto de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra. Só volto na noite de quarta-feira, se tudo correr bem. Até lá, não farei atualização do Balaio nem moderação de comentários. Sou um só e já não sou menino. Tem que ser uma coisa de cada vez…”
Não, caro leitor, a gente pensa que já viu tudo, mas eles sempre conseguem nos surpreender com novos absurdos.
A reportagem “STJ ignora teto e paga supersalário a seus ministros _ Dos 30 ministros que compõem a corte, 16 receberam mais do que a lei permite”, de Filipe Coutinho, publicada na página A4 da Folha de hoje, é de estragar o domingo de qualquer cidadão honesto.
Acredite se quiser: os meretíssimos (perdão, leitores, errei na grafia: o certo é meritíssimo) ministros do Superior Tribunal de Justiça (de Justiça!) encontraram um jeito de pagar para eles mesmos salários superiores ao teto de R$ 26.7000.
Só com esses supersalários, o tribunal gastou R$ 8,9 milhões em 2010. “Um único ministro chegou a receber R$ 93 mil em apenas um mês”, denuncia a matéria da Folha, mas o STF se recusou a revelar o nome do autor da proeza.
A explicação dada pelo presidente do STJ, o valente Ari Pargendler, que não acha imoral pagar um salário de R$ 93 mil, é uma maravilha:
“Esses pagamentos são `extra-teto´e não entram no limite de R$ 26.700 porque estão nas exceções da resolução”. Entenderam?
Pargendler é aquele doutor que se tornou famoso no final do ano passado ao arrancar o crachá e demitir o estagiário Marco Paulo dos Santos, de 24 anos, com quem discutiu na fila do caixa eletrônico no saguão do tribunal.
O estudante deu queixa na polícia por ter sido agredido verbalmente, segundo várias testemunhas, e sofrido “injúria real”. Foi aberto processo contra Pargendler, que se encontra no Supremo Tribunal Federal, desde novembro de 2010.
O próprio presidente do STJ recebe R$ 2.858 acima do teto, referentes a “gratificação por ser presidente” e “abono de permanência “. Dá um total de R$ 29.558. Cada ministro recebeu em média R$ 31 mil, quase R$ 5 mil acima do previsto na lei, mas isto não preocupa o STJ.
Pargendler diz que apenas cumpre a tal resolução do CNJ, não prevista na Constituição, que cita expressamente que vantagens pessoais incidem sobre o teto. O problema não é com ele, explicou ao repórter:
“Pergunte ao CNJ, porque a resolução permite o recebimento. Você precisa confiar nas instituições. Se o CNJ permite, é porque fez de acordo com a Constituição”.
Nem o salário de R$ 93 mil pago a um ministro em agosto do ano passado, graças a um auxílio de R$ 76 mil para se mudar para Brasília com a família, foi considerado imoral pelo presidente do STJ. “Acho imoral aquilo que não respeita a lei. Se a lei prevê, é direito”.
E ficamos assim. Quem não concordar vai reclamar para quem? Para o bispo?
Fpnte: Blog Balaio do Kotscho.
viajo bem cedo nesta segunda-feira para Macaíba, no Rio Grande do Norte, onde farei, para a revista Brasileiros, uma reportagem sobre o belo trabalho desenvolvido pelo cientista Miguel Nicolelis no “campus do cérebro”, o Instituto de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra. Só volto na noite de quarta-feira, se tudo correr bem. Até lá, não farei atualização do Balaio nem moderação de comentários. Sou um só e já não sou menino. Tem que ser uma coisa de cada vez…”
Não, caro leitor, a gente pensa que já viu tudo, mas eles sempre conseguem nos surpreender com novos absurdos.
A reportagem “STJ ignora teto e paga supersalário a seus ministros _ Dos 30 ministros que compõem a corte, 16 receberam mais do que a lei permite”, de Filipe Coutinho, publicada na página A4 da Folha de hoje, é de estragar o domingo de qualquer cidadão honesto.
Acredite se quiser: os meretíssimos (perdão, leitores, errei na grafia: o certo é meritíssimo) ministros do Superior Tribunal de Justiça (de Justiça!) encontraram um jeito de pagar para eles mesmos salários superiores ao teto de R$ 26.7000.
Só com esses supersalários, o tribunal gastou R$ 8,9 milhões em 2010. “Um único ministro chegou a receber R$ 93 mil em apenas um mês”, denuncia a matéria da Folha, mas o STF se recusou a revelar o nome do autor da proeza.
A explicação dada pelo presidente do STJ, o valente Ari Pargendler, que não acha imoral pagar um salário de R$ 93 mil, é uma maravilha:
“Esses pagamentos são `extra-teto´e não entram no limite de R$ 26.700 porque estão nas exceções da resolução”. Entenderam?
Pargendler é aquele doutor que se tornou famoso no final do ano passado ao arrancar o crachá e demitir o estagiário Marco Paulo dos Santos, de 24 anos, com quem discutiu na fila do caixa eletrônico no saguão do tribunal.
O estudante deu queixa na polícia por ter sido agredido verbalmente, segundo várias testemunhas, e sofrido “injúria real”. Foi aberto processo contra Pargendler, que se encontra no Supremo Tribunal Federal, desde novembro de 2010.
O próprio presidente do STJ recebe R$ 2.858 acima do teto, referentes a “gratificação por ser presidente” e “abono de permanência “. Dá um total de R$ 29.558. Cada ministro recebeu em média R$ 31 mil, quase R$ 5 mil acima do previsto na lei, mas isto não preocupa o STJ.
Pargendler diz que apenas cumpre a tal resolução do CNJ, não prevista na Constituição, que cita expressamente que vantagens pessoais incidem sobre o teto. O problema não é com ele, explicou ao repórter:
“Pergunte ao CNJ, porque a resolução permite o recebimento. Você precisa confiar nas instituições. Se o CNJ permite, é porque fez de acordo com a Constituição”.
Nem o salário de R$ 93 mil pago a um ministro em agosto do ano passado, graças a um auxílio de R$ 76 mil para se mudar para Brasília com a família, foi considerado imoral pelo presidente do STJ. “Acho imoral aquilo que não respeita a lei. Se a lei prevê, é direito”.
E ficamos assim. Quem não concordar vai reclamar para quem? Para o bispo?
Fpnte: Blog Balaio do Kotscho.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
POLÍTICA - O que diferencia uma democracia e uma ditadura.
As revoltas nos povos árabes reacendem as discussões sobre o que diferencia uma democracia e uma ditadura. Por trás de tudo, protegendo os ditadores, há sempre o manto sagrado do imperialismo ocidental.
Carlos Newton
Muitos comentaristas têm se manifestado acertadamente aqui sobre a existência de diversos níveis de democracia, que realmente variam de acordo com o que acontece em cada país. Isso significaria que o conceito de democracia é variável, quando não deveria ser. Da mesma forma, o conceito de ditadura também poderia variar.
São opiniões interessantíssimas, que podem produzir teses e mais teses de mestrado e doutorado, em discussões proveitosas e intermináveis. Nesse particular, na verdade temos poucas certezas absolutas. Uma dessas certezas é de que a política internacional difere completamente das políticas internas dos países.
Na política externa, o que sempre prevalece é o interesse das grandes potências. Por isso, países que se consideram generosas e sólidas democracias costumam sustentar sangrentas ditaduras, desde que sejam favoráveis às suas pretensões imperialistas, do ponto de vista estratégico ou comercial.
Em recente artigo, o jornalista Igor Fuser fez uma revelação absolutamente verdadeira: “Quando ingressei como redator na Editoria Internacional da Folha de S. Paulo, um colega veterano me ensinou como se fazia para definir, entre as centenas de notícias que recebíamos diariamente, quais seriam merecedoras de destaque no jornal do dia seguinte. ‘É só olhar os telegramas das agências e ver o que elas acham mais importante’, sentenciou. Pragmático, ele adotava esse método como um meio seguro de evitar que o noticiário da Folha destoasse dos jornais concorrentes, os quais, por sua vez, se comportavam do mesmo modo. Na realidade, portanto, quem pautava a cobertura internacional da imprensa brasileira era um restrito grupo de três agências noticiosas – Reuters, Associated Press e United Press International, todas afinadíssimas com as prioridades geopolíticas dos Estados Unidos”.
Era o que acontecia e ainda acontece nas redações, porque embora existam outros fornecedores de informação, como a CNN, a BBC, as agências ocidentais France Presse, Ansa e EFE, assim como as agências estatais da Rússia e de Cuba, por exemplo, a imprensa não mudou nada, especialmente porque os interesses dos Estados Unidos muitas vezes se confundem com os interesses dos países europeus.
É por isso mesmo que, na imprensa internacional e também na mídia brasileira (o que acontece na “Matrix” sempre é seguido rigorosamente aqui na filial), existem tratamentos diferenciados para as ditaduras que são do interesse do Ocidente e as que lhe são hostis.
Agora, com a ocorrência de revoltas em países como Tunísia, Egito, Bahrein, Líbia etc., “de repente”, como dizia Vinicius de Moraes, “não mais do que de repente”, a imprensa ocidental passa a lembrar que se trata de ditaduras, cada uma a seu modo e com sua intensidade.
Essa revelação então dá margem a todo tipo de saudáveis discussões, especialmente sobre os limites das ditaduras e das democracias. É muito interessante notar como as opiniões variam. Há quem considere que Israel não é uma democracia, embora nas eleições concorram partidos árabes e islamitas. Da mesma forma, há quem considere que a Turquia é uma democracia, também porque promove eleições e tem partidos livres.
Pessoalmente, eu prefiro ser julgado pela Justiça israelense do que pela Justiça turca, o que representa um dos parâmetros que utilizo para identificar alguma coisa que se aproxime de democracia. Em grande número de países da África, por exemplo, o que menos existe é democracia. As ditaduras são sangrentas e racistas, as etnias se digladiam e se destróem, o Ocidente assiste a tudo passivamente, como se ninguém tivesse nada a ver com isso.
O que ocorre na Guiné Equatorial, por exemplo, é de revoltar qualquer pessoa com um mínimo de consciência. O petróleo e as demais riquezas do país – madeira e minérios – estão sendo dilapidados por uma ditadura terrível, que deposita em bancos ocidentais o dinheiro roubado ao povo, de tal forma que o ditador Teodoro Obiang é considerado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo.
Hipoteticamente, por essas distorções que costumam haver nas estatísticas, a Guiné Equatorial tem o maior PIB per capita da África, o que é uma falácia, porque o país registra um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano. Motivo: o dinheiro é quase todo desviado pela quadrilha de Obiang. Os hospitais não têm remédios, lençóis, quem quiser se tratar tem de levar tudo de casa e ainda pagar o médico. A média de expectativa de vida não passa de 44 anos. Não é preciso dizem mais nada.
E ninguém parece se incomodar. Há 31 anos no poder, Obiang é saudado na ONU como estadista, e os antigos colonizadores (a Espanha) fazem homenagens a ele. Aqui no Ocidente, ninguém fala em derrubar o déspota Teodoro Obiang. Por essas e outras, quando se discute democracia e ditadura, é sempre bom lembrar o célebre pensador britânico, Lord Kenneth Clark, que dizia: “Civilização? Não sei o que é isso. Mas tenho certeza de que, se algum dia eu encontrar, saberei reconhecer”.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
Carlos Newton
Muitos comentaristas têm se manifestado acertadamente aqui sobre a existência de diversos níveis de democracia, que realmente variam de acordo com o que acontece em cada país. Isso significaria que o conceito de democracia é variável, quando não deveria ser. Da mesma forma, o conceito de ditadura também poderia variar.
São opiniões interessantíssimas, que podem produzir teses e mais teses de mestrado e doutorado, em discussões proveitosas e intermináveis. Nesse particular, na verdade temos poucas certezas absolutas. Uma dessas certezas é de que a política internacional difere completamente das políticas internas dos países.
Na política externa, o que sempre prevalece é o interesse das grandes potências. Por isso, países que se consideram generosas e sólidas democracias costumam sustentar sangrentas ditaduras, desde que sejam favoráveis às suas pretensões imperialistas, do ponto de vista estratégico ou comercial.
Em recente artigo, o jornalista Igor Fuser fez uma revelação absolutamente verdadeira: “Quando ingressei como redator na Editoria Internacional da Folha de S. Paulo, um colega veterano me ensinou como se fazia para definir, entre as centenas de notícias que recebíamos diariamente, quais seriam merecedoras de destaque no jornal do dia seguinte. ‘É só olhar os telegramas das agências e ver o que elas acham mais importante’, sentenciou. Pragmático, ele adotava esse método como um meio seguro de evitar que o noticiário da Folha destoasse dos jornais concorrentes, os quais, por sua vez, se comportavam do mesmo modo. Na realidade, portanto, quem pautava a cobertura internacional da imprensa brasileira era um restrito grupo de três agências noticiosas – Reuters, Associated Press e United Press International, todas afinadíssimas com as prioridades geopolíticas dos Estados Unidos”.
Era o que acontecia e ainda acontece nas redações, porque embora existam outros fornecedores de informação, como a CNN, a BBC, as agências ocidentais France Presse, Ansa e EFE, assim como as agências estatais da Rússia e de Cuba, por exemplo, a imprensa não mudou nada, especialmente porque os interesses dos Estados Unidos muitas vezes se confundem com os interesses dos países europeus.
É por isso mesmo que, na imprensa internacional e também na mídia brasileira (o que acontece na “Matrix” sempre é seguido rigorosamente aqui na filial), existem tratamentos diferenciados para as ditaduras que são do interesse do Ocidente e as que lhe são hostis.
Agora, com a ocorrência de revoltas em países como Tunísia, Egito, Bahrein, Líbia etc., “de repente”, como dizia Vinicius de Moraes, “não mais do que de repente”, a imprensa ocidental passa a lembrar que se trata de ditaduras, cada uma a seu modo e com sua intensidade.
Essa revelação então dá margem a todo tipo de saudáveis discussões, especialmente sobre os limites das ditaduras e das democracias. É muito interessante notar como as opiniões variam. Há quem considere que Israel não é uma democracia, embora nas eleições concorram partidos árabes e islamitas. Da mesma forma, há quem considere que a Turquia é uma democracia, também porque promove eleições e tem partidos livres.
Pessoalmente, eu prefiro ser julgado pela Justiça israelense do que pela Justiça turca, o que representa um dos parâmetros que utilizo para identificar alguma coisa que se aproxime de democracia. Em grande número de países da África, por exemplo, o que menos existe é democracia. As ditaduras são sangrentas e racistas, as etnias se digladiam e se destróem, o Ocidente assiste a tudo passivamente, como se ninguém tivesse nada a ver com isso.
O que ocorre na Guiné Equatorial, por exemplo, é de revoltar qualquer pessoa com um mínimo de consciência. O petróleo e as demais riquezas do país – madeira e minérios – estão sendo dilapidados por uma ditadura terrível, que deposita em bancos ocidentais o dinheiro roubado ao povo, de tal forma que o ditador Teodoro Obiang é considerado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo.
Hipoteticamente, por essas distorções que costumam haver nas estatísticas, a Guiné Equatorial tem o maior PIB per capita da África, o que é uma falácia, porque o país registra um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano. Motivo: o dinheiro é quase todo desviado pela quadrilha de Obiang. Os hospitais não têm remédios, lençóis, quem quiser se tratar tem de levar tudo de casa e ainda pagar o médico. A média de expectativa de vida não passa de 44 anos. Não é preciso dizem mais nada.
E ninguém parece se incomodar. Há 31 anos no poder, Obiang é saudado na ONU como estadista, e os antigos colonizadores (a Espanha) fazem homenagens a ele. Aqui no Ocidente, ninguém fala em derrubar o déspota Teodoro Obiang. Por essas e outras, quando se discute democracia e ditadura, é sempre bom lembrar o célebre pensador britânico, Lord Kenneth Clark, que dizia: “Civilização? Não sei o que é isso. Mas tenho certeza de que, se algum dia eu encontrar, saberei reconhecer”.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
POLÍTICA - Um desejo de Dilma.
Estilo Dilma e a oposição desorientada, por Jânio
JANIO DE FREITAS
AS DIFERENÇAS de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula.
O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.
A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.
Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.
O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.
Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo. O embaraço do embaraço.
Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.
Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.
Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.
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Relações positivas entre a presidente e a oposição poderiam resultar em uma reordenação até imprevisível
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Fonte: Blog do Luis Nassif
JANIO DE FREITAS
AS DIFERENÇAS de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula.
O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.
A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.
Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.
O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.
Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo. O embaraço do embaraço.
Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.
Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.
Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.
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Relações positivas entre a presidente e a oposição poderiam resultar em uma reordenação até imprevisível
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Fonte: Blog do Luis Nassif
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
PETROBRÁS - A questão da terceirização.
A quantidade de funcionários terceirizados no Sistema Petrobrás é o assunto do momento. E vários representantes dos trabalhadores estão denunciando esta questão. O presidente da AEPET, Fernando Siqueira faz um comentário sério e claro sobre o problema. "Este é mais um problema da nossa falida política de RH. A terceirização é ruim para todos: 1) para o terceirizado porque ele não tem segurança e treinamento adequado. É obrigado a formar uma empresa para reduzir os encargos sociais. 2) Para a Petrobrás porque ela recebe uma mão de obra mal treinada, insatisfeita, rendendo pouco e o que é pior: é uma fonte de nepotismo e corrupção com nomeação de parentes, amigos e amantes. Têm ocorrido casos muito graves: terceirizados fazendo trabalho em atividades fins como projeto, pesquisa fiscalização de atividades de produção e outras atividades estratégicas. Mais grave: no Cenpes tem terceirizado, não concursado, fazendo atividades de pesquisa, enquanto nossos mestres de PHD´s ficam fiscalizando contratos. Ou seja, a tecnologia não fica na empresa. Havendo maior oportunidade para espionagem industrial. Já fizemos reuniões reclamando disto, mas o chefe do Cenpes é um remanescente da gerência neoliberal do Governo passado. 3) Os concursados, que chegam a 85.000 e estão no cadastro de reserva vendo os seus concursos perderem a validade enquanto pessoas menos qualificadas (algumas fizeram o mesmo concurso e não passaram) estão ocupando as suas vagas. Já fizemos carta ao presidente da Petrobrás denunciando isto, em 2009 e, até hoje não tivemos resposta. Mas a reação está crescendo. No governo FHC tínhamos 120.000 pessoas terceirizadas. O PT vociferava contra. Hoje chegamos a 300.000, com o PT no Governo e comandando o RH. Isto é muito sério. A Petrobrás fica altamente vulnerável com essa modalidade de contratação de mão de obra"; Conclui Fernando Siqueira
Fonte: AEPET.
Fonte: AEPET.
ANOS DE CHUMBO - O crime perfeito.
Do Blog do Mello.
Folha pode ter cometido o crime perfeito quando demitiu Rose Nogueira, companheira de cela de Dilma Rousseff
Rose Nogueira é jornalista. Em 1969 trabalhava no Grupo Folha. E pertencia à Ação Libertadora Nacional (ALN), “organização terrorista” (segundo a ditadura e o Grupo Folha) que lutava contra a ditadura instalada no Brasil. Guarde essas duas informações: Rose trabalhava no Grupo Folha e pertencia à ALN.
