Do Blog do Rovai
O lobista Alcides Fernandes Barbosa, preso suspeito de integrar quadrilha que
fraudou licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte, acusou o
ex-procurador-geral de Rio Preto Luiz Tavolaro de ter recebido carro e passagens
aéreas como presentes de empresas que ganharam licitações na Prefeitura. O
lobista disse ainda em depoimento gravado ao MP que Tavolaro “ficava com 35% de
tudo o que o prefeito recebia.” Questionado por promotores o nome do prefeito,
ele diz: “Valdomiro Lopes.”
Escândalo em Rio Preto pode atingir caciques do PSDB se chegar em Paulo Preto
A matéria que segue é do Diário da Região de São
José do Rio Preto e foi produzida pelos jornalistas Rodrigo Lima e Alexandre
Gama.
É impressionante a riqueza de detalhes com que o
lobista Alcides Fernandes Barbosa narra como uma quadrilha que operava a
licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte também atuava em São
José do Rio Preto e nas grandes obras do Estado de São Paulo como o Rodoanel e a
calha do Tietê. E como operava na Dersa (de Paulo Preto) e no Daee.
Leia com atenção e atente para um detalhe. Rio
Preto é a cidade do senador Aloysio Nunes Ferreira, que admitiu ser amigo de
Paulo Preto que, inclusive, em nome da boa amizade lhe emprestou, em 2007, 300
mil para pagar uma parcela do apartamento que o senador comprou em
Higienópolis.
Segue a matéria:
Lobista: ‘Em Rio Preto era tudo uma
fraude’
Rodrigo Lima e Alexandre
Gama
Ao longo de mais de 8 horas de depoimento
prestados ao Ministério Público potiguar em que detalhou o suposto esquema de
fraude no RN, aos quais o Diário teve acesso na íntegra, Barbosa se disse
surpreso com o fato de o Ministério Público de Rio Preto ainda não ter iniciado
investigação sobre as licitações realizadas pela Prefeitura. “Não sei porque o
MP em Rio Preto não entrou ainda. Em São José do Rio Preto era tudo uma
fraude.”
A operação Sinal Fechado, desencadeada em
novembro de 2011, acusou Tavolaro de prestar assessoria jurídica para a
quadrilha na elaboração de edital e projeto de lei para serviço de inspeção
veicular naquele Estado que renderia até R$ 1 bilhão em 20 anos para o grupo. A
denúncia atingiu também a ex-secretária de Administração de Rio Preto, Eliane
Abreu, que teria também prestado serviços jurídicos a pedido do ex-procurador. A
denúncia contra ambos, porém, foi rejeitada pela Justiça.
O lobista, apontado pelo MP como “sócio oculto”
de Tavolaro, revelou em delação premiada que “todas as empresas que iam prestar
serviço em Rio Preto eram colocadas numa sala no escritório de São Paulo e saia
dali pronto. Todos os editais de Rio Preto eram feitos em São Paulo. Todos”,
afirmou ele, que citou especificamente a licitação para compra de uniformes.
Pelas mãos de Tavolaro passaram, em quase três anos, cerca de R$ 120 milhões em
licitações, como para obras antienchente e núcleos da esperança e os serviços de
coleta do lixo e transporte coletivo.
“O Tavolaro tem um nome muito forte em São Paulo.
É muito respeitado”, afirma aos promotores, que o questionam de onde viria tanto
prestígio. “Em São Paulo, até hoje, os editais grandes passam pelo Tavolaro. Ele
fez o Rodoanel, a calha do Tietê. Todas as grandes obras é o Tavolaro”, afirmou
Barbosa, lembrando que antes de Rio Preto o advogado atuou como procurador
jurídico no Dersa e no Daee. Em relação à sua atuação em Rio Preto, o lobista se
referiu a Tavolaro como “o cérebro”, “o cara” da administração. “O prefeito não
faz nada sem ele.”
A acusação de que o ex-procurador teria recebido
um carro de empresa vencedora de licitação foi feita quando relatou a conversa
que teve com advogados que teriam sido contratados por Tavolaro, por R$ 400 mil,
para tirá-lo da cadeia. Uma das condições era manter o silêncio em relação ao
contrato de inspeção veicular em Natal. “Não pode falar também do contrato das
casas em Rio Preto e não pode falar do carro que ele colocou no meu nome, que
ele ganhou de uma empresa de Rio Preto em uma licitação.” Sobre as passagens
aéreas para uma viagem a Natal, elas teriam sido pagas, segundo ele, pela
Constroeste, que nega a acusação.
Em determinado momento de seu depoimento, o
empresário reclama que foi prejudicado em Rio Preto num contrato envolvendo a
construção do Parque Nova Esperança. Segundo ele, sua empresa, a ATL Premium,
que deveria receber R$ 4,2 milhões, teve o valor reduzido para R$ 1,5 milhão.
“Era o contrato da minha vida.” Segundo ele, Tavolaro teria lhe relatado que “o
prefeito tá achando que você está ganhando muito.”
Ele afirmou ainda que tem “muita coisa para
falar” sobre Rio Preto e que está “à disposição” do Ministério Público local se
houver interesse. “Queria falar desde o primeiro dia. Nunca fugi. É que eu não
tinha acesso aos promotores (de Rio Preto.) Lá tenho muita coisa para falar. Eu
estava preso”, disse o lobista.
Segundo o empresário, após a operação Sinal
Fechado, o ex-procurador ficou com “medo de estar sendo monitorado pelo MP de
Rio Preto”. “Ninguém em Rio Preto sabia do escritório em SP. Thaís (sobrinha de
Tavolaro) foi atender telefonema de um jornalista que estava pegando no pé do
Tavolaro e ela deu o endereço. Tavolaro ficou louco e levei tudo (documentos)
para a minha casa”, afirmou Barbosa.
