Por que as pesquisas revelam que alguns meses antes das eleições,
candidatos vitoriosos experimentavam momentos de baixa aprovação e, no
momento seguinte, vencem?
Já abordei esse tema algumas vezes aqui.
No mercado de opinião, especialmente em algumas áreas específicas -
como precificação de ações de empresas ou no mercado eleitoral - não
existem bons e maus candidatos ou boas e más empresas: existem empresas
e/ou candidatos caros e empresas e/ou candidatos baratos.
Esse fenômeno é recorrente.
O candidato é caro quando a imagem que projeta está além do seu real valor. Como ocorre isso?
Criam-se expectativas favoráveis ao candidato e ele sobe na
avaliação popular. Durante algum tempo, todas suas características
positivas são supervalorizadas e as negativas jogadas para segundo
plano.
Aí o candidato sobe demais. As avaliações positivas passam a ser
assimiladas pela opinião pública, perdem o caráter de novidade.
Entra-se, então, em um processo de reavaliação, no qual a novidade são
as características negativas. É aquela avaliação popular tipo "fulano
não é tudo aquilo, não".
Na etapa seguinte, inverte a mão. As avaliações negativas crescem
em uma enxurrada e são potencializadas pelos que apostam na "baixa" - no
caso das empresas, para adquirir ações por um valor menor; no caso dos
governantes, obviamente pelos interesses da oposição.
O político e/ou empresa vão caindo, caindo. Especialmente no caso
brasileiro - onde há uma guerra aberta entre grandes meios de
comunicação e governo - há uma superexposição dos defeitos do governo
que provoca o chamado "overshooting" - isto é, uma radicalização do
movimento de queda.
Nada funciona, tudo é ruim, mal planejado, mal comandado. Enfim, um deserto de ideias e projetos.
Obviamente, o mundo real não é assim.
No período eleitoral, rompe-se o controle quase absoluto dos grupos
de mídia sobre o mercado de opinião. Há o horário gratuito, as
inaugurações, a possibilidade dos governos mostrarem o que fizeram e
estão fazendo.
Nesse momento, inverte-se a curva. Cada fato positivo receberá uma
avaliação proporcionalmente mais que positiva do público porque partindo
de um governo que - segundo a cobertura midiática anterior - nada tinha
de bom.
É por isso que Lula explodiu em 2006, depois de tido como acabado.
Atualmente, Dilma atravessa a fase de maior baixa na sua avaliação - os momentos pós-marchas de junho de 2013 não valem.
Tem a seu desfavor os problemas de comunicação da área econômica, o
controle de preços de tarifa, o PIB pequeno etc. que continuarão sendo
martelados pela mídia. de
Depois, entra-se no recesso da Copa. Aí haverá poucos meses em que
poderá mostrar seu lado positivo - programas de transferência de renda,
Pronatec, Luz Para Todos, Brasil Sem Miséria, todas as obras do PAC que
foram completadas (a mídia concentra-se exclusivamente nos 15 a 20% que
ficaram inconclusas).
Reside nesse campanha negativa incessante, exaustiva, diuturna,
antecipada, o maior trunfo de Dilma. Quanto pior a imagem de Dilma
agora, melhor será a reavaliação na onda seguinte.
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