Em dezembro de 1969, Rose ainda amamentava seu filho, que havia nascido em setembro, quando foi presa. Detalhes de seu período na prisão e das torturas que lhe foram impostas estão descritos aqui. Ela os resumiu em um depoimento para uma novela do SBT, em fase de produção:
“Eu tinha apenas 23 anos, recém-parida e fui espancada de muitas formas, fiquei com o corpo todo marcado, destruída por dentro. Meu torturador era tarado, me judiava e humilhava muito… Passei mais de um mês sem tomar banho, fedia por causa do sangramento comum após o parto e também devido ao leite, que cheirava azedo. Por causa disso, me deram uma injeção para secar meu leite. Não tive o direito de amamentar meu filho… Pior do que isso, eles usaram um bebê para me coagir. Por duas vezes, levaram meu filho ao DOPs e ameaçaram queimá-lo vivo caso não os ajudasse a localizar meus companheiros, mas eu não sabia onde eles estavam…”
Rose não morreu, como tantos de seus companheiros. Esteve presa e dividiu a cela com a atual presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Ao sair da cadeia, descobriu que fora demitida. Pesquisou e descobriu o motivo alegado pelo Grupo Folha:
Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.
Guarde agora essa outra informação: o Grupo Folha a demitiu por “abandono de emprego”. Junte-a às outras duas: ela trabalhava no grupo Folha e pertencia à ALN.
Agora, para comemorar seus 90 anos, o Grupo Folha resolve fazer um tímido mea culpa, dividido por ele mesmo em 9 atos. O Ato 4 chama-se “O Papel na Ditadura”. Reproduzo na íntegra:
A Folha apoiou o golpe militar de 1964, como praticamente toda a grande imprensa brasileira. Não participou da conspiração contra o presidente João Goulart, como fez o "Estado", mas apoiou editorialmente a ditadura, limitando-se a veicular críticas raras e pontuais.
Confrontado por manifestações de rua e pela deflagração de guerrilhas urbanas, o regime endureceu ainda mais em dezembro de 1968, com a decretação do AI-5. O jornal submeteu-se à censura, acatando as proibições, ao contrário do que fizeram o "Estado", a revista "Veja" e o carioca "Jornal do Brasil", que não aceitaram a imposição e enfrentaram a censura prévia, denunciando com artifícios editoriais a ação dos censores.
As tensões características dos chamados "anos de chumbo" marcaram esta fase do Grupo Folha. A partir de 1969, a "Folha da Tarde" alinhou-se ao esquema de repressão à luta armada, publicando manchetes que exaltavam as operações militares.
A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.
Em 1971, a ALN incendiou três veículos do jornal e ameaçou assassinar seus proprietários. Os atentados seriam uma reação ao apoio da "Folha da Tarde" à repressão contra a luta armada.
Segundo relato depois divulgado por militantes presos na época, caminhonetes de entrega do jornal teriam sido usados por agentes da repressão, para acompanhar sob disfarce a movimentação de guerrilheiros. A direção da Folha sempre negou ter conhecimento do uso de seus carros para tais fins.
Outros blogs já comentaram esse assunto. Mas o que me interessa é o quarto parágrafo, especialmente o que destaco em negrito:
A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.
Policiais contratados e ALN em atuação clandestina na Redação. A ligação é óbvia demais: os policiais não foram contratados para escrever mas para descobrir quem eram os “terroristas infiltrados”.
Rose Nogueira era um "deles". Provavelmente foi descoberta pelos policiais contratados pelo Grupo Folha. Em seguida, presa, barbaramente torturada. E depois demitida pelo mesmo Grupo que a mandou prender por abandono de emprego. Como se não soubesse de nada.
O crime perfeito.
Fonte: Blog do Mello.
Folha pode ter cometido o crime perfeito quando demitiu Rose Nogueira, companheira de cela de Dilma Rousseff
Rose Nogueira é jornalista. Em 1969 trabalhava no Grupo Folha. E pertencia à Ação Libertadora Nacional (ALN), “organização terrorista” (segundo a ditadura e o Grupo Folha) que lutava contra a ditadura instalada no Brasil. Guarde essas duas informações: Rose trabalhava no Grupo Folha e pertencia à ALN.
Em dezembro de 1969, Rose ainda amamentava seu filho, que havia nascido em setembro, quando foi presa. Detalhes de seu período na prisão e das torturas que lhe foram impostas estão descritos aqui. Ela os resumiu em um depoimento para uma novela do SBT, em fase de produção:
“Eu tinha apenas 23 anos, recém-parida e fui espancada de muitas formas, fiquei com o corpo todo marcado, destruída por dentro. Meu torturador era tarado, me judiava e humilhava muito… Passei mais de um mês sem tomar banho, fedia por causa do sangramento comum após o parto e também devido ao leite, que cheirava azedo. Por causa disso, me deram uma injeção para secar meu leite. Não tive o direito de amamentar meu filho… Pior do que isso, eles usaram um bebê para me coagir. Por duas vezes, levaram meu filho ao DOPs e ameaçaram queimá-lo vivo caso não os ajudasse a localizar meus companheiros, mas eu não sabia onde eles estavam…”
Rose não morreu, como tantos de seus companheiros. Esteve presa e dividiu a cela com a atual presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Ao sair da cadeia, descobriu que fora demitida. Pesquisou e descobriu o motivo alegado pelo Grupo Folha:
Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.
Guarde agora essa outra informação: o Grupo Folha a demitiu por “abandono de emprego”. Junte-a às outras duas: ela trabalhava no grupo Folha e pertencia à ALN.
Agora, para comemorar seus 90 anos, o Grupo Folha resolve fazer um tímido mea culpa, dividido por ele mesmo em 9 atos. O Ato 4 chama-se “O Papel na Ditadura”. Reproduzo na íntegra:
A Folha apoiou o golpe militar de 1964, como praticamente toda a grande imprensa brasileira. Não participou da conspiração contra o presidente João Goulart, como fez o "Estado", mas apoiou editorialmente a ditadura, limitando-se a veicular críticas raras e pontuais.
Confrontado por manifestações de rua e pela deflagração de guerrilhas urbanas, o regime endureceu ainda mais em dezembro de 1968, com a decretação do AI-5. O jornal submeteu-se à censura, acatando as proibições, ao contrário do que fizeram o "Estado", a revista "Veja" e o carioca "Jornal do Brasil", que não aceitaram a imposição e enfrentaram a censura prévia, denunciando com artifícios editoriais a ação dos censores.
As tensões características dos chamados "anos de chumbo" marcaram esta fase do Grupo Folha. A partir de 1969, a "Folha da Tarde" alinhou-se ao esquema de repressão à luta armada, publicando manchetes que exaltavam as operações militares.
A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.
Em 1971, a ALN incendiou três veículos do jornal e ameaçou assassinar seus proprietários. Os atentados seriam uma reação ao apoio da "Folha da Tarde" à repressão contra a luta armada.
Segundo relato depois divulgado por militantes presos na época, caminhonetes de entrega do jornal teriam sido usados por agentes da repressão, para acompanhar sob disfarce a movimentação de guerrilheiros. A direção da Folha sempre negou ter conhecimento do uso de seus carros para tais fins.
Outros blogs já comentaram esse assunto. Mas o que me interessa é o quarto parágrafo, especialmente o que destaco em negrito:
A entrega da Redação da "Folha da Tarde" a jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários deles eram policiais) foi uma reação da empresa à atuação clandestina, na Redação, de militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella, um dos 'terroristas' mais procurados do país, morto em São Paulo no final de 1969.
Policiais contratados e ALN em atuação clandestina na Redação. A ligação é óbvia demais: os policiais não foram contratados para escrever mas para descobrir quem eram os “terroristas infiltrados”.
Rose Nogueira era um "deles". Provavelmente foi descoberta pelos policiais contratados pelo Grupo Folha. Em seguida, presa, barbaramente torturada. E depois demitida pelo mesmo Grupo que a mandou prender por abandono de emprego. Como se não soubesse de nada.
O crime perfeito.
Fonte: Blog do Mello.
POLÍTICA - Serra não desiste.
Serra antecipa o debate e lança sua terceira candidatura em 2014.
Pedro do Coutto
Na entrevista à repórter Sílvia Amorim, O Globo de segunda-feira, 21, o ex-governador José Serra partiu para o ataque à presidente Dilma Rousseff, antecipando assim o debate político já visando sua terceira candidatura à presidência na sucessão de 2014. Lançou-se também candidato a presidente do PSDB, iniciando um processo voltado para ofuscar, e assim abalar, a liderança emergente do Senador Aécio Neves. O último dos moicanos, o sobrevivente da derrota eleitoral da oposição nas urnas do ano passado. Liderança ascendente, mas sem o tom oposicionista, único caminho possível, hoje, em termos lógicos, àquele que daqui a três anos e dez meses tiver que enfrentar a reeleição de Dilma ou então a volta de Lula às luzes do poder.
Não desejando ingressar na sombra do ostracismo, o ex governador de São Paulo iniciou a ofensiva. É um longo caminho à rampa do Planalto, repetindo o refrão de famosa canção inglesa exaltada por Churchill em suas monumentais memórias e cantada pelas tropas britânicas na véspera dos grandes combates contra o nazismo de Hitler. Um longo caminho pela frente.
A entrevista, pelo seu contexto, foi direcionada, de parte de Serra, é claro, para objetivos bem definidos. Resolveu sair logo da casca e falar. A repórter Sílvia Amorim, da Sucursal de São Paulo, aproveitou otimamente as informações. Afobação de José Serra? Nada disso. Senso de oportunidade na eterna luta do ser humano pelo poder. Serra poderia ter chegado à presidência. Mas havia um Lula no caminho. A pedra de Carlos Drummond de Andrade. Como no caminho do nadador Gustavo Borges existia um Popov. Não fosse o russo Popov, o brasileiro teria sido campeão olímpico nos cem metros livres. Assim é a vida. Não estava no destino.
Como não estava no destino de Adlai Stevenson ser presidente dos EUA. Era democrata. Em 52, enfrentou o republicano Eisenhower. O governo Truman que o apoiava, estava desgastado com a guerra da Coreia. Stevenson perdeu. Quatro anos depois, enfrentou novamente Eisenhower. As pesquisas o apontavam como favorito. Outubro de 56, faltavam quinze dias para o voto. Eis que forças inglesas, francesas e israelenses invadem o Canal de Suez. Gamal Abdel Nasser ameaça dinamitá-lo para combater os paraquedistas. Os Estados Unidos condenam a invasão. Dois dias depois a URSS de Krushev invade e massacra a Hungria. O cardeal Midzenty vê-se obrigado a pedir asilo na embaixada americana. Eisenhower atava fortemente o governo de Moscou. A terceira guerra parecia desencadear-se. Diante da perspectiva de um confronto armado, o eleitorado norteamericano achou melhor manter o general comandante em chefe da invasão da Normandia na Casa Branca. Stevenson foi batido pelos fatos fora de seu controle.
Há sempre, não uma só, mas pedras no caminho. Disse o poeta (Drummond) que também encontrou uma rosa no asfalto. Outro poeta, tão grande quanto ele, Noel Rosa, fez dançar o arvoredo. Mas a arte é outro tema, embora dependa sempre da inspiração de momentos captados nas atmosferas da vida e do andar. A política, isso ela tem em comum com a arte, depende também de momentos.
Vejam os leitores o episódio de 11 de novembro de 55. O general Lott acordou a uma da manhã com o ruído de oficiais reunidos na casa ao lado, no Maracanã, do General Odilo Denys. Colocou os tanques na rua, depôs o presidente Café Filho, que estava no golpe contra JK, garantiu a posse do eleito. Se Lott não tivesse acordado naquele momento, ou Juscelino não assumia, ou Denys seria o autor de todo o movimento. A história do Brasil seria outra. O SE é uma palavra chave na existência humana.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Pedro do Coutto
Na entrevista à repórter Sílvia Amorim, O Globo de segunda-feira, 21, o ex-governador José Serra partiu para o ataque à presidente Dilma Rousseff, antecipando assim o debate político já visando sua terceira candidatura à presidência na sucessão de 2014. Lançou-se também candidato a presidente do PSDB, iniciando um processo voltado para ofuscar, e assim abalar, a liderança emergente do Senador Aécio Neves. O último dos moicanos, o sobrevivente da derrota eleitoral da oposição nas urnas do ano passado. Liderança ascendente, mas sem o tom oposicionista, único caminho possível, hoje, em termos lógicos, àquele que daqui a três anos e dez meses tiver que enfrentar a reeleição de Dilma ou então a volta de Lula às luzes do poder.
Não desejando ingressar na sombra do ostracismo, o ex governador de São Paulo iniciou a ofensiva. É um longo caminho à rampa do Planalto, repetindo o refrão de famosa canção inglesa exaltada por Churchill em suas monumentais memórias e cantada pelas tropas britânicas na véspera dos grandes combates contra o nazismo de Hitler. Um longo caminho pela frente.
A entrevista, pelo seu contexto, foi direcionada, de parte de Serra, é claro, para objetivos bem definidos. Resolveu sair logo da casca e falar. A repórter Sílvia Amorim, da Sucursal de São Paulo, aproveitou otimamente as informações. Afobação de José Serra? Nada disso. Senso de oportunidade na eterna luta do ser humano pelo poder. Serra poderia ter chegado à presidência. Mas havia um Lula no caminho. A pedra de Carlos Drummond de Andrade. Como no caminho do nadador Gustavo Borges existia um Popov. Não fosse o russo Popov, o brasileiro teria sido campeão olímpico nos cem metros livres. Assim é a vida. Não estava no destino.
Como não estava no destino de Adlai Stevenson ser presidente dos EUA. Era democrata. Em 52, enfrentou o republicano Eisenhower. O governo Truman que o apoiava, estava desgastado com a guerra da Coreia. Stevenson perdeu. Quatro anos depois, enfrentou novamente Eisenhower. As pesquisas o apontavam como favorito. Outubro de 56, faltavam quinze dias para o voto. Eis que forças inglesas, francesas e israelenses invadem o Canal de Suez. Gamal Abdel Nasser ameaça dinamitá-lo para combater os paraquedistas. Os Estados Unidos condenam a invasão. Dois dias depois a URSS de Krushev invade e massacra a Hungria. O cardeal Midzenty vê-se obrigado a pedir asilo na embaixada americana. Eisenhower atava fortemente o governo de Moscou. A terceira guerra parecia desencadear-se. Diante da perspectiva de um confronto armado, o eleitorado norteamericano achou melhor manter o general comandante em chefe da invasão da Normandia na Casa Branca. Stevenson foi batido pelos fatos fora de seu controle.
Há sempre, não uma só, mas pedras no caminho. Disse o poeta (Drummond) que também encontrou uma rosa no asfalto. Outro poeta, tão grande quanto ele, Noel Rosa, fez dançar o arvoredo. Mas a arte é outro tema, embora dependa sempre da inspiração de momentos captados nas atmosferas da vida e do andar. A política, isso ela tem em comum com a arte, depende também de momentos.
Vejam os leitores o episódio de 11 de novembro de 55. O general Lott acordou a uma da manhã com o ruído de oficiais reunidos na casa ao lado, no Maracanã, do General Odilo Denys. Colocou os tanques na rua, depôs o presidente Café Filho, que estava no golpe contra JK, garantiu a posse do eleito. Se Lott não tivesse acordado naquele momento, ou Juscelino não assumia, ou Denys seria o autor de todo o movimento. A história do Brasil seria outra. O SE é uma palavra chave na existência humana.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
FUTEBOL - "O motim do Clube dos 13 acabou."
Do Blog do PVC.
A pessoa que mais entende de política do esporte no Brasil, hoje em dia. A análise sobre as entrevistas coletivas do dia (os cariocas protestam contra a forma como o Clube dos 13 conduz a negociação, mas não se afastam completamente -- Andrés Sanchez diz que está fora, mas pode voltar -- o Coritiba disse que sai, e agora está voltando) faz com que a frase que dá título à nota seja a mais certeira possível.
A definição do mestre da política esportiva prossegue: "O motim contra o Clube dos Treze acabou. Agora, resta um motim contra o São Paulo." Quer dizer que aqueles que não gostam da postura de Juvenal Juvêncio -- e têm razão quando pensam na maneira como recebeu a Taça das Bolinhas -- atacam Ataíde Gil Guerreiro. Atual diretor-executivo do Clube dos Treze, Ataíde Gil Guerreiro fez um trabalho brilhante. Mas é visto como o representante do São Paulo. Ou pior: o representante de Juvenal Juvêncio.
Fora isso, os "revolucionários" percebem, aos poucos, que não receberão mais dinheiro do que pretendiam negociando separadamente. Mas já causaram o estrago. A revolução de papel faz com que Record e Globo tenham dúvidas sobre o produto pelo qual farão uma das proposta mais cara de suas histórias, dentro do país. No caso da Record, que ofereceria R$ 1 bilhão, resta a dúvida: oferece o mesmo valor agora ou tenta economizar, sem saber exatamente quantos clubes terá em seu pacote?
Agora fica mais claro. Quem comprar o Brasileirão, vai comprar o Brasileirão dos 20 clubes, assim como era na sexta-feira passada. Mas quem fizer a proposta pode ter dificuldade de entender isso. Pode pagar para ver.
Nesse caso, há duas hipóteses:
1. Os clubes do Brasil perdem a melhor proposta. Talvez.
2. As emissoras que economizarem perdem para quem apostar mais alto. É a outra hipótese.
A pessoa que mais entende de política do esporte no Brasil, hoje em dia. A análise sobre as entrevistas coletivas do dia (os cariocas protestam contra a forma como o Clube dos 13 conduz a negociação, mas não se afastam completamente -- Andrés Sanchez diz que está fora, mas pode voltar -- o Coritiba disse que sai, e agora está voltando) faz com que a frase que dá título à nota seja a mais certeira possível.
A definição do mestre da política esportiva prossegue: "O motim contra o Clube dos Treze acabou. Agora, resta um motim contra o São Paulo." Quer dizer que aqueles que não gostam da postura de Juvenal Juvêncio -- e têm razão quando pensam na maneira como recebeu a Taça das Bolinhas -- atacam Ataíde Gil Guerreiro. Atual diretor-executivo do Clube dos Treze, Ataíde Gil Guerreiro fez um trabalho brilhante. Mas é visto como o representante do São Paulo. Ou pior: o representante de Juvenal Juvêncio.
Fora isso, os "revolucionários" percebem, aos poucos, que não receberão mais dinheiro do que pretendiam negociando separadamente. Mas já causaram o estrago. A revolução de papel faz com que Record e Globo tenham dúvidas sobre o produto pelo qual farão uma das proposta mais cara de suas histórias, dentro do país. No caso da Record, que ofereceria R$ 1 bilhão, resta a dúvida: oferece o mesmo valor agora ou tenta economizar, sem saber exatamente quantos clubes terá em seu pacote?
Agora fica mais claro. Quem comprar o Brasileirão, vai comprar o Brasileirão dos 20 clubes, assim como era na sexta-feira passada. Mas quem fizer a proposta pode ter dificuldade de entender isso. Pode pagar para ver.
Nesse caso, há duas hipóteses:
1. Os clubes do Brasil perdem a melhor proposta. Talvez.
2. As emissoras que economizarem perdem para quem apostar mais alto. É a outra hipótese.
FUTEBOL - A guerra dos Clube dos 13.
Folha de S.Paulo - Depoimento - Fábio Koff: A ruptura do Clube dos 13 é coisa da CBF e da Globo - 25/02/2011
DEPOIMENTO FÁBIO KOFF
A ruptura do Clube dos 13 é coisa da CBF e da Globo
Dirigente acusa Ricardo Teixeira e Marcelo Campos Pinto por racha.