Segundo o lobista, ele e Tavolaro se conheceram
por conta de um projeto habitacional que seria construído na região da
subprefeitura de São Mateus, que tinha Clóvis Chaves como o responsável pelo
projeto. O lobista disse que Tavolaro e ele tinham uma relação de “irmão” e,
além disso, Tavolaro queria se aproximar do senador Aloysio Nunes (PSDB).
Assista os vídeos gravados pelo Ministério
Público durante delação premiada do lobista Alcides Fernandes Barbosa, que fez
graves denúncias contra o ex-procurador-geral do município Luiz Antonio Tavolaro
e contra o prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes (PSB).
Parte 1:
Parte 3:
Fonte: site www.nominuto.com
Valdomiro acionou polícia contra
lobista
O prefeito de Rio Preto,
Valdomiro Lopes (PSB), disse ontem que está sendo “vítima” de “extorsão” e que
as denúncias do lobista Acides Barbosa contra ele e seu governo podem ter
conotação política. “Estamos vivendo a proximidade das eleições. Esse fato me
estranha muito.” Ele se disse “tranquilo” em relação ao depoimento do lobista ao
Ministério Público, que ele disse não ter tido acesso e por isso não comentaria
seu conteúdo. “Se é delator é porque foi preso e é bandido. Nosso governo é
sério, correto e não participa desse tipo de coisa”, afirmou ele.
Ontem, Valdomiro afirmou que na última semana
Barbosa teria ido à Prefeitura para conversa com o chefe de gabinete, Alex de
Carvalho. Sem sucesso, teria sido recebido pelo procurador Luís Roberto Thiesi.
“Procurou o dr. Thiesi e disse que estava em Rio Preto porque no dia seguinte
teria audiência com o Ministério Público. Mas antes queria falar com o Alex.
Disse que tinha uma diferença do contrato com a construtora que fez as casas e
queria receber”, afirmou o prefeito, que disse já ter acionado a polícia.
“Relatei o ocorrido ao delegado seccional, José
Mauro Venturelli, que nos aconselhou a receber o Alcides. Para que quando ele
aparecesse, chamassemos a polícia para tomar seu depoimento”, disse o prefeito.
Segundo Valdomiro, Barbosa teria marcado um encontro para a última quarta-feira,
às 15 horas. “Estávamos de prontidão, mas às 14 horas ele ligou e disse que não
viria mais.”
Sobre as denúncias feitas pelo lobista em
depoimento ao MP, a assessoria de Valdomiro afirmou que ele não as comentaria
pois não teria tido acesso à íntegra da delação, que tem mais de 8 horas. “Não
permitirei que bandido manche a honra do nosso governo”, se limitou a dizer.
Valdomiro lembrou que a denúncia contra seu ex-procurador-geral Luiz Tavolaro
não foi recebida e avisou que não fala com ele desde sua saída do gverno, em
dezembro.
Delação premiada
O benefício da delação premiada oferecido a
Alcides Barbosa permitiu ao lobista que depois de quase quatro meses ele
deixasse a cadeia. Após o depoimento, ele foi solto em abril deste ano. Ele é
apontado pelo Ministério Público potiguar como elo entre a quadrilha do Rio
Grande do Norte e políticos de São Paulo que tentou implantar sistema de
inspeção veicular em toda frota do Estado potiguar.
Tavolaro: ‘é um cara doido’
O ex-procurador-geral do município Luiz Tavolaro
classificou como “delação desesperada” as acusações feitas pelo empresário
Alcides Fernandes Barbosa contra ele e o prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes
(PSB). “É um cara doido. Foi uma forma desesperada de sair da prisão”, afirmou
Tavolaro.
Em troca das informações prestadas ao Ministério
Público do Rio Grande do Norte, Barbosa deixou a cadeia e, atualmente, está em
prisão domiciliar. Tavolaro afirmou que ainda não assistiu a todo o vídeo da
delação premiada do ex-sócio, mas disse que ele “inventou muita coisa.” “Há
diversas contradições no depoimento dele”, disse Tavolaro. “Muita coisa criou da
cabeça dele”.
O ex-procurador-geral do município negou que
tenha recebido de empresa carro, conforme acusou lobista. Ele negou ainda que
tenha tido acesso a passagens aéreas pagas pela empresa Constroeste. “Nada a
ver. A única vez que fui a Natal com o Alcides (Barbosa) foi ele quem pagou a
passagem para visitarmos o João Faustino”, disse Tavolaro. Faustino atuou como
subchefe da Casa Civil em São Paulo no período em que o senador Aloysio Nunes
(PSDB) era o secretário da Casa Civil no governo de José Serra (PSDB).
Uma das passagens pagas pela empresa seria
destinada ao ex-prefeito da subprefeitura de São Mateus em São Paulo Clóvis
Chaves. Ele, porém, não chegou a viajar a pedido de Tavolaro para se encontra
com Faustino. O procurador-geral do município afirmou ontem que está “tranquilo”
em relação ao caso. Ele negou qualquer envolvimento de Valdomiro em
irregularidades. “Refuto isso veementemente. Ele (Barbosa) prestou esse
depoimento para sair da cadeia”, afirmou.
Tavolaro negou ainda ter pago R$ 400 mil por um
habeas corpus em favor do lobista, que o visitou ao menos uma vez na Prefeitura
de Rio Preto. “Isso é coisa de maluco. Me dá esse dinheiro que vou parar de
trabalhar”, disse. O promotor de Justiça Sérgio Clementino afirmou que não
recebeu Barbosa em sua promotoria. Ele afirmou que iria analisar hoje a
reportagem do Diário para requisitar cópia da delação premiada do lobista junto
ao MP do Rio Grande do Norte.
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