CPMF, Cide e os patos da Fiesp
Por
Altamiro Borges
Nas marchas pelo impeachment de Dilma, muitos "midiotas" carregaram felizes
os patinhos amarelos distribuídos gratuitamente - com recursos públicos do
Sistema S - pela eterna golpista Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Manipulados, eles acharam que a derrubada de um governo eleito democraticamente
permitiria a brusca redução da carga tributária no Brasil. Agora, porém, os
menos idiotas devem estar com a pulga atrás da orelha. Todo dia pinta um boato
de que o governo do Judas Michel Temer pretende elevar os impostos. E, como diz
o ditado popular, onde há fumaça, há fogo!
Na última quinta-feira (7), ao anunciar que a meta fiscal
de 2017 trará um déficit de R$ 139 bilhões, o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, não vacilou em afirmar que o governo já estuda a elevação da carga
tributária. "Não descartamos aumentos pontuais de impostos. Definiremos essa
questão até o fim de agosto, no momento em que teremos definido o Orçamento de
2017. Até lá, teremos definido o que será necessário, como a elevação de algum
tributo ou uma exigência da atividade econômica. Vamos explorar todas as
alternativas de privatizações, concessões e outorgas". Diante da declaração, o
Estadão estampou na manchete: "Temer decide elevar imposto, mas rombo passará de
R$ 150 bi".
Na noite anterior, o próprio presidente interino e ilegítimo reuniu a sua
equipe econômica com líderes da base aliada no parlamento para tratar da meta
fiscal. Na ocasião, segundo relato da Folha, "Michel Temer orientou a equipe
econômica a não adotar aumento de tributos neste ano, mas não descartou a
possibilidade de eles serem elevados no médio prazo caso as medidas que forem
adotadas para reduzir o rombo não surtirem o efeito esperado. Segundo
assessores, ele pediu que fossem analisadas as possibilidades de cortes de
despesas para contribuir na redução do rombo nas contas públicas no próximo ano,
que será o quarto consecutivo".
O desastre da austeridade fiscal
Ou seja, além de entregar o patrimônio público numa nova onda de privataria
e de cortar os gastos em áreas sociais, os golpistas estudam três hipóteses de
aumento tributário: volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre as
Movimentações Financeiras), elevação da CIDE (Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico) ou aumento do Imposto de Renda. Quando assumiu o Ministério
da Fazenda, o czar Henrique Meirelles deu várias entrevistas pregando a volta da
CPMF, o que gerou um mal-estar entre a elite empresarial que apoiou e financiou
o "golpe dos corruptos". Um dos empresários alertou à Folha que o governo
interino "deve parar de inventar projetos até o impeachment acabar”. Henrique
Meirelles foi forçado a recuar, mas não desistiu do seu plano de elevar os
tributos.
Antes da votação final do impeachment de Dilma, prevista para final de
agosto, os golpistas deverão insistir na tecla de austeridade fiscal, com o
corte de gastos. Mas nada garante que este plano dará os resultados desejados.
Um recente estudo feito pelo banco Credit Suisse evidencia que estas medidas
amargas nem sempre são eficazes. Dos 103 programas de ajustes implantados em
diferentes países nas últimas duas décadas, 57 tiveram êxito relativo e 46 foram
um fracasso total - segundo a suspeita análise dos economistas neoliberais desta
instituição financeira. No primeiro grupo, por exemplo, o banco inclui a
Argentina e Itália, nos quais os "êxitos" representaram uma tragédia para a
sociedade. Já no segundo grupo, do fracasso, estão dois casos recentes e
trágicos, da Grécia e Portugal.
Diante destas conclusões, o próprio Credit Suisse sugere que o governo
brasileiro combine corte das despesas com aumento das receitas - via maior carga
tributária. "O ponto principal é que precisamos ter um ajuste bem-sucedido, se
não não recuperaremos um crescimento potencial maior", afirma o economista
Leonardo Fonseca, responsável pelo estudo do banco estrangeiro. Na maior
caradura, os banqueiros propõem mais dinheiro em caixa para garantir seus altos
lucros - danem-se os empresários do chamado setor produtivo, os trabalhadores e
os "coxinhas" abestalhados da classe "mérdia". Com a concretização do "golpe dos
corruptos", a sociedade é quem vai pagar o pato da Fiesp!
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