SÓ ME RESTA LUTAR ATÉ O FIM. SE CAIR, CAIR DE PÉ. QUEM SABE SE NÃO LANÇO AGORA A LIGA?
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Na tarde da última quarta- -feira, recebi em meu escritório, no andar de cima de minha casa, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Havia alguns anos que não nos falávamos, fruto de divergências sobre os rumos da entidade que ele dirige. E de críticas ácidas, respondidas por ele no mesmo tom.
Considero que o reencontro de anteontem foi fruto da autocrítica de quem quer retomar um caminho, mesmo que pareça tarde demais.
Na despedida, e fiz questão de ir com ele até o carro, ouvi: "Estou velho para poder ter tempo de fazer novas reconciliações. Tenho certeza de que, com você, não será preciso mais nenhuma".
Abaixo, seu depoimento, o mais fiel possível porque não foi gravado, mas submetido a ele antes da publicação.
"Não vim para me justificar. Até porque as coisas que não fiz não as fiz ou porque não soube, não tive competência ou força para fazer. E algumas vezes fraquejei.
Errei ao aceitar ser chefe da delegação da seleção brasileira na Copa da França. E fui muito criticado por isso, com razão de quem criticou.
Não queria ir, pensei em dizer não ao convite, mas até minha mulher argumentou que eu vivia criticando e que não poderia recusar ao receber aquela responsabilidade.
Fui, convivi pouco com o Ricardo [Teixeira, presidente da CBF], ele lá, eu cá, mas não posso negar que ele é tão poderoso como abjeto.
Fui traído muitas vezes ao longo desses anos, embaixo do pano, na calada da noite.
O Marcelo [Campos Pinto, principal executivo da Globo Esportes] e a CBF implodiram a FBA [empresa que geria a Série B] e fizeram um contrato de adesão da Série B.
Os clubes fecharam por R$ 30 milhões até 2016, quando poderemos chegar a R$ 1 bilhão por ano. Isso é inaceitável, os clubes menores vão morrer. Vão matar o futebol.
Fraquejei ao não fazer a Liga dos Clubes, como era nosso projeto de vida. Não me senti forte, respaldado o suficiente. O temor em relação a retaliações da CBF é grande, a ponto de ela ter extinguido o conselho técnico dos clubes e ninguém reclamar.
Esta ruptura do Clube dos 13 é coisa do Ricardo e do Marcelo. Eles são vizinhos de sítio e tramam tudo nos churrascos que fazem.
O Andres Sanchez veio até minha sala, encheu-me de elogios e avisou que o Corinthians ia sair. Eu até disse que entendia, que admitia que quem entra pode sair, mas que queria saber o motivo. Ele disse que, quando alguém pega um rumo, tem de ir até o fim. "Mas que rumo?", perguntei. "O rumo, o rumo", respondeu.
Convidei-o para a reunião. Ele disse que não, que era assunto para o Rosenberg [Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians].
Ele foi embora, mas tem dívida lá para pagar. Se pagar, ficará claro, para o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], inclusive, quem pagou.
Não falou nada em lisura e está cansado de saber que ganho, líquido, coisa de R$ 52 mil, mais dinheiro do que vi em toda minha vida de juiz, é verdade, mas salário a que faço jus e que, por iniciativa minha, é menor do que deveria ser pelo que fora decidido em Assembleia Geral.
Se prevalecesse a porcentagem sobre o contrato com a TV, seria muitíssimo maior, poderia chegar a R$ 5 milhões por ano, o que evidentemente seria um exagero.
Quanto a termos avisado os concorrentes sobre o ágio concedido à Globo, qual é o problema? Falamos com todos mesmo, com a Globo inclusive, que reagiu muito bem, em ligação que fiz à Márcia Cintra [braço direito de Marcelo Campos Pinto].
Juro que não queria mais uma reeleição. Mas, quando vi a armação para eleger o Kléber Leite, sem nenhuma conversa comigo, até meus filhos e minha mulher, que não queriam mais que eu ficasse, acharam que não, que eu tinha de ir para a luta.
E eu disse com todas as letras para o Marcelo que aquilo era coisa dele e do Ricardo. Ele desconversou, perguntou como estava a saúde de minha mulher, aquela coisa melíflua que ele faz sempre que é pego em flagrante.
E eles compraram votos, empréstimo para um, adiantamento para outro, mas não passaram de oito votos porque nós também trabalhamos sem descanso.
Antes, tinham nos oferecido pegar a segunda divisão para administrar, mas a proposta era tão iníqua que eu me revoltei e denunciei, o que deixou o Marcelo muito irritado. Ele não está acostumado a ser contrariado.
A gota d'água definitiva foi o contrato que o Palmeiras quis fazer no uniforme do Felipão, e a CBF disse que não podia porque era direito de comercialização dela, por causa de um artigo no regulamento das competições que, evidentemente, foi escrito pelo Marcelo, como eu disse para ele, por conhecer o estilo de escrita dele. E ele, constrangido, negou.
Notifiquei judicialmente a CBF. O Ricardo ficou uma fera. Soube que falou palavrão, perguntou quem tinha feito a "cagada", ao mesmo tempo em que não se conformava porque, em vez de falar com ele, eu o havia notificado.
Ele resolveu que não falaria mais com o Clube dos 13, que só receberia clubes por intermédio das federações estaduais e que o Clube dos 13 não tinha existência legal porque não está no sistema esportivo nacional.
Na hora de pensar no contrato dos direitos do Brasileiro, fui ao Cade tratar do direito de preferência da Globo, que inviabilizava qualquer concorrência. Foi a vez de o Marcelo não me perdoar.
Azar dele. Montamos uma comissão de negociação em que fiz questão de dividir com dois eleitores que votaram em mim e dois que não votaram. Dei carta branca ao Ataíde Gil Guerreiro [diretor-executivo do C13], empresário vitorioso, competente e independente. O resultado do trabalho é precioso.
Só me resta lutar até o fim. Se cair, cair de pé. Quem sabe se não lanço agora a Liga?
Saio de sua casa honrado por nosso reencontro, disposto a ouvir as críticas que merecer e a lutar para, quem sabe, ajudar a evitar também a roubalheira que querem fazer em torno da Copa.
Aliás, e o Orlando Silva Jr.? Que decepção! Mas confio na Dilma. Ela não permitirá a farra que querem fazer.
Enfim, lamento ter perdido um companheiro como o Belluzzo [Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras], um homem de bem, bem preparado, que fez um trabalho para refinanciar as dívidas dos clubes exemplar, estabelecendo teto para se gastar com futebol e escalonando o pagamento da dívida de maneira transparente, muito melhor que essa Timemania, que é uma bobagem.
E lamento que o Juvenal [Juvêncio, presidente do São Paulo] tenha se desgastado com os demais dirigentes do Clube dos 13, porque ele era o meu sucessor natural.
Minha vida foi toda muito boa, não posso me queixar e não me arrependo de nada, a não ser de poucas coisas no futebol que faria diferente. Cheguei ao C13 com um contrato de R$ 10,6 milhões, feito pela CBF. Nada no mundo se valorizou tanto como nossos direitos de transmissão.
Não sou homem de desistir e, com 80 anos, dou-me o direito de estar meio rabugento. Vamos ver como vou fazê-los engolir a rabugice."
Fonte: Blog do Luis Nassif
DEPOIMENTO FÁBIO KOFF
A ruptura do Clube dos 13 é coisa da CBF e da Globo
Dirigente acusa Ricardo Teixeira e Marcelo Campos Pinto por racha.
SÓ ME RESTA LUTAR ATÉ O FIM. SE CAIR, CAIR DE PÉ. QUEM SABE SE NÃO LANÇO AGORA A LIGA?
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Na tarde da última quarta- -feira, recebi em meu escritório, no andar de cima de minha casa, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Havia alguns anos que não nos falávamos, fruto de divergências sobre os rumos da entidade que ele dirige. E de críticas ácidas, respondidas por ele no mesmo tom.
Considero que o reencontro de anteontem foi fruto da autocrítica de quem quer retomar um caminho, mesmo que pareça tarde demais.
Na despedida, e fiz questão de ir com ele até o carro, ouvi: "Estou velho para poder ter tempo de fazer novas reconciliações. Tenho certeza de que, com você, não será preciso mais nenhuma".
Abaixo, seu depoimento, o mais fiel possível porque não foi gravado, mas submetido a ele antes da publicação.
"Não vim para me justificar. Até porque as coisas que não fiz não as fiz ou porque não soube, não tive competência ou força para fazer. E algumas vezes fraquejei.
Errei ao aceitar ser chefe da delegação da seleção brasileira na Copa da França. E fui muito criticado por isso, com razão de quem criticou.
Não queria ir, pensei em dizer não ao convite, mas até minha mulher argumentou que eu vivia criticando e que não poderia recusar ao receber aquela responsabilidade.
Fui, convivi pouco com o Ricardo [Teixeira, presidente da CBF], ele lá, eu cá, mas não posso negar que ele é tão poderoso como abjeto.
Fui traído muitas vezes ao longo desses anos, embaixo do pano, na calada da noite.
O Marcelo [Campos Pinto, principal executivo da Globo Esportes] e a CBF implodiram a FBA [empresa que geria a Série B] e fizeram um contrato de adesão da Série B.
Os clubes fecharam por R$ 30 milhões até 2016, quando poderemos chegar a R$ 1 bilhão por ano. Isso é inaceitável, os clubes menores vão morrer. Vão matar o futebol.
Fraquejei ao não fazer a Liga dos Clubes, como era nosso projeto de vida. Não me senti forte, respaldado o suficiente. O temor em relação a retaliações da CBF é grande, a ponto de ela ter extinguido o conselho técnico dos clubes e ninguém reclamar.
Esta ruptura do Clube dos 13 é coisa do Ricardo e do Marcelo. Eles são vizinhos de sítio e tramam tudo nos churrascos que fazem.
O Andres Sanchez veio até minha sala, encheu-me de elogios e avisou que o Corinthians ia sair. Eu até disse que entendia, que admitia que quem entra pode sair, mas que queria saber o motivo. Ele disse que, quando alguém pega um rumo, tem de ir até o fim. "Mas que rumo?", perguntei. "O rumo, o rumo", respondeu.
Convidei-o para a reunião. Ele disse que não, que era assunto para o Rosenberg [Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians].
Ele foi embora, mas tem dívida lá para pagar. Se pagar, ficará claro, para o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], inclusive, quem pagou.
Não falou nada em lisura e está cansado de saber que ganho, líquido, coisa de R$ 52 mil, mais dinheiro do que vi em toda minha vida de juiz, é verdade, mas salário a que faço jus e que, por iniciativa minha, é menor do que deveria ser pelo que fora decidido em Assembleia Geral.
Se prevalecesse a porcentagem sobre o contrato com a TV, seria muitíssimo maior, poderia chegar a R$ 5 milhões por ano, o que evidentemente seria um exagero.
Quanto a termos avisado os concorrentes sobre o ágio concedido à Globo, qual é o problema? Falamos com todos mesmo, com a Globo inclusive, que reagiu muito bem, em ligação que fiz à Márcia Cintra [braço direito de Marcelo Campos Pinto].
Juro que não queria mais uma reeleição. Mas, quando vi a armação para eleger o Kléber Leite, sem nenhuma conversa comigo, até meus filhos e minha mulher, que não queriam mais que eu ficasse, acharam que não, que eu tinha de ir para a luta.
E eu disse com todas as letras para o Marcelo que aquilo era coisa dele e do Ricardo. Ele desconversou, perguntou como estava a saúde de minha mulher, aquela coisa melíflua que ele faz sempre que é pego em flagrante.
E eles compraram votos, empréstimo para um, adiantamento para outro, mas não passaram de oito votos porque nós também trabalhamos sem descanso.
Antes, tinham nos oferecido pegar a segunda divisão para administrar, mas a proposta era tão iníqua que eu me revoltei e denunciei, o que deixou o Marcelo muito irritado. Ele não está acostumado a ser contrariado.
A gota d'água definitiva foi o contrato que o Palmeiras quis fazer no uniforme do Felipão, e a CBF disse que não podia porque era direito de comercialização dela, por causa de um artigo no regulamento das competições que, evidentemente, foi escrito pelo Marcelo, como eu disse para ele, por conhecer o estilo de escrita dele. E ele, constrangido, negou.
Notifiquei judicialmente a CBF. O Ricardo ficou uma fera. Soube que falou palavrão, perguntou quem tinha feito a "cagada", ao mesmo tempo em que não se conformava porque, em vez de falar com ele, eu o havia notificado.
Ele resolveu que não falaria mais com o Clube dos 13, que só receberia clubes por intermédio das federações estaduais e que o Clube dos 13 não tinha existência legal porque não está no sistema esportivo nacional.
Na hora de pensar no contrato dos direitos do Brasileiro, fui ao Cade tratar do direito de preferência da Globo, que inviabilizava qualquer concorrência. Foi a vez de o Marcelo não me perdoar.
Azar dele. Montamos uma comissão de negociação em que fiz questão de dividir com dois eleitores que votaram em mim e dois que não votaram. Dei carta branca ao Ataíde Gil Guerreiro [diretor-executivo do C13], empresário vitorioso, competente e independente. O resultado do trabalho é precioso.
Só me resta lutar até o fim. Se cair, cair de pé. Quem sabe se não lanço agora a Liga?
Saio de sua casa honrado por nosso reencontro, disposto a ouvir as críticas que merecer e a lutar para, quem sabe, ajudar a evitar também a roubalheira que querem fazer em torno da Copa.
Aliás, e o Orlando Silva Jr.? Que decepção! Mas confio na Dilma. Ela não permitirá a farra que querem fazer.
Enfim, lamento ter perdido um companheiro como o Belluzzo [Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras], um homem de bem, bem preparado, que fez um trabalho para refinanciar as dívidas dos clubes exemplar, estabelecendo teto para se gastar com futebol e escalonando o pagamento da dívida de maneira transparente, muito melhor que essa Timemania, que é uma bobagem.
E lamento que o Juvenal [Juvêncio, presidente do São Paulo] tenha se desgastado com os demais dirigentes do Clube dos 13, porque ele era o meu sucessor natural.
Minha vida foi toda muito boa, não posso me queixar e não me arrependo de nada, a não ser de poucas coisas no futebol que faria diferente. Cheguei ao C13 com um contrato de R$ 10,6 milhões, feito pela CBF. Nada no mundo se valorizou tanto como nossos direitos de transmissão.
Não sou homem de desistir e, com 80 anos, dou-me o direito de estar meio rabugento. Vamos ver como vou fazê-los engolir a rabugice."
Fonte: Blog do Luis Nassif
POLÍTICA - O novo tempo na política.
A súbita paixão de alguns jornais e comentaristas pela presidenta Dilma Rousseff chama atenção para um modo peculiar de trabalhar reputação de personalidades públicas por parte da mídia. A Dilma de agora é a mesma Dilma Ministra-Chefe da Casa Civil, a mesma candidata à presidência da República.
Até então, era tratada como "assassina", "poste", paradoxalmente como "autoritária", "terrorista", "assaltante de bancos". De repente, torna-se a Margareth Tatcher brasileira, a dama de ferro, a grande gestora.
O queteria provocado essa reviravolta? O fato de ter uma atuação discreta como presidente, de falar pouco não conta: como Ministra-Chefe da Casa Civil, era esse seu comportamento.
O fato de ter imprimido um estilo gerencial ao seu governo, definindo claramente atribuições, funções e metas, também não vale: foram essas virtudes que lhe valeram a indicação para candidata de Lula à sua sucessão.
O fato novo é que acabaram as eleições. E aí dá-se um nó na cabeça dos leitores.
Muitos deles romperam com amigos, brigaram com conhecidos, xingaram desafetos que ousavam afirmar que Dilma é... aquilo que os jornais da época diziam que ela não era e que agora dizem que é.
Durante as eleições, em muitos ambientes o mero fato de alguém se pronunciar eleitor de Dilma gerava represálias pesadas
À medida que a discussão política vai se civilizando, é possível que uma nova era se instale no país. Nos próximos anos, há uma agenda fundamental. É em torno dela que governo e oposição deverão medir forças.
A oposição está à frente em estados relevantes, como São Paulo, Minas e Paraná. O PT, em outros estados, como Bahia e Rio Grande do Sul. Há governadores não-alinhados em Pernambuco, Ceará, Santa Catarina. E uma enorme agenda pela frente, para saber quem terá maior capacidade de cumpri-la.
Há uma agenda social exigindo investimentos em educação, saúde e segurança. Não se aceita mais a passividade ante a miséria e a pobreza.
A nova era política consagrará os negociadores, aqueles políticos capazes de agregar, não os carbonários individualistas.
Cada governador de Estado terá que montar interlocução com todas as forças sociais, não apenas com grandes empresários e sindicatos, mas com ONGs, movimentos sociais, funcionalismo público, pequenos e micro empresários.
Cada vez mais haverá exigências de transparência nas ações públicas e de eficácia na gestão. Ter programas modernos de gestão e qualidade não será mais apenas uma ferramenta de marketing, mas um instrumento de sobrevivência política.
A Internet trouxe uma nova militância que terá que ser melhor aproveitada pelos partidos. Não se pode ficar no modelo de montar redes de difamação, como foi feito.
A rede permitirá mesmo a partidos até agora sem quadros, como o PSDB e o DEM, mobilizar uma nova militância, interessada, atuante. Basta apenas entregar suas redes a pessoas comprometidas com conteúdo programático, com a discussão de ideias.
Enfim, há um novo mundo pela frente em que, espero, toda radicalização seja deixada de lado.
Fonte: Blog Luis Nassif online.
Até então, era tratada como "assassina", "poste", paradoxalmente como "autoritária", "terrorista", "assaltante de bancos". De repente, torna-se a Margareth Tatcher brasileira, a dama de ferro, a grande gestora.
O queteria provocado essa reviravolta? O fato de ter uma atuação discreta como presidente, de falar pouco não conta: como Ministra-Chefe da Casa Civil, era esse seu comportamento.
O fato de ter imprimido um estilo gerencial ao seu governo, definindo claramente atribuições, funções e metas, também não vale: foram essas virtudes que lhe valeram a indicação para candidata de Lula à sua sucessão.
O fato novo é que acabaram as eleições. E aí dá-se um nó na cabeça dos leitores.
Muitos deles romperam com amigos, brigaram com conhecidos, xingaram desafetos que ousavam afirmar que Dilma é... aquilo que os jornais da época diziam que ela não era e que agora dizem que é.
Durante as eleições, em muitos ambientes o mero fato de alguém se pronunciar eleitor de Dilma gerava represálias pesadas
À medida que a discussão política vai se civilizando, é possível que uma nova era se instale no país. Nos próximos anos, há uma agenda fundamental. É em torno dela que governo e oposição deverão medir forças.
A oposição está à frente em estados relevantes, como São Paulo, Minas e Paraná. O PT, em outros estados, como Bahia e Rio Grande do Sul. Há governadores não-alinhados em Pernambuco, Ceará, Santa Catarina. E uma enorme agenda pela frente, para saber quem terá maior capacidade de cumpri-la.
Há uma agenda social exigindo investimentos em educação, saúde e segurança. Não se aceita mais a passividade ante a miséria e a pobreza.
A nova era política consagrará os negociadores, aqueles políticos capazes de agregar, não os carbonários individualistas.
Cada governador de Estado terá que montar interlocução com todas as forças sociais, não apenas com grandes empresários e sindicatos, mas com ONGs, movimentos sociais, funcionalismo público, pequenos e micro empresários.
Cada vez mais haverá exigências de transparência nas ações públicas e de eficácia na gestão. Ter programas modernos de gestão e qualidade não será mais apenas uma ferramenta de marketing, mas um instrumento de sobrevivência política.
A Internet trouxe uma nova militância que terá que ser melhor aproveitada pelos partidos. Não se pode ficar no modelo de montar redes de difamação, como foi feito.
A rede permitirá mesmo a partidos até agora sem quadros, como o PSDB e o DEM, mobilizar uma nova militância, interessada, atuante. Basta apenas entregar suas redes a pessoas comprometidas com conteúdo programático, com a discussão de ideias.
Enfim, há um novo mundo pela frente em que, espero, toda radicalização seja deixada de lado.
Fonte: Blog Luis Nassif online.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
POLÍTICA - Oposição tucana movida a rancor.
Balaio do Kotscho
Cada dia menor, mais perdida e rachada, a oposição tucana ao governo, com seus apêndices DEM e PPS, mostrou sua cara nestes dias de votação do novo salário mínimo _ uma cara feia que não assusta a mais ninguém.
Com discursos e entrevistas carregados de rancor, o PSDB sem norte e sem juízo decidiu disputar o terceiro turno com o PT _ e tomou uma lavada de perder o rumo.
O pequeno tamanho da oposição ficou evidente nas votações na Câmara e no Senado. Depois de aprovar o mínimo de R$ 545 na Câmara dos Deputados por 361 a 120, na semana passada, a aliança governista de Dilma Rousseff passou como um trator também por cima da oposição democomunotucana no Senado, seu antigo reduto.
Nem os R$ 560 de Aécio Neves, nem os R$ 600 prometidos por José Serra na campanha eleitoral, as duas propostas foram derrotadas pelo governo por 54 a 19 e 55 a 17, respectivamente, na noite de quarta-feira. Dilma ganhou de goleada.
Mais do que isso: o governo aprovou por 54 a 20 a lei regulamentando o aumento automático do salário mínimo até 2015, com base nos índices do INPC e do PIB, acabando com o circo montado todos os anos pelas centrais sindicais e os partidos de oposição para ver quem oferece mais.
Políticos e jornalistas não devem brigar com os números, mas em entrevista publicada domingo pelo jornal O Globo o candidato derrotado José Serra parece ter gostado do resultado na Câmara: “O PSDB se saiu bem, e o mesmo vale para os nossos aliados.
A bancada caminhou unida e de maneira muito clara e firme”.
O fato de os seguidores de Aécio e Serra se chamarem de tudo, menos de meu amor, disputando o comando do PSDB tapa a tapa e até defendendo valores diferentes para o mínimo, mesmo sabendo que nenhum deles tinha qualquer chance de ser aprovado, não foi tratado na entrevista.
Nas respostas que enviou ao jornal por e-mail, Serra diz na entrevista que vê em marcha um “estelioonato eleitoral” ao comentar o governo Dilma, menos de dois meses após a posse.
Um trecho da entrevista mostra o estado de espírito do ex-candidato presidencial tucano, que ainda não desistiu de um dia subir a rampa do Palácio do Planalto:
O Globo _ Qual a sua avaliação sobre a postura do governo Dilma neste primeiro teste da presidente no Congresso?
José Serra _ Lamentável. Está à vista de todos: oferece cargos, loteia o governo, promove a troca de favores não republicanos em troca da submissão de parlamentares. O valor do mínimo está sendo usado para o governo evidenciar ao mercado um rigor fiscal que ele absolutamente não tem. O falso rigor esconde a falta de rigor.
No dia seguinte, nesta segunda-feira, foi a vez do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso bater no governo na disputa com Serra _ e, por vezes, até com o cordato Aécio Neves _ para mostrar quem é mais combativo na oposição.
Em entrevista gravada de viva voz a Sonia Racy, do Estadão, FHC foi tucano ao falar de Dilma, mas incorporou um José Agripino Maia ao tratar do do ex-presidente Lula, como podemos constatar neste ping-pong:
Sonia Racy _ Lula exerceu o poder por meio da popularidade?
FHC _ Ele parecia gostar da exterioridade do poder muito mais do que da eficácia de uma decisão. Gostava do aplauso. É uma forma de exercer o poder. Mas nunca vi no Lula um homem de Estado, um poder no sentido mais forte, daquele que tem visão, sabe que tem que alcançar seus objetivos e constrói o caminho. Ele construiu o poder para si mesmo.
Sonia Racy _ Ele não tinha um projeto para o Brasil?
FHC _ O que tinha, esqueceu no caminho. Adotou o que existia, não o que ele havia proposto (…) Ele não tinha um propósito. Este já havia sido dado pela sociedade. Ele assumiu aquilo e como que surfou na direção que a sociedade estava apontando. Não contrariou para mostar que tinha um objetivo e a força de mudar algo em curso para chegar ao seu objetivo.
Nesta toada, com Serra batendo em Dilma e Fernando Henrique, em Lula; os dois fugindo à realidade dos fatos, das pesquisas e dos índices sociais e econômicos; destilando todo seu rancor com os adversários e mágoa com o ocaso político que vivem até em seu próprio partido, os dois históricos líderes tucanos de São Paulo empurram o PSDB para o mesmo brejo que o levou a três derrotas seguidas.
Se fazer oposição for só falar mal do partido que está no governo e da presidente que ganhou as eleições, os veteranos senadores pepistas Itamar Franco e Roberto Freire levam mais jeito. São, pelo menos, mais engraçados.
Em tempo:
Juiz ameaça prender e
multar Lúcio Flávio
A maré não anda nada boa para meus bons e velhos colegas jornalistas que continuam na batalha. Desta vez, recebi mensagem do grande jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, uma rara voz independente, que há anos enfrenta na Justiça os manda-chuvas do lugar, relatando as ameaças que está recebendo no cumprimento do seu ofício de repórter.
Na quarta-feira, 23, Lúcio Flávio recebeu uma intimação do juiz Antonio Carlos Almeida Campelo, da 4ª Vara Cível Federal do Pará, ordenando que deixe de publicar informações sobre o processo em que o Ministério Público Federal denuncia os donos do Grupo O Liberal, os irmãos Ronaldo e Romulo Júnior, por crime contra o sistema financeiro nacional.
Alegando que o processo contra os Maiorana corre em segredo de justiça, Almeida Campelo ameaça mandar prender o jornalista em flagrante caso volte a escrever sobre o assunto, além de pagar multa de R$ 200 mil.
A matéria sobre os Maiorana que deu origem à intimação do juiz foi publicada no “Jornal Pessoal”, que, como o nome indica, Lúcio Flávio escreve e edita sozinho há mais de 23 anos, o que já lhe custou um balaio de processos.
Como de costume, o jornalista vai recorrer da decisão, com um nobre argumento: “A minha matéria defende o interesse do povo que teve o dinheiro desviado. quando existe um caso de conflito entre a privacidade e o direito da sociedade, vale o direito da população de saber o que está acontecendo”.
Diante desta clara ameaça à liberdade de um jornalista, o mínimo que se espera é que este caso seja denunciado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e todos os seus filiados sempre tão combativos na defesa da liberdade de imprensa das empresas.
Fonte: Blog Balaio do Kotscho.
Cada dia menor, mais perdida e rachada, a oposição tucana ao governo, com seus apêndices DEM e PPS, mostrou sua cara nestes dias de votação do novo salário mínimo _ uma cara feia que não assusta a mais ninguém.
Com discursos e entrevistas carregados de rancor, o PSDB sem norte e sem juízo decidiu disputar o terceiro turno com o PT _ e tomou uma lavada de perder o rumo.
O pequeno tamanho da oposição ficou evidente nas votações na Câmara e no Senado. Depois de aprovar o mínimo de R$ 545 na Câmara dos Deputados por 361 a 120, na semana passada, a aliança governista de Dilma Rousseff passou como um trator também por cima da oposição democomunotucana no Senado, seu antigo reduto.
Nem os R$ 560 de Aécio Neves, nem os R$ 600 prometidos por José Serra na campanha eleitoral, as duas propostas foram derrotadas pelo governo por 54 a 19 e 55 a 17, respectivamente, na noite de quarta-feira. Dilma ganhou de goleada.
Mais do que isso: o governo aprovou por 54 a 20 a lei regulamentando o aumento automático do salário mínimo até 2015, com base nos índices do INPC e do PIB, acabando com o circo montado todos os anos pelas centrais sindicais e os partidos de oposição para ver quem oferece mais.
Políticos e jornalistas não devem brigar com os números, mas em entrevista publicada domingo pelo jornal O Globo o candidato derrotado José Serra parece ter gostado do resultado na Câmara: “O PSDB se saiu bem, e o mesmo vale para os nossos aliados.
A bancada caminhou unida e de maneira muito clara e firme”.
O fato de os seguidores de Aécio e Serra se chamarem de tudo, menos de meu amor, disputando o comando do PSDB tapa a tapa e até defendendo valores diferentes para o mínimo, mesmo sabendo que nenhum deles tinha qualquer chance de ser aprovado, não foi tratado na entrevista.
Nas respostas que enviou ao jornal por e-mail, Serra diz na entrevista que vê em marcha um “estelioonato eleitoral” ao comentar o governo Dilma, menos de dois meses após a posse.
Um trecho da entrevista mostra o estado de espírito do ex-candidato presidencial tucano, que ainda não desistiu de um dia subir a rampa do Palácio do Planalto:
O Globo _ Qual a sua avaliação sobre a postura do governo Dilma neste primeiro teste da presidente no Congresso?
José Serra _ Lamentável. Está à vista de todos: oferece cargos, loteia o governo, promove a troca de favores não republicanos em troca da submissão de parlamentares. O valor do mínimo está sendo usado para o governo evidenciar ao mercado um rigor fiscal que ele absolutamente não tem. O falso rigor esconde a falta de rigor.
No dia seguinte, nesta segunda-feira, foi a vez do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso bater no governo na disputa com Serra _ e, por vezes, até com o cordato Aécio Neves _ para mostrar quem é mais combativo na oposição.
Em entrevista gravada de viva voz a Sonia Racy, do Estadão, FHC foi tucano ao falar de Dilma, mas incorporou um José Agripino Maia ao tratar do do ex-presidente Lula, como podemos constatar neste ping-pong:
Sonia Racy _ Lula exerceu o poder por meio da popularidade?
FHC _ Ele parecia gostar da exterioridade do poder muito mais do que da eficácia de uma decisão. Gostava do aplauso. É uma forma de exercer o poder. Mas nunca vi no Lula um homem de Estado, um poder no sentido mais forte, daquele que tem visão, sabe que tem que alcançar seus objetivos e constrói o caminho. Ele construiu o poder para si mesmo.
Sonia Racy _ Ele não tinha um projeto para o Brasil?
FHC _ O que tinha, esqueceu no caminho. Adotou o que existia, não o que ele havia proposto (…) Ele não tinha um propósito. Este já havia sido dado pela sociedade. Ele assumiu aquilo e como que surfou na direção que a sociedade estava apontando. Não contrariou para mostar que tinha um objetivo e a força de mudar algo em curso para chegar ao seu objetivo.
Nesta toada, com Serra batendo em Dilma e Fernando Henrique, em Lula; os dois fugindo à realidade dos fatos, das pesquisas e dos índices sociais e econômicos; destilando todo seu rancor com os adversários e mágoa com o ocaso político que vivem até em seu próprio partido, os dois históricos líderes tucanos de São Paulo empurram o PSDB para o mesmo brejo que o levou a três derrotas seguidas.
Se fazer oposição for só falar mal do partido que está no governo e da presidente que ganhou as eleições, os veteranos senadores pepistas Itamar Franco e Roberto Freire levam mais jeito. São, pelo menos, mais engraçados.
Em tempo:
Juiz ameaça prender e
multar Lúcio Flávio
A maré não anda nada boa para meus bons e velhos colegas jornalistas que continuam na batalha. Desta vez, recebi mensagem do grande jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, uma rara voz independente, que há anos enfrenta na Justiça os manda-chuvas do lugar, relatando as ameaças que está recebendo no cumprimento do seu ofício de repórter.
Na quarta-feira, 23, Lúcio Flávio recebeu uma intimação do juiz Antonio Carlos Almeida Campelo, da 4ª Vara Cível Federal do Pará, ordenando que deixe de publicar informações sobre o processo em que o Ministério Público Federal denuncia os donos do Grupo O Liberal, os irmãos Ronaldo e Romulo Júnior, por crime contra o sistema financeiro nacional.
Alegando que o processo contra os Maiorana corre em segredo de justiça, Almeida Campelo ameaça mandar prender o jornalista em flagrante caso volte a escrever sobre o assunto, além de pagar multa de R$ 200 mil.
A matéria sobre os Maiorana que deu origem à intimação do juiz foi publicada no “Jornal Pessoal”, que, como o nome indica, Lúcio Flávio escreve e edita sozinho há mais de 23 anos, o que já lhe custou um balaio de processos.
Como de costume, o jornalista vai recorrer da decisão, com um nobre argumento: “A minha matéria defende o interesse do povo que teve o dinheiro desviado. quando existe um caso de conflito entre a privacidade e o direito da sociedade, vale o direito da população de saber o que está acontecendo”.
Diante desta clara ameaça à liberdade de um jornalista, o mínimo que se espera é que este caso seja denunciado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e todos os seus filiados sempre tão combativos na defesa da liberdade de imprensa das empresas.
Fonte: Blog Balaio do Kotscho.
POLÍTICA - "Plano Real", a verdade histórica.
Num aparte importante na confusão de ontem na questão (quase constitucional) do salário mínimo, fixado arbitrariamente até 2015, o ex-presidente Itamar reivindica seu lugar na História.
Helio Fernandes
Eram 17 horas e 15 minutos, a senadora Lucia Vânia (PSDB) discursava, mudou o rumo do discurso e afirmou: “Quando o grande presidente Fernando Henrique Cardoso criou o REAL”, e continuou.
Imediatamente o ex-presidente Itamar Franco (três vezes senador, em 1974, pelo MDB, em 1982, pelo mesmo MDB que ganhou um P na frente, e agora) se levantou, e não podendo praticamente manter a calma, se dirigiu ao presidente da sessão, José Sarney.
“Senhor presidente, peço a V. Excia. que mande retirar dos anais, essa afirmação da senadora por Goiás. O país inteiro sabe que a moeda chamada Real, foi criada no meu governo e não no do meu sucessor”.
Silêncio total. Uma senadora na tribuna, um senador em pé, um outro sentado, presidindo, e todos os outros esperando. Até que Sarney riu amarelo (o normal), mexeu no microfone, aumentou o som e afirmou: “O senador Itamar Franco está totalmente com a razão”.
Como alguns tentaram falar, mas era impossível, Sarney retomou a palavra e repetiu exatamente o que Itamar Franco havia reivindicado: “Todo o Brasil reconhece em V. Excia. o criador da nova moeda. Portanto, não existe nada a modificar, a reivindicação de V. Excia. é irrefutável.” Itamar sentou, a senador Lucia Vânia desceu da tribuna, Sarney deu a palavra a outro senador.
O também ex-presidente Sarney, naquele momento, deve ter lembrado do seu próprio governo, quando existiram várias moedas e o economista Mailson da Nóbrega, deixou o desconhecimento e o ostracismo em que vivia, para se transformar em Ministro da Fazenda, inacreditável e campeão mundial da inflação.
***
PS – Desculpem, o carnaval ainda não chegou, mas os fatos são mais atraentes, fascinantes e não podem ficar sem explicação. Como esse da criação da moeda, que já passou dos 10 anos de existência.
PS2 – Acredito que muitos aqui, gostariam de comentar livremente o fato, por um motivo também acima de dúvida. O ex-presidente FHC já afirmou várias vezes: “Quando meu governo CRIOU O REAL, QUE SALVOU O BRASIL DA INFLAÇÃO, tinha certeza de que daria certo”.
PS3 – Portanto, é um assunto que não poderia esperar o carnaval, já que não se trata de fantasia e sim de realidade. Mas quem foi o criador?
PS4 – Para não dizer que não falei de flores, cito e comento a manchete da Folha, sobre o ditador da Líbia: “Só saio do governo morto”. Puxa, Kadafi apresenta a solução que junta todos os que erraram no passado, HOMENAGEANDO-O, e agora fingem que estão contra ele.
PS5 – Os EUA têm duas posições. Obama: “Peço ao presidente Kadafi que acabe com a violência”. Um pedido nesta altura das coisas?
PS6 – A Secretária de Estado do próprio Obama, Dona Hillary Clinton, diz taxativamente: “Kadafi tem que ser responsabilizado, o mundo não pode assistir tanta violência contra o povo desarmado”.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Helio Fernandes
Eram 17 horas e 15 minutos, a senadora Lucia Vânia (PSDB) discursava, mudou o rumo do discurso e afirmou: “Quando o grande presidente Fernando Henrique Cardoso criou o REAL”, e continuou.
Imediatamente o ex-presidente Itamar Franco (três vezes senador, em 1974, pelo MDB, em 1982, pelo mesmo MDB que ganhou um P na frente, e agora) se levantou, e não podendo praticamente manter a calma, se dirigiu ao presidente da sessão, José Sarney.
“Senhor presidente, peço a V. Excia. que mande retirar dos anais, essa afirmação da senadora por Goiás. O país inteiro sabe que a moeda chamada Real, foi criada no meu governo e não no do meu sucessor”.
Silêncio total. Uma senadora na tribuna, um senador em pé, um outro sentado, presidindo, e todos os outros esperando. Até que Sarney riu amarelo (o normal), mexeu no microfone, aumentou o som e afirmou: “O senador Itamar Franco está totalmente com a razão”.
Como alguns tentaram falar, mas era impossível, Sarney retomou a palavra e repetiu exatamente o que Itamar Franco havia reivindicado: “Todo o Brasil reconhece em V. Excia. o criador da nova moeda. Portanto, não existe nada a modificar, a reivindicação de V. Excia. é irrefutável.” Itamar sentou, a senador Lucia Vânia desceu da tribuna, Sarney deu a palavra a outro senador.
O também ex-presidente Sarney, naquele momento, deve ter lembrado do seu próprio governo, quando existiram várias moedas e o economista Mailson da Nóbrega, deixou o desconhecimento e o ostracismo em que vivia, para se transformar em Ministro da Fazenda, inacreditável e campeão mundial da inflação.
***
PS – Desculpem, o carnaval ainda não chegou, mas os fatos são mais atraentes, fascinantes e não podem ficar sem explicação. Como esse da criação da moeda, que já passou dos 10 anos de existência.
PS2 – Acredito que muitos aqui, gostariam de comentar livremente o fato, por um motivo também acima de dúvida. O ex-presidente FHC já afirmou várias vezes: “Quando meu governo CRIOU O REAL, QUE SALVOU O BRASIL DA INFLAÇÃO, tinha certeza de que daria certo”.
PS3 – Portanto, é um assunto que não poderia esperar o carnaval, já que não se trata de fantasia e sim de realidade. Mas quem foi o criador?
PS4 – Para não dizer que não falei de flores, cito e comento a manchete da Folha, sobre o ditador da Líbia: “Só saio do governo morto”. Puxa, Kadafi apresenta a solução que junta todos os que erraram no passado, HOMENAGEANDO-O, e agora fingem que estão contra ele.
PS5 – Os EUA têm duas posições. Obama: “Peço ao presidente Kadafi que acabe com a violência”. Um pedido nesta altura das coisas?
PS6 – A Secretária de Estado do próprio Obama, Dona Hillary Clinton, diz taxativamente: “Kadafi tem que ser responsabilizado, o mundo não pode assistir tanta violência contra o povo desarmado”.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
POLÍTICA - O desprestígio do presidente do COB.
O desprestígio do presidente do COB, “apenas” há 17 anos no cargo. Dona Dilma não PEDE nem CONCEDE, determina e governa. No seu estilo, gostem ou não gostem.
Helio Fernandes
Noticiei aqui, com antecedência, o encontro do prefeito Eduardo Paes com Dona Dilma. O que chamei de conversa que teria “30 BILHÕES de duração”. Foi o que aconteceu, a presidente, sem tomar conhecimento do prefeito (e muito menos do governador) decidiu, ou melhor, comunicou a eles o que havia resolvido, a respeito da chamada AUTORIDADE.
Que terá todos os Poderes sobre a Olimpíada, mas também, indiretamente, sobre gastos EXAGERADOS da Copa do Mundo. (Para que não haja o desperdício calamitoso do Panamericano. Que o presidente Lula achava que servia à população),
A presidente já havia convidado o ex-poderoso do Banco Central, que depois de 8 anos ficou sem cargo que agradasse. Mas Henrique Meirelles se interessou e aceitou ser essa AUTORIDADE Olímpica, que terá funções abrangentes e convergentes.
Dona Dilma, d-e-l-i-b-e-r-a-d-a-m-e-n-t-e, “esqueceu” de Carlos Arthur Nuzman, que há mais de 17 anos preside (?) o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). A presidente quis mostrar sua vontade, quem manda e quem obedece.
***
PS – Nuzman, cabralzinho e Eduardo Paes tiveram a audácia de dizer na época: “Trouxemos a Copa para o Brasil e a Olimpíada para o Rio”. Que farsantes.
PS2 – A Copa já estava mais do que na hora. O país do futebol realizará a Copa depois de 64 anos. E a Olimpíada foi uma conquista do próprio país (embora realizada numa cidade), da movimentação de Lula (sejamos justos) e dos votos de João Havelange. Sem este o Brasil ficaria distante mais uma vez.
PS3 – Por que finalmente Meirelles aceitou? Vários Motivos. Controlará, entre estádios e outras construções, centenas de bilhões. Mas não prestará contas a ninguém, a não ser a Dona Dilma, e mais nada.
PS4 – Não terá cargo oficial-estrutural, não será ministro e sim AUTORIDADE. De hoje até 2016, duvido haja alguém mais importante no Brasil. Não receberá quem não quiser. Chamado? Só de Dona Dilma.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Helio Fernandes
Noticiei aqui, com antecedência, o encontro do prefeito Eduardo Paes com Dona Dilma. O que chamei de conversa que teria “30 BILHÕES de duração”. Foi o que aconteceu, a presidente, sem tomar conhecimento do prefeito (e muito menos do governador) decidiu, ou melhor, comunicou a eles o que havia resolvido, a respeito da chamada AUTORIDADE.
Que terá todos os Poderes sobre a Olimpíada, mas também, indiretamente, sobre gastos EXAGERADOS da Copa do Mundo. (Para que não haja o desperdício calamitoso do Panamericano. Que o presidente Lula achava que servia à população),
A presidente já havia convidado o ex-poderoso do Banco Central, que depois de 8 anos ficou sem cargo que agradasse. Mas Henrique Meirelles se interessou e aceitou ser essa AUTORIDADE Olímpica, que terá funções abrangentes e convergentes.
Dona Dilma, d-e-l-i-b-e-r-a-d-a-m-e-n-t-e, “esqueceu” de Carlos Arthur Nuzman, que há mais de 17 anos preside (?) o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). A presidente quis mostrar sua vontade, quem manda e quem obedece.
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PS – Nuzman, cabralzinho e Eduardo Paes tiveram a audácia de dizer na época: “Trouxemos a Copa para o Brasil e a Olimpíada para o Rio”. Que farsantes.
PS2 – A Copa já estava mais do que na hora. O país do futebol realizará a Copa depois de 64 anos. E a Olimpíada foi uma conquista do próprio país (embora realizada numa cidade), da movimentação de Lula (sejamos justos) e dos votos de João Havelange. Sem este o Brasil ficaria distante mais uma vez.
PS3 – Por que finalmente Meirelles aceitou? Vários Motivos. Controlará, entre estádios e outras construções, centenas de bilhões. Mas não prestará contas a ninguém, a não ser a Dona Dilma, e mais nada.
PS4 – Não terá cargo oficial-estrutural, não será ministro e sim AUTORIDADE. De hoje até 2016, duvido haja alguém mais importante no Brasil. Não receberá quem não quiser. Chamado? Só de Dona Dilma.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
POLÍCIA - A delegada Martha Rocha vai mesmo "limpar" a polícia do Rio?
A delegada Martha Rocha vai mesmo “limpar” a Polícia do Rio? Há muitas dúvidas sobre isso. E por que ninguém se interessa pelo passado dela? Em 1994, sua carreira só foi preservada pela “compreensão” do então governador Nilo Batista.
Carlos Newton
Até ser convidada para a Chefia de Polícia, a delegada Martha Rocha comandava a Divisão de Polícias de Atendimento à Mulher, que pouco significado tem na hierarquia da Secretaria de Segurança. Ela entrou para a instituição como escrivã na década de 80 e, em 1990, fez concurso e se tornou delegada.
Em 92, participou da implantação da Delegacia de Apoio ao Turismo e, no ano seguinte, chegou ao primeiro cargo importante – o comando do Departamento Geral de Polícia Especializada. E a fama começou depois de um episódio extremamente negativo, em 1994. Na época, seu chefe de gabinete, o delegado Inaldo Júlio Santana, foi preso ao tentar intermediar pagamento de propina de bicheiros ao então corregedor.
Martha Rocha vivia com ele, maritalmente, embora não fossem casados no papel. Na ocasião, ela soube que o Inaldo ia ser preso e avisou a ele, que fugiu para evitar o flagrante. Portanto, tecnicamente Marta Rocha “deu fuga” a Inaldo. A Corregedoria tomou conhecimento do fato e ia abrir inquérito contra ela, mas o governador Nilo Batista se compadeceu e pediu por ela, alegando que a delegada “estava apaixonada e foi vítima de um oportunista”.
O delegado Inaldo foi expulso da Polícia, pegou 5 anos e meio de prisão, junto com o bicheiro Castor de Andrade e seu sobrinho Rogério de Andrade. Inicialmente ficou preso, mas ganhou progressão e passou a cumprir o resto em regime aberto. No entanto, como foi condenado em outro processo, que envolvia toda a cúpula do jogo do bicho no Estado do Rio, voltou para a cadeia.
O então governador do estado, Nilo Batista, não só manteve Martha na direção do Departamento Geral de Polícia Especializada, apesar de todo o constrangimento causado pelo episódio, como também apoiou a indicação dela para o cargo de corregedora interna da Polícia Civil. Parece brincadeira, mas foi verdade: colocou na Corregedoria uma delegada que estava sob suspeita da própria Corregedoria.
Para o compreensivo governador, Martha Rocha era como Lula, não sabia de nada. Mas na Polícia, era notória a ligação do companheiro dela com os bicheiros. Só ela e Nilo Batista não sabiam. Inocentada pelo governador (mas não pela Corregedoria, que à época continuou de olho nela), Martha Rocha seguiu desfilando na passarela da Rua do Lavradio, fazendo carreira, e até se tornou até subchefe de Polícia Civil em 1999.
E agora, diante do mar da lama que invade as Polícias Civil e Militar, é justamente essa controversa delegada que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, escolhe para chefiar a Polícia Civil e “arrumar a casa” (expressão dele).
Essa escolha traz algumas dúvidas, todas pertinentes: 1) Não existe, na Polícia Civil (na ativa ou aposentado) nenhum delegado verdadeiramente limpo, que possa sanear a instituição? 2) Marta Rocha é um fenômeno de ingenuidade? Viveu anos com um delegado corrupto, todos sabiam que ele era ligado aos bicheiros, menos ela. Ou seja, como policial, nota zero para a delegada. 3) Martha Rocha foi escolhida para chefiar a Polícia Civil porque, na instituição, ser corrupto ou viver com um corrupto nada significa? É uma múltipla escolha. Assinale qualquer uma das três explicações, e verá que nenhuma delas satisfaz o interesse público.
Quanto aos delegados Allan Turnowski e Claudio Ferraz, que se digladiam, numa luta de extermínio, seus primeiros anos na Polícia foram irrepreensíveis. Eram tidos como exemplos de delegados limpos e inimigos da corrupção. Até que caíram em tentação. E hoje os dois são considerados “farinha do mesmo saco”, como se dizia no interior. Ambos corruptos. A propósito, o funcionário que faz o meio do campo da corrupção para Ferraz é conhecido como Gérard. E mais eu não digo, a não ser que seja torturado pelo Capitão Nascimento, é claro.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Carlos Newton
Até ser convidada para a Chefia de Polícia, a delegada Martha Rocha comandava a Divisão de Polícias de Atendimento à Mulher, que pouco significado tem na hierarquia da Secretaria de Segurança. Ela entrou para a instituição como escrivã na década de 80 e, em 1990, fez concurso e se tornou delegada.
Em 92, participou da implantação da Delegacia de Apoio ao Turismo e, no ano seguinte, chegou ao primeiro cargo importante – o comando do Departamento Geral de Polícia Especializada. E a fama começou depois de um episódio extremamente negativo, em 1994. Na época, seu chefe de gabinete, o delegado Inaldo Júlio Santana, foi preso ao tentar intermediar pagamento de propina de bicheiros ao então corregedor.
Martha Rocha vivia com ele, maritalmente, embora não fossem casados no papel. Na ocasião, ela soube que o Inaldo ia ser preso e avisou a ele, que fugiu para evitar o flagrante. Portanto, tecnicamente Marta Rocha “deu fuga” a Inaldo. A Corregedoria tomou conhecimento do fato e ia abrir inquérito contra ela, mas o governador Nilo Batista se compadeceu e pediu por ela, alegando que a delegada “estava apaixonada e foi vítima de um oportunista”.
O delegado Inaldo foi expulso da Polícia, pegou 5 anos e meio de prisão, junto com o bicheiro Castor de Andrade e seu sobrinho Rogério de Andrade. Inicialmente ficou preso, mas ganhou progressão e passou a cumprir o resto em regime aberto. No entanto, como foi condenado em outro processo, que envolvia toda a cúpula do jogo do bicho no Estado do Rio, voltou para a cadeia.
O então governador do estado, Nilo Batista, não só manteve Martha na direção do Departamento Geral de Polícia Especializada, apesar de todo o constrangimento causado pelo episódio, como também apoiou a indicação dela para o cargo de corregedora interna da Polícia Civil. Parece brincadeira, mas foi verdade: colocou na Corregedoria uma delegada que estava sob suspeita da própria Corregedoria.
Para o compreensivo governador, Martha Rocha era como Lula, não sabia de nada. Mas na Polícia, era notória a ligação do companheiro dela com os bicheiros. Só ela e Nilo Batista não sabiam. Inocentada pelo governador (mas não pela Corregedoria, que à época continuou de olho nela), Martha Rocha seguiu desfilando na passarela da Rua do Lavradio, fazendo carreira, e até se tornou até subchefe de Polícia Civil em 1999.
E agora, diante do mar da lama que invade as Polícias Civil e Militar, é justamente essa controversa delegada que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, escolhe para chefiar a Polícia Civil e “arrumar a casa” (expressão dele).
Essa escolha traz algumas dúvidas, todas pertinentes: 1) Não existe, na Polícia Civil (na ativa ou aposentado) nenhum delegado verdadeiramente limpo, que possa sanear a instituição? 2) Marta Rocha é um fenômeno de ingenuidade? Viveu anos com um delegado corrupto, todos sabiam que ele era ligado aos bicheiros, menos ela. Ou seja, como policial, nota zero para a delegada. 3) Martha Rocha foi escolhida para chefiar a Polícia Civil porque, na instituição, ser corrupto ou viver com um corrupto nada significa? É uma múltipla escolha. Assinale qualquer uma das três explicações, e verá que nenhuma delas satisfaz o interesse público.
Quanto aos delegados Allan Turnowski e Claudio Ferraz, que se digladiam, numa luta de extermínio, seus primeiros anos na Polícia foram irrepreensíveis. Eram tidos como exemplos de delegados limpos e inimigos da corrupção. Até que caíram em tentação. E hoje os dois são considerados “farinha do mesmo saco”, como se dizia no interior. Ambos corruptos. A propósito, o funcionário que faz o meio do campo da corrupção para Ferraz é conhecido como Gérard. E mais eu não digo, a não ser que seja torturado pelo Capitão Nascimento, é claro.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
POLÍTICA - Dilma impede repetição do Pan 2007.
Olimpíada 2016: Dilma impede repetição do Pan 2007.
Pedro do Coutto
Na tarde de quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu no Palácio do Planalto o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes e apresentou a ambos o esboço da Medida Provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica que, presidida por Henrique Meireles, vai dirigir e gerenciar as obras que se fizerem necessárias.
A MP – revelam os repórteres Tânia Monteiro e Leôncio Nossa, O Estado de São Paulo edição de 18 – afasta qualquer possibilidade de entendimento direto tanto do estado quanto do município com o Comitê Olímpico Internacional. Segundo a matéria, Cabral e Paes levantaram obstáculos, mas terminaram sendo demovidos, Concordaram com a autoridade da qual o ex-presidente do Banco Central foi investido. Tânia Monteiro e Leôncio Nossa não fazem referência no texto, mas fica claro, por eliminação, a não participação de Artur Carlos Nuzman, presidente do Comitê Brasileiro, ao contrário do que aconteceu no Panamericano de 2007.
A presidente da República – acrescenta a importante reportagem – rejeitou também a ideia do ministro Orlando Silva, que defendia a criação de uma nova estatal para tocar as obras e organizar o evento.
Henrique Meireles vai mandar em tudo. Como se trata de um homem competente, profundo conhecedor das estruturas de preço e também de valores adequados, não vai deixar espaço para superfaturamentos. Como houve em 2007 nos Jogos Panamericanos. As obras, inicialmente orçadas em 400 milhões, acabaram atingindo o montante superior a 1 bilhão e 200 milhões de reais. Algo no estilo que predominou na construção da inacabada Cidade da Música: orçada em 80 milhões, saiu por 540 e ainda precisa de mais 170 milhões para ser concluída. Teria o nome do jornalista Roberto marinho. Mas seus filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, atuais diretores das Organizações Globo, sentindo a dimensão escandalosa do problema, pediram ao então prefeito César Maia que o nome de seu pai fosse retirado do teatro que tentava ser erguido na Barra da Tijuca.
Não sei porque o prefeito Eduardo Paes não o concluiu, sobretudo porque uma obra de tal porte, permanecendo inacabada, termina custando muitíssimo mais cara do que custaria hoje, já embutido no cálculo o sobrepreço de 460 milhões. Mas esta é outra questão.
O essencial, de acordo com o projeto Dilma Roussef, é não onerar o Tesouro em demasiado e, além deste aspecto, já por si fundamental, realizar obras que, após os Jogos Olímpicos, possam ser aproveitadas em sentido coletivo. Assim como se verificou na bela cidade espanhola de Barcelona, após ter sediado mais uma etapa histórica das competições que começaram em Atenas há mais de cem anos. Isso de forma organizada, pois Homero, o pai da poesia, na Grécia antiga, três séculos antes de Cristo, já tornava épicos os confrontos que imortalizaram Ulisses e Aquiles. A começar pela maratona que Hércules venceu em uma das guerras envolvidas na memória do tempo.
Surpreende que tenha sido O Estado de São Paulo o único jornal a dar destaque à decisão da presidente da República, importante sob todos os aspectos, inclusive com reflexo no plano internacional. Pois a decisão de criar uma Autoridade Pública Olímpica, inspirada provavelmente no molde político da Autoridade Nacional Palestina – daí a presença da palavra autoridade – vai repercutir e muito, aqui dentro e lá fora. Mas principalmente no custo das obras e de seu aproveitamento depois de 2016.
Pedro do Coutto
Na tarde de quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu no Palácio do Planalto o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes e apresentou a ambos o esboço da Medida Provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica que, presidida por Henrique Meireles, vai dirigir e gerenciar as obras que se fizerem necessárias.
A MP – revelam os repórteres Tânia Monteiro e Leôncio Nossa, O Estado de São Paulo edição de 18 – afasta qualquer possibilidade de entendimento direto tanto do estado quanto do município com o Comitê Olímpico Internacional. Segundo a matéria, Cabral e Paes levantaram obstáculos, mas terminaram sendo demovidos, Concordaram com a autoridade da qual o ex-presidente do Banco Central foi investido. Tânia Monteiro e Leôncio Nossa não fazem referência no texto, mas fica claro, por eliminação, a não participação de Artur Carlos Nuzman, presidente do Comitê Brasileiro, ao contrário do que aconteceu no Panamericano de 2007.
A presidente da República – acrescenta a importante reportagem – rejeitou também a ideia do ministro Orlando Silva, que defendia a criação de uma nova estatal para tocar as obras e organizar o evento.
Henrique Meireles vai mandar em tudo. Como se trata de um homem competente, profundo conhecedor das estruturas de preço e também de valores adequados, não vai deixar espaço para superfaturamentos. Como houve em 2007 nos Jogos Panamericanos. As obras, inicialmente orçadas em 400 milhões, acabaram atingindo o montante superior a 1 bilhão e 200 milhões de reais. Algo no estilo que predominou na construção da inacabada Cidade da Música: orçada em 80 milhões, saiu por 540 e ainda precisa de mais 170 milhões para ser concluída. Teria o nome do jornalista Roberto marinho. Mas seus filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, atuais diretores das Organizações Globo, sentindo a dimensão escandalosa do problema, pediram ao então prefeito César Maia que o nome de seu pai fosse retirado do teatro que tentava ser erguido na Barra da Tijuca.
Não sei porque o prefeito Eduardo Paes não o concluiu, sobretudo porque uma obra de tal porte, permanecendo inacabada, termina custando muitíssimo mais cara do que custaria hoje, já embutido no cálculo o sobrepreço de 460 milhões. Mas esta é outra questão.
O essencial, de acordo com o projeto Dilma Roussef, é não onerar o Tesouro em demasiado e, além deste aspecto, já por si fundamental, realizar obras que, após os Jogos Olímpicos, possam ser aproveitadas em sentido coletivo. Assim como se verificou na bela cidade espanhola de Barcelona, após ter sediado mais uma etapa histórica das competições que começaram em Atenas há mais de cem anos. Isso de forma organizada, pois Homero, o pai da poesia, na Grécia antiga, três séculos antes de Cristo, já tornava épicos os confrontos que imortalizaram Ulisses e Aquiles. A começar pela maratona que Hércules venceu em uma das guerras envolvidas na memória do tempo.
Surpreende que tenha sido O Estado de São Paulo o único jornal a dar destaque à decisão da presidente da República, importante sob todos os aspectos, inclusive com reflexo no plano internacional. Pois a decisão de criar uma Autoridade Pública Olímpica, inspirada provavelmente no molde político da Autoridade Nacional Palestina – daí a presença da palavra autoridade – vai repercutir e muito, aqui dentro e lá fora. Mas principalmente no custo das obras e de seu aproveitamento depois de 2016.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
MÍDIA - A mídia não dá trégua ao Lula.
A mídia, Globo na frente, não dá trégua ao ex-presidente Lula.
Nunca foram boas as relações entre a mídia brasileira e o torneiro mecânico Lula, desde que, nos anos 1970, ele emergiu no comando das jornadas sindicais no ABC paulista, onde estão algumas das empresas do moderno, mas ainda incipiente capitalismo brasileiro. Em consequência, quase natural, o operário não foi recebido com entusiasmo quando, após três fracassos, venceu a disputa para a Presidência da República, em 2002.
Por Maurício Dias*, na Carta Capital
Os desentendimentos se sucederam entre o novo governo e o chamado “quarto poder” e culminaram com a crise de 2005 quando televisões, jornais, rádios e revistas viraram porta-vozes da oposição que se esforçava para apear Lula do poder.
Inicialmente, com a tentativa de impeachment. Posteriormente, após esse processo que não chegou a se consumar, armou-se um “golpe branco” em forma de pressão para o presidente desistir da reeleição, em 2006.
Lula ganhou e, em 2010, fez o sucessor. No caso, sucessora. Dilma Rousseff sofreu quase todos os tipos de constrangimentos políticos. Ela tomou posse e, no dia seguinte, foi saudada por deselegante manchete do jornal O Globo, do Rio de Janeiro: “Lula elege Dilma e aliados preparam sua volta em 2014”.
A reportagem era um blefe político. Uma “cascata” no jargão jornalístico. O jornal O Globo, núcleo do império da família Marinho, tornou-se a ponta de lança da reação conservadora da mídia e adotou, desde a posse de Lula, um jornalismo de combate onde a maior vítima, como sempre ocorre nesses casos, é o fato. Sem o fato abre-se uma avenida para suspeitas versões.
O comportamento inicial da presidenta, marcado por discrição e austeridade, foi uma surpresa para todos. O Globo inclusive. Não há sinais de que seja uma capitulação ao poder dos donos da mídia com os quais Dilma tem travado discretos diálogos.
Armou-se circunstancialmente um clima de armistício. Na prática, significou um fogo mais brando, a provocar um visível recuo de comentaristas que eram mais agressivos com Lula. Soltam, porém, elogios hesitantes por não saberem até onde poderão seguir.
Esse armistício se sustenta numa visão de que as situações não são iguais. Dilma não é Lula. É claro que há diferenças entre o governo de ontem e o de hoje. No entanto, o carimbo pessoal da presidenta na administração do País faz a imprensa engolir a propaganda de que ela era um “poste”. Essa contradição se aguça na sequência dessa história. Dilma passou a ser elogiada e Lula criticado.
Alguns casos, colhidos da primeira página de O Globo ao longo de uma semana, expressam o que ocorre, em geral, em toda a mídia:
Atos de Dilma afastam governo do estilo Lula (6/2) – críticas ao ex, no elogio ao governo Dilma.
Por qué no te callas? (8/2) – crítica atribuída a um sindicalista, mantido no anonimato, sobre apoio de Lula ao salário mínimo proposto por Dilma.
A fatura da gastança eleitoral (10/2) – a respeito de despesas do governo Lula com suposta intenção eleitoral.
Dilma aposenta slogan de Lula (11/2) – sobre a frase “Brasil, um país de todos”.
Herança fiscal de Lula limita o começo do governo Dilma – (13/2) – crítica a Lula ao corte no Orçamento proposto por Dilma.
Ela recebe afagos e ele, pedradas. Procura-se, sem muito disfarce, cavar um fosso entre o ex e a presidenta. Situação que levou Lula, na festa de aniversário do PT, a reagir: “Minha relação com Dilma é indissociável”.
* Mauricio Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital
Nunca foram boas as relações entre a mídia brasileira e o torneiro mecânico Lula, desde que, nos anos 1970, ele emergiu no comando das jornadas sindicais no ABC paulista, onde estão algumas das empresas do moderno, mas ainda incipiente capitalismo brasileiro. Em consequência, quase natural, o operário não foi recebido com entusiasmo quando, após três fracassos, venceu a disputa para a Presidência da República, em 2002.
Por Maurício Dias*, na Carta Capital
Os desentendimentos se sucederam entre o novo governo e o chamado “quarto poder” e culminaram com a crise de 2005 quando televisões, jornais, rádios e revistas viraram porta-vozes da oposição que se esforçava para apear Lula do poder.
Inicialmente, com a tentativa de impeachment. Posteriormente, após esse processo que não chegou a se consumar, armou-se um “golpe branco” em forma de pressão para o presidente desistir da reeleição, em 2006.
Lula ganhou e, em 2010, fez o sucessor. No caso, sucessora. Dilma Rousseff sofreu quase todos os tipos de constrangimentos políticos. Ela tomou posse e, no dia seguinte, foi saudada por deselegante manchete do jornal O Globo, do Rio de Janeiro: “Lula elege Dilma e aliados preparam sua volta em 2014”.
A reportagem era um blefe político. Uma “cascata” no jargão jornalístico. O jornal O Globo, núcleo do império da família Marinho, tornou-se a ponta de lança da reação conservadora da mídia e adotou, desde a posse de Lula, um jornalismo de combate onde a maior vítima, como sempre ocorre nesses casos, é o fato. Sem o fato abre-se uma avenida para suspeitas versões.
O comportamento inicial da presidenta, marcado por discrição e austeridade, foi uma surpresa para todos. O Globo inclusive. Não há sinais de que seja uma capitulação ao poder dos donos da mídia com os quais Dilma tem travado discretos diálogos.
Armou-se circunstancialmente um clima de armistício. Na prática, significou um fogo mais brando, a provocar um visível recuo de comentaristas que eram mais agressivos com Lula. Soltam, porém, elogios hesitantes por não saberem até onde poderão seguir.
Esse armistício se sustenta numa visão de que as situações não são iguais. Dilma não é Lula. É claro que há diferenças entre o governo de ontem e o de hoje. No entanto, o carimbo pessoal da presidenta na administração do País faz a imprensa engolir a propaganda de que ela era um “poste”. Essa contradição se aguça na sequência dessa história. Dilma passou a ser elogiada e Lula criticado.
Alguns casos, colhidos da primeira página de O Globo ao longo de uma semana, expressam o que ocorre, em geral, em toda a mídia:
Atos de Dilma afastam governo do estilo Lula (6/2) – críticas ao ex, no elogio ao governo Dilma.
Por qué no te callas? (8/2) – crítica atribuída a um sindicalista, mantido no anonimato, sobre apoio de Lula ao salário mínimo proposto por Dilma.
A fatura da gastança eleitoral (10/2) – a respeito de despesas do governo Lula com suposta intenção eleitoral.
Dilma aposenta slogan de Lula (11/2) – sobre a frase “Brasil, um país de todos”.
Herança fiscal de Lula limita o começo do governo Dilma – (13/2) – crítica a Lula ao corte no Orçamento proposto por Dilma.
Ela recebe afagos e ele, pedradas. Procura-se, sem muito disfarce, cavar um fosso entre o ex e a presidenta. Situação que levou Lula, na festa de aniversário do PT, a reagir: “Minha relação com Dilma é indissociável”.
* Mauricio Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital
O DINHEIRO DE BRASILEIROS NA SUIÇA.
O dinheiro brasileiro na Suiça.
Brasileiros têm mais dinheiro na Suíça do que chineses - economia - Estadao.com.br
Corrida por paraísos fiscais ganha ritmo sem precedentes; valor na Suíça varia entre US$ 6 bi e US$ 60 bi.
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo.
GENEBRA - Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
icial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".
O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.
Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.
Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais.
Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.
Políticos
Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.
Fonte: Blog do Luis Nassif.
Brasileiros têm mais dinheiro na Suíça do que chineses - economia - Estadao.com.br
Corrida por paraísos fiscais ganha ritmo sem precedentes; valor na Suíça varia entre US$ 6 bi e US$ 60 bi.
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo.
GENEBRA - Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
icial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".
O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.
Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.
Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais.
Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.
Políticos
Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.
Fonte: Blog do Luis Nassif.
POLÍTICA - As maiores mentiras nacionais.
Carlos Chagas
Aposentado por limite de idade do Superior Tribunal Militar, Flávio Flores da Cunha Bierrenback, utiliza as horas de ócio jurídico para desenvolver uma prática que, salvo engano, anda cada vez mais rara no país: pensar. Como simples cidadão, meditar sobre os rumos do país neste início de Século XXI.
Ex-deputado pelo velho MDB de São Paulo, ele acaba de elaborar a lista das maiores mentiras que circulam como verdades absolutas em todo o território nacional. Não foi possível conhecer todas, porque dificilmente se completará a relação, quando analisada a fundo a arte de enganar a sociedade, praticada pelas elites.
A primeira mentira é chocante. Sustenta que “a Previdência Social está falida”. Não é verdade, rabisca o ex-ministro em seus alfarrábios. Os recursos da Previdência Social, se não fossem historicamente desviados para outras atividades, dariam para atender com folga e até com reajustes anuais maiores os pensionistas e aposentados. Basta atentar para o que anunciaram, quando ministros, Waldir Pires, no governo Sarney, e Antônio Brito, no governo Itamar Franco. Nada mudou, apesar de que quando assumiu, Fernando Henrique Cardoso dedicou-se a espalhar a falência imediata, certamente vítima da febre privatizante, que jamais deixou de cobiçar a Previdência Social pública. Criou até o fator previdenciário, para nivelar todos os aposentados ao salário mínimo.
Outra mentira imposta ao Brasil como verdade, conforme Bierremback, é de que “estamos inseridos no mundo globalizado”. Para começar, globalizado o planeta não está, mas apenas sua parte abastada. O fosso entre ricos e pobres aumenta a cada dia, bastando lançar os olhos sobre a África, boa parte da Ásia e a América Latina. O número de miseráveis se multiplica, sendo que os valores da civilização e da cultura são cada vez mais negados à maioria. Poder falar em telefone celular constitui um avanço, mas se é para receber eletronicamente informações de que não há vagas, qual a vantagem?
Como consequência, outra mentira olímpica surge quando se diz “que o neoliberalismo é irreversível”. Pode ser para as elites, sempre ocupando maiores espaços no universo das relações individuais, às custas da continuada supressão de direitos sociais e trabalhistas. Se neoliberalismo significa o direito de exploração do semelhante, será uma verdade, mas imaginar que a Humanidade possa seguir indefinidamente nessa linha é bobagem. Na primeira curva do caminho acontecerá a surpresa.
Na mesma sequência, outra mentira, para o ex-vice-presidente do STM: “o socialismo morreu”. Absolutamente. Poderá ter saído pelo ralo o socialismo ditatorial, por décadas liderado pela ex-União Soviética, mas o socialismo real, aquele que busca dar aos cidadãos condições de vida digna, a cada um segundo sua necessidade, tanto quanto segundo a sua capacidade. O que não pode persistir, e contra isso o socialismo se insurge, é a concentração sempre maior de riqueza nas mãos de uns poucos. Não pode dar certo.
Nova mentira: “o Estado tem que ser mínimo, deve afastar-se das relações sociais e econômicas”. Para que? Para servir às elites? Especialmente em países como o Brasil, o poder público precisa prevalecer sobre os interesses individuais e de grupos. Existe para atender às necessidades da população que o constitui, através da via democrática. Deve contrariar privilégios e estancar benesses para os mais favorecidos, atendendo as massas.
No que deu para perceber, até aqui, ainda incompleta, a lista de Flávio Flores da Cunha Bierremback ultrapassará a dez a que ele se propõe elaborar, sobre as mentiras que nos atingem. Mas não faltará uma que, felizmente, dissolveu-se através de um plebiscito nacional, tempos atrás: “de que a proibição da venda, comercialização e posse de armas faria a criminalidade decair”. Ora, se ao cidadão comum fosse negado o direito de se defender, na cidade e no campo, estaria a sociedade brasileira ainda mais à mercê da bandidagem. Seria a felicidade do ladrão, sabendo que não há armas na casa que vai assaltar.
Vamos aguardar outra oportunidade para completar a relação do ex-vice-presidente do STM sobre as maiores mentiras que nos assolam.
Fonte: Tribuna da Imprensa on line.
Aposentado por limite de idade do Superior Tribunal Militar, Flávio Flores da Cunha Bierrenback, utiliza as horas de ócio jurídico para desenvolver uma prática que, salvo engano, anda cada vez mais rara no país: pensar. Como simples cidadão, meditar sobre os rumos do país neste início de Século XXI.
Ex-deputado pelo velho MDB de São Paulo, ele acaba de elaborar a lista das maiores mentiras que circulam como verdades absolutas em todo o território nacional. Não foi possível conhecer todas, porque dificilmente se completará a relação, quando analisada a fundo a arte de enganar a sociedade, praticada pelas elites.
A primeira mentira é chocante. Sustenta que “a Previdência Social está falida”. Não é verdade, rabisca o ex-ministro em seus alfarrábios. Os recursos da Previdência Social, se não fossem historicamente desviados para outras atividades, dariam para atender com folga e até com reajustes anuais maiores os pensionistas e aposentados. Basta atentar para o que anunciaram, quando ministros, Waldir Pires, no governo Sarney, e Antônio Brito, no governo Itamar Franco. Nada mudou, apesar de que quando assumiu, Fernando Henrique Cardoso dedicou-se a espalhar a falência imediata, certamente vítima da febre privatizante, que jamais deixou de cobiçar a Previdência Social pública. Criou até o fator previdenciário, para nivelar todos os aposentados ao salário mínimo.
Outra mentira imposta ao Brasil como verdade, conforme Bierremback, é de que “estamos inseridos no mundo globalizado”. Para começar, globalizado o planeta não está, mas apenas sua parte abastada. O fosso entre ricos e pobres aumenta a cada dia, bastando lançar os olhos sobre a África, boa parte da Ásia e a América Latina. O número de miseráveis se multiplica, sendo que os valores da civilização e da cultura são cada vez mais negados à maioria. Poder falar em telefone celular constitui um avanço, mas se é para receber eletronicamente informações de que não há vagas, qual a vantagem?
Como consequência, outra mentira olímpica surge quando se diz “que o neoliberalismo é irreversível”. Pode ser para as elites, sempre ocupando maiores espaços no universo das relações individuais, às custas da continuada supressão de direitos sociais e trabalhistas. Se neoliberalismo significa o direito de exploração do semelhante, será uma verdade, mas imaginar que a Humanidade possa seguir indefinidamente nessa linha é bobagem. Na primeira curva do caminho acontecerá a surpresa.
Na mesma sequência, outra mentira, para o ex-vice-presidente do STM: “o socialismo morreu”. Absolutamente. Poderá ter saído pelo ralo o socialismo ditatorial, por décadas liderado pela ex-União Soviética, mas o socialismo real, aquele que busca dar aos cidadãos condições de vida digna, a cada um segundo sua necessidade, tanto quanto segundo a sua capacidade. O que não pode persistir, e contra isso o socialismo se insurge, é a concentração sempre maior de riqueza nas mãos de uns poucos. Não pode dar certo.
Nova mentira: “o Estado tem que ser mínimo, deve afastar-se das relações sociais e econômicas”. Para que? Para servir às elites? Especialmente em países como o Brasil, o poder público precisa prevalecer sobre os interesses individuais e de grupos. Existe para atender às necessidades da população que o constitui, através da via democrática. Deve contrariar privilégios e estancar benesses para os mais favorecidos, atendendo as massas.
No que deu para perceber, até aqui, ainda incompleta, a lista de Flávio Flores da Cunha Bierremback ultrapassará a dez a que ele se propõe elaborar, sobre as mentiras que nos atingem. Mas não faltará uma que, felizmente, dissolveu-se através de um plebiscito nacional, tempos atrás: “de que a proibição da venda, comercialização e posse de armas faria a criminalidade decair”. Ora, se ao cidadão comum fosse negado o direito de se defender, na cidade e no campo, estaria a sociedade brasileira ainda mais à mercê da bandidagem. Seria a felicidade do ladrão, sabendo que não há armas na casa que vai assaltar.
Vamos aguardar outra oportunidade para completar a relação do ex-vice-presidente do STM sobre as maiores mentiras que nos assolam.
Fonte: Tribuna da Imprensa on line.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
POLÍTICA - A terceira morte de Vlado Herzog.
Balaio do Kotscho.
Pense num absurdo, em algo totalmente inverossímel, num completo desrespeito aos que querem contar a nossa história e à memória de quem tombou na luta pela redemocratização do país.
Pois foi isso que sentiu na pele esta semana o jornalista Audálio Dantas ao procurar o Arquivo Nacional, em Brasília, para poder finalizar o livro que está escrevendo sobre o seu colega Vladimir Herzog, o Vlado, torturado e morto nos porões do DOI-CODI durante a ditadura militar (1964-1985).
Vlado já tinha sofrido duas mortes anteriores: o assassinato propriamente dito por agentes do Estado quando estava preso e o IPM (Inquérito Policial Militar) que responsabilizou Vlado pela sua própria morte, concluindo pelo suicídio.
Esta semana, pode-se dizer que, por sua omissão, o Ministério da Justiça, agora responsável pelo Arquivo Nacional, matou Vladimir Herzog pela terceira vez, impedindo o acesso à sua história.
Muitos dos que foram perseguidos naquela época, presos e torturados, estão hoje no governo central, mas nem todos que chegaram ao poder têm consciência e sensibilidade para exercer o papel que lhes coube pelo destino.
É este, com certeza, o caso de Flávio Caetano, um sujeito que não conheço, chefe de gabinete do ministro da Justiça, meu velho ex-amigo José Eduardo Cardoso, por quem eu tinha muito respeito.
Digo ex-amigo pelos fatos acontecidos ao longo da última semana, que relatarei a seguir.
Na segunda-feira, Audalio Dantas me contou as dificuldades que estava encontrando para pesquisar documentos sobre o antigo Serviço Nacional de Informações (o famigerado SNI) no Arquivo Nacional, e pediu ajuda para falar com alguém no Ministério da Justiça.
Explique-se: um dos primeiros decretos baixados pela presidente Dilma Rousseff, o de nº 7430, de 17 de janeiro de 2011, determina a transferência do Arquivo Nacional e do Conselho Nacional de Arquivos da Casa Civil da Presidência da República para o Ministério da Justiça.
Por se tratar de quem se trata, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do crime praticado contra Vlado, que denunciou o assassinato, profissional dos mais premiados e respeitados do país, com 57 anos de carreira _ provavelmente mais do que os nobres Cardoso e Caetano têm de idade _, encaminhei a Audálio o telefone do gabinete do ministro da Justiça.
E lhe recomendei que falasse diretamente com José Eduardo Cardoso, explicando a ele as absurdas dificuldades que estava encontrando no Arquivo Nacional para fazer o seu trabalho.
Foi muita ingenuidade minha, claro. A secretária do ministro, de nome Rose, certamente sem ter a menor idéia de quem é Audálio Dantas e de quem foi Vladimir Herzog, decidiu burocraticamente passar o caso para o tal chefe de gabinete, Flávio Caetano, que estava “em reunião com o ministro”, garantindo que ele entraria em contato mais tarde.
Até aí, faz parte do jogo. Chefe de gabinete é para isso mesmo. Serve para fazer a triagem das demandas que chegam ao ministro, e não devem ser poucas.
Acontece que, pelo jeito, Flávio Caetano também nunca ouviu falar de Audálio e Herzog. Tanto é que, depois de mais uma dezena de telefonemas, sem conseguir ser atendido pela excelência maior nem pelo chefe de gabinete, o jornalista-escritor resolveu encaminhar este e-mail ao Ministério da Justiça:
“Prezado Senhor Flávio Caetano
Provavelmente o senhor não me conhece, por isso apresento-me: sou Adálio Dantas, jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas, ex-deputado federal. Tentei vários contatos telefônicos com o senhor, sem resultado. Por isso envio-lhe esta mensagem.
Estou concluindo (com prazo para entregar à Editora Record) livro sobre o Caso Herzog, do qual fui parte. Necessitando de informações sobre o assunto, procurei, no último dia 10, o Arquivo Nacional _ Coordenação Regional de Brasília, que mantém a guarda dos papéis do Serviço Nacional de Informações. Depois de me identificar, preenchi fichas de solicitação, tomando o cuidado de acrescentar informações adicionais sobre o caso, hoje referência histórica.
Como dispunha apenas de uma cópia de procuração que foi dada pela viúva de Herzog, Clarice, datada de agosto de 2010, disseram-me que era necessário documento original, com data mais recente. Já estava para buscar outra procuração quando recebi (dia 14/02) ofício em que se exige, além da procuração:
- Certidão de óbito de Vladimir Herzog
-Certidão de casamento
Considero que, em se tratando de caso histórico, de amplo conhecimento, e quando se sabe que a União foi responsabilizada na Justiça pelo assassinato de Herzog, tais exigências são absurdas e até desrespeitosas. Que atestado de óbito terá a viúva para mostrar? O que foi lavrado com base no laudo do médico Harry Shibata, que servia ao DOI-CODI e confessou tê-lo assinado sem ver o corpo? E que certidão de casamento terá Clarice Herzog juntado à ação que impetrou contra a União pela morte do marido?
E se a pesquisa fosse sobre o ex-deputado Rubens Paiva, quem forneceria o atestado de óbito? Desse jeito, ninguém conseguirá saber sobre ele no Arquivo Nacional.
Gostaria de discutir mais a questão que envolve, parece, deliberada dificultação de pesquisa. Ou, no mínimo, desconhecimento histórico por parte desse órgão público.
Faço questão que essas informações cheguem ao conhecimento do ministro José Eduardo Cardoso, que deve conhecer minha história.
No aguardo de uma resposta,
Atenciosamente,
Audálio Dantas”.
No momento em que escrevo este texto, no final da tarde de sábado, dia 19/02, Audálio continua esperando uma resposta. Na melhor das hipóteses, suas informações não chegaram às mãos do ministro José Eduardo Cardoso. Não tenho como saber porque também não consegui falar com o ministro.
Na sexta-feira à tarde, depois de ler o e-mail acima que Audálio enviou ao chefe de gabinete, sem receber retorno, liguei para o gabinete do ministro. A secretária que me atendeu, provavelmente a mesma que recebeu as ligações de Audálio Dantas, já ia me despachando direto para a assessoria de imprensa do ministério. Fui bem educado:
“Minha senhora, eu não quero entrevistar o ministro. Eu preciso falar com ele pessoalmente sobre um caso grave e urgente do qual ele deve tomar conhecimento”.
Só aí ela permitiu que eu soletrasse meu sobrenome, respondeu-me que sabia quem eu era, pediu os números dos meus telefones e, imaginei, cuidou de passar a ligação para o ministro. Minutos de silêncio depois, a secretária voltou para me dizer, sem muita convicção, que o ministro estava ocupado e me ligaria em seguida. Também estou esperando até agora.
Na hierarquia da falta de respeito pela própria função que exerce, o menos responsável nesta história é o funcionário de nome Raines, que se apresentou como historiador ao atender (ou melhor, deixou de atender) Audálio Dantas.
A sua superiora, Maria Esperança de Resende, coordenadora-geral da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal, é quem assina o absurdo pedido de documentos. Alguém superior a ela a colocou lá sem perguntar se as suas qualificações eram adequadas ao seu pomposo cargo no comando do Arquivo Nacional.
Talvez o jeito mais simples e barato de resolver este problema seja baixar outro decreto presidencial e devolver o Arquivo Nacional à Casa Civil da Presidência da República, como era antes, já que o Ministério da Justiça não parece muito interessado no assunto nem preocupado com o seu funcionamento.
Das duas uma: ou Cardoso está muito mal assessorado ou não entendeu ainda quais são os seus compromissos e responsabilidades no Ministério da Justiça do governo de Dilma Rousseff, a presidente da República que, ao contrário de Vladimir Herzog, conseguiu sobreviver às torturas na ditadura militar.
Fonte: Blog Balaio do Ricardo Kotscho.
Pense num absurdo, em algo totalmente inverossímel, num completo desrespeito aos que querem contar a nossa história e à memória de quem tombou na luta pela redemocratização do país.
Pois foi isso que sentiu na pele esta semana o jornalista Audálio Dantas ao procurar o Arquivo Nacional, em Brasília, para poder finalizar o livro que está escrevendo sobre o seu colega Vladimir Herzog, o Vlado, torturado e morto nos porões do DOI-CODI durante a ditadura militar (1964-1985).
Vlado já tinha sofrido duas mortes anteriores: o assassinato propriamente dito por agentes do Estado quando estava preso e o IPM (Inquérito Policial Militar) que responsabilizou Vlado pela sua própria morte, concluindo pelo suicídio.
Esta semana, pode-se dizer que, por sua omissão, o Ministério da Justiça, agora responsável pelo Arquivo Nacional, matou Vladimir Herzog pela terceira vez, impedindo o acesso à sua história.
Muitos dos que foram perseguidos naquela época, presos e torturados, estão hoje no governo central, mas nem todos que chegaram ao poder têm consciência e sensibilidade para exercer o papel que lhes coube pelo destino.
É este, com certeza, o caso de Flávio Caetano, um sujeito que não conheço, chefe de gabinete do ministro da Justiça, meu velho ex-amigo José Eduardo Cardoso, por quem eu tinha muito respeito.
Digo ex-amigo pelos fatos acontecidos ao longo da última semana, que relatarei a seguir.
Na segunda-feira, Audalio Dantas me contou as dificuldades que estava encontrando para pesquisar documentos sobre o antigo Serviço Nacional de Informações (o famigerado SNI) no Arquivo Nacional, e pediu ajuda para falar com alguém no Ministério da Justiça.
Explique-se: um dos primeiros decretos baixados pela presidente Dilma Rousseff, o de nº 7430, de 17 de janeiro de 2011, determina a transferência do Arquivo Nacional e do Conselho Nacional de Arquivos da Casa Civil da Presidência da República para o Ministério da Justiça.
Por se tratar de quem se trata, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do crime praticado contra Vlado, que denunciou o assassinato, profissional dos mais premiados e respeitados do país, com 57 anos de carreira _ provavelmente mais do que os nobres Cardoso e Caetano têm de idade _, encaminhei a Audálio o telefone do gabinete do ministro da Justiça.
E lhe recomendei que falasse diretamente com José Eduardo Cardoso, explicando a ele as absurdas dificuldades que estava encontrando no Arquivo Nacional para fazer o seu trabalho.
Foi muita ingenuidade minha, claro. A secretária do ministro, de nome Rose, certamente sem ter a menor idéia de quem é Audálio Dantas e de quem foi Vladimir Herzog, decidiu burocraticamente passar o caso para o tal chefe de gabinete, Flávio Caetano, que estava “em reunião com o ministro”, garantindo que ele entraria em contato mais tarde.
Até aí, faz parte do jogo. Chefe de gabinete é para isso mesmo. Serve para fazer a triagem das demandas que chegam ao ministro, e não devem ser poucas.
Acontece que, pelo jeito, Flávio Caetano também nunca ouviu falar de Audálio e Herzog. Tanto é que, depois de mais uma dezena de telefonemas, sem conseguir ser atendido pela excelência maior nem pelo chefe de gabinete, o jornalista-escritor resolveu encaminhar este e-mail ao Ministério da Justiça:
“Prezado Senhor Flávio Caetano
Provavelmente o senhor não me conhece, por isso apresento-me: sou Adálio Dantas, jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas, ex-deputado federal. Tentei vários contatos telefônicos com o senhor, sem resultado. Por isso envio-lhe esta mensagem.
Estou concluindo (com prazo para entregar à Editora Record) livro sobre o Caso Herzog, do qual fui parte. Necessitando de informações sobre o assunto, procurei, no último dia 10, o Arquivo Nacional _ Coordenação Regional de Brasília, que mantém a guarda dos papéis do Serviço Nacional de Informações. Depois de me identificar, preenchi fichas de solicitação, tomando o cuidado de acrescentar informações adicionais sobre o caso, hoje referência histórica.
Como dispunha apenas de uma cópia de procuração que foi dada pela viúva de Herzog, Clarice, datada de agosto de 2010, disseram-me que era necessário documento original, com data mais recente. Já estava para buscar outra procuração quando recebi (dia 14/02) ofício em que se exige, além da procuração:
- Certidão de óbito de Vladimir Herzog
-Certidão de casamento
Considero que, em se tratando de caso histórico, de amplo conhecimento, e quando se sabe que a União foi responsabilizada na Justiça pelo assassinato de Herzog, tais exigências são absurdas e até desrespeitosas. Que atestado de óbito terá a viúva para mostrar? O que foi lavrado com base no laudo do médico Harry Shibata, que servia ao DOI-CODI e confessou tê-lo assinado sem ver o corpo? E que certidão de casamento terá Clarice Herzog juntado à ação que impetrou contra a União pela morte do marido?
E se a pesquisa fosse sobre o ex-deputado Rubens Paiva, quem forneceria o atestado de óbito? Desse jeito, ninguém conseguirá saber sobre ele no Arquivo Nacional.
Gostaria de discutir mais a questão que envolve, parece, deliberada dificultação de pesquisa. Ou, no mínimo, desconhecimento histórico por parte desse órgão público.
Faço questão que essas informações cheguem ao conhecimento do ministro José Eduardo Cardoso, que deve conhecer minha história.
No aguardo de uma resposta,
Atenciosamente,
Audálio Dantas”.
No momento em que escrevo este texto, no final da tarde de sábado, dia 19/02, Audálio continua esperando uma resposta. Na melhor das hipóteses, suas informações não chegaram às mãos do ministro José Eduardo Cardoso. Não tenho como saber porque também não consegui falar com o ministro.
Na sexta-feira à tarde, depois de ler o e-mail acima que Audálio enviou ao chefe de gabinete, sem receber retorno, liguei para o gabinete do ministro. A secretária que me atendeu, provavelmente a mesma que recebeu as ligações de Audálio Dantas, já ia me despachando direto para a assessoria de imprensa do ministério. Fui bem educado:
“Minha senhora, eu não quero entrevistar o ministro. Eu preciso falar com ele pessoalmente sobre um caso grave e urgente do qual ele deve tomar conhecimento”.
Só aí ela permitiu que eu soletrasse meu sobrenome, respondeu-me que sabia quem eu era, pediu os números dos meus telefones e, imaginei, cuidou de passar a ligação para o ministro. Minutos de silêncio depois, a secretária voltou para me dizer, sem muita convicção, que o ministro estava ocupado e me ligaria em seguida. Também estou esperando até agora.
Na hierarquia da falta de respeito pela própria função que exerce, o menos responsável nesta história é o funcionário de nome Raines, que se apresentou como historiador ao atender (ou melhor, deixou de atender) Audálio Dantas.
A sua superiora, Maria Esperança de Resende, coordenadora-geral da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal, é quem assina o absurdo pedido de documentos. Alguém superior a ela a colocou lá sem perguntar se as suas qualificações eram adequadas ao seu pomposo cargo no comando do Arquivo Nacional.
Talvez o jeito mais simples e barato de resolver este problema seja baixar outro decreto presidencial e devolver o Arquivo Nacional à Casa Civil da Presidência da República, como era antes, já que o Ministério da Justiça não parece muito interessado no assunto nem preocupado com o seu funcionamento.
Das duas uma: ou Cardoso está muito mal assessorado ou não entendeu ainda quais são os seus compromissos e responsabilidades no Ministério da Justiça do governo de Dilma Rousseff, a presidente da República que, ao contrário de Vladimir Herzog, conseguiu sobreviver às torturas na ditadura militar.
Fonte: Blog Balaio do Ricardo Kotscho.
POLÍTICA - Aécio anti-Dilma.
Aécio anti-Dilma leva PT a rejeitar alianças em 2012 com tucanos mineiros.
Após reunião na sexta-feira, em Brasília, com deputados do PT de Minas, o deputado estadual Rogério Correia (PT) descreveu o estado de espírito da legenda:
“O José Eduardo Dutra [presidente nacional do PT] foi muito claro e disse que a aliança com o PSDB em Belo Horizonte está sepultada. O acirramento da campanha presidencial inviabilizou qualquer aliança”, afirma Correia. Ele também disse que a decisão do senador Aécio Neves de processar o deputado federal e secretário Nacional de Comunicação do PT, André Vargas, piorou a situação. Para os petistas, isso a demonstra a atitude do tucano de entrar em atrito com a presidenta Dilma Rousseff (PT). “Ele fez isso porque quer ser porta-voz da oposição”, avalia. (Do Ig)
Fonte: Blog Os Amigos do Presidente Lula.
Após reunião na sexta-feira, em Brasília, com deputados do PT de Minas, o deputado estadual Rogério Correia (PT) descreveu o estado de espírito da legenda:
“O José Eduardo Dutra [presidente nacional do PT] foi muito claro e disse que a aliança com o PSDB em Belo Horizonte está sepultada. O acirramento da campanha presidencial inviabilizou qualquer aliança”, afirma Correia. Ele também disse que a decisão do senador Aécio Neves de processar o deputado federal e secretário Nacional de Comunicação do PT, André Vargas, piorou a situação. Para os petistas, isso a demonstra a atitude do tucano de entrar em atrito com a presidenta Dilma Rousseff (PT). “Ele fez isso porque quer ser porta-voz da oposição”, avalia. (Do Ig)
Fonte: Blog Os Amigos do Presidente Lula.
POLÍTICA - A vitória da Dilma e a guerra a Lula.
Do blog Democracia&Política
“Quem se inteirou da cena política do País através dos meios de comunicação sentiu que a presidente Dilma Rousseff amargaria a primeira derrota político-parlamentar de seu consulado, quando da votação do salário mínimo. Tudo era invenção da imprensa golpista. Ela não quis dar passo maior que as pernas, para não ser obrigada a recuos vergonhosos. Deu o reajuste possível de salário mínimo.
OPOSIÇÃO
Ao mesmo tempo, parlamentares tucanos e pefelistas diziam defender elevação do salário mínimo para 600 reais. Todos nós sabemos que, nos oito anos de FHC, ele dizia que não poderia elevar o salário mínimo ao equivalente a 100 dólares (170 reais) porque levaria o País à falência, a partir de prefeituras e pequenas empresas. Na maciota, sem assustar a burguesia, Lula majorou o Mínimo para o equivalente a 300 dólares, o que só ele seria capaz de fazer.
VARGAS E JANGO
Os mais velhos sabem que João Goulart foi apeado do Ministério do Trabalho por haver dado generoso aumento do salário mínimo, o que gerou ódio dos militares que o derrubaram com o manifesto dos coronéis, liderados por Golbery do Couto e Silva. Aí começou a guerra contra Getúlio Vargas e João Goulart que levou um ao suicídio e o outro à renúncia.
Lula operou o milagre de melhorar a situação salarial dos pequenos sem excitar a reação, melindrar os reacionários. Esses, que diziam não poder pagar mínimo superior a 100 dólares, agora queriam aumentá-lo para quase 400 dólares. Ninguém acreditou na farsa. Como ninguém poderia achar que a presidente da República iria perder a batalha no primeiro trimestre de seu governo.
GUERRA A LULA
A grande imprensa golpista, esquecida de que, apesar de sua campanha sistemática, Lula deixou a Presidência da República com mais de 85% de popularidade no País além de eleger uma mulher sucessora, continua em guerra contra o metalúrgico que chegou à chefia da Nação. Por que será? Medo de que ele volte ao poder nos braços do povo? Só pode ser.”
FONTE: escrito por Lustosa da Costa em sua coluna no Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=935812)[título modificado por este blog].
“Quem se inteirou da cena política do País através dos meios de comunicação sentiu que a presidente Dilma Rousseff amargaria a primeira derrota político-parlamentar de seu consulado, quando da votação do salário mínimo. Tudo era invenção da imprensa golpista. Ela não quis dar passo maior que as pernas, para não ser obrigada a recuos vergonhosos. Deu o reajuste possível de salário mínimo.
OPOSIÇÃO
Ao mesmo tempo, parlamentares tucanos e pefelistas diziam defender elevação do salário mínimo para 600 reais. Todos nós sabemos que, nos oito anos de FHC, ele dizia que não poderia elevar o salário mínimo ao equivalente a 100 dólares (170 reais) porque levaria o País à falência, a partir de prefeituras e pequenas empresas. Na maciota, sem assustar a burguesia, Lula majorou o Mínimo para o equivalente a 300 dólares, o que só ele seria capaz de fazer.
VARGAS E JANGO
Os mais velhos sabem que João Goulart foi apeado do Ministério do Trabalho por haver dado generoso aumento do salário mínimo, o que gerou ódio dos militares que o derrubaram com o manifesto dos coronéis, liderados por Golbery do Couto e Silva. Aí começou a guerra contra Getúlio Vargas e João Goulart que levou um ao suicídio e o outro à renúncia.
Lula operou o milagre de melhorar a situação salarial dos pequenos sem excitar a reação, melindrar os reacionários. Esses, que diziam não poder pagar mínimo superior a 100 dólares, agora queriam aumentá-lo para quase 400 dólares. Ninguém acreditou na farsa. Como ninguém poderia achar que a presidente da República iria perder a batalha no primeiro trimestre de seu governo.
GUERRA A LULA
A grande imprensa golpista, esquecida de que, apesar de sua campanha sistemática, Lula deixou a Presidência da República com mais de 85% de popularidade no País além de eleger uma mulher sucessora, continua em guerra contra o metalúrgico que chegou à chefia da Nação. Por que será? Medo de que ele volte ao poder nos braços do povo? Só pode ser.”
FONTE: escrito por Lustosa da Costa em sua coluna no Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=935812)[título modificado por este blog].
POLÍTICA - Até agora vitória dos conservadores.
Jorge Folena
Podem dizer que o governo da presidente Dilma tem pouco tempo (50 dias), mas até agora tem sido apresentada uma face conservadora à opinião pública, ao contrário do que se esperava da primeira mulher a assumir o mais alto cargo do Brasil.
Logo nos primeiros dias, retomou-se o velho fantasma das privatizações, sendo manifestada a possibilidade de se delegar o estratégico setor aeroportuário a Estados e Municípios, que assim passariam sua exploração à iniciativa privada, como defende há muito tempo o conservador governador Cabral Filho. Conservadores, um a zero.
Contrariando as promessas de campanha, há poucos dias foram anunciados cortes de aproximadamente R$ 50 bilhões no orçamento, incluindo-se nas medidas a proibição de contratação de novos servidores públicos, as reposições salariais etc. Porém, não foi anunciada qualquer redução no pagamento dos juros da questionável dívida pública. Mais um ponto para os conservadores.
Nesta semana, a Presidente e seu governo festejaram como se fosse uma grande vitória a aprovação pelos deputados do pífio reajuste do salário mínimo para R$ 545,00. Esqueceram-se de que, na gestão anterior do Partido dos Trabalhadores, um dos fatores que mais contribuiu para a ampliação da economia brasileira foi justamente a valorização do salário mínimo, que possibilitou o aumento de consumidores na base da pirâmide social, e desta forma contribuiu para o fortalecimento político daquele governo. Três a zero para os conservadores.
Como se vê, os atos até então anunciados têm confirmado a invariável penalização do trabalho e o favorecimento do capital, que, nessas condições, encontra um campo fértil para prosperar e se concentrar cada vez mais. Não há dúvida de que o governo teria mais recursos em seu caixa se decidisse tributar a distribuição do lucro e a entrada e a saída de capital do país.
Todo cuidado é pouco, pois quando os grandes veículos de comunicação começam a apregoar que o atual governo tenta se livrar das marcas do seu antecessor, algo de estranho está acontecendo. Não se pode esquecer que o carisma e a popularidade do ex-presidente Lula foram fundamentais para mantê-lo à frente do seu governo e garantir a eleição da ex-chefe da Casa Civil.
Presidente Dilma, tenho certeza de que a senhora sabe disso, mas vale ressaltar que, agradar apenas aos conservadores e aos interesses que eles representam, não será suficiente para garantir a solidez da sua administração, pois, se mudarem os ventos, a casa pode cair e seu governo estará desgastado com o povo. Quem, então, irá defendê-la nas ruas?
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Podem dizer que o governo da presidente Dilma tem pouco tempo (50 dias), mas até agora tem sido apresentada uma face conservadora à opinião pública, ao contrário do que se esperava da primeira mulher a assumir o mais alto cargo do Brasil.
Logo nos primeiros dias, retomou-se o velho fantasma das privatizações, sendo manifestada a possibilidade de se delegar o estratégico setor aeroportuário a Estados e Municípios, que assim passariam sua exploração à iniciativa privada, como defende há muito tempo o conservador governador Cabral Filho. Conservadores, um a zero.
Contrariando as promessas de campanha, há poucos dias foram anunciados cortes de aproximadamente R$ 50 bilhões no orçamento, incluindo-se nas medidas a proibição de contratação de novos servidores públicos, as reposições salariais etc. Porém, não foi anunciada qualquer redução no pagamento dos juros da questionável dívida pública. Mais um ponto para os conservadores.
Nesta semana, a Presidente e seu governo festejaram como se fosse uma grande vitória a aprovação pelos deputados do pífio reajuste do salário mínimo para R$ 545,00. Esqueceram-se de que, na gestão anterior do Partido dos Trabalhadores, um dos fatores que mais contribuiu para a ampliação da economia brasileira foi justamente a valorização do salário mínimo, que possibilitou o aumento de consumidores na base da pirâmide social, e desta forma contribuiu para o fortalecimento político daquele governo. Três a zero para os conservadores.
Como se vê, os atos até então anunciados têm confirmado a invariável penalização do trabalho e o favorecimento do capital, que, nessas condições, encontra um campo fértil para prosperar e se concentrar cada vez mais. Não há dúvida de que o governo teria mais recursos em seu caixa se decidisse tributar a distribuição do lucro e a entrada e a saída de capital do país.
Todo cuidado é pouco, pois quando os grandes veículos de comunicação começam a apregoar que o atual governo tenta se livrar das marcas do seu antecessor, algo de estranho está acontecendo. Não se pode esquecer que o carisma e a popularidade do ex-presidente Lula foram fundamentais para mantê-lo à frente do seu governo e garantir a eleição da ex-chefe da Casa Civil.
Presidente Dilma, tenho certeza de que a senhora sabe disso, mas vale ressaltar que, agradar apenas aos conservadores e aos interesses que eles representam, não será suficiente para garantir a solidez da sua administração, pois, se mudarem os ventos, a casa pode cair e seu governo estará desgastado com o povo. Quem, então, irá defendê-la nas ruas?
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
POLÍTICA - Procura-se Ségio Cabral.
Campanha na internet: “Procura-se Sérgio Cabral”, um governador que sempre foge e se esconde quando há algum problema grave no Estado do Rio.
Carlos Newton
Aproveitando uma interessante reportagem de O Globo, assinada por Fabio Vasconcellos e Sergio Roxo, circula na internet uma brincadeira com o governador Sergio Cabral que na verdade expõe uma revoltante realidade. Sua Excelência SEMPRE se esconde quando ocorre algum grave problema no Estado do Rio.
A crítica a Sérgio Cabral é um cartaz do velho Oeste, com aquelas letras características, e o título de PROCURA-SE. O texto diz que ele está FORAGIDO, tendo fugido para Mangaratiba (onde possuiu uma mansão hollywoodiana, comprada com os modestos rendimentos de homem público) ou para Paris, onde costuma espairecer. E em anexo segue a reportagem de O Globo, publicada dia 16.
O texto, sobre o mar de lama na Polícia estadual, destaca que “mais uma vez o governador estava ausente num momento de crise. Que o governador Sergio Cabral gosta de viajar, até as colunas do Palácio Guanabara sabem. Mas o que vem se confirmando nos últimos anos é a coincidência de sua ausência toda vez que o governo passa por alguma crise. Desta vez Cabral estava fora do Rio após a Operação Guilhotina da Polícia Federal, realizada na sexta-feira e que acabou desencadeando a troca de comando na Chefia da Polícia Civil”.
A reportagem-denúncia é excelente, muito bem redigida, exibe a fraqueza e a covardia do governador, que costuma tirar onda de machão e recentemente deu declarações dizendo: “Disse aos traficantes que eles tinham 48 horas para abandonar as favelas do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho”.
Na época, perguntei aqui no blog: “O governador disse isso a que traficante? Falou cara-a-cara ou usou algum intermediário? Se usou intermediário, qual é a autoridade do governo estadual que se relaciona com os traficantes?”
Depois viemos a saber que o intermediário foi o ‘dono’ do AfroReggae, que tem celebrado, em nome do governador, o acordo com os mais diversos grupos de traficantes. O acordo é o seguinte: não há mais confronto com a polícia nem balas perdida, não há mais dominação de favelas, e em contrapartida a Polícia não prende ninguém, os traficantes podem fazer seu “movimento” à vontade, desde que discretamente e usando motoboys.
Bem, vamos voltar ao admirável do PROCURA-SE: “Um dos momentos mais difíceis do governo ocorreu em janeiro quando as chuvas destruíram nas cidades da Região Serrana. Na época, o governador também estava fora, em viagem pela Europa. Só apareceu dois dias depois. Outro caso aconteceu na enxurrada que destruiu casas e fez muitas vítimas na virada do ano para 2010 em Angra dos Reis: o governador só apareceu dois dias depois”.
Detalhe que acrescentamos: na tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande, o governador estava pertinho, em Mangaratiba, repousando em sua mansão à beira-mar plantada. Outro detalhe: no cartaz que circula na internet, ficou faltando a RECOMPENSA para quem encontrar o governador fujão. A meu ver, a recompensa deveria ser a seguinte; “Quem o encontrar, deve livrar-se dele o mais rápido possível”.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
Carlos Newton
Aproveitando uma interessante reportagem de O Globo, assinada por Fabio Vasconcellos e Sergio Roxo, circula na internet uma brincadeira com o governador Sergio Cabral que na verdade expõe uma revoltante realidade. Sua Excelência SEMPRE se esconde quando ocorre algum grave problema no Estado do Rio.
A crítica a Sérgio Cabral é um cartaz do velho Oeste, com aquelas letras características, e o título de PROCURA-SE. O texto diz que ele está FORAGIDO, tendo fugido para Mangaratiba (onde possuiu uma mansão hollywoodiana, comprada com os modestos rendimentos de homem público) ou para Paris, onde costuma espairecer. E em anexo segue a reportagem de O Globo, publicada dia 16.
O texto, sobre o mar de lama na Polícia estadual, destaca que “mais uma vez o governador estava ausente num momento de crise. Que o governador Sergio Cabral gosta de viajar, até as colunas do Palácio Guanabara sabem. Mas o que vem se confirmando nos últimos anos é a coincidência de sua ausência toda vez que o governo passa por alguma crise. Desta vez Cabral estava fora do Rio após a Operação Guilhotina da Polícia Federal, realizada na sexta-feira e que acabou desencadeando a troca de comando na Chefia da Polícia Civil”.
A reportagem-denúncia é excelente, muito bem redigida, exibe a fraqueza e a covardia do governador, que costuma tirar onda de machão e recentemente deu declarações dizendo: “Disse aos traficantes que eles tinham 48 horas para abandonar as favelas do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho”.
Na época, perguntei aqui no blog: “O governador disse isso a que traficante? Falou cara-a-cara ou usou algum intermediário? Se usou intermediário, qual é a autoridade do governo estadual que se relaciona com os traficantes?”
Depois viemos a saber que o intermediário foi o ‘dono’ do AfroReggae, que tem celebrado, em nome do governador, o acordo com os mais diversos grupos de traficantes. O acordo é o seguinte: não há mais confronto com a polícia nem balas perdida, não há mais dominação de favelas, e em contrapartida a Polícia não prende ninguém, os traficantes podem fazer seu “movimento” à vontade, desde que discretamente e usando motoboys.
Bem, vamos voltar ao admirável do PROCURA-SE: “Um dos momentos mais difíceis do governo ocorreu em janeiro quando as chuvas destruíram nas cidades da Região Serrana. Na época, o governador também estava fora, em viagem pela Europa. Só apareceu dois dias depois. Outro caso aconteceu na enxurrada que destruiu casas e fez muitas vítimas na virada do ano para 2010 em Angra dos Reis: o governador só apareceu dois dias depois”.
Detalhe que acrescentamos: na tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande, o governador estava pertinho, em Mangaratiba, repousando em sua mansão à beira-mar plantada. Outro detalhe: no cartaz que circula na internet, ficou faltando a RECOMPENSA para quem encontrar o governador fujão. A meu ver, a recompensa deveria ser a seguinte; “Quem o encontrar, deve livrar-se dele o mais rápido possível”.
Fonte: Tribuna da Imprensa online.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
POLÍTICA - O mito dos 100 dias.
A história política é perturbada por lugares-comuns que pouco têm a ver com a realidade. Alguns acreditam que os primeiros dias de um governante definem o desempenho posterior
Por: Mauro Santayana
A expressão nasceu dos famosos “100 dias de Napoleão”, que na verdade foram 114, de 1º de março, quando retornou à França depois de fugir da Ilha de Elba, a 22 de junho de 1815, quando abdicou do trono pela segunda vez. Napoleão reconquistou o trono com exemplar coragem, mas o perdeu porque a correlação de forças militares na Europa já não o favorecia. Desde a retirada da Rússia, em 1812, seu destino estava selado. A um de seus secretários de então – Henry Beyle, famoso com o pseudônimo de Stendhal – ditou decretos de promoção de oficiais, depois de derrotado em Moscou, e assinou “Pompeu”. Era a assunção antecipada da derrota definitiva, como a sofrida por Pompeu contra César.
Os 100 primeiros dias de um governante podem mostrar seu caráter, mas não significam êxito ou malogro do mandato. Quando o governante encontra o país em crise grave, como ocorreu a Roosevelt em 1933, a atuação tem de ser contundente e imediata – o que ele fez com o New Deal, a intervenção fulminante do Estado nas atividades econômicas. Nesse caso, os primeiros dias são decisivos. Outra é a situação de Dilma Rousseff. Ela é conhecedora da realidade nacional e dos mecanismos do poder, pela experiência de sua carreira de administradora. Provavelmente não encontrará situações desconhecidas, embora o poder sempre reserve surpresas: o caráter das pessoas nunca é exposto nas linhas da face.
A presidenta tem o desafio de arbitrar os interesses em disputa do poder. Isso não lhe será difícil, mas exigirá permanente atenção. Seu perfil é de alguém que se dedica exaustivamente ao trabalho. É uma grande vantagem para quem chefia um governo, mas não basta para quem chefia um Estado democrático. Ela atendeu os grupos empresariais, ao convocar o industrial Jorge Gerdau para assessorar o governo. Espera-se que essa presença não venha a significar retorno do pensamento neoliberal na condução ideológica do Estado, como nos tempos de Fernando Henrique.
A melhor advertência à conduta governamental é o contato direto com a população, e não somente mediante as informações dos ministros. É conhecido o estratagema do primeiro-ministro Potemkim, de Catarina, a fim de iludi-la durante uma visita ao Rio Dnieper. Potemkim montou ao longo do rio aldeias de fachada, com moradias coloridas como cenário, diante do qual camponeses saudavam a soberana do império russo (de 1762 a 1796), feliz com o “bem-estar” de seus súditos. Eram as famosas aldeias de Potemkim. O chefe de Estado deve estar em contato, sempre que possível, com o povo.
Além dos problemas internos, Dilma é convocada da mesma forma a manter contatos pessoais com os chefes de governo estrangeiros. Lula avançou muito na diplomacia do corpo a corpo, e o mundo se acostumou com essa presença brasileira, que se marcou pela altivez sem arrogância, pela firmeza sem impertinência.
Fonte: Revista do Brasil.
Por: Mauro Santayana
A expressão nasceu dos famosos “100 dias de Napoleão”, que na verdade foram 114, de 1º de março, quando retornou à França depois de fugir da Ilha de Elba, a 22 de junho de 1815, quando abdicou do trono pela segunda vez. Napoleão reconquistou o trono com exemplar coragem, mas o perdeu porque a correlação de forças militares na Europa já não o favorecia. Desde a retirada da Rússia, em 1812, seu destino estava selado. A um de seus secretários de então – Henry Beyle, famoso com o pseudônimo de Stendhal – ditou decretos de promoção de oficiais, depois de derrotado em Moscou, e assinou “Pompeu”. Era a assunção antecipada da derrota definitiva, como a sofrida por Pompeu contra César.
Os 100 primeiros dias de um governante podem mostrar seu caráter, mas não significam êxito ou malogro do mandato. Quando o governante encontra o país em crise grave, como ocorreu a Roosevelt em 1933, a atuação tem de ser contundente e imediata – o que ele fez com o New Deal, a intervenção fulminante do Estado nas atividades econômicas. Nesse caso, os primeiros dias são decisivos. Outra é a situação de Dilma Rousseff. Ela é conhecedora da realidade nacional e dos mecanismos do poder, pela experiência de sua carreira de administradora. Provavelmente não encontrará situações desconhecidas, embora o poder sempre reserve surpresas: o caráter das pessoas nunca é exposto nas linhas da face.
A presidenta tem o desafio de arbitrar os interesses em disputa do poder. Isso não lhe será difícil, mas exigirá permanente atenção. Seu perfil é de alguém que se dedica exaustivamente ao trabalho. É uma grande vantagem para quem chefia um governo, mas não basta para quem chefia um Estado democrático. Ela atendeu os grupos empresariais, ao convocar o industrial Jorge Gerdau para assessorar o governo. Espera-se que essa presença não venha a significar retorno do pensamento neoliberal na condução ideológica do Estado, como nos tempos de Fernando Henrique.
A melhor advertência à conduta governamental é o contato direto com a população, e não somente mediante as informações dos ministros. É conhecido o estratagema do primeiro-ministro Potemkim, de Catarina, a fim de iludi-la durante uma visita ao Rio Dnieper. Potemkim montou ao longo do rio aldeias de fachada, com moradias coloridas como cenário, diante do qual camponeses saudavam a soberana do império russo (de 1762 a 1796), feliz com o “bem-estar” de seus súditos. Eram as famosas aldeias de Potemkim. O chefe de Estado deve estar em contato, sempre que possível, com o povo.
Além dos problemas internos, Dilma é convocada da mesma forma a manter contatos pessoais com os chefes de governo estrangeiros. Lula avançou muito na diplomacia do corpo a corpo, e o mundo se acostumou com essa presença brasileira, que se marcou pela altivez sem arrogância, pela firmeza sem impertinência.
Fonte: Revista do Brasil.
POLÍTICA - Dilma mostra força para fazer mudança na Constituição.
O mapa da votação do salário mínimo na Câmara mostra que essa foi a segunda vitória mais expressiva do PT neste tipo de votação desde que assumiu o governo federal, em 2003.
A reportagem é de Ranier Bragon e Maria Clara Cabral e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-02-2011.
Por 361 votos contra 120, os deputados derrubaram a tentativa da oposição de adicionar mais R$ 15 ao valor de R$ 545 aprovado.
O índice de 73% de adesão chegou bem perto da melhor marca (75%), em 2007, primeiro ano da segunda gestão do ex-presidente Lula, quando foi concedido aumento real de 5,1% ao mínimo.
Os 361 votos de apoio à proposta de Dilma Rousseff superam em 53 votos o necessário para aprovar emendas à Constituição, por exemplo.
Na votação de anteontem, as "traições" na base governista, na votação principal, também foram a segunda mais baixa desde 2003.
Só 16 deputados de legendas aliadas ao Planalto votaram a favor da emenda do oposicionista DEM, que pretendia fixar valor de R$ 560.
Essa baixa dissidência foi amenizada ainda pela adesão de deputados da oposição - quatro apoiaram a proposta do Planalto.
INCÔMODO
O líder do PT, Paulo Teixeira (SP), afirmou que todos os líderes de legendas aliadas estão "incomodados" com o PDT. "Queremos cobrar coerência. Do nosso ponto de vista, o PDT errou em sua estratégia", disse Teixeira.
O PT registrou duas traições - Eudes Xavier (CE) e Francisco Praciano (AM)- mas o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), minimizou a possibilidade de punições, alegando que a dissidência foi pequena.
Praciano disse que tomou a atitude para "tentar compensar sua cabeça e seu coração e evitar constrangimento" por causa do aumento de mais de 60% concebido aos deputados, em dezembro.
Além de PMDB, votaram integralmente com o governo o PSB, o PC do B e o PSC, entre as principais siglas.
Fonte:IHU
A reportagem é de Ranier Bragon e Maria Clara Cabral e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-02-2011.
Por 361 votos contra 120, os deputados derrubaram a tentativa da oposição de adicionar mais R$ 15 ao valor de R$ 545 aprovado.
O índice de 73% de adesão chegou bem perto da melhor marca (75%), em 2007, primeiro ano da segunda gestão do ex-presidente Lula, quando foi concedido aumento real de 5,1% ao mínimo.
Os 361 votos de apoio à proposta de Dilma Rousseff superam em 53 votos o necessário para aprovar emendas à Constituição, por exemplo.
Na votação de anteontem, as "traições" na base governista, na votação principal, também foram a segunda mais baixa desde 2003.
Só 16 deputados de legendas aliadas ao Planalto votaram a favor da emenda do oposicionista DEM, que pretendia fixar valor de R$ 560.
Essa baixa dissidência foi amenizada ainda pela adesão de deputados da oposição - quatro apoiaram a proposta do Planalto.
INCÔMODO
O líder do PT, Paulo Teixeira (SP), afirmou que todos os líderes de legendas aliadas estão "incomodados" com o PDT. "Queremos cobrar coerência. Do nosso ponto de vista, o PDT errou em sua estratégia", disse Teixeira.
O PT registrou duas traições - Eudes Xavier (CE) e Francisco Praciano (AM)- mas o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), minimizou a possibilidade de punições, alegando que a dissidência foi pequena.
Praciano disse que tomou a atitude para "tentar compensar sua cabeça e seu coração e evitar constrangimento" por causa do aumento de mais de 60% concebido aos deputados, em dezembro.
Além de PMDB, votaram integralmente com o governo o PSB, o PC do B e o PSC, entre as principais siglas.
Fonte:IHU